P.O.V Effy

Acordamos naquela manhã o caipira - Daryl - reclamando do jeito que dormimos, disse que estávamos muito agarrados, fiquei rindo da situação enquanto me levantava e ele já estava de pé, finalmente eu estava me sentindo - estranhamente - em casa, com pessoas a minha volta que goste de mim, de repente, senti que tinha uma família, aquilo ia muito mais além de Daryl.

– Ah caipira - Falei o chamando novamente pelo seu apelido que eu havia lhe dado, antigamente - Foi você que me agarrou primeiro, posso dizer que fui uma vítima nesse assunto - Falei rindo e Daryl bufou irritado.

– Eu não agarro ninguém, mas agora se você, como todas, não resiste ao charme Dixon, o problema não é meu não é, pequena? - Brincou Daryl.

– Ah, seu desaforado! - Exclamei fingindo estar surpresa com o seu comentário e logo depois lhe jogando uma camisa, acho que uma das minhas coisas, não notei muito naquilo.

– Vamos lá, Eff? - Me convidou Daryl para descer.

Assenti como resposta.

Descemos juntos mas logo nos separamos, Daryl foi para junto dos homens e eu - como sempre - fiquei perdida, vi Rick acenando para mim com a cabeça, dei um sorriso como resposta, e logo depois chamei Carl para me ajudar nas minhas tarefas, ele me levou até dentro da prisão e riu quando eu disse que estava perdida.

Adentrei dentro da prisão, vendo logo de cara Beth com a pequena Judith no colo e as outras mulheres fazendo seus serviços como comida, lavar roupas. Era tão estranho, pois parecíamos que tínhamos voltado décadas atrás, onde os homens trabalhavam fora e as mulheres dentro.

Fui bem recebida - Graças a Deus - Beth conversava comigo, e assim como Maggie e Carol, mas percebi que Michonne não trabalhava lá dentro com as mulheres e sim com os homens - ou sozinha - As mulheres e Hershel que era o único homem que estava lá por conta de sua deficiência, eles me perguntavam de toda minha vida, eu respondia sem dar muitos detalhes pois não queria que ficassem assustados sobre meu passado.

Resolvi que naquele dia, minha tarefa seria ajudar Carol com as roupas.

Mas iria falar com Rick sobre o caso da vigia, não queria lavar roupa, ou até fazer comida - Até poque eu não sei fazer nada disso - resolvi ajudar Carol pois ela sempre ficava preocupada comigo desde que eu havia chegado lá, sei que todos ali já se preocupava, mas via ela se preocupar de uma forma diferente.

Eu estava com uma certa dificuldade para para tirar a mancha da roupa, admito... E então percebi que Carol se aproximava de mim.

– Deixa que eu te ajudo aqui com isso - Falou amigável como sempre, pegando carinhosamente e timidamente a roupa da minha mão e lavando logo em seguida. Percebi um brilho diferente em seu olhar.

– Carol, você está chorando? - Perguntei preocupada me aproximando.

– Não é que quando você chegou aqui, do nada, lembrou minha garotinha - Falou não irritada mas orgulhosa e acima de tudo, emocionada. Se virou para mim . Eu entendi, a sua filha devia ter falecido, ou estava longe, muito longe.

– Ah, eu sinto muito Carol, eu não queria...

– O quê? Me lembrar dela? Querida, não é sua culpa - Falou carinhosa mas ainda chorando, entendi, ela morreu! Enxuguei as lágrimas de Carol que sorriu com aquele meu gesto.

– Ela te amou muito - Falei e ela sorriu enxugando sozinha as lágrimas dos olhos.

– Sabe o que eu imaginei? - Me perguntou, fiz que não com a cabeça - Imaginei, você, Carl e a minha pequena Sofia, sabe? Brincando - Falou entre lágrimas - Eu sinto muito, é só que... - Falou com uma certa dificuldade entre lágrimas e soluços, e - senti que ela precisava realmente daquilo - puxei ela para uma abraço, ela retribuiu, fortemente.

Vi Maggie chegar perto de nós, e levou Carol lá para fora da prisão, a ajudando a acalmar, eu estava me sentindo culpada, não podia mentir, fiquei um tempo olhando o lugar até onde elas foram e vi que Maggie conversava com Carol e ela se acalmava aos poucos, ouvi Beth me chamando, fui ao seu encontro e ela me pediu para pegar Judith por uns instantes pois iria pegar água para Carol pois ela estava muito nervosa. Pensei em negar - Ela era muito pequenina - mas vi que eu precisava ajudar Carol, peguei Judith cuidadosamente, o mais engraçado foi que ela parecia gostar do meu colo.

Virei para lá fora, e vi Rick olhando atento a situação.

Depois de um tempo, Beth voltou, pensei em questionar, dizer a ela que eu queria a pequenina mais tempo em meu colo, mas não achei justo, então resolvi lhe devolver a pequenina de volta, que estava dormindo.

– Ela gosta do seu colo - Comentou Beth, tenho certeza que alarguei um sorriso como resposta - E acho que Rick gosta de você - Comentou ela também, olhando para os cantos.

– Beth - A adverti, ela tinha um sorriso sacana no rosto, será que aquilo era tão visível? - Você está ficando louca - Completei saindo deixando ela sozinha com Judith, e com seu sorriso sacana no rosto, fui em direção aos homens.

– O que estão estão fazendo? - Perguntei curiosa me apoiando no carro onde tinha um mapa, provavelmente, da prisão, e vi que todos os homens, especialmente, Rick, olhei para mim mesma procurando o motivo de tanta atenção em mim, e percebi que estava de short, ótimo, eu precisava realmente da minha velha calça de volta.

– Ok, coreano, eu vou até a Maggie - Brinquei com Glenn que havia entendido a brincadeira. Ele riu daquilo.

– Vocês dois se conhecem? - Perguntou Rick depois de tomar um longo fôlego.

– Daqui da prisão mesmo, Xerife, por quê? Algum problema? - Brinquei com Rick.

– Não é que, ah sei lá, tanto faz, Eff - Falou Rick meio nervoso, aliás, essa parte era uma das minhas preferidas em Rick, o seu jeito tímido de ser, era definitivamente, a minha parte preferida de Rick. Daryl apenas sorria, ele e aquele sorriso sacana no rosto.

– O que foi caipira? - Brinquei dessa vez com Daryl.

– O que foi, o quê, pequena? - Brincou Daryl comigo se aproximando de mim.

– NÃO! Nem pense nisso caipira - Falei dando passos para trás e vi Daryl correndo na minha direção me puxando no colo - um pouco parecido com o que Rick havia feito comigo - aliás, Rick e Glenn assistiam tudo rindo da minha cara.

– Ah, me solte seu caipira! - Falava eu entre risos e brincando, depois Daryl me colocou no chão, rindo. Assim como Rick e Glenn estavam também, acompanhei suas risadas e chegava a ser realmente engraçado a minha situação, cabelos bagunçados, maquiagem borrada, e essas coisas.

– Você devia ter me ajudado - Falei fingindo irritação para Rick, que riu do meio bico que eu havia feito, Daryl revirava os olhos e parecia querer dizer alguma coisa, mas o olhei com um olhar feio e ele desistiu pois eu conheço demais Daryl para saber que ele iria fazer algo que me deixaria totalmente sem palavras e envergonhada. Vi ele levantando as mãos para o alto.

– Então - Falei arrumando meus cabelos e me apoiando logo em seguida no carro, na frente do mapa e Rick estava ao meu lado na frente do mapa, Daryl do meu lado e Glenn do lado de Rick. - O que estão fazendo? - Perguntei curiosa.

– Queremos mais blocos sabe? Para dar mais espaço as pessoas de da outra cidade - Explicou Rick.

– Eu estou totalmente dentro - Falei animada. Eu queria ação, era o que eu precisava.

– O quê? - Rick protestou - Não, não, você não vai.

– Daryl - Protestei olhando para Daryl que levantou as mãos para cima logo em seguida, ou seja, ele não estava do meu lado nessa. Bufei logo em seguida - Eu vou - Falei.

– Não, você não vai - Falou Rick olhando para mim.

– Ah é? - Perguntei - E por que não, Xerife? - Arqueei as sobrancelhas.

– Porque você vai ficar aqui com as mulheres - Rick tentou explicar - É melhor para protege-las.

– Nada disso, eu sinto muito mas eu vou - Falei irritada virando os olhos para ele.

– Você é forte, vai ficar aqui, protegendo o grupo, é melhor - Falou calmamente.

– Vai ser pior para você sabe - Retruquei.

– E por que seria? - Rick me desafiou.

– Porque se não me deixar ir... Eu vou sozinha, o que vai ser pior, eu os acho, sou muito boa em achar - Retruquei irônica.

– Mas... - Rick protestou sem muitas palavras - Daryl - Rick tentou pedir ajuda a Daryl que apenas levantou a mão novamente.

– Ela vai fazer mesmo o que ela está falando, cara - Falou Daryl do seu jeito, Rick bufou irritado e acabou cedendo mas disse que eu iria sempre atrás de alguém, ou seja, sempre atrás de Rick.

Não íamos hoje,íamos em alguns dias pois, a luta seria mano a mano, armas só de último caso.

Dei minhas opiniões na formação de ataque, eles concordaram comigo, sorri vitoriosa.

E havia me lembrado que hoje a noite, era a noite de vigia do Rick, ou seja, era minha noite de conversa com ele. Depois de um tempo, planejando sobre o "plano da prisão" nós nos separamos, eu fui com Daryl, estávamos perto da moto.

– Sabe, eu estava pensando - Falou Daryl me tirando dos meus pensamentos - Hoje a noite, sem agarrado ok? As pessoas daqui podem ficar realmente achando que somos algo, e eu não quero ser pedófilo da história.

– Ah! Na floresta eu tinha 19 anos, e já era velha, mas agora, eu tenho 19 anos, e sou nova demais? - Brinquei irônica - Aliás pode relaxar, vou entrar na nossa "casinha" mais tarde hoje.

– Já tem uma festa, Srta. Stonem? - Perguntou Daryl irônico.

– Rick me chamou para conversar - Falei meia rápida, rezando para Daryl não entender.

– Você já vai "sair" com ele? - Perguntou Daryl com aquele sorriso safado.

Expliquei a coisa toda para Daryl, que ria da minha cara que sempre colocava aquele sorriso safado no seu rosto.

Depois de lhe contar toda a história ficamos falando sobre a vida.

E não demorou muito, o dia já havia acabado, e a noite já chegou.

Fui a torre e encontrei Rick sentando na mesa, encarei a situação por um tempo, e me sentei ao seu lado logo em seguida.

– E aí, Xerife? - Falei com Rick, e vi ele abrindo um largo sorriso.

– Pensei que não viria - Falou - Eu sinto muito pelo seu irmão, aliás.

– Está tudo bem, Xerife - Falei tentando parecer a mais séria possível mas apenas tentando.

A nossa conversa continuava normalmente, eu estava descobrindo muito sobre ele, e ele sobre mim. Ele me contava dos seus momentos felizes com Carl - mas sem citar a sua ex mulher e a mãe de Carl, Lori - e também me contou de sua história aqui, nesse novo mundo, das pores que ele ajudaram ele me contou da morte do seu "melhor amigo" - Eu achei que aquilo tudo da morte dele, foi apenas auto defesa - e ele me perguntava também sobre minha adolescência, festas, problemas, essas coisas...

Ele ria de quando eu contava de quando eu me metia em problemas, do jeito que eu ia sendo quase presa, do meu medo de ser presa, do jeito que de vez em quando eu corria da policia, o que era totalmente engraçado.

– Então - Falou depois que paramos de rir.

– Então - Continuei.

– O que você quis dizer com sua melhor amiga morreu por sua culpa? - Me perguntou Rick.

– Ah, a gente se conhecia desde pequena, então eu era sempre a errada, então com 14 anos, teve aquela festa sabe? Cigarros, bebidas, eu já conhecia esse mundo, mas ela? Ela nunca ao menos tinha entrado lá, eu a coloquei dentro daquele mundo, então as coisas foram ficando mais serias e ela depois de um longo tempo descobriu que tinha câncer, mas era tarde demais, o câncer havia tomado conta dela, engolindo-a por completo - Falei séria abaixando a minha cabeça envergonhada do que eu havia feito, afinal, era minha melhor amiga.

– Ah eu sinto muito - Falou Rick depois de um tempo.

E ficamos em silêncio por um longo tempo, e o via abrindo a boca para falar algo mas fechada, desistindo.

– Olha, se quiser perguntar, só pergunte - Falei e ele riu.

– Por que você não quis me beijar? - Perguntou rápido e sincero.

– AH! Não é que eu não queria Rick, era que, eu só... Olha eu queria te beijar, eu queria muito te beijar, mas, olha... - Falei enrolada o olhando e vi que ele me fitava confuso - Você tem 30 e poucos anos, Ok idade não importa, mas você tem 2 filhos e eu não estava pronta para assumir aquela responsabilidade toda - Falei sincera. Afinal era o que eu sentia.

– Estava com medo?

– Sim - Respondi, honestamente.

– Está agora? - Falou se aproximando.

– Não - Falei perdida naquele imenso mar azul que era seus olhos, estávamos próximos, e não podia mentir que aquela proximidade me arrepiava toda, e me deixava feliz, estávamos quase lá, testas coladas, na hora que iria beija-lo olhei para o lado, e vi um cara, mas aquilo não era um Walker.

– Rick - O alertei. Ele olhou para o cara.

– Mas o quê? - Falou puxando a arma, e foi muito rápido, não vi para onde o outro homem do lado de fora da cerca havia atirado, senti algo penetrar minha cabeça, foi rápido demais, ouvia Rick me chamar ao longe, mas não entendia, fui tomada pela escuridão.