Stars Auslly escrita por C H C


Capítulo 28
Verdades & UTIs


Notas iniciais do capítulo

Heey, bem, eu sei que eu demorei pra postar, mas aqui estamos nós! Eu realmente espero que vocês gostem desse capítulo, e eu queria agradecer a Fran porque (1) ela é uma das minhas autoras preferidas de A&A aqui no Nyah! e (2) por acompanhar a fic agora :3 E a todos os outros leitores, novos e antigos!



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Gavin Young estava deitado por cima de uma mancha de sangue. Soltei a respiração quando a ficha aparentemente caiu, e caí sobre seu corpo quase sem vida, tentando fazê-lo respirar com as mãos em seu peito, empurrando. Gavin ainda estava vivo, porém não duraria muito tempo se não fosse levado de imediato para um hospital.

Jace já discava um número de ambulância, enquanto Trish prestava um depoimento. Alguns policiais tentavam soltar Ally com o mínimo de sucesso. Uma mulher veio até mim em um jaleco, afastando-me à força do corpo semiconsciente de Gavin.

Ele arriscara a sua vida por mim. Completamente. Entrara na frente da bala e fora acertado para me proteger. Pelo menos, é assim o que eu imagino. Até agora, eu pensava que conhecia alguma coisa da vida de Ally atualmente, embora Lester tenha provado que há diversas implicações.

Entretanto, ainda posso, devo e quero colocar o meu amor por Ally acima de tudo. Se eu não a conheço mais tanto quanto antes, quero conhecê-la novamente.

–Gavin! - ouvi o grito desesperado de Ally e a observei correr até o corpo semi consciente. Senti uma gota de suor escorrer por minha testa e a ignorei, continuando com o tratamento de fazê-lo respirar. - Não, você tem que viver! Isto é uma ordem! Viva! Viva… - as lágrimas corrompiam o rosto sempre tão empolgado. Desviei o olhar, incapaz de encarar. - Gavin, por favor… Você me deu uma nova chance, eu preciso te dar uma nova chance também… Por favor, volta… Não morra! Se você morrer, eu...Ouch, você é o meu amigo. Você precisa ficar ao meu lado…

Uma policial nos fitava intensamente, e empurrou Ally delicadamente para o lado, ajudando-me a manter a respiração de Gavin estável na medida do possível. O desespero me corroía. Ele havia me protegido. Eu devo minha vida a ele. Eu preciso que Gavin sobreviva ao tiro.

A mulher retirou a minha mão do peito de Gavin, indicando uma Ally desolada contida por mais alguns policiais. Assenti, aflito, ainda não achando certo abandoná-lo enquanto sangrava no chão. Apenas concordei ao ver o estado frágil em que a castanha encontrava-se.

Haviam olheiras em seus olhos, que, notei, estavam escuros e vazios. Apenas uma chama reinava. Algum sentimento. Suas mãos e pernas mantinham-se trêmulas enquanto despencava para o solo frio. Corri, segurando-a em meus braços e sentindo seu peso leve em meus braços. Sua cabeça se encostou em meu peito e alisei seus cabelos, tentando lhe acalmar. Ela chorava compulsivamente comigo, seus braços enlaçando a minha cintura fortemente. Suspirei em derrota, beijando o topo de sua cabeça. A aflição me acometia juntamente com a determinação. Eu jamais deixaria que Gavin morresse. Eu não deixaria que três pessoas morressem em minha frente com um motivo em comum: eu, embora não especificamente.

–Ele… vai… morrer? - Ally choramingou enquanto eu a apertava mais contra mim. Afastei-a e encarei seus olhos amendoados agora sem um brilho particular por conta do terror.

–Eu não vou deixar, está bem? - ela assentiu, enxugando uma lágrima que rolava solta por sua bochecha. Limpei a última que caía e segurei sua mão, puxando-a para cima. - Gavin viverá.

–Austin, não faça nada impensado. - aconselhou. Eu abaixei a cabeça para vê-la melhor. Seus lábios tomaram os meus levemente, e eu aprofundei o beijo. Logo nos separamos, ainda sem deixar de nos abraçar. Imaginei por alguns segundos o que Dez e Carrie deveriam estar fazendo enquanto pensava que tínhamos ido ao hospital. Talvez pudéssemos ocultar essa parte deles quando retornássemos.

–Com licença. - um guarda nos interrompeu. Ally deitou a cabeça em meu ombro, derramando uma lágrima solitária. Acariciei seu ombro, tentando lhe acalmar, embora fosse difícil se nem eu mesmo estava calmo. - Poderiam responder algumas perguntas? Nós precisamos de um interrogatório com vocês dois.

–Sim, é claro. - tentei me manter firme. A minha voz enfraqueceu, e permiti que água escorresse por meu rosto. Enxuguei discretamente. O guarda deu um sorriso de canto, como se dissesse “sinto muito”. Franzi os lábios, deixando meu olhar vagar pelo centro. Ally assentiu e senti-a estremecer. - Qual a primeira pergunta?

–Qual a relação de vocês com Lester Dawson e se sabem o motivo do sequestro? - dirigiu um olhar rápido a Ally. Ela suspirou, ainda apoiada em mim e moveu-se para a minha frente, onde a abracei.

–Ele é o meu pai. - revelou ao homem. Sua expressão era confusa. Provavelmente ainda não compreendia o motivo do sequestro se Lester era o pai. - Quer dizer, mais ou menos. Ele não é o meu pai biológico.

–Explique. - pediu. Afaguei a mão de Ally, dando-lhe força.

–A minha mãe acabou por traí-lo uma vez com um mordomo. Eu acho que ele trabalhava para os meus pais em uma casa de praia. Lester o matou quando descobriu. Eu… já desconfiava. Há dois anos e meio. - encarei-a sem palavras. Ally suspirou, evitando encarar a qualquer um. Apertei sua mão, quase como lhe dando um impulso. Como se lhe emprestasse a minha força. - Fui para Miami quando minha mãe parou de responder as minhas cartas. Recebi a notícia de que estava morta assim que pus os pés na cidade, através de um telegrama de Lester. Até então, eu imaginei que ele era realmente o meu pai, embora não tivesse cem por cento de certeza por causa de alguns problemas que tivemos há alguns anos atrás. De qualquer maneira, ele compareceu ao funeral e à cremação, mas eu não o vi chorar. Pensei que estava apenas se fazendo de forte para mim. Mas eu notei que tinha algo errado. Quando sumiu do mapa novamente, sem me dizer nada, liguei os pontos. Comecei a caçá-lo em Miami, e foi quando conheci Gavin. Agora sei que sua amizade, no começo, foi apenas um pretexto para a minha captura e morte. - uma careta e arrepio percorreram-na. - Lester não dava sinais, e eu continuava em minha busca. Consegui contato com Cassidy um ano depois. Aos poucos confiei a ela o meu plano para encontrá-lo, e ela não se meteu. Me disse para procurá-la se precisasse de ajuda. Continuei sempre indo. Gavin me cantava, a mando de meu “pai”, mas nós apenas nos beijamos algumas vezes. - ela se encolheu e tentou afastar-se de mim ao dizer a última parte. Fitei a parede por um minuto, desconfortável, mas não a soltei. Ally debateu-se com um pouco mais de força, como se não fosse digna de meu toque. Beijei rapidamente seus cabelos e vi um meio sorriso crescer no policial. - Encontrei algumas pistas ao longo do caminho sobre o seu paradeiro, mas nunca cheguei em lugar nenhum. Cassidy, Gavin e eu meio que éramos inseparáveis nas horas em que eu não trabalhava, estudava ou procurava por Lester. Vi o diário de minha mãe em um baú antigo jogado no escritório da Sonic Boom em uma faxina e me afastei de meus amigos para poder entender melhor a situação. Percebi que eu não era mesmo filha de Lester quando lembrei de alguns acontecimentos há anos atrás.

–É uma boa história. Mas me diga, como conheceu Cassidy? Ou Gavin? E quais eram as lembranças que você tinha que a ajudou a saber sobre a traição de sua mãe?

–Cassidy era a ex-namorada de Austin. Ela veio me procurar após um anúncio no jornal de Miami da loja recém aberta por Lester através de nosso sobrenome e iniciamos uma conversa. Gavin e eu nos conhecemos na Sonic Boom. Ele sempre ia até à loja comprar instrumentos pois tinha uma banda, que acabou após alguns meses. Acho que era mentira, revisando tudo agora. - pude notar que estremeceu rapidamente. Virei a cabeça para trás tentando enxergar Gavin, Trish ou Jace. Paramédicos o cercavam, e o casal estava à mercê dos policiais que chegavam, mas pareciam apenas preocupados. Voltei minha atenção para nossa conversa. - … Uma vez, eu necessitava de sangue. Minha mãe não estava na cidade. Eu não tenho irmãos, então o único que restou foi o meu pai… Não era compatível. Outro, fizemos um teste de DNA. Meus pais não me mostraram o resultado, só diziam que estava tudo bem. Mas foi nesse período em que as brigas tornaram-se constantes entre eles e Lester já havia mudado comigo.

–Eu entendo. Prosseguindo, o que ocorreu desde o momento em que você foi sequestrada?

Ally hesitou, mas logo a vi relaxar.

–Eu ia me encontrar com Cassidy. Ela tinha voltado da turnê de sua banda, também, que tinha desde os tempos do namoro com Austin, por isso jamais duvidei. Não duvido agora também. Continuando, eu andava um pouco, hã, pé atrás com ela. Não dava notícias e vinha agindo de maneira estranha, um comportamento diferente do habitual, com frases que pareciam sublinhares. Eu nunca prestei tanta atenção porque meio que estava presa aos meus amigos. Trish, Dez e Austin tinham ido me visitar em Miami depois de anos sem nos vermos. Uh, nós conversamos, trocamos ideias, e logo ela me disse que poderíamos ir esperá-los lá fora. Trish, Jace e Austin. - acrescentou. Perguntei-me se o policial já não estava achando estranho o fato de que eu estava envolvido em todos os acontecimentos na vida de Ally de uns tempos para cá até sua captura. - Eu notei… que ela estava feroz. Violenta. Impaciente. Queria me arrastar a qualquer custo para fora, como se ansiasse por algo. Só pedi um segundo e deixei uma mensagem em emoticons para os meus amigos, sem saber o que poderia acontecer em seguida. Quando saímos, vários homens, não, somente três, nos cercaram. Cassidy ria e deixou que amarrassem meus pulsos. Lutei um pouco, mas só o suficiente para poder dar uma dica de onde estávamos indo: o centro de reciclagem. Cassidy havia deixado escapar. Em um momento de distração quando me colocavam dentro de um carro preto, joguei o celular na calçada. Esperei que ninguém o roubasse. Quando chegamos aqui, me prenderam em um saco de lixo e me amordaçaram. - Ally grunhiu com a lembrança. Soprei um ar frio em seu rosto, ajudando-a a respirar um pouco mais devagar. Eu podia sentir um ataque de pânico a acometendo. - Ouvi algumas conversar entre Cassidy e os três homens em comemoração. Não havia sinais de Gavin, mas eu soube que ele estava envolvido nisso também depois de um tempo. Então, Lester chegou.

Ally respirava artificialmente, então a beijei de leve e troquei um último abraço, aconselhando-lhe a ir para perto de um policial lá fora para tomar um ar fresco. Seu sorriso era puro agradecimento, e notei uma faísca apaixonada em seu olhar. Não duvidei de que estivesse muito diferente.

Terminei de narrar o que ocorreu enquanto os policiais não chegavam. Em um momento mais aprofundado, mostrei a gravação da confissão de Lester e Cassidy, triunfante. Pedi para ficar com a mesma, temendo que alguém pudesse perdê-la. Eu tinha certeza de que não o faria, e confiava em mim mesmo para isto, portanto, se necessitassem ouvi-la, poderiam ir até mim. Expliquei os motivos e o policial - que revelou chamar-se Jerome - concordou comigo. Ele me fez mais algumas perguntas básicas sobre o meu envolvimento com Lester, meu ex-namoro com Cassidy e o atual com Ally. Respondi a todas, evitando a última: Gavin.

Eu não sabia seus motivos, o que logo foi questionado por Jerome. Argumentei que, talvez, ele apenas quisesse se redimir por ter enganado Ally e relatei sobre o plano fracassado por conta de sua paixonite pela morena.

Fui liberado alguns minutos depois e caminhei até Trish e Jace. Os dois se abraçavam, atualmente longe dos policiais que tentavam isolar a região.

–Ally está lá fora. Como foi com vocês? - perguntei, guiando-os para fora do centro. O local agora me dava uma espécime de arrepios. Não havíamos passado por boas coisas ali dentro.

–Foi tudo bem. Na medida do possível. Ainda não me recuperei do tiro que Gavin levou. - Trish estremece e é automaticamente abraçada por Jace. Os dois encarnam em um beijo indiscreto e ruidoso. Desvio o olhar, procurando por Ally.

Não a vejo em lugar algum. Apenas Jerome em minha direção, balançando a cabeça.

–Austin? - chamam-me a atenção. Eu o encaro curiosamente. - Ally não está mais aqui. Espere, se acalme. - sua mão foi para meu ombro e o apertou quando comecei a entrar em pânico. - Ela está na ambulância com Gavin para o hospital, porém a situação não era boa e ele foi encaminhado para a UTI. Ally está com ele. Eu acho que você gostaria de saber. Vocês estão dispensados. O endereço está aqui. - entregou-me um papel e eu o visualizei rapidamente, Assenti com um sorriso tenso e trocamos um aperto de mão nada firme por minha parte.

Eu, Jace e Trish entramos novamente no carro, estranhando a falta de fotógrafos e repórteres na cena do crime. Entretanto, os meus pensamentos dispararam quando encontramos um atalho por meio do GPS do celular de Trish para ir mais rápido de volta à Nova Iorque - havíamos saído dos limites da cidade.

Encaramos um pouco de trânsito, nada tão fora do normal até chegarmos na UTI. O estado de Gavin deveria ser grave, extremamente grave. Eu não queria pensar se falecesse. Os médicos tinham de conseguir. Era uma ordem, um desejo.

Avancei por entre os parentes preocupados de pessoas desconhecidas até avistar uma Ally encostada em uma das poltronas, parecendo terrivelmente cansada. Segurei sua mão com delicadeza, percebendo que estivera cochilando. Odiei acordá-la.

–Aus? - sua voz sonolenta me fez sorrir. Ela estava ali. Bem. Na minha frente. Sem me controlar, eu a abracei ainda de pé. Seus braços foram ao meu redor e trocamos um beijo sem nos importar com a platéia. Não era como se fossem reparar em nós. - Ele está em cirurgia.

–Vai ficar tudo bem. Eu sei que vai. Agora é só questão de tempo até podermos vê-lo. Vem, você precisa dormir um pouco. Eu te acordo se o médico der notícias, tudo bem? - ela assentiu sem hesitação. O cansaço estava mesmo dominando-a. Levantei-a e sentei em seu lugar, fazendo-a ficar por cima de mim na poltrona. Ally não pareceu se importar e adormeceu assim que suas pálpebras fecharam-se.

**

Uma hora, e ainda nada. Pedi a Trish que perguntasse a uma enfermeira e notamos que Gavin ainda estava em um estado crítico durante a cirurgia, embora consideravelmente menos do que antes. Suspirei aliviado, porém ainda preocupado.

–Vocês podem ficar por aqui? Eu vou levar Ally para o carro para dormir mais confortavelmente. - anunciei, implorando. Estava se tornando desconfortável ficar em um local quente e sentado em uma poltrona dura. Ally não era pesada, não importava. Não era um problema. E eu gostava da proximidade entre nós.

–Claro. Pegue as chaves. - tomei-as em pleno ar quando Jace as lançou. Mostrei o celular, retirando-o do bolso a Trish, que assentiu entendendo o recado. Peguei Ally sem despertá-la e a levei para o carro.

Com certa dificuldade e manobras, coloquei o corpo de Ally em uma posição boa, vendo-a reagir positivamente. Ela se virou com os braços embaixo do rosto, lateralmente, e retirei minha jaqueta, fazendo-a servir de travesseiro a castanha. Liguei o carro e acionei o ar condicionado.

No vão entre o banco de trás e os da frente, sentei. Segurei a mão de Ally e lhe depositou um beijo em sua bochecha levemente. Acomodei minha cabeça próxima à dela e fechei os olhos.

Ela estava ali. Eu estava ali. Jace e Trish também estavam bem. Jerome nos ajudaria, e os policiais também. Ally ficaria segura ao meu lado depois de tudo. Dez e Carrie provavelmente estariam dormindo a essa hora. Lester e Cassidy estariam em uma delegacia.

Estávamos seguros. Estava tudo bem.

–Aus? - Ally murmurou pouco antes de eu adormecer. Seus olhos permaneciam fechados, mas eu sabia que estava consciente. Sorrimos ao mesmo tempo. - Eu amo você.

–Eu também amo você, noiva. - sussurrei. Ally abriu os olhos fracamente e selou nossos lábios.


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Notas finais do capítulo

:3 Eu estou tão tão tão tão feliz!! Finalmente acabou, depois de três capítulos, esse drama todo da Ally, Lester... Foram algumas conclusões, algumas verdades nesse capítulo. O próximo será melhor, terá uma novidade surpresa a respeito do Gavin... Espero que vocês continuem aí!! O que acharam?



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