POV Autora

A anja tinha sido deixada sozinha há um bom tempo, não sabia dizer quanto ao certo mas devia ter sido muito, pois já estava até mesmo tendo alucinações com animais falantes.

–Oi estou falando com você, não esta me ouvindo?

Levy virou o rosto para a pequena criatura que a chamará, um gato preto com orelhas arredondadas e que estava... voando e usando calças?

– Oi...- de certa forma ela estava quase aliviada, contanto que não fosse Gajeel ela toparia falar até mesmo com um bichinho imaginário, mas a voz dele lhe paresia tão familiar. – O que é você? – disse voltando a prestar atenção no animal.

O pequeno sorrio e apontou para as costas.

– Observe...

Ele se virou para ela fazendo com que pudesse ter uma visão melhor das duas lindas asas brancas que ele tinha.

– Parecem com as minhas...- disse admirada.- Você é... um anjo?

– Um exeed.- corrigiu.- Não são só os humanos que viram anjos sabia?

Ela quis rir da sua burrice quando enfim percebeu que ele era real, mas algo parecido com uma pontada no estomago que a fez grunir de dor.

–Você esta bem?- disse preocupado, a anja só assentiu com a cabeça.

– C-claro.- disse com um pouco de dificuldade.- Não deve ser nada.

O exeed apenas olhou pra ela com pena, ela não podia ajudar com isso, pois já estava começando a sentir pena de si mesma também.

– Eu sinto muito...- disse o animal se aproximando dela.- Se eu estivesse lá com Gajeel poderia tê-lo impedido.

Agora seus olhos tristonhos estavam voltados para ela, com certeza aquele pequeno animal não poderia ter feito nada, mas era bom saber que ele se importava. Então ela fez o que qualquer garota de bom coração teria feito nessa situação, pegou ele do chão e o abraçou como se fosse um bichinho de pelúcia! Mas quando o apertou contra o peito ele virou o rostostinho para cima lançando-lhe um olhar de preocupação.

– Você esta gelada! - ele ergueu a pata e colocou na testa dela. -... e também esta com muita febre! Deus, como você ficou assim?

Ela não sabia responder, realmente nunca tinha sentido nada antes para poder comparar, oque ela sabia é que seu corpo estava gelado, mas só porque conhecia a sensação de frio e de calor, sabia também que sua barriga não parava de fazer barulho e que sua boca e garganta estavam secas, a anja sentia sua cabeça doer muito, além do fato de que estava ficando cada vez mais difícil manter os olhos abertos.

Muitas coisas novas de uma vez só e nada que ela pudesse fazer, pois saber onde estava sentindo dor era uma coisa, agora saber oque fazer para melhorar era outra completamente diferente. O pensamento de Levy foi quebrado por um bater de orelhas do animal em seu colo, ele ouviu alguma coisa.

– Espere um pouco aqui tudo bem? – disse e calmamente se soltou dos braços da garota. –Não se preocupe, eu vou fazer você melhorar.- e com a ajuda das asas voou para fora da vista dela.

Ela aproveitou para observar o lugar onde estava, paresia um galpão ou um armazém, sabia da aparência deles graças as vezes tinha acompanhado Droy até diferentes galpões da cidade para comprar sementes “ele tinha uma mão muito boa para plantar, conseguia fazer brotar qualquer coisa...”pensou relembrando do menino“...como será que eles estão?”.

–x-

Lily voou o mais rápido que pode para onde tinha vindo o barulho, “Gajeel seu estupido!” ele só conseguia pensar na pobre anja, ele não sabia como ajuda-la e só conseguiu se sentir mais inútil quando viu que provavelmente só Gajeel conseguiria.

–GAJEEL!!! – gritou ao ver que o demônio tinha voltado.

– Oi Lily... QUE???- o gato voou até as suas costas e o suspendeu no ar.- OQUE VOCÊ TA FAZENDO IDIOTA???

Lily não respondeu, apenas bateu as asas levando o demônio para perto da onda a anja estava, e quando chegou ao ponto de onde ele conseguiu vê-la o soltou bruscamente no chão.

–QUE ISSO GATO ESTUPIDO, QUER MORRER!!!

Ele pousou no chão, logo a frente de Gajeel e apontou para onde Levy estava.

– Ela esta mal por sua culpa...- Lily disse sem disfarçar a irritação.-...agora conserte!

Gajeel viu a anja encolhida num canto e paresia muito mal, logo, por ser um demônio, ele podia ver o anseio das pessoas, então ele literalmente podia sentir a dor dela.

– Oque aconteceu com ela? – ele quase não tinha palavras.

– Você não vê? – Lily ergueu voo pra ficar cara a cara com Gajeel.- Ela estava definhando bem na nossa frente!

Gajeel a olhou mais uma vez, ele sabia oque ela precisava e com certeza não ia deixar seu brinquedinho quebrar tão cedo. Levantou e caminho para o sentido oposto a anja. Deixando Lily simplesmente... qual seria a melhor palavra?... puto?

– Onde você vai inútil?- Gajeel não respondeu apenas continuou andando. – NÃO ME IGNORE GAJEEL!

Ele virou irritado para o exeed e gritou.

– SE QUER QUE EU AJUDE, NÃO ME ATRAPALHE MERDA!

–x-

POV Levy

“Eu vou morrer? Eu não quero morrer...”, mas era assim que eu me sentia.

Eu fechei os olhos tentando buscar algumas boas lembranças pra me distrair, lembranças dos meus meninos me paresiam boas, das vezes que Jet corria tão rápido que nem com minhas asas conseguia alcança-lo, ou das flores e arvores que Droy plantava no jardim, me lembrava vagamente o Éden, era simplesmente lindo “Eu tive boas lembranças.” Conclui.

Era nisso que eu tentava me concentrar, tinha comprido meu dever, além do mais morrer de novo talvez não fosse tão ruim, o pior seria ter que abandonar todas essas lembranças e começar de novo.

Imersa em meus pensamentos acho que não pude perceber quando alguém se aproximou de mim e jogou com força uma coberta na minha cabeça, mas aquilo me acordará dos meus devaneios.

–hun? – quando olhei pra cima vi Gajeel com um monte de coisa nas mãos e um olhar simplesmente pavoroso, paresia que ele queria me fuzilar só com os olhos, se é que isso não era mesmo possível “ Oh Deus, é hoje mesmo que eu morro!”

Ele largou/jogou um pote com uma colher na minha frente.

– Coma! – ordenou, eu prontamente obedeci, não era uma boa hora pra contestar, assim peguei o talher e pus uma boa colherada na boca, resultado, eu queimei a língua...

– Tá quente! – foi tudo que consegui disser enquanto abanava ar na boca, depois de jogar a colher longe, ele ficou ainda mais irritado, se é que isso era possível.

– É sopa, oque você esperava? – bufou. – Olha aqui anjinha, é bom você comer logo, ou quer que as dores do seu estomago fiquem mil vezes pior?

“Ele sabia onde estava doendo?”

Imagino que nessa hora eu deve ter ficado olhando pra ele com uma cara muito idiota, porque logo depois ele arrancou o pote das minhas mãos.

– Já que você não vai comer...- antes de se virar e ir emborra comendo a “minha” sopa, ele só gritou. – Vá dormir piranha, sua dor de cabeça esta me irritando!

Acho que quem ficou irritada fui eu, até parece que doeria muito se ele fosse um pouco gentil de vez em quando.

– Demônios ...- bufei, “ ou talvez seja só ele que é chato mesmo...”

Me enrolei na coberta, agora não estava mais com frio e acho que ainda me lembrava de como dormir, se Gajeel estivesse certo logo minha dor ia passar, mas isso só me trousse um novo pensamento “porque ele me ajudou? Se ele queria me corromper, não seria mais fácil fazer isso quando eu estava frágil?”

Então eu pensei em algo muito doido, e totalmente sem sentido “e se ele não fosse tão horrível?” ele poderia até mesmo ter algo de bom, mesmo que perecesse impossível, eu ao menos tinha uma chance.

Como anja era mais do que natural pra mim, tirar as pessoas do mal caminho e guia-las para o bom, porque não poderia fazer isso com Gajeel? “Porque ele é um demônio e não um humano!” disse uma vozinha na minha cabeça “ Mas você pode mudar isso, basta fazer o acordo...” outra vozinha respondeu “ Ele não vai deixar você fazer o acordo e você sabe disso...” insistiu, Levy suspirou, porque sua consciência tinha que ser tão confusa?

– Bom...- disse se levantando.- ... vale a pena tentar.

POV Autora

Convencida de que aquela era sua melhor chance ela chamou Gajeel, que aliais, não chegou nada bem, ele estava simplesmente se sentindo péssimo, para um demônio a simples intensão de ajudar alguém era como se lhe dessem varias alfinetadas por todo corpo, e acreditem, ele odiava aquela sensação.

– O que quer...

Gajeel foi interrompido pela única coisa que nunca teria esperado, a anjinha que ele havia enganado e tirado as asas, mais que rapidamente havia agarrado a gola da sua roupa e o puxado para baixo dando-lhe um... um beijo?

Impossível? Nem tanto, pois estava mesmo acontecendo.

Claro que foi uma coisa muito rápida, mas suave, tanto que Gajeel nem teve tempo de reagir, dando assim, passagem quase que total para a pequena anjinha explorar sua boca.

Quando ela quebrou o beijo, ele sentiu vontade de se bater, só de pensar em como o gosto dela era doce.

– Você...você?- ele apontou nervosamente para ela, mas Levy só ria.

– Agora nós temos um acordo! – disse sorridente.

– Oque? – ele realmente não entendeu, mas percebeu que alguma coisa nele tinha mudado, sua aura demoníaca tinha diminuído muito e as pontadas no corpo quase não podiam mais ser sentidas, se tornado apenas uma lembrança dolorida. - Porque me beijou de surpresa baixinha? – disse sem esconder o sorriso malicioso.

– Be-i-jo...? -Levy pareceu confusa, a palavra não lhe era familiar.- Não, beijo não, isso foi um acordo! – disse alegre.

– Que..?

– Eu tomei uma decisão Gajeel!- Ela se abaixou e se encostou na parede. – Se você quer corromper meu coração...- falou entre bocejos. -... então eu vou purificar o seu! – disse por fim antes de fechar os olhos.

– Oi espera ai! – disse nervoso quando viu que ela estava prestes a dormir. - Oque diabos é um acordo?

Levy estava cansada demais pra responder, mas enquanto fechava os olhos ela murmurou “O exeed te explica...” e então... dormiu.