If I die young escrita por hidechan


Capítulo 6
Capítulo VI: Thank you and I’m sorry


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários e visualizações ;*
Amanhã eh o ep final de Free!! HaruRin para sempre ;3; uahauauhua.



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A partir de agora, será impossível para ele levar uma vida normal... mesmo que os sintomas não apareçam com rapidez, seu psicológico ficará afetado. Assim que ele superar o choque da notícia, vai tentar voltar a normalidade, porém, seu corpo vai parar de responder pouco a pouco e a vitalidade dos seus dias irão sumir.

Primeiro, ficará difícil realizar pequenas tarefas, como ele mesmo já disse que está sendo, depois irá caminhar lentamente e o risco de queda vai aumentar 40%. Se equilibrar, andar de skate, patinar, será impossível; ele nunca mais voltará a praticar esportes. Daqui a algum tempo, será a vez de sua voz, falar com fluidez não mais, discursos, voz alta e clara; sumirá nas dificuldades... e junto a isso, a alimentação passará a ficar prejudicada, se ninguém estiver perto, poderá engasgar até sufocar.

Sua saúde nunca será perfeita, o sistema imunológico debilitado logo vai sofrer com o frio, com o calor e com doenças respiratórias. Um resfriado se transformará numa pneumonia.

Uma vida solitária se tornará então desumana para esse paciente, se tiver a sorte de ser amado poderá viver em casa por um tempo, se não, o deixe internado numa casa de repouso e isso será o suficiente. Não existe cura, não existe tratamento, existe apenas amor.

Lawliet

Mello deixou o local de trabalho já era perto da meia-noite, teria menos de seis horas antes de voltar para lá e precisava dormir. “E como eu poderia” resmungou para si mesmo. “Essa vida idiota, qual o sentido de continuar a viver assim?”. O loiro estalou a língua, Matt voltaria para pegar os exames e conversar com o médico responsável horas mais tarde, apesar dele já saber tudo sobre; era mera formalidade.

Já tinha se passado 15 dias desde que tiveram aquela conversa no restaurante, depois não tocaram mais no assunto. Não que tivessem desistido de algo assim, porém o esquecimento dava a falsa sensação de que ainda eram livres.

Como se nada tivesse acontecendo.

Mello juntou as sobrancelhas, não era hora de ficar resmungando sozinho, atitudes tomariam o lugar daquelas lamentações em breve. O primeiro passo, lógico, seria trazer Matt para perto de si, depois inseri-lo nas pesquisas e ganhar o tratamento de graça. “Parece bom” eles ainda teriam anos, não era precisava entrar em desespero. Quem sabe por um golpe de sorte, a doença começasse a retroceder.

Um pouco mais confiante, respirou fundo e desfez o laço que prendia seus cabelos; parou um segundo ou dois para ajeitar a gravata no espelho do carro, mas algo chamou sua atenção. Sempre que podia, parava em frente a joalheria perto do hospital para namorar uma corrente de prata, acessórios eram sempre a cobiça dos seus olhos.

– Hum, pra presente _disse envergonhado para a senhora simpática.

– Certamente essa pessoa será muito feliz _abriu um sorriso largo _esse ponto de luz é uma pedra bem difícil de se encontrar. A pedra da lua abençoa todos os casais.

– ...boba _crispou os lábios ao receber o afago nos cabelos _essa pedra nem existe, é só um nome bobo para uma pedra boba.

A senhora riu e lhe entregou o pacote, o conhecia desde pequeno quando ainda morava na comunidade com seus pais. Uma velha amiga da família.

– Mesmo assim ela ainda será feliz, por que o Mihael-chan disse que só a compraria quando encontrasse a pessoa certa.

– Pare com isso! _Mello tapou o rosto com as mãos desejando nunca ter entrado ali.

Horas mais tarde, seria a vez de Matt tapar o rosto, tímido e sem saber como reagir diante o presente. A corrente fora colocada de imediato por mãos ansiosas, os beijos vieram a seguir; naquele reino protegido pelo amor, não existia qualquer problema, qualquer dor.

O bom humor de Mello naquele domingo não poderia ser melhor, se levantou antes do outro para preparar o café e enquanto a cafeteira fazia seu trabalho, saíra para comprar pães e frios. Quando voltasse iria dar a noticia mágica ao amado: ele poderia participar das pesquisas ganhando assim o tratamento de graça. “Vai ficar tudo bem” automaticamente olhou para o céu agradecendo.

Matt não dera mais sinais de sua doença, apenas alguns desajustes para tarefas delicadas, teve também outro tombo feio ao pé da escada, entretanto nada que deixasse o homem em alguma situação realmente ruim. Teve também que sair de seu trabalho, ficar na serralheria estava se tornando tarefa complicada e não queria prejudicar seu tão estimado amigo; prometeu que visitaria Rosa sempre que pudesse.

O ruivo inteligente ajudou o outro a arrumar seu computador, hackeou algumas coisas na internet e depois de horas terminaram num site pornô qualquer, pelo puro prazer de não ter realmente nada mais de interessante para fazer.

“A calmaria daqueles dias, quando a terei novamente?”

Seria a pergunta que Mello se faria quatro semanas mais tarde, ao encontrar uma carta sobre a mesa da cozinha. A letra corrida era linda, jamais imaginou que o ruivo possuía uma caligrafia tão meiga – quase como a de uma menina – usou o próprio bloco de anotações sem dar o trabalho de arrancar a folha. Mas nada daquilo era realmente importante.

Querido Mihael,

Um covarde que lhe dá cartas ao invés de te olhar nos olhos, não merecia estar tentando se explicar, entretanto, peço que leia com singelo carinho.

Estou saindo numa viajem ao redor do mundo, apenas com uma mochila nas costas. O motivo é que necessito de liberdade e ao seu lado sinto-me preso nos pulsos e tornozelos por teu amor. Além de covarde, percebe-se que também sou egoísta.

Não pretendo voltar tão já, até ficar sem condições de me mover sozinho, tenho ainda dois ou três anos e, fadado a morrer jovem, estou realizando meus desejos enquanto é tempo.

De forma alguma pretendo ser mal agradecido! Pensarei num modo de te recompensar por tudo o que me fez.

Isso é uma carta-promessa.

Mail Jeevas.

A carta fora picada até não se conseguir ler uma palavra sequer; a cada puxão no papel delicado, Mello tentava matar uma lembrança e ao mesmo tempo deixava uma lágrima correr. “O que aquele idiota estava tentando fazer? Fugir assim, como uma criança inconsequente...” seus pensamentos foram dominados por fúria e a razão não existia diante seus olhos: tudo o que estava em seu alcance logo ficava em pedaços.

Longe dali, perdido em alguma rua estreita sob o céu cinza, o menino de cabelos ruivos inspirava o ar tóxico enchendo os pulmões ao máximo e da mesma forma energética, mirou o céu o achando encantador mesmo tendo o anil escondido pelas nuvens negras de chuva. Então seria assim de agora em diante, de forma simples contou nos dedos quantos anos mais viveria. “Não parece ruim” entrou na papelaria mais próxima e comprou algumas folhas e uma caneta, o suficiente para sua viajem o resto era apenas detalhe.

Mihael nunca fora um peixe pequenininho, nasceu em meio ao lixo e dele sobreviveu, e o que era resto para o mundo para ele logo se tornaria o ponto de partida para alcançar o topo. Desistir não era palavra valida em seu vocabulário! Claro que, inteligência adornada por muita coragem contribuía para o sucesso. Nunca admitiu perder nada, não mudaria agora é óbvio. Entrou de cabeça nas pesquisas mesmo sem seu paciente, trabalhou dia e noite sem descanso para encontrar a maldita cura para a maldita doença; gritava diariamente com todas as suas forças naquele laboratório cheirando ratos. E tudo o que poderia estar sentindo pela partida repentina do ruivo? A única coisa que decidiu a respeito disso seria apenas uma: iria encontrá-lo primeiro e então, sem tempo para dizer um breve “olá” soltaria seu punho fechado contra a face pálida do outro. Não importava qual o estado em que se encontraria, essa seria sua punição, claro que depois sentariam para conversar como seres humanos civilizados. Chorar? Dá um tempo, Mihael Keehl tinha mais o que fazer da vida para se lamentar de qualquer coisa.

O ano mal tinha chego ao segundo semestre, as coisas de ponta cabeça, um loiro ocupado demais até para respirar, um ruivo com todas as horas do dia para pensar na próxima carta.

“As vezes você sente que não sabe onde se encaixa, então você esconde o que é real e isso o machuca tanto... porém você não tem que esconder seu coração, porque nada precisa mudar, às vezes pode parecer difícil e o seu mundo desmorona, mas saiba que até o céu chora... todo mundo chora.

Tudo bem duvidar de si mesmo às vezes, você não precisa temer o que sente por dentro...

Tudo bem...

Porque até o céu chora...

Não, você não está sozinho, não fique com vergonha de mostrar seus sentimentos, você deve perceber que é especial do jeito que é... com o tempo você vai ver...

Você vai ver...”

E meses depois, o pequeno envelope foi enfim entregue.

Querido Mello,

Ontem mesmo passei por um lugar incrível! No topo consegui ver suas duas vizinhas – Malásia e Indonésia – depois de quase meia hora, aterrissei em solo seguro. Agora estou saindo mais uma vez, quando tiver algo belo para relatar, volto a te escrever.

Ps: Apesar de estar tocando nas nuvens, o céu ainda não chega a ser tão belo quanto seus olhos.

“Singapore Flyer” resmungou Mello ao final da carta – que parecia mais um cartão postal – o loiro estava chegando em casa quando percebeu o envelope jogado dentro da caixa do correio, não pode deixar de admitir o quanto seu coração palpitou ao perceber a mesma letra bonita da outra vez. Era o primeiro contato depois de quase três meses longe: Singapura. Agora que tinha o ponto de partida, obviamente deveria começar a rastrea-lo.

O loiro não era idiota de aceitar um plano daquele. Olhou para os selos e carimbos do correio passando o dedo, distraído, pela tinta azul impressa no envelope; ele ainda não sabia como estava fazendo aquilo, porém iria encontrá-lo em seu quintal quanto menos o ruivo esperasse. Calçou os sapatos afim de ir até o mercado e comprar mais algum chocolate, faria plantão em menos de uma hora e aquilo para ele era mais do que a eternidade.

A partir daí de tempos em tempos percebia as cartas na caixa do correio, contou nos dedos o tempo de entrega de cada uma e suas localidades: sim, seja o que o ruivo estivesse fazendo, estava com certeza fazendo do jeito certo. Começara a pensar que talvez seus sentidos estivessem o enganando.

Mas Mihael Keehl nunca errava.

– Mello? Pode vir até aqui um instante?

Mello se levantou de prontidão e seguiu o colega, Near e ele estudaram juntos na faculdade até que vieram trabalhar no mesmo setor do hospital. Eles tinham uma relação estreita na amizade, no começo do curso competiam por estágios e boas notas; atualmente já foram superadas tais diferenças e se Mello não tivesse se apaixonado por Matt, talvez sua vida amorosa teria sido tranquila com o albino. Caminharam juntos por um extenso corredor até a sala do Dr. Lawliet, mestre de ambos quando ainda eram adolescentes.

Lawliet nunca fora um homem comum, com aquela aparência exagerada e hábitos estranhos, dificilmente alguém diria que ele era um medico de sucesso; ainda mais formado em pediatria como constava em seu currículo. A inteligência absurda daquele estudante de medicina, na época, o fez engajar em muitas pesquisas, logo, passou a fazer parte da área de seu interesse: neurologia. Depois de formado, requisitado pelo mundo, o homem conhecido agora apenas por L passou a se dedicar para a cura de doenças raras; estava longe de chegar a uma conclusão definitiva, porém seus esforços já tinham confortado inúmeras famílias dando esperanças e avanços na comunidade cientifica. E jogando toda a sua expectativa sobre seu ex-professor, Mihael pediu que Matt fosse atendido prontamente por ele.

O acordo foi feito sem nenhuma discussão, o único problema era o próprio paciente: a maioria não reclamava por estar sendo tratado como cobaia, pois tinham uma ânsia tão grande em viver que se agarravam a qualquer chance. O jovem Jeevas infelizmente entrou na contagem dos 1,2% em estado terminal que opta por fugir daquela realidade e vivem em seus próprios desejos. L disse que não ajudaria um paciente a mudar de ideia, Mello passou todos os dias da sua vida desde então tentando entender o que Matt pretendia saindo por ai como um suicida.

O ruivo não era do tipo que deixaria de viver por causa de uma doença, não, ele não ia simplesmente fugir sendo egoísta com as pessoas ao seu redor. Algo mais estava o preocupando. Mihael se martirizou diversas vezes por saber tão pouco sobre seu amado, como entender que um amor tão forte e puro nasceu entre dois seres imperfeitos que mal se conhecem? Era como se Deus estivesse brincando com eles; o tempo estava se esgotando.

E se...

Por diversas vezes, Matt abria um sorriso gentil mesmo sob circunstancias desfavoráveis a ele, apesar do passado traumatizante e seu isolamento ainda tinha pessoas ao seu redor que faziam de tudo para deixa-lo confortável.

E se...

Quantas vezes naqueles poucos meses viu o ruivo se importar com detalhes pequenos? Seu olhar dizia que não era digno de pena, implorando para não dar trabalho aos outros, medo. Medo de ser um incomodo, fazia de tudo para agradecer, nunca se esquecia de ser gentil e dizer obrigado. Tirava de si para dar aos outros como troca de favores.

E se ele não queria ser um peso?

O loiro tinha entrado em sua vida de forma repentina, o tirado de sua zona de conforto, agora era uma peça chave em sua vida.

“Ah sim... como sou burro!”

– Mihael seu idiota _disse para si mesmo.

– O que disse? _Near voltou a atenção para o colega _...Mello?

E a sua volta, ele não estava mais.

Querido Mello,

Reconhece esse desenho, certo? É incrivelmente excitante poder olhar de cima essa construção! Quase perdi o ar, não que isso seja ridiculamente difícil para um fumante, claro. Acho que encontrei o esboço para uma tatuagem!

Ps: te imaginei exclamando um audível: “gay”.

– Que droga de desenho é esse? _o loiro encarou o pedaço de papel rabiscado erguendo a sobrancelha esquerda como naturalmente fazia quando algo não lhe parecia de acordo. Depois de alguns segundos olhando para o rabisco feito de caneta, identificou algo semelhante a uma flor _...Lotus Temple? “Si pah” _completou em pensamentos.

Se a índia fosse realmente o segundo lugar de onde Matt enviara a carta então estava indo bem, era um viajante bem animado. “Se ele fosse um”. Guardou o pedaço de papel no bolso e deixou o jardim. “Hora de fazer uma visita” pensou soltando um longo suspiro, já fazia algum tempo que não ia até a comunidade.

O sol estava se pondo quando o carro parou no portão do número 135, que em breve seria apenas 35 visto que o número 1 pendia perigosamente. Mello pensou um segundo ou dois antes de tocar aquela maldita campainha; mexer com essa gente não era seu hobby preferido afinal. A brisa suave balançou seus cabelos claros, não era hora de hesitar.

– Preciso falar com você, cabo _disse ao interfone, quase de imediato o portão destravou.

Flash Back on – Dias atrás.

– Hey, tem uma pessoa querendo falar com você _chamou o albino sem emoção.

– Já vou _resmungou.

– ...é só uma hipótese, mas se eu fosse você, ia correndo.

O loiro crispou os lábios e se dirigiu para a sala indicada, Near assumiu o plantão do amigo sumindo no corredor a direita. A sala pertencia a um médico bem particular do hospital, atuava apenas nas salas de cirurgia – seu rosto era de fato desconhecido uma vez que ele não tirava a tradicional mascara de proteção – ter um estagiário chamado a sua sala poderia ser considerado ato inédito. O loiro bateu na porta com receio, imediatamente o trinco girou e um par de mãos frias alcançaram as deles.

– Olá jovenzinho, entre.

O susto só não seria maior por falta de tempo, assim que o rosto fora iluminado pela luz do corredor, pode-se ver a face pálida do Dr. Beyond Birthday e sua incrível semelhança com Dr. L. “Claro”, pensou Mello alguns segundos depois, eles eram gêmeos, já tinha ouvido tal boato.

O interior era ridiculamente escuro para um consultório médico, fora obrigado a sentar na cadeira desconfortável e esperar. Sobre a mesa um pote de geleia de morangos pela metade, algumas canetas coloridas e várias tesouras cirúrgicas. “Medo” essa era a palavra que melhor descreveria a situação.

– Fiquei sabendo que o meu irmão estava com um caso muito interessante em mãos... mas seu paciente debandou _respondeu ele mesmo antes de dar chances do loiro perguntar _ foi viver em algum lugar com algum objetivo de vida diferente da vida no hospital. Abandonou. Lawli é muito inteligente, muito, porém seu coraçãozinho equivale a um monte de sucata _balançou a cabeça negativamente _ só que dessa vez, Keehl, nem mesmo toda a sua inteligência salvaria aquele menino. O futuro que eu previ talvez tenha sido o mesmo que ele, por isso fugiu. Seis, sete anos preso aqui.

– O que... quer dizer com isso?! _perdeu o fôlego com o numero de informações absurdas que ouvira.

– Quero dizer que o Jeevas passaria sua vida toda aqui por causa de uma ciência lenta, os avanços sobre a doença dele estão indo bem, mas ainda demorarão cerca de 12 anos para a cura vir ao mercado. Sabe o que isso significa? _estalou os dedos.

Mello entendia. Mello não queria entender.

– Se me deixar tomar conta do caso, além de encontrá-lo rapidamente ainda posso curá-lo. _abriu um sorriso enorme.

“E que esteja bem claro, eu não me importo se ele irá ou não querer o tratamento. O farei conforme minha vontade”.

Flash back fim.

A casa de dois andares não chamava atenção entre as construções do morro, mas seu interior era considerado de luxo. Quadros, móveis e cristais enfeitavam todo o ambiente com delicadeza; tudo resultado do trabalho sujo. Mihael não se importava de onde o dinheiro que ele precisava iria vir, depois a morte de seu pai e as supostas acusações contra o mesmo, viu que a sociedade por fim nunca teria salvação.

Ele até pensou em mudar isso quando conheceu Matt, viu no rapaz o exemplo de bondade e esperança, passou dias ouvindo suas histórias bobas, a maneira de como via o mundo de uma forma tão pacífica... claro, Matt tinha vários defeitos e um deles era não se importar com as más atitudes do loiro, além do ruivo nunca se esforçar para mudar coisa alguma. “Mas só de tentar não ser egoísta, já é algo que deveríamos proteger” pensou com um sorriso ao se lembrar do amado. Naquele momento, Mello não tinha outra opção se não encontrá-lo para salvar o raio de esperança; mesmo que isso significasse se enfiar mais uma vez no mundo sujo.

– Então, Keehl... _começou a mulher de seios fartos _pelo visto precisa de uma mãozinha _deu ênfase a última palavra.

Mello estalou a língua pensando por um momento se aquilo era o mais certo a se fazer, o sorriso presunçoso da mulher a sua frente lhe dava intensos calafrios.

– Preciso que encontre uma pessoa.

– Oh... _a loira jogou os cabelos para trás do ombro _não acredito que você está se importando com alguém.

– É, nem eu _olhou com tédio para o quadro de Botticelli escorado na parede do lado esquerdo _o que você quer em troca?

– Segredos de quando ainda era um soldado do tráfico, baby.

– Você quer é a minha cabeça!

Um sorriso ainda mais largo escapou dos lábios cobertos pelo batom caro.

– Eu jamais iria querer a morte de um homem tão gostoso.

– ...faça o serviço em cinco dias e eu te conto todo o esquema _suspirou por fim, se rendendo _cinco dias.

– Relaxa cabeção _assoviou distraída uma canção qualquer _ B. está no caso, eu não vou cobrar nada; foi apenas uma diversãozinha para ver se não ia dar para trás.

– ...realmente _bufou.

Querido Mello,

Segue em anexo a foto mais legal que eu já tirei na VIDA!

Mihael olhou pela oitava vez a foto presa entre os dedos. Matt estava em cima de um elefante com roupas típicas do país – Nepal. A qualidade do papel e da imagem não era aquela coisa, porém bastante convincente. “Como ele faz essas coisas?” pensou passando os olhos pelos detalhes. “De qualquer forma... está lindo”.

Seus lábios repuxaram para um sorriso sincero, a saudade não podia ser maior naquele momento, queria tanto poder estar ao seu lado, sentir o calor do corpo que a tanto estava longe, ter o sorriso que confortava seu coração. “Andar de mãos dadas protegendo nosso pequeno mundo”. De romantismo o loiro era cheio, poderia fazer qualquer menina se apaixonar, sim, de cavalheirismo também; nenhuma regra de etiqueta era demais para ele.

Entretanto, sem o ruivo ali, nada parecia ter sentido.

O violão que estava jogado continuava imóvel, implorando por atenção, a quanto tempo não arriscava dedilhar alguma canção? Tudo a sua volta era silencioso. Até mesmo as lágrimas que vez ou outra caía, era no mais completo silencio. “Eu prometi a mim mesmo que não choraria por isso” repetiu inutilmente, mas... qual o propósito de não deixá-las cair? Isso não mudaria nada, não traria Matt e também não o afastaria mais.

Se sentindo em péssimo humor, levantou percorrendo parte da sala – quarto do ruivo por algum tempo – deixou sua atenção se prender nos livros do outro. “Demian, O retrato de Dorian Gray, O Dia do Coringa, O exorcista, Harry Potter”.

– Harry Potter _deu um risinho _um homem com seus 20 e tantos anos lendo livros infantis!

E tirou o volume 1 para ler, bom, claro que ele só pararia horas mais tarde para tomar banho e comer antes de terminar o livro com o peito comichando de curiosidade para o segundo volume.

Querido Mello,

Não tenho muito a dizer, sai do Nepal essa semana, estou andando (para sempre!) até a China. A doença está me incomodando um pouco, estou lento, meus reflexos estão um lixo para o futebol e ainda levei um tombo a pouco (ganhei um corte na bochecha). Enfim, estou horrível. Peguei uma gripe sem precedentes também! Minha cara parece que vai cair e o meu pulmão saltar pela boca. É sério! Entretanto, nada disso é ruim comparado aos lugares maravilhosos aqui.

Confesso que as saudades estão me matando mais do que os vírus daqui. Quero te ver, quero saber como está.

Eu te amo.

Mello amassou a folha com a ponta dos dedos. O tempo estava no fim.


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Notas finais do capítulo

s2



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