Uma vida na Audácia escrita por Emma Salvatore


Capítulo 8
Capitulo 8




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Chegando a boate, sentamo-nos junto a Uriah, Marlene, Zeke e Shauna. Tobias e eu estávamos nervosos. Nunca havíamos estado em um baile antes. Para que os outros não percebessem a tensão, Tobias me chamou para dançar. Aceitei, apreensiva.

Assim que chegamos à pista de dança, começou uma música lenta. Dançamos do mesmo jeito em que havíamos dançado ontem. Estávamos tão próximos que pude sentir seu coração bater. Ele tinha um ritmo acelerado, assim como o meu.

Ficamos assim por alguns minutos e pude perceber olhares das outras pessoas em nós. Estávamos tão entregues ao sentimento que não conseguíamos disfarçar. Qualquer um poderia perceber que neste momento, entre nós, havia muito mais que uma simples dança.

Fechei os olhos. Não queria me preocupar com isso agora. A única coisa que eu queria agora era aproveitar o nosso momento. Fingi que não havia mais ninguém na boate e dançamos, lentamente, até que acabou a música.

Tobias me conduziu ao balcão do bar e me ofereceu uma bebida alcoólica. Nunca havia bebido antes. E ele sabia disso.

– Experimente - disse me estendendo o copo - não é muito forte. Só um gole.

Concordei e bebi um gole. Mas um gole foi o suficiente para fazer a minha garganta arder. Aquilo era horrível! Tobias percebeu a minha expressão horrorizada e riu.

– No começo é assim mesmo, depois você se acostuma.

– Não sei se vou querer voltar a tomar uma coisa dessas de novo - disse empurrando o copo.

– Pelo menos beba até o final - ele pediu gentilmente.

Bom, não seria uma esforço tão grande, afinal o copo nem estava cheio. Assenti e bebi tudo de uma só vez. Tobias tinha razão, isso não é tão ruim.

– Acho que vou querer outro - disse e ele pediu mais um copo para mim e para ele.

Nós brindamos.

– À Saúde - ele disse

– Ao nosso amor - eu falei.

Ele se aproximou como se fosse me beijar, mas então parou, recuou e deu mais um gole em sua bebida.

Nós ficamos um bom tempo conversando sobre coisas bobas, que nunca havíamos falado antes. Nós riamos. Estávamos nos divertindo nesse baile, do nosso jeito. Quase todas as pessoas estavam dançando ou bebendo. Nós não bebemos mais que dois copos e ficamos conversando.

Pude notar algumas vezes, os olhares de Christina, Will e os outros iniciandos sobre a gente quando riamos. Eu tentava não ligar, mas isso me incomodou um pouco.

– Você quer ir embora? - Tobias perguntou e eu assenti.

Nós saímos do baile de mãos dadas. Gostava de ficar assim com ele. Mais uma vez, senti olhares sobre nós.

Quando chegamos ao quarto dele, deitamo-nos na cama e ficamos conversando um pouco sobre o baile.

– Esse baile foi bem melhor do eu pensei. - ele falou - Graças a você.

– Me senti tão bem por estar com você em público. Não vejo a hora de poder fazer isso direto - suspirei.

– Eu também - ele disse e hesitou por um instante antes de completar - Tris, eu te amo.

Sorri. Deitei minha cabeça em seu peito e murmurei:

– Eu também. Eu também te amo.

E adormecemos assim, abraçados, ainda com as declarações em nossa cabeça.

Quando me levantei no outro dia, ele não estava mais no quarto. Notei um bilhete em sua mesa de cabeceira. Estava escrito:

"Tris, tive que sair para uma reunião com os líderes. Te vejo na sala de treinamento.

–T"

Sai do quarto e me dirigi ao dormitório. Ainda estava com o vestido de ontem e não podia ir à sala de treinamento assim. Ao chegar lá, notei que muitos iniciandos ainda estavam sonolentos. Peguei minhas roupas e me vesti.

Encontrei Christina e Will no refeitório e eles me perguntaram onde eu passei a noite. Desconversei.

Entramos na sala de treinamento e fomos treinar com o saco de pancadas. Me perguntava quando seria a próxima luta.

Passaram - se alguns minutos e Tobias entrou.

– Iniciandos - chamou - Prestem atenção. Hoje vocês lutaram de um jeito diferente. Quem perder sairá do ringue, mas quem ganhar ficará até que perca. Quem conseguir derrubar mais gente, ganhará mais pontos.

Aquilo me chocou. Posso ter vencido várias lutas, mas ao final de cada uma delas, já estava exausta e às vezes com o corpo dolorido para conseguir enfrentar outra.

– Mas não podemos fazer isso! - disse com firmeza - Quando terminamos uma luta estamos todos cansados para enfrentar outra logo em seguida. Isso não é provar coragem, isso é crueldade.

Tobias riu, mas aquela risada não era dele. Era uma risada sarcástica.

– Acho que você está confundindo as coisas, Careta. - disse ele se aproximando - Você acha que só porque dançamos juntos ontem, significa que pode mandar no que vou fazer? Acorde! Você continua sendo ninguém para mim!

Senti lágrimas brotando do canto dos meus olhos e fiz de tudo para contê-las. Puder perceber risinhos dos demais iniciandos. Sabia que isso era necessário e sabia que a noite de ontem foi especial para ele, assim como fora para mim. Mas mesmo assim essas palavras doíam. "Você não é ninguém para mim." Sabia que era mentira, mas o meu coração parecia ter se despedaçado.

– Bom, sugiro que vocês comecem a treinar, pois só terão 20 minutos antes da rodada de lutas começarem - ele finalizou.

– Que idiota! - murmurou Christina - Por acaso, foi ele que te convidou, não foi? Não foi você que o convidou.

– Deixa isso para lá, Chris. Vou me concentrar no treinamento - disse no intuito de terminar a conversa.

Mal havia começado a bater no saco de pancadas, quando Tobias se aproximou:

– Me desculpe. - ele falou baixo - Não queria ter falado aquilo. Mas eu...

– Você não precisa se desculpar. - cortei-lhe - Eu sei que você só faz isso para me proteger. Eu é que não deveria ter questionado a sua decisão desse jeito.

Ele se aproximou mais e disse em tom de voz ainda mais baixo:

– Você tem razão. Concordo que isso é crueldade e não coragem. Mas não posso fazer nada. A decisão não é minha. Foram ordens de Max.

Eu assenti e voltei a me concentrar no treino. Ele estava se afastando, mas voltou e disse:

– Não duvide do que eu te disse ontem, OK? - ele aproximou sua boca do meu ouvido e falou baixinho - Ainda sou o mesmo de ontem. O meu sentimento por você não mudou. Eu continuo te amando Tris. Por favor, não duvide disso.

Quando eu ia responder, Christina se aproximou:

– E agora, o que você quer? - ela perguntou lançando um olhar com raiva à Tobias - Já não humilhou a Tris o suficiente por hoje, não?

– Eu não lhe devo explicações - e dizendo isso se afastou de nós.

– O que ele queria? - Christina perguntou.

– Nada de mais - dou de ombros e volto a me concentrar no saco de pancadas.


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