P.O.V Effy

http://letras.mus.br/matthew-mayfield/take-what-i-can-get/traducao.html

Me via ali agora na frente de Carl que me olhava um tanto triste, todos ficavam assim quando alguém saia, acho que era o peso do Apocalipse e o medo de perder as pessoas, mas sorri para Carl, queria demonstrar para ele que eu vou sempre voltar mas apenas por ele e pelo carinho que eu tenho por todos ali, ele sabe disso, faço qualquer coisa por aquele garoto. Carl, desde o começo se tornou um grande aliado, amigo, cuidar dele esses tempos foi um privilégio, não digo que sou mãe de ninguém, longe disso, eu tinha medo de qualquer um entender errado e pensar que eu queria tomar o lugar da mãe dele, Lori. Claro que não, mas cuidar dele foi o mais próximo que cheguei de ser responsável por alguém, de Judith também, tenho um carinho especial, e iria ao céu e inferno para ajuda-los ou apenas para voltar para eles.

Admito que depois que eu cheguei ali na prisão, eu demonstrei mais meus sentimentos mesmo tentando esconde-los, era trabalhoso sentir algo na frente de qualquer um.

– Hey, eu vou voltar viva para você, okay? – Eu falei pela milésima vez, tentando parecer mais natural possível.

– E se você não voltar? – Ele insistiu de novo. Eu apenas sorri.

– Garoto, por você voltaria até do inferno – Falei a real e ele concordou abaixando a cabeça, e então ouvimos Rick chamar ele.

– Agora, vá... Vá falar com seu pai – Eu falei e ele concordou, eu fui entrar para pegar minhas coisas, as peguei rapidamente e vi Beth, ela tinha um olhar longe e depois me percebeu, e deu um longo sorriso no qual eu não havia visto já fazia dias, já sabia que as coisas estavam ficando bem para ela, ela me mandou um sinal como se fosse: Conversamos mais tarde. Eu apenas concordei com a cabeça e saí rapidamente, trombando com o Dixon, e ele me deu um olhar, sabia que ele queria que eu me rendesse, mas apenas sai andando para o carro, vi que Rick estava lá, mas para minha infelicidade, Katie também estava, Daryl provavelmente já estava chegando, arrumei minhas armas, e minha mochila, vi Katie se aproximar de mim.

– Effy, você está bem? Parece cansada – Falou Katie, o mais irônica possível, realmente, eu estava com olheiras, nada bonito de se ver. Eu me virei para ela, com o meu sorriso mais falso que eu poderia colocar em meu rosto.

– E você, Katie! Pensei que não poderia ficar mais vadia e olhe só para você! Nossa! – Eu falei e abri a boca fingindo-me chocada, e depois vi ela fazer uma careta de sínica, e concordou.

Eu apenas sorri de novo, olhei a minha volta e vi Daryl e Rick olhando para minha cara. Daryl parecia se divertir com aquilo tudo. Eu abri a porta de trás do carro e me sentei, assim como Daryl ao meu lado, assim a vadia da Katie poderia muito bem ir com Rick, afinal de contas, era o que ele queria mesmo, vi que Rick abriu minha porta do carro.

– O que está fazendo? – Ele me perguntou.

– Eu iria fazer a mesma pergunta para você – Falei um tanto confusa dessa pergunta dele.

– Você vai na frente comigo – Ele falou.

– Não, a Katie parece muito bem no assento da frente, não é, Katie? – Perguntei para ela que apenas deu um sorriso em resposta. Olhei para Rick tentando digerir aquilo tudo, e ele apenas abriu sua porta e se sentou na frente com Katie ao seu lado, eu fechei a minha porta e percebi que aquela “missão” iria ser uma das mais complicadas. Quando eu saí, vi Maggie me olhar pela janela, ela não tinha um olhar seguro, eu apenas acenei e sorri tentando alivia-la.

Logo quando percebi, estávamos já na estrada, e não podia não perceber os olhares de Daryl a cada reação minha, ele sabia que eu estava chateada, e ele queria muito quebrar a cara de Rick naquele momento, e também vi apenas uma vez Rick olhando para mim pelo retrovisor. Mas logo, Katie começou a puxar conversa com ele, lhe distraindo, o que me incomodou, eu tentei, tentei ao máximo não demonstrar nenhuma emoção, ou até que eu me importo, mas às vezes, eu virava a cara para aquilo, e tentava não ver ao máximo.

Depois de um tempo, chegamos, finalmente, nunca desejei tanto estar em um lugar quanto agora, então fui a primeira a descer do carro. Katie saiu, rebolando como sempre, pedi que um Walker caísse do céu ou do lado dela mesmo e a atacasse, eu iria perder a cabeça com aquela garota, e ela iria ver quem é a verdadeira Effy Stonem, não gosto muito de perder a cabeça com as pessoas mas ela estava pedindo para aquilo. Rick puxou meu braço, eu puxei de volta.

– Não me toque – Eu falei irritada.

– Effy – Ele tentou falar algo.

– Você e aquela vadiazinha vão para o inferno – Falei irritada e andei para perto de Daryl, mesmo não nos falando, ele me dava apoio. Rick ficou sempre ao lado de Katie, patético. Eu estava andando procurando coisas, quando vi um Walker e de repente, Katie me empurrou bem para cima dele, sorte dos meus reflexos serem bons, eu apenas matei o Walker e olhei para Katie. – Sua vadia! – Eu gritei, e vi Daryl se aproximando.

– Effy – Ele falou tentando me manter “calma”.

– Não, você viu o que ela fez? Eu vou matar você – Falei irritada, vi Rick chegar perto.

– Effy, se acalme – Ele falou.

– Você por acaso viu o que sua vadiazinha fez comigo? Você é cego ou não quer enxergar? – Eu falei ainda mais irritada, ele me olhou, sabendo que nas minhas ultimas palavras eu quis dizer que ele não queria enxergar o que ela havia feitos. Ele apenas ficou me olhando, como sempre, muitas palavras, poucas atitudes. Eu apenas me virei e sussurrei um “idiota” e saí andando para o carro, alguns Walkers tentaram vim atrás de mim mas eu estava tão brava que apenas os abati rapidamente e entrei dentro do carro, no mesmo lugar, ao lado de Daryl que estava preocupado, acho que ela estava preocupado com o que eu fosse fazer, ele sabe que eu não sou uma santa, não sou nada de bom, e que aquela Katie, iria muito bem se dar mal comigo, eu estava destruída, eu admitia para mim aquilo, eu sou realista.

Mas eu me sinto meia deslocada, sabe? Eu sou deslocada, eu não ligava muito para isso até quando eu percebi que sou sempre a mais diferente, a que mais é prejudicada, sempre que sente mais, tudo tão intenso, e como sempre, sempre a que sofre mais. Eu não gostava de mentiras, até que eu percebi que o mundo me fez mentir tantas vezes que eu não sei mais destingir o que é realidade ou o que é mentira, nem sei se eu falo verdades ou mentiras, e uma das piores mentiras é ser alguém que eu não sou, eu não vou mudar por ninguém, se alguém tivesse que gostar de verdade de mim, que goste do meu jeito.

Entramos no carro e a volta foi a mais silenciosa possível. Senti alguém segurar minhas mãos de leve, era Daryl, olhei para ele e ele estava com um olhar distante na janela, eu sorri e segurei de volta. Ele era tímido quanto aquilo, mas era tão importante saber que ele estava ali.