Stars Auslly escrita por C H C


Capítulo 18
Vizinhos Estranhos & Danças Lentas


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo. Foi. Incrível. De. Escrever!
Eu espero que gostem tanto quanto eu!



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–Com licença? - chamei a atenção do homem. Seu corpo estava encurvado, e ele era basicamente da mesma altura de Ally.

–Estou procurando a proprietária do imóvel. - sua voz grossa assustou-me por breves segundos. Encarei-o, determinado a não deixá-lo falar com Ally; por alguma razão, não me parecia seguro. Embora seu tom fosse familiar a mim. - Vocês dois podem chamá-la?

–Na verdade, não. - apresso-me, antes que Trish resolva concordar apenas por sono. Ambos encaram-me com uma expressão curiosa e um tanto irritada. - Eu sou o namorado dela, e a dona está dormindo. Por isso, pode dizer qualquer coisa a mim que irei passar o recado. - dei um grande ênfase a "namorado". Aquele homem não parecia-me seguro. Era raivosamente desconhecido, porém seu jeito de falar e também o rosto não completamente visível por conta do chapéu de palha faziam-me desconfiar de que eu já o conhecia.

–É uma das regras, garoto. Ou você me deixa falar com a moradora original, ou irei ter de tomar providências.

–Não existem regras na rua, são todos livres. E, mesmo se existissem, a minha namorada não saberia. Ela não mora aqui completamente, nós somente utilizamos a casa nos finais de semana. Se o problema for algo aqui em casa, por favor, me deixe saber que resolveremos isso do modo fácil. - digo rapidamente. Uma linha fina formada pelos lábios do homem se forma em seu rosto, e eu apenas sorrio sarcasticamente. Trish parece compreender que tudo é uma mentira e resolve apoiar-me, com o semblante irônico.

–Sim. Estamos fazendo muito barulho e incomodando o senhor? Perdão. Nós iremos abaixar o volume. Se for outra coisa, não sei como importa-lhe, pois tenho 110% de certeza de que não estamos incomodando. - sorrio com sua fala convicta. O homem abre a boca para dizer algo a mais, entretanto, não acredito que possua algum argumento válido contra Trish.

–Certo. Eu queria comentar sobre o barulho de sua televisão, mas acho que já não será mais preciso. Boa noite.

–Boa noite. - nos despedimos em uníssono. Trish bate a porta atrás de nós e me direciono novamente para o colchão, onde Ally está encolhida. Dou uma corrida simples para chegar mais rápido sem chamar ainda mais a atenção de Trish.

–Austin. - chama-me após alguns míseros segundos em silêncio. Apoio meu corpo lateralmente em um cotovelo, puxando a garota morena para mim. - O que foi aquele ataque? Vocês dois voltaram?

–Não. Eu só não o achei... ah, eu não sei, confiável? - chuto uma palavra que tente descrever a maneira estranha como me senti ao seu redor. E não era algo amistoso como quando estou com Dez e Trish, ou algo amoroso como quando estou com Ally. - Eu meio que senti que precisava mentir.

–Entendi. Mas, se vocês voltarem, vão me dizer, não é? - assenti com a cabeça, recusando-me a adicionar algo antes que acabasse enrolado na mentira.

Eu queria dizer a Trish que eu e Ally engatamos novamente em um namoro, porém talvez ela relatasse a Dez, e ambos sentiriam-se extremamente culpados, pois nós não poderíamos ficar mais em Miami e eu perderia mais uma chance. Era bom manter tudo em segredo, pelo menos até nossa volta.

Senti o corpo de Ally começar a se aquecer aos poucos comigo ao lado, e dei um leve sorriso de leve. Nós já havíamos dormido daquele modo tantas vezes que era reconfortante e natural estar ali.

–Ally? - guinchei ao vê-la abrir os olhos como se houvesse levado um susto. A claridade deve tê-la quase cegado, pois suas pálpebras baixaram-se novamente, para então levantarem de uma forma lenta. - Está tudo bem?

–Uh, eu acho que sim. Tinha alguém na porta? - embora estivesse claro em seu rosto que não queria aquilo, Ally rolou para o lado e esticou o pescoço, a fim de enxergar algo atrás do sofá; provavelmente a entrada. - Austin?

–Ahn... não. - troquei um olhar rápido com uma Trish sonolenta e intrigada em cima de nós, no sofá. Sua cabeça meneou imperceptível e negativamente. - Por quê?

–Nada. - murmurou, voltando para sentar-se ao meu lado. Com um suspiro, sua cabeça caiu diretamente em meu ombro. Encaixei nossas mãos com o cuidado de não deixar que ninguém percebesse. - Que tal irmos dormir nos quartos? Já está muito tarde, e nem é mais Natal. - encarei o relógio ao mesmo tempo em que Ally finalizou sua frase e notei que, realmente, o horário mostrava mais de meia noite. Tudo tornava a visita do senhor vizinho mais intrigante.

Acordamos Dez com um pouco de esforço e avisamos que iríamos subir, e fomos seguidos pelo mesmo segundos depois. Movimentei meus pés pela grande escada, e nunca pareceu-me tão longa quanto agora; talvez fosse apenas o sono.

–Boa noite! - Ally se despede e entra em seu quarto rapidamente. Escondo-me atrás de um dos de hóspedes, observando Trish e Dez caminhando como zumbis para os seus próprios. Bufo quando finalmente noto que não sairão mais.

Abro a porta do quarto de Ally e a fecho silenciosamente. Sua sombra indica que está deitada, porém sua respiração acelerada faz-me saber que não está adormecida. Vou até ela e ergo as cobertas, deitando-me ao seu lado.

Fecho os olhos, abraçando-a pela cintura, porém com um movimento rápido sinto seus lábios sobre os meus. Sorrio por entre o beijo e retribuo, deixando óbvio que quero ainda mais do que ela.

Ficamos ali por mais algum tempo, trocando carícias durante o beijo. Sinto sua mão em minha nuca levemente, e embarco em nosso passado. Seu toque ainda é o mesmo, mesmo após tantos anos. Com uma raiva repentina, imagino-a com os outros garotos após nosso fim, ficando com eles da mesma forma que comigo.

Separo-me repentinamente, deixando-a com uma expressão vazia em seu rosto. Passo a língua para umedecer os lábios e viro a cabeça para não ter que olhá-la, pois não me sinto preparado agora. Minha respiração está quente em minha própria mão, apoiada em meu queixo.

–Aus? Está tudo bem? - ouço sua voz, porém não me sinto bem o suficiente para lhe responder. Com a mão depositada em suas costas, retiro-a e dou um aceno em um sinal de "espere". Quase posso vê-la assentir. Encaro-a. - Você se arrependeu?

–O quê? Do quê? - fito-a perplexo. Ela não pode estar se referindo a nós dois, pode? Eu a via tão confiante! Por que está duvidando agora? - Ally, é claro que não! Eu nunca me arrependeria de ter algo com você.

–Obrigada, Aus. - eu a puxei para um abraço com seu estado frágil. Ela apertou-me mais forte, e eu repeti o ato, beijando o topo de sua cabeça com um sorriso por tê-la ali. Seu rosto enterrou-se em meu peito e passei minha mão por seus cabelos.

–Um dia me disseram que, para fazer uma garota se apaixonar, eu teria que fazê-la rir. - sussurro em seu ouvido. - Entretanto, quando tentei com você... Ally, quando você ria, eu era o único quem se apaixonava.

–Austin... – seu rosto subiu um pouco, juntamente com seu corpo, até que ficássemos da mesma altura. Movi minha cabeça com os olhos fixos em sua boca. E estávamos nós novamente em apenas um.

Assim que nos separamos com as respirações um tanto ofegantes demais, chequei no bolso dianteiro de minha calça se o que eu tanto preservei permanecia intacto. Deixando o bolso, deslizei meus dedos pelas bochechas de Ally, fazendo-a fechar os olhos.

–Eu gosto muito de você, Alls. – sussurro. Sinto um sorriso em seu rosto.

–Eu gosto tanto de você, Aus, que dói. Quando eu te conheci, eu só pensei que você poderia ser alguém esnobe por ter tanto dinheiro, mas você nunca foi desse jeito. E foi com você que eu aprendi a nunca julgar as pessoas pela aparência ou dinheiro que possui. Você é alguém tão forte, mas ao mesmo tempo inócuo, se não for irritado. Naquele dia em que nos conhecemos, em um ônibus basicamente lotado, e só fomos descobrir que éramos filhos de mães amigas depois, eu quis... Eu quis ser sua amiga mais do que tudo. Eu pensei que fôssemos ficar somente nisso, porque era o que eu queria. Desse modo, quando meus sentimentos começaram a crescer com o tempo, eu tentei evitá-lo. Bem, você sabe que não deu certo. – eu ri junto com ela, lembrando-me de quando Ally permanecia longe de mim em quaisquer circunstâncias. Fora naquela época, também, que eu notei que tinha sentimentos mais fortes por ela do que simples amizade.

–Quando nós nos conhecemos, eu pensei que você pudesse ser uma garota legal, só que extremamente estudiosa, que largaria qualquer pessoa pelos estudos. Mas também imaginei que você era... eu não sei, gentil demais ou inocente demais. E você ainda é. – beijei a ponta de seu nariz e ri de sua careta desgostosa. – E eu estou aqui humildemente perguntando se você, Allison Dawson, gostaria de ir comigo a um encontro amanhã à tarde.

Ela gargalhou. – Austin Monica Moon, eu aceito como nossa lua de mel. – rimos enquanto eu a puxava mais para mim, e nós dois nos entrelaçávamos ainda mais. – Espere. Tem um modo de ser ainda mais perfeito.

–É mesmo? – pergunto, interessado. Somente por tê-la ali tornava tudo incrivelmente mágico, e eu sabia que Alls sentia o mesmo. – O que podemos fazer?

–Vamos dançar! – riu ela. Bati a palma de minha mão contra minha testa, gargalhando. Sentando-me, eu a puxo rapidamente de volta para a cama, onde ela cai sem muitas cerimônias com o rosto enfiado em um dos travesseiros, abafando seu grito. – Austin, o que foi isso?

–Ei, calma, não estrague ainda, minha noiva. – digo com um sorriso. Levanto de vez, dando a volta na cama. – Se vamos dançar, façamos direito. – uma gargalhada baixa tomou conta de nós, e eu fiz uma mesura e ajoelhei-me em seguida, a mão estendida para ela. – Allison, concede-me esta dança?

–Eu aceito. – respondeu, sua mão tocando a minha. Eu a segurei e me pus de pé, entrelaçando nossas mãos, esticando-as. Com a outra em suas costas, passei a conduzi-la lentamente.

Olhos nos olhos. Uma dança lenta. Estávamos valsando, e eu conseguia ouvir o barulho da chuva lá fora. Não havia nada que realmente pudesse estragar o nosso momento.

–Pronta para o mergulho? – murmurei contra o seu ouvido, girando-a e fazendo com que voltasse para mim. Um sorriso iluminou seu rosto em consentimento, e eu a lancei para trás, a segurando pela cintura.

Por cinco minutos, imaginei como nossa vida seria se fosse um filme. Com certeza seria mais dramático. Se fôssemos os protagonistas, alguma de minhas ex-namoradas viria vingar-se de mim. Pensei em Brooke no papel, e como ficaria perfeito nele. Sempre tão exagerada e maníaca.

Valsamos mais um pouco, e, em outro mergulho, dei-lhe um selinho. Sorrimos ainda mais enquanto íamos em direção à grande varanda existente em seu quarto, e eu a abracei por trás, segurando-a, sem realmente parar a dança lenta, somente o suficiente para que abríssemos a porta para a chuva.

–Você quer mesmo sair encharcada? – pergunto a ela, egoistamente desejando que sim.

–Eu faria qualquer coisa se permanecesse com você. – depositei-lhe outro beijo, que iniciou um outro profundo.

Segurei sua mão novamente e trocamos alguns passos, quase um preparo para a chuva que nos esperava. Ainda não havia sinais do amanhecer, e não conseguíamos enxergar muitas estrelas, contudo, tudo estava extremamente cabal.

A chuva já estava molhando-nos por completo, até que comecei a perceber uma pequena mudança, sinalizando que sobrara apenas uma fina garoa. Suspirei, empolgado, e encerramos nossa dança. Ally abraçou-me e eu retribuí.

Observei-a andar e se apoiar no parapeito da varanda. Estava tudo muito bonito, e havia um jardim lá embaixo, com várias flores, o que tornava tudo um tanto sensual e inocente. Olhando-a de soslaio, pude notar que um sorriso ocupava um grande espaço em seu rosto.

Tínhamos tanto em comum, tanta química, desde que éramos do nono ano do ensino fundamental. Nosso encontro tinha sido por acaso, em um ônibus cheio no caminho de volta para casa, e acabamos por deixar escapar o nome de nossas mães. Dias após, eu basicamente não me lembrava de Ally com louvor, e, quando cheguei em casa, lá estava ela com sua mãe, conversando com a minha.

–Isso foi incrível. Só estar aqui com você é incrível. – comento, com os olhos fixos nos dela. A garoa está esgotando-se, e eu só me inclino um pouco para beijá-la.

–Eu me sinto da mesma maneira. – sorri ela, ofegante, após o fim. - A propósito, para onde estamos indo amanhã?

–Seria muito clichê se eu dissesse que não irei te contar? - perguntei. Alls riu.

–Seria. Mas todos os casais são, de alguma maneira.

–Então, somente para dizer um "Toma essa" à pessoa que criou a hipótese dos casais serem clichês, eu vou lhe contar aonde estamos indo, a não ser que você queira surpresa. - rio.

–Não! Conte, eu quero! - implora. Seus olhos estão carregados de curiosidade, e sua cabeça está inclinada levemente, mostrando que está interessada.

–Qual a palavra mágica? - eu pergunto com uma expressão falsamente debochada. Ally gargalha.

–Por favor?

–Não, Abracadabra. Mas eu vou te perdoar, somente por hoje, está bem? - ela ri revirando os olhos. Ally pôs-se na ponta dos pés e passou os braços pelo meu pescoço, e encostei a minha testa na sua, declinando um pouco. - Iremos para a praia amanhã. Tenho uma grande surpresa para você. Prometo que gostará.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Eu achei fofo :3 Se alguém fizesse isso por mim eu adoraria, juro. Entãoo, alguém mais amou a parte da dança? Me desculpem por não ter postado ontem, não veio inspiração :



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