Depois da estranha manhã em que Lucas fez com que Kaleb parasse de chorar, com um beijo, o moreno chegou meio calado em casa.

– Você demorou, Lu. – Disse Alanis empoleirada no canto do sofá. – E cadê o Kaleb? – Ela sorria.

– An? – Disse Lucas sem prestar atenção.

– O Kaleb?! – Ela riu. – Você ta longe... – Ela puxou Lucas, sentando-o ao seu lado no sofá. – O que houv?. – Alanis tinha um olhar preocupado e carinhoso.

– A tia Su foi atacada por um cara maluco e o Kaleb ta cuidando dela. – Disse Lucas com cabeça baixa.

– Que horror, ela deve estar péssima. – A ruiva arregalou os olhos. – Eu deviria ir visitá-la. – Ela disse juntando as mãos.

– Pra que? – Riu Lucas. – Olha, ela ta bem, o Kaleb é que ta meio estranho. Acho que ele ta traumatizado. – O rapaz corou pensando rapidamente no beijo, mas sem esboçar qualquer sentimento.

– É sério isso? – Ela passou para cima do colo de Lucas. – Ela não ta mal? – Alanis deitou a cabeça no ombro de Lucas.

– Isso te faz lembrar o que seu professor fez, não é?! – Ele a abraçou.

– Você sabe que eu não gosto de falar disso. – Ela disse com um sorriso triste que só ela sabia fazer. – Mas me diz maninho, porque você acha que o Kal ta tão mal assim?

– Kal?! – Ele riu. – Ta intima, hem... – Brincou.

– Fala sério, maninho. – Ela mordeu a bochecha dele.

– Ele me beijou...- Sussurrou Lucas.

– ELE O QUE?! – Alanis levantou e cruzou os braços. – Você não me disse que tava gostando dele... – Ela baixou os olhos e torceu a boca.

– Ei... Calma... – Ele levantou e tentou abraçá-la, mas Alanis se afastou.

– Eu não acredito que você não me contou antes. – Ela disse dando a volta no sofá.

– Eu não sabia. – Ele abaixou a cabeça.

– Como não sabia, Lucas? Como você beija alguém que não sabe se gosta?! – Alanis estava já em frente a escada.

– Eu não beijei ele! – Gritou Lucas. – Ta feliz? – Ele sentou no sofá.

– Ele roubou um beijo seu?! – Ela disse com os olhos arregalados andando até Lucas.

– Não... Ele tava chorando e eu odeio quando ele chora... – Ele levantou a cabeça e olhou pra ela. – Ele disse que ia parar de chorar, ai ele tampou meus olhos e me beijou, mas eu não retribuí, só deixei.

– Lucas... – Ela chorava, tremia e seu nariz sangrava. – Que lindo... – Ela fungou. – Best, você é gay!!!!!! – Ela gritava e saltitava pela sala. – Que lindo, ai minha nossa senhora das fujoshis, me salva que eu to morrendo.

– Eu não sou gay, só não queria que ele chorasse, por que ele fica parecendo um cachorro sem dono. – Lucas tentava explicar.

– Perai. – Bufou. – Eu só vou no banheiro e já falamos sobre isso.

Ela voltou reclamando que a blusa estava manchada de sangue, eles riram e ela sentou no canto do sofá.

– Lucas, você sabe que eu conheço muitos caras... Você foi o único que não tentou nada comigo, até quando eu quis! – Ela sorriu. – Um cara comum socaria a fuça de outro que tentasse beijá-lo. Você é muito especial, meu amor e não to falando especial de anormal, to falando especial de importante. – Ela segurou os braços do amigo. – O Kaleb é um garoto de sorte em ter você. – Ela deu um selinho nele.

– Que parte de ‘’eu não sou gay’’ você não entendeu? – Perguntou Lucas sério, levantando a cabeça. – E muito menos o Kaleb.

– Ele te beijou. – Alanis cruzou os braços.

– Mas ele sempre se gaba de que consegue ficar com qualquer garota, que sabe exatamente o que fazer quando ta sozinho com elas. – Ele virou o rosto.

– Ele gosta de você, Lucas, vai por mim. – Ela abraçou o rapaz. – E você, você gosta dele?

Lucas ficou quieto, olhando para ela.

– Eu amo ele, mas... – Silêncio. – Mas não sinto vontade de beijar ele, abraçar sim, mas beijar...

– Ah, meu Deus, agora que eu me dei conta! – Alanis arregalou os olhos. – Foi o seu primeiro beijo. – Ela sorriu meiga.

– Ah, cala boca, Alanis, você mesma já me beijou varias vezes. – Disse Lucas irritado.

– Ele te deu um selinho de irmão? Que nada a ver, Lu. – Ela riu.

– Foi diferente. – Ele sorriu com o canto da boca.

– Ará! Ta ai a prova. – Ela apontou pra boca do rapaz. – Você gostou do beijo.

– Que saco! – Ele disse. – Eu achei meigo, sei lá...

– Meigo? – Sangramento nasal.

Alanis abraçou Lucas e os dois começaram a rir.

– Eu acho que eu deixaria ele me beijar de novo, mas Alanis, você já parou pra pensar que ele pode estar só brincando comigo. Me castigando por ter afastado todas aquelas garotas da vida dele?! - Ele torceu os lábios.

– Se for o caso, a gente quebra a cara dele na porrada. – Ela sorriu.

Eles passaram o dia falando sobre o beijo e sobre Susana, depois Alanis foi embora, ela tinha tido um longo dia de seguidos sangramentos nasais e já estava fraca.

– Se alguém te fizer mal, eu acabo com ele. – Disse Alanis entrando no carro.

Lucas pediu uma pizza e um refrigerante, alugou um filme de terror pela TV a cabo e se sentou na sala. A pizza chegou e ele foi atender a porta, subiu buscar o dinheiro e quando voltou a pizza estava em cima da mesa de centro da sala, com a nota de pago sobre a caixa. Lucas olhou para os lados.

– Quem ta ai? – Ele procurava pela sala.

– Eu. – Disse Kaleb saindo de trás da cortina.

– Puta que pariu, moleque. – Riu Lucas. – Você me assustou. – Ta fazendo o que aqui?

– Vim ver se podia dormir aqui com vocês. – Disse Kal sorrindo. – Cadê a Ana?

– Alanis. – Corrigiu Lucas. – Ela já foi embora.

Kaleb sorriu com o canto da boca.

– Então estamos sozinhos? – Disse o loiro caminhando até Lucas que corava.

– Eu posso ligar pra ela voltar. – Lucas desviou de Kal que ficou um pouco confuso.

– Não! – Pediu Kal. – Eu ainda to meio mal e ela nem tão minha amiga assim... – Ele torceu a boca e se sentou no sofá.

– Entendo. – Disse Lucas. – Você quer conversar?

– Hoje não to a fim de conversar. – Seu sorriso de canto já estava deixando Lucas incrivelmente nervoso e envergonhado. – Eu quero muito mais que isso... – Kal dizia e apontava o sofá, convidando Lucas a se sentar junto a ele.

– Eu vou pegar copo, você quer um prato...? – Perguntou Lucas meio fanho.

– Não, eu prefiro comer... – Disse e pigarreou o loiro. – Com a mão mesmo. – Falou Kal abrindo a caixa da pizza e pegando um pedaço.

Lucas estava arrepiado e muito, muito nervoso. Ele voltou com os copos.

– Esse filme parece legal, eu li a sinopse na internet. – Dizia o moreno olhando para Lucas. – Caralho Luc, você ta vermelho igual uma pimenta. Ta tudo bem?

Lucas concordou com a cabeça e assim que sentou no sofá Kaleb pulou para almofada ao lado do mais alto e esticou a mão até o pescoço de Lucas.

– Credo! – Disse Kaleb puxando a mão de volta. – Você ta parecendo um morto de tão gelado. – Ele riu. – Você ta nervoso? – O loiro virou o corpo todo para Lucas, ampliando de volta o sorriso maligno. – É por causa de hoje mais cedo? Digo... Por causa do beijo?

O moreno virou o rosto e não disse nada.

– Se você não quiser, eu nunca mais faço isso, não precisa ficar com medo de mim. – Disse Kaleb preocupado.

– Não é medo. – Disse Lucas se virando pra Kal e encarando seus lábios, demoradamente.

– Acho que esse foi o seu ‘’ cala boca e me beija’’ – Disse Kaleb indo até os lábios de Lucas e beijando-o animadamente.

Lucas tinha as mãos apoiadas nos ombros de Kal e o afastava aos poucos.

– Você não quer? – Perguntou o loiro se afastando e olhando as mãos de Lucas.

– A sua mãe ta sozinha? Você deixou ela pra vir aqui? – Perguntou Luc.

– Olha Lucas, você é muito especial pra mim, mas é claro que eu não ia deixar minha mãe sozinha depois de tudo o que aconteceu ontem. – Riu Kal. – Minha avó chegou assim que você saiu e o Matias também. Eles vão passar um tempo lá em casa!

– Especial de anormal ou de importante? – Perguntou Lucas.

– Acho que os dois. – Respondeu Kaleb, sorrindo, após pensar um pouco.

– E quem é Matias? – Perguntou Lucas.

– Ta com ciúme? – Zombou Kaleb. – É um policial, muito gente boa, que ta cuidando de deixar aquele nojento longe da minha mãe. – Ele sorriu.

– Não é ciúme, só to preocupado com a tia Su. – Disse Lucas.

– Eu nunca mais vou deixar nada acontecer com ela. Eu confio no Matias. – Ele sorriu. – Mas você mudou de assunto...- Pausa. – Não quer que eu te beije?

– Eu não quero, agora... – Lucas passou do sofá para o chão. – Você tem que parar com essas brincadeiras.

– Não é brincadeira, Luc. – Kaleb disse descendo até Lucas. – Eu to apaixonado por você. – Kal deu um beijo na bochecha de Lucas. – Eu quero muito ficar com você.

– Eu também, mas eu nunca tinha beijado ninguém assim, então vai devagar com isso ta?! – Lucas murmurava.

– Eu faço qualquer coisa por você. – Disse Kal.

Eles sorriram um pro outro e depois da pizza, assistiram o filme abraçados. Na hora de dormir, Lucas preferiu que dormissem separados e Kaleb não protestou, só deu um selinho no mais alto e foram cada um para seu quarto. Com os corações batendo acelerados dentro de suas gargantas.