Dentro do Espelho escrita por Banshee


Capítulo 18
Olhando Para o Paraíso


Notas iniciais do capítulo

Gente, para comemorar os três meses de Hope, aqui está o quinto capitulo da semana. Dedico esse à linda da Dreamy Soul, uma leitora assídua dessa fic.
Ah, e lembre-se: Dia 31 de outubro temos surpresa, não só para quem curte Hope, mas também para quem admira meu trabalho. Chamem seus amigos e indiquem essa fic, e não esqueça de avisar que as janelas do Inferno estão há 16 dias de se abir.



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– Me soltem! – Eu gritava enquanto Anthony e Diane me levavam para o carro – Eu já disse que estou bem.
Mas eles não soltaram. Eles nunca soltaram.
Após verem a minha suposta tentativa de suicídio meus amigos se desesperaram, a situação teria sido facilmente driblada se eu não tivesse vomitado sangue há três minutos e eles decidissem me levar para médico. Eu estava eufórica, no sentido ruim da palavra, e todo o quarteirão já tinha acordado para ver o espetáculo da minha desgraça.
– Skie, você não está bem, agora cale a boca! – Gritou Gaby.
– Não! Soltem-me! Eu estou bem! Eu estou bem.
Cezar Gottes, pai de Tony, estava nos esperando em sua Minivan Spin vermelha de sete lugares enquanto minha mãe lançava água benta em mim citando passagens bíblicas em outra língua, possivelmente latim.
Me debatia nos braços do meu amigo, mas não iria adiantar. Não sei se era alguma espécie de feitiço de Raven ou fora a visão, mas eu não estava com a mesma força. Anthony me colocou no banco de trás, junto á Raven, minha mãe, Gaby, Diane e Cezar.
Eles não iriam me ouvir, achavam que eu estava louca.
Oh, mas você não está louca. Siga a voz da Kelly: “Eles não podem fazer nada contra você, não podem fazer nada contra mim.”
E de repente meu mundo pareceu ter desabado. Olhei em volta e continuava dentro do carro, porém o resto do pessoal havia sumido. Havia alguém dirigindo o veiculo, mas eu não conseguia ver seu rosto... Exceto seus olhos pelo espelho retrovisor. Olhos azuis e uma franja ruiva.
– Você... – Comecei a dizer, mas minha voz parecia não querer sair.– Olá, Sky. É muito bom te ver de novo, como estás? – Ela perguntou.
A sua voz era exatamente igual a minha, só que com um tom malicioso e cruel. As suas palavras já não eram mais como um eco, e sim como a de outra pessoa mesmo. Como se de fato ela estivesse aqui.
– O que houve? Um corvo comeu sua língua? – Disse a debochada – Precisamos ser rápidas, antes que eles voltem.
– Onde eles estão? – Consegui dizer, mesmo pasma.
– Ah, em um lugar seguro. Prometo não mata-los... Por enquanto.
– Diga seu nome, demônio. – Eu disse.
Nunca pensei que diria aquela frase. Era a primeira etapa para se descobrir se alguém estava possuído. As próxima eram aversão ao sagrado, força surpreendente e o conhecimento de segredos do exorcista. Mas aquilo estava acontecendo, sim, aquilo estava.
– Oh, Sky, não faça isso consigo mesma – Disse ela, tentando fingir um tom triste – Não precisa disso. Você está sendo igual Tess... É isso que quer? Ser igual aquela megera?
O que aconteceu com ela?, disse uma voz, Ela desmaiou? O que houve?
Eram Diane e Gaby. Como? Parecia que a voz se tornou real, e as pessoas reais se tornaram vozes. A verdade e a mentira se uniam em um laço perfeito.
– Pare! – Eu disse – Pare com isso!
– Não estou fazendo absolutamente nada. – Ela respondeu – Eu não sou sua inimiga, só quero te ajudar.
Aqueles olhos. Olhos tão azuis que parecem ter absorvido os quatro oceanos para dentro de si. Eu sempre odiei azul
– Eu irei te ajudar. Eu irei destruir todos aqueles que nos fizeram mal. Confie.
Nos. A palavra soou como se ela de fato tivesse sido ferida, mas por alguma razão, eu soube que não era apenas de nós duas que ela falava. Alaska.
– Não dê ouvidos a ela, Skie. – Disse Alaska, que acabara de aparecer no bando do carona. – Ela não sabe o que diz. TEM QUE HAVER OUTRO JEITO!
– Não há Alaska, e você sabe que é verdade! – Gritou a garota ruiva – Você tem que me deixar fazer meu trabalho.
– Do que vocês estão falando? – Perguntei, tentei me mover, porém tive a sensação de que os braços de Anthony ainda estavam ali – Alaska, quem é ela?!
Um minuto de silêncio. Só o silêncio. A tenção rondava com mais força do que poderia se imaginar, pude ver os olhos dourados da garota se moverem ao retrovisor, e um sorriso dramático estampado na cara. E de certo modo, sabia o que estava por vir.
– Ela é o Mau.
A ruiva gritou como se alguém a tivesse esfaqueado, deixou de olhar pra frente e virou seu rosto. Uma palhaça.
– Mentiras, Sky! Não á ouça! – Disse a palhaça – Eu irei te ajudar! EU IREI!
Alaska gritou de uma forma gutural e seus cabelos se moviam como serpentes, envolveram-se em seu rosto e no segundo seguinte não havia mais face bonita ali. Apenas a cabeça de um corvo num corpo infantil.
– Skie, ela matou! Ela os matou! – Gritou o corvo – Matou Velasquez e matou Edgar Cambridge! Ela é má! Uma assassina!
Lembrei da cena. A garota ruiva vestida de meretriz e dando uma facada no homem despercebido, e de algum modo eu soube quem era Edgar Cambridge: O homem com quem ela saiu no dia em que Liz me espancou.
– Você... – Eu disse.
– ELA É O PALHAÇO, SKIE! – O corvo gritou – MATE O PALHAÇO! ELE É TÃO FALSO!
A chuva começara a cair do lado de fora da janela, e as luzes dos outros carros ofuscavam minha visão.
– Matei sim. – Disse a palhaça, mas parecia que sua maquiagem agora derretia e seu rosto humano enfim voltara – Sim, eu os matei. Da mesma forma que matei Piet e Nicolai.
Pânico. Foi isso que senti. Tudo se encaixava. A visão que tive de dentro do reflexo do espelho de eu mesma matando os dois. Fora ela. Ou melhor, fora eu. Eu não enfrentava demônios... Eles estavam dentro de mim.
Sky acorde!
Era a voz de Anthony.
A chuva caia mais forte, e o rosto humano das duas já voltara e parecia que o farol do carro ficava mais brilhante.
– Temos que ir – Disseram elas, em uníssono.
– Não vão! – Eu disse.
Elas se odiavam, mas alguma estava certa. A garota ruiva me salvou de um estupro, porém tinha o rosto do meu maior pesadelo, e Alaska me avisa de tudo, porém não deixava de ter o rosto de outro medo meu.
– Como chama-las? Onde vocês estão?
Mas Alaska desaparecerá, porém a ruiva continuava ali. Era o meu rosto, o meu corpo, só que com cabelos cor de fogo e olhos azuis.
– Grite pelo meu nome quando precisar de mim, Skie.
– Mas qual o seu...?
Um choque. Isso que eu literalmente senti.
Ela não está respirando!, disse alguém, Aumente a carga.
Outro choque no peito, seguido de outro e outro.
– Ela voltou – Disse o médico – Ainda temos esperanças.
De alguma forma eu soube. Eu não sei como, mas eu soube. E foi aí que descobri o nome da garota ruiva.
Hope.


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