–Austin Monica Moon! - ouvi o grito ensurdecedor de Trish, acordando-me de um pequeno sono enquanto esperávamos por elas. Carrie havia descido para apresentar Chelsea aos outros lojistas e Dez provavelmente atendera o meu celular por não suportar a música que tocava. - Venha aqui agora controlar a sua namorada! Eu não estou aguentando, e a culpa é tooda sua! - berrou, enquanto eu colocava uma camiseta branca apressadamente. Deixei o dispositivo no colchão sem me preocupar em pô-lo no viva-voz. - Austin! Está me ouvindo, criatura dos...

–Eu estou ouvindo! Eu estou aqui! - gritei, desesperado. chamando a atenção de Dez, que sorria acenando. Dei-lhe um sorriso amedrontado, ainda que o ruivo não tenha notado. - O que aconteceu com a Ally? Como assim a minha culpa? Trish!

–Sua namorada está me dando nos nervos. Venha até aqui exatamente agora. Se você não estiver aqui para acalmá-la em dez minutos alguém terá a cabeça rolando pelo chão! - gritou, exasperada. Eu podia ouvir alguém caminhando nervosamente ao fundo, talvez pela proximidade entre os dois corpos. - Ela está fazendo uma cratera por aqui.

–Eu não sei onde vocês estão. - reclamo. O desespero pincelou a minha voz enquanto eu descia as escadas em um modo extremamente apressado, empurrando Chelsea e Carrie, que somente soltaram alguns gritos pequenos assustadas com a minha velocidade. Tornei a olhar para trás para levantar a mão em um pedido de desculpas e corri novamente para fora. O Sol em meus olhos era terrível. Suspirei, correndo em direção à Sonic Boom. - Não importa, eu estou indo aí.

–Você não... - porém eu já havia desligado. Provavelmente eu não estarei vivo para passar o próximo Natal ou de Ação das Graças, contudo, eu não estou me importando muito, ainda que a ideia me assuste. Atravessei a rua ao farol vermelho de pedestres sem me importar, e apenas cobri a cabeça para não ser pego e preso. Muito menos reconhecido.

A Sonic Boom era em algumas quadras de distância. Por uma grande influência de Trish e Chelsea - esta querendo conhecer o resto de Miami - não havíamos ido para o Shopping Mall, o que costumamos ir e onde a loja de Ally está. Trish disse para não irmos pois, possivelmente, a sua tarde de garotas acabaria fazendo-as aparecerem por lá. Nós havíamos concordado - ou pelo menos eu - com um pouco de custo.

Pulei uma pequena construção cimentada no chão, com medo de deixar uma pequena marca minha. O funcionário apenas me encarou com o pincel quase caindo de sua mão, apavorado. Rolei os olhos uma vez, sentindo-me mal por espalhar um pouco de terror pela cidade, porém Ally estava precisando de mim. Dez seguraria as garotas por algum tempo. Ou não; eu realmente não quero pensar na negação.

O Shopping Mall erguia-se próximo à praia, e eu conseguia ouvir o som das ondas chocantes do mar. Soltei um grito, sentindo as minhas pernas queimarem, e aumentei o ritmo de meus passos. Empurrava as pessoas por onde passava, alguns surfistas parecendo querer correr atrás de mim. Virei-me, ainda sem diminuir a velocidade, e gritei um cortante "Desculpe-me!" antes de bater contra uma pessoa alta.

O impacto fez-me tropeçar em meus próprios pés enquanto recuava. A sua mão estendeu-se para mim, e eu a aceitei de bom grado, ainda atordoado. Ally apareceu em minha mente com o rosto inocente coberto de lágrimas - o que eu não esperava que ela estivesse fazendo, mas ainda assim. Pulei, evitando a mão acidentalmente, e sorri cansado.

–Desculpe-me. Eu não estava prestando muita atenção. - digo apressado, em uma tentativa de encerrar a conversa. Os olhos da garota brilharam. - Olhe, eu estou um pouco atarefado...

–Austin Moon! - berrou. Todos os rostos viraram-se para nós. Ela pulou em meu pescoço, enquanto eu apenas a abraçava com um braço sem jeito, impaciente. Caímos novamente na areia, e eu rolei nossos corpos enquanto uma multidão nos assistia empolgados. Percebi, com os olhos arregalados, que alguns seguravam canetas ou canetas e um papéis. - Eu amo, amo, amo você! Austin Moon é meu! - ela gritou, feliz da vida. Dei-lhe um sorriso amarelo enquanto era cercado por diversas pessoas, estendendo-me as canetas. Alguns ofereceram partes do corpo como os braços para que eu autografasse.

–Uh, pessoal, eu amo vocês mas... - "ele me ama!" a mesma menina pendurada em meu pescoço murmurou audivelmente. Seu peso era regulado, ainda que eu me sentisse um pouco fraco pela correria. Retirei a minha mão de suas costas enquanto assinava rapidamente alguns papéis e tentava me deslocar com dificuldade. - Eu realmente preciso ir. Ally está precisando de mim...

–Eu sou a sua namorada, Austin! - a menina olhou-me com os olhos arregalados e brilhando. Engoli em seco enquanto recuava sob protestos dos outros fãs. Alguns murmuravam, perguntando por Ally. A maioria eram garotos. Senti um tanto de ciúme crescer em minha garganta, porém lembrei-me que o público masculino nos assistia por conta dela. E o feminino por minha causa. Mordi o lábio, ainda enciumado.

–Ally é minha namorada. - protestei, retirando-a de cima de mim mais uma vez. Alguns gritaram em aprovação, ainda que ninguém me ajudasse com a fã desesperada.

–Eu não sei quem é Ally! - berrou. Arregalei os olhos ainda mais enquanto alguns fãs vinham por trás e a seguravam, jogando-a no chão suavemente. Se é que é possível. Ela tentou levantar-se, mas um dos surfistas a prendeu ao chão. - Me soltem! Eu quero meu advogado! Minha tartaruga juíza! Quero o meu namorado Austin! - alguns fizeram sons com a língua em desaprovação. Virei-me para aproveitar o momento de distração para chegar até o shopping, porém ainda havia muita gente ao meu redor.

–Como você não sabe quem é Ally?! - ouvi um dos garotos gritar. Sorri de canto, terminando alguns autógrafos. Virei-me na direção do shopping novamente, e vi duas garotas conhecidas correrem em minha direção. Pulei o máximo, acenando com a mão, e vi Ally congelar aterrorizada com a multidão que me cercava.

Eu não queria chamar a atenção do público para ela. Trish também notou o estado da amiga, que ainda estava passando muito despercebida por conta da atenção que ainda parecia centrada em mim. Alguns gritavam por Ally em uníssono, olhando em volta, enquanto a mesma escondia-se atrás de Trish abaixada. Chamei a atenção de todos para mim novamente.

Trish jogou um casaco sobre o rosto de Ally enquanto corria à mim, empurrando todos e parou exatamente ao meu lado. Toquei o seu ombro em agradecimento enquanto alguns murmuravam sem saber quem era. Ou, mais uma vez, onde Ally se encontrava. Grunhi.

–Tudo bem! Austin já teve muito por hoje! Chega! - Trish estendeu os braços, cercando-me. - Ele é o meu cliente. Sou sua empresária. Então eu acredito que vocês devam sair correndo daqui antes que eu...

–Está tudo bem! - ouvi um grito ao longe. Todos viramos para encará-la. Arregalei os olhos enquanto a via descobrir seu rosto com um sorriso fraco e frágil. Corri para Ally, tomando-a em meus braços em um abraço. A multidão nos seguia, agora aumentando gradativamente. Eu podia ouvir o grito da menina de antes por trás, ainda que pisada pelos outros.

–Ally! Ally! - ela sorriu suavemente enquanto caminhava até eles, abraçando-os. Tirava algumas fotos, sorrindo, ainda que parecesse muito envergonhada. Eu sorri, observando-a. Os garotos a encaravam, babando, sem parecer ligar muito para a minha presença como namorado dela.

Eu me aproximei, envolvendo-a pela cintura, e beijei o lado de sua cabeça. Ela gargalhou, as bochechas ruborizadas com a vergonha. Eu ri, enquanto a puxava para mais perto, ainda sem tirá-la dos fãs. Eles pareciam adorá-la. Outros vinham até mim e, com Ally por perto, o rumo estava mais organizado. Eu sorria, tirando fotos, autografando, abraçando.

Tornei a encarar Trish, que promovia o nosso primeiro show amanhã. Arregalei os olhos e virei para Ally, tentando olhá-la nos olhos. O terror encheu-os, e eu senti um aperto. Ignorei algumas pessoas enquanto a puxava, abraçando-a, e sussurrei que ficaria bem em seu ouvido.

–Obrigada. - sussurrou de volta, sorrindo, um pouco mais tranquila, e depositou um beijo tímido em minha bochecha. Alguns soltaram exclamações fofas ao nosso redor, e nós rimos. Soltei-a e caminhei novamente para o outro público.

–Meu namorado! - ouvi um grito e, antes que qualquer um pudesse agarrá-la, estava em meu pescoço novamente. Desabei no chão, sem querer - porém querendo - derrubando-a de minhas costas. Ela grunhiu e eu me levantei, assustado, correndo para perto de Ally, que apenas sorriu para mim e foi até a menina. Ouvi algumas exclamações prevendo briga e tentei contornar alguns outros que a cercavam. Os fotógrafos e repórteres começavam a aparecer, apresentando uma futura briga entre uma fã e Ally Dawson por mexer com o seu namorado Austin Moon. Rolei os olhos. - AUSTIN!

–Hey, acalme-se. - ouvi Ally murmurar, sorrindo muito. Um sorriso terno e que me parecia muito gentil. Alguns pareciam enfeitiçados, como eu. - Aqui. - e estendeu a mão para ajudá-la a se levantar. A menina aceitou, ainda procurando por mim. Um surfista me ajudou a esconder-me. - Qual o seu nome?

–Maya. - respondeu, os olhos vagando em todos os lugares menos em Ally. - Eu conheço você. Ally Dawson. Quero que fique longe do meu homem.

–Isso soa um pouco... Uh, desrespeitoso? - Ally sugeriu, recuando um passo para trás com a proximidade entre as duas. Movi-me um pouco de meu esconderijo. As câmeras estavam filmando tudo, porém Ally ainda não estava vendo-as. Eu não acreditava que as lentes chegassem até ela afinal. - Eu tenho certeza de que Austin ama você como ama todos aqui.

–Ele me ama mais como a sua namorada. - retrucou, orgulhosa. Ally olhou em volta, um pouco procurando por mim, e examinou uma das câmeras que apontava para ela. Vi o pânico formar-se em seus olhos e suas mãos trêmulas. Saí das costas do surfista, dando um tapa fraco em agradecimento e sorri. Ally sorriu compreensivamente para Maya.

–Ally! - peguei-a pelo pulso. Seu corpo reagiu imediatamente. Eu a puxei para mim, abraçando-a e beijando o topo de sua cabeça, acalmando-a. - Deixe que gravem. Não ligue para eles. Não estão aqui. Foque em mim. Foque apenas em mim. - segurei seu rosto com as duas mãos. Ela assentiu, respirando pela boca, arfante. - Você quer ir agora? - ela balançou a cabeça afirmativamente mais uma vez, um sorriso frágil. Sorri, passando meu braço por seus ombros. - Uh, pessoal, nós temos um compromisso.

–Se ninguém sair daqui... - Trish começou a ameaça, encarando-o com os olhos semicerrados. Eles começaram a se dispersar, ainda acenando e parecendo emocionados com o encontro. Os repórteres nos seguiam, e nós dispensávamos as perguntas e entrevistas oferecidas. Trish nos guiou para dentro do Shopping Mall onde corremos para a Sonic Boom e trancamos sua porta. Em silêncio, nos dirigimos para a sala de ensaio. - Tudo bem. Daqui a dois dias vocês terão uma apresentação. No café. As pessoas começavam a ficar impacientes.

–Eu não quero fazer isso sob pressão. Eu não consigo. Eu não trabalho assim. - Ally praticamente gritou, apavorada, ao meu lado. Trish olhou-a com piedade e assentiu lentamente. Fiz uma carícia em seu braço. - Eu não posso parar...?

–É claro que não. Você superará isso. Nós a ajudaremos. - murmurei. Ela sorriu, tensa. - Eu amo você.

–Eu também amo você. - sussurrou e eu selei os nossos lábios.

–Arranjem um quarto! - Trish gritou em protesto, gargalhando, enquanto nos empurrava. Não significa que tenhamos quebrado o beijo.

**

Dois dias depois.

Eu e Ally não temos passado muito tempo juntos desde o dia em que Trish nos contou sobre o palco. Ela e Dez têm saído todos os dias desde então para um tempo somente dos dois, e Trish e Jace estão sempre em contato. Chelsea foi embora após conversar com Ally e parabenizá-la. Carrie está em algum lugar sempre por perto, ainda trabalhando desastrosamente como garçonete no mesmo lugar que Trish conseguiu um emprego um tanto fixo.

Eu venho passando algum tempo com Jace, que agora recusa-se a deixar o lado de Trish por conta da gravidez. Está aumentando e as dores são maiores, o que faz com que sua preguiça cresça muito mais. Trent, o verdadeiro pai, liga de vez em quando escondido de seu pai para saber como a ex-namorada, seu namorado atual e o bebê estão. Os dois são bons amigos por conta do bebê.

Faltam apenas alguns minutos para a nossa apresentação. Eu e Ally ainda não estamos prontos, e eu posso sentir seu nervosismo mesmo que estejamos em camarins diferentes. O café é extremamente simples, porém as vendas estão em alta por nossa 'culpa'. O gerente está adorando a movimentação incomum.

–Você está... Wow. Você... Woah. - eu me viro para encarar Ally. O meu queixo cai com o seu visual. Como um anjo. Os cabelos estão soltos e caem por seus ombros. Ela está modesta e simples como o eventual. - Você sabe que é a celebridade mais bonita e simples atual, não sabe? - rio, mostrando-lhe a revista em que está escrito. Seus olhos se arregalam e um sorriso surge em seus lábios.

–Obrigada, Aus. - ela enlaça-me em um abraço e eu retribuo. Selo os nossos lábios em selinhos diversos, fazendo-a rir. - Você está... perfeito.

–Obrigado, princesa. - sorrio, beijando sua testa novamente.

A porta abre-se subitamente, fazendo-nos virar com surpresa. O susto passa rapidamente e eu apenas coloquei Ally para trás de mim. Nós gargalhamos, ainda um pouco assustados, com a cena.

Dez entrava, cacarejando, com uma fantasia estúpida de frango. Eu não estou brincando. Seus olhos estavam mareados e ele esticava a língua a cada cacarejar, como uma galinha real. Era engraçado a ao mesmo tempo dava pena.

–Por que está fazendo isso, Dez? - Ally tomou a dianteira, indo até ele. Dez imitou os pés de um touro prestes a atacar a cacarejou de novo.

–Eu quero maçã - cocó. - imitou. Nos entreolhamos, confusos, e Dez pulou algumas vezes. Ele rebolou - não, apenas balançou o fim da fantasia - e nos deixou sozinhos novamente. Ally arqueou uma sobrancelha com um sorriso.

–Tudo bem...?

Nós rimos.

**

–Apresentando, Austin e Ally! - a cortina abriu-se. Ally imediatamente estremeceu ao meu lado, e eu notei que ainda não estava preparada para cantar. Seus pés fizeram menção de correr, porém eu estendi a minha mão e a segurei, apertando levemente para passar-lhe confiança. Ela entendeu e sorriu para a multidão, que comemorava a nossa entrada.

–Nós estamos muito gratos por estar aqui com vocês esta noite em nosso primeiro show. - comecei, tentando ganhar algum tempo Ally. Ainda assim, quando comecei a próxima frase do meu discurso, ela apertou a minha mão. Eu sorri.

–Obrigada a todos por virem. Vocês são especiais. - ela comentou, encarando-os. Eles comemoraram, parecendo apaixonados. Mordi o meu lábio.

Eu iniciei com o violão. A introdutória durou um pouco mais, porém Ally começou a cantar quando notou. Eles comemoravam, gritando, sorrindo e festejando sua voz. Alguns gritavam os nossos nomes, e vaiaram positivamente mais quando comecei a cantar. Nós gargalhamos, sem estragar a música.

**

–Você foi maravilhosa! - comemorei, tirando-a do chão em um abraço.

–Obrigada! Você tem um talento nato. - ela riu, selando os nossos lábios.

–Você conquistou o seu medo de palco!

–Eu sei! Foi incrível! Muito! - ela me abraçou mais forte e eu retribuí.

–Eu não teria certeza. - alguém murmurou. Uma voz feminina e baixa. Ainda escandalosa. Os nossos olhos se arregalaram com o reconhecimento. Nós nos viramos para encarar Maya com curiosidade e um pouco de pavor. - Eu tenho uma surpresa para vocês. Jimmy.

Um homem alto surgiu pela porta. Ele usava um terno e não possuía nenhum cabelo. Utilizava óculos de grau e era moreno. Nós o encaramos abismados. Jimmy Starr. O pai de Kira e o dono de uma das maiores gravadoras de todos os tempos.

–Austin Moon e Ally Dawson. É um prazer finalmente conhecê-los. Que tal irmos aos negócios? - ele estendeu a mão e ambos de nós apertamos, maravilhados. Maya soltou um riso baixo. - A minha sobrinha Maya me contou sobre vocês, que ainda estão procurando uma gravadora. Eu tenho uma proposta para os dois.

–Uh... Sim? - tentei encorajá-lo, ainda sem o poder de falar muito. Jimmy sorriu, alternando o olhar entre mim e Alls.

–Eu gostaria de oferecer um contrato para os dois. - nós comemoramos. Entretanto, seus olhos pararam em nossas mãos unidas sobre a minha pernas. - Contudo, eu tenho uma condição.

–Diga. - a voz de Ally falhou. Eu apertei sua mão mais forte.

–A música de vocês daria mais certo se ambos estivessem solteiros. O público masculino agora está focado em Ally, tanto quanto o feminino está em Austin. - nós estremecemos, entendendo a sua linha de raciocínio. Ele suspirou. - Eu não posso permitir que namorem se quiserem assinar um contrato comigo. Terão que terminar para podermos ser uma família... Estrela. - brincou com o trocadilho. - Eu sinto muito, porém são a alma do negócio.