Desejo e Reparação escrita por Ella Sussuarana


Capítulo 28
III - Capítulo 26: Conclusões


Notas iniciais do capítulo

Digam olá para a nova estudante de Psicologia do pedaço :*
ok, parei...
Vamos para a história...



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Parte III

{Uma valsa que resultou em uma queda}

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Capítulo 26: Conclusões

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Uma multidão de expectadores ansiosos aplaudiu a aparição de Harry. Ergueram-se das arquibancadas batendo palmas frenéticas, sorrisos largos, passando bolsas com o resultado das apostas prévias.

Não havia razão para congratulações. Harry chorava sobre o corpo de Cedrigo, assassinado pelo Lorde das Trevas, cuja existência deixara de ser mito contado para assustar as crianças e os adultos para se tornar realidade. Ele não fora puxado para fora de um pesadelo, mas renascera do sangue de Harry, o que fazia o garoto se sentir ainda mais culpado por sua sina – a promessa de morte que ele carregava para si mesmo e para os amigos próximos.

Dumbledore foi o primeiro a se erguer, a feição preocupada. Em seguida, outros notaram que havia algo de errado. Cedrigo não se movia, Harry também parecia ser incapaz de controlar as lágrimas e os soluços.

Houve um grito agudo. E silêncio.

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Quando Hermione conseguiu parar de se vomitar para fora, Rony a ajudou a limpar-se e erguer-se. Apesar dos protestos de Hermione, Rony estava a arrastando em direção a enfermaria da escola. Arrastando não era bem a palavra, visto que a garota não apresentava resistência; a verdade sobre o que acontecia era que ele estava a levando.

A cabeça dela doía e o mundo parecia fora de eixo, a terra virando-se para cima, enquanto o céu parecia querer desabar, as nuvens tocando os galhos das árvores, a escuridão abraçando o mundo.

Rony respirava pesado e andava com esforço. O caminho irregular não facilitava a sua tarefa. A estrada era larga, mas escura, nas bordas cresciam árvores que impossibilitavam a visão do que existia para além delas. O terreno apresentava oscilações e degraus desgastados metidos na terra. Se já não conhecesse o caminho melhor do que conhecia o seu quarto, acabaria facilmente perdido.

Ambos estavam preocupados com Harry, apesar de não dizerem. O amigo tinha o dom para sair vivo de situações mortais, porém, um dia, sua sorte não seria capaz de salvá-lo. Assim como não salvou seus pais.

Com esse pensamento fúnebre, Rony avançou.

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Se fosse obrigado a dizer que se sentia agradecido por receber ajuda de um de seus muitos inimigos, preferiria rasgar sua garganta. E Blaise tinha consciência disso, por isso não esperava qualquer espécie de agradecimento. O único motivo de estar ajudando Draco era... Bem... Esse assunto era complexo. Por um lado, ele gostava de pensar que, apesar de pertencer à Sonserina, poderia ser uma pessoa tão boa e gentil quanto qualquer outro bruxo que já passara por uma das demais Casas. Por outro lado, ele era o tipo de pessoa que vivia em prol do futuro. Blaise tinha o seu futuro perfeitamente planejado e, gostando ou não, Draco teria um papel fundamental nele.

Pensando nisso, engoliu seu orgulho e abaixou-se para ajudar Draco a levantar-se e a seguir em direção à enfermaria. O loiro fez uma careta e fingiu rejeitá-lo, porém estava dolorido demais para se dar ao trabalho de colocar força no ato.

– O que foi isso, Malfoy? – perguntou Blaise, tentando puxar conversar.

Draco o encarou por longos e desconfortáveis minutos, antes de tossir forte e falar com a voz fraca.

– Granger me pediu para matá-la.

Blaise estancou, virando-se para fitar os olhos gélidos do loiro. Ele segurava o seu braço esquerdo, para ajudá-lo a manter-se em pé.

– Eu tenho um péssimo hábito de não ter certeza que você realmente falou o que falou – murmurou Blaise, erguendo as sobrancelhas.

– Foi o que vi – deu de ombros. Ergueu os olhos para o céu noturno, em que pesadas nuvens cinzentas escondiam a lua e as estrela. Algo ruim aconteceria, se já não estivesse acontecido. Lua escondida por densas nuvens era sempre um mal presságio, não importava se você fosse trouxa ou bruxo.

Draco tinha uma vaga sensação de que o acontecimento daquela noite iria interferir em sua vida, iria retirá-lo de seu conforto e lançá-lo em direção a batalhas e a perdas. Ele não a compreendia bem, mas sentia a sua pressão crescendo em torno de si, como se fosse comprimi-lo, até que virasse uma massa gelatinosa.

– No futuro... – sussurrou Draco para a pergunta muda do outro jovem. Blaise o olhava de forma cética, incerto se deveria considerar os comentários de alguém que, há poucos minutos, estava agonizando no chão. – Eu irei matá-la. Eu vi. Irei olhar no fundo dos olhos dela e dizer a Maldição da Morte.

Isso não era tudo o que vira. Após a vida ter se esvaído do corpo de Hermione, na visão, ele se sentara e a aninhara em seus braços. Ele não chorara, apenas a segurara forte contra si, enterrando o rosto nos cabelos dela, tentando gravar na memória o resquício do cheiro de flores silvestres que ela exalava.

Após ter se permitido sofrer pelos erros do passado, carregara o corpo dela para cima, para uma luxuosa sala, em que dois bruxos vestidos de negro não esperavam o seu retorno, muito menos a visão da mulher sem vida em seus braços.

Ele não queria, mas tivera que atuar conforme as regras do jogo. Jogara o corpo dela no tapete, ao pé dos bruxos, um sorriso sádico dissimulado em seu rosto, os olhos feitos de gelo puro eram incapazes de esboçar emoção.

“Nós deveríamos interrogá-la”, dissera um dos bruxos. Seus cabelos escuros caíam sobre seus olhos e suas feições eram demasiadamente joviais para fazer o que fazia em nome de Voldemort.

Draco dera de ombros e dissera que não conseguira conter-se.

A sala explodira em acusações e em discussões. Ela era necessária viva para contar onde os seus amiguinhos nojentos se escondiam. Ele agira de forma egoísta e precipitada, destruindo os planos do Lorde das Trevas, e, por isso, seria punido.

Ele sabia. Mas não se importava mais.

– Você tem o dom da visão? – perguntou Blaise, surpreso.

– Eu tenho o dom dos pesadelos – riu-se Draco sem humor. Ele tossiu novamente.

– Por que ela pediria para que você a matasse?

Blaise parecia realmente intrigado com a história, porém Draco não estava disposto a falar sobre as coisas que via.

Draco fez de conta que não escutou a pergunta e prosseguiu o caminho, apoiando-se em Blaise para não cair.

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Foi uma surpresa desagradável quando, ao dobrarem para seguirem um atalho, deram de cara com a figura de um Malfoy. No entanto, o fato de ele estar tão pálido e arrasado quanto Hermione fez com que a surpresa se transformasse em choque.

Rony, logicamente, não percebeu o longo olhar que Draco e a amiga trocaram. Hermione estreitou os olhos e, apesar de se esforçar para não o encarar, os seus olhos sempre faziam o caminho de volta aos dele. E os dele aos dela.

Ela o acusava de assassiná-la. Ele parecia... Culpado de um crime que ainda não cometera.

Ela ficou confusa. Ele ficou nervoso.

Ela abaixou os olhos, envergonhada. Então, os ergueu novamente para encontrar os deles. Ele nunca afastou os olhos dela.

Rony e Blaise se encaravam e migravam o olhar de Hermione a Draco, tentando resolver o mistério que tinham em suas mãos. Literalmente.

– Alguém quer me explicar o que estar acontecendo? – pediu Rony.

– Eu encontrei o Malfoy se retorcendo de dor e resolvi ajudá-lo – disse Blaise.

– Hermione também estava passando mal... Então, ela desmaiou e, quando acordou, começou a falar umas coisas estranhas e a vomitar e a chorar. Foi uma confusão!

– Ele disse que ela pediu, ou seria pediria?, para matá-la.

Rony encarou Hermione, sério, cheio de perguntas que não compreendia. Hermione não escutava a conversa entre os dois, pois estava tendo a sua própria conversa com Malfoy.

– Ela disse que alguém a matou, mas eu sei o que isso significa.

– Ele teve uma visão, eu acho. Talvez tenha acontecido o mesmo com ela.

– Eu não entendo...

– Bem-vindo ao clube...

– Hermione! Hermione!

Foi necessário que gritasse o seu nome três vezes e que a chacoalhasse para que o feitiço que a prendia aos olhos azuis fosse quebrado.

– Hermione, o que está acontecendo? – perguntou Rony.

– Eu não sei – sussurrou ela, sentindo a língua áspera.

Ele a encarou com descrença. Hermione Granger sempre tinha a resposta para tudo.

– Isso está relacionado ao Malfoy de alguma forma?

– Eu não sei – mentiu ela.

– Está não é a primeira que isso acontece, é?

– Não – mordeu o lábio, com medo da pergunta que viria a seguir.

– Quando isso começou?

– Na última noite em que passamos em Hogwarts, no segundo ano. Eu tive uma visão confusa, mas pensei que só era um sonho. Nas vezes seguintes, pensei a mesma coisa. Porém... – calou-se, voltando a fitar o seu inimigo.

– Porém? – Rony gesticulou a mão livre para indicar que estavam fazendo um bom progresso.

– Estou escutando coisas. Não constantemente, mas em certas ocasiões. São músicas, sempre.

– Você está escutando coisas também? – perguntou Blaise a Draco, que demorou mais que o necessário para assentir. – E vocês estão tendo visões sobre o futuro?

Draco e Hermione se entreolharam e assentiram juntos.

– Que formidável! – disse Rony de forma irônica.

– Eu diria “peculiar” – falou Blaise, parecendo realmente encantado com o que estava acontecendo. – Suponho que ambos tiveram a mesma visão hoje. Então, por que Hermione pediria que Malfoy, entre todas as criaturas que habitam este nosso vasto planeta, a matasse?

Os olhos de Hermione se encheriam d’água, se ainda lhe restasse alguma lágrima para ser transbordada de seu âmago para a camada mais externa da pele.

Draco continuou imparcial, demonstrando nada além do desconforto por estar tão próximo de três das pessoas que mais desprezava em Hogwarts.

Nenhum dos dois falou. E os segundos se prolongaram, transformando-se em minutos, enquanto Blaise e Rony esperavam, sem calma.

– Você não tem o direito de mentir para mim, Hermione – falou Rony, alto e rude. O silêncio da amiga o machucava, fazia-o pensar que não era digno dos seus segredos.

Hermione sentiu-se ainda pior por ter escondido os seus recios dos amigos por tanto tempo. Talvez, se tivesse sido menos temerosa e orgulhosa, eles teriam sido capazes de ajudá-la a entender o que estava acontecendo. E por quê.

Foi esse pensamento que a convenceu que precisar falar o indizível.

– Eu o amarei – foi tudo o que disse.

Blaise ergueu uma sobrancelha.

– Quem? – perguntou Rony.

Hermione mordeu o lábio, olhando para o chão, remexendo a terra debaixo dos seus pés. Sentindo-se exposta, como se estivesse nua.

– Ela se apaixonará por mim, e eu a matarei. – Para a surpresa de todas, foi o loiro quem respondeu.

O rosto de Rony foi tingindo por uma escandalosa cor de vermelho-raiva. Ele teria avançado para cima de Draco, se metade do peso de Hermione não estivesse apoiado contra si.

– Isso só pode ser piada! – disse Blaise, furioso. – Como ela pode se apaixonar por alguém tão imundo quanto você?!

– Ela o odeia! – disse Rony mais para si mesmo que para qualquer uma das outras três pessoas ao seu redor. – Ele sempre o odiou e sempre o odiará! Não faz o menor sentido que a Hermione se apaixone por você! Ela não é louca o suficiente para achar que existe algo de bom em você! Além disso, eu e Harry nunca a deixaríamos fazer isso consigo mesma.

– Ele irá me amar também – falou Hermione, mais alto do que deveria. Ela não queria dizer isso, mas sentia a necessidade de defender o seu orgulho. Ela não seria a única a cometer a estupidez de se apaixonar pelo inimigo. Malfoy também o faria. E isso destruiria as suas vidas.

Blaise não conseguiu segurar o riso. Rony também não.

– Agora, sim, isso é uma piada! – disse Rony entre os risos.

Hermione fez uma careta e bateu no braço do amigo, para que o ruivo parasse de rir da sua cara.

– Estou falando sério, Rony!

Um momento depois, até mesmo Draco acompanhou os risos.

– Supere está sua doce ilusão, Granger. Eu nunca me apaixonaria uma sangue-ruim.

– Como você pode amar alguém que lhe trata tão mal, Mione? – falou Rony, após conseguir voltar a respirar novamente.

– Eu não o amo – teria gritado, se tivesse forças para isso. – Mas, nas visões, sonhos, seja lá o que forem, eu o amo. E você sente o mesmo, Malfoy – acusou-o, encarando-o com olhos estreitos. Ele devolveu o olhar intenso. Hermione sentiu vontade de devorá-los, não num sentido poético. – Não adianta negar, eu sei a verdade.

Ele também sabia.

– As visões não são reais – falou Draco, a sua voz estava azeda.

– Um dia, elas poderão ser reais – sussurrou Hermione. Um segundo depois, o significado daquelas palavras atingiu-a como um soco no peito. Ela encolheu-se em direção ao amigo, precisando sentir o conforto familiar do seu abraço.

– Se depender de mim, jamais serão! – Essa era a sentença final de Draco. Ele solou-se de Blaise e começou a andar sozinho na direção do castelo, fazendo esforço para manter-se de pé.

Blaise considerou se deveria segui-lo, ajudar Hermione ou seguir outro destino. No final, escolheu a segunda opção. Secretamente, sabia que sempre escolheria Hermione.

– Hermione... – Rony começou a dizer, mas foi interrompido pela amiga.

– Eu não quero falar sobre isso agora.


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Notas finais do capítulo

Gente, desculpa, de verdade, pela demora! Mas eu quase nunca paro em caso, estou aproveitando minhas férias em alto estilo :D kkk Quem disse que escritor deve ser uma criatura reclusa e apática a festas, sol e contato humano está muito enganado!
Vou viajar amanhã e só volto na próxima semana, mas prometo que a primeira coisa que farei ao voltar é 1) postar o novo capítulo e 2) responder a todos os maravilhosos comentários que me mandaram. Sério, eu tenho os melhores leitores do nyah inteiro! Um beijão para todos e boas férias!
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PS.: Estou super feliz que consegui passar para o que queria *.* Agora, sou oficialmente uma estudante de Psicologia e vocês terão que aguentar as minhas loucas kkk
Espero quem tenha tentando o ENEM esteja se sentindo tão feliz quanto eu. E, quem já está na faculdade, divida aqui sua experiência. E, quem ainda vai prestar vestibular, estude muito, porque não dá para viver só de sorte, e esteja certo de que você quer cursar algo que adora. Não faça a mesma besteira que eu fiz de cursar algo pensando no dinheiro... (Biotecnologia é furada, gente! Digo por experiência!)



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