Mais um ataque. Ótimo. Isso já está ficando muito estranho, dois ataques em uma mesma semana, isso não pode estar acontecendo. Não é coincidência, pelo contrário, alguém está armando isso e temos que descobrir quem é logo, antes que acabe com toda a nossa sede. Procuro pela multidão para ver se há algo suspeito, mas só vejo Jeanine entrando em um corredor. Não me lembrava desse lugar. Quando penso em seguir ela ouço a voz de minha mãe nos alto-falantes.

Olá, queridos habitantes da sede da Erudição. Todos nós vimos esse imprevisto na frente da nossa querida e maravilhosa sede mas, isso não irá nos impedir de fazer nossa grande festa. Espero a presença de todos, será no nosso salão de festas, o corredor a direita no saguão, às sete horas da noite. Vistam um traje especial, pois a noite será chique. Obrigado, Evelyn

Depois dessa notícia, até que desisto de ir atrás de Jeanine, deixo isso para outra hora, tenho coisa mais divertida para resolver

Festa, tudo que precisávamos agora, nada mais nada menos que uma boa festa para relaxar os nervos depois desses pavorosos ataques. Vejo que Tris está lá na frente, perto da porta principal, decido ir até lá. Ela está com Caleb e Al.

– Olá!

– Oi – respondem os três.

– Vocês vão a festa hoje? – pergunto para eles, pois queria muito estar lá mas não iria sem companhia.

– Estávamos comentando isso agora a pouco – responde Al – Queremos ir, mas não temos nada confirmado ainda.

– Porque? Já estou decidido e decreto que deveremos ir.

Eles riem.

– O que foi? Estou falando sério, temos que ir para essa festa. Vai ser muito boa.

– Tá bom Tobias – diz Caleb – nós iremos, já que você insiste tanto.

– Quem sabe nós até chamamos Christina.

– Você pirou? – diz Tris. Ela foi meio grossa agora.

– Porque? Falei algo que não devia?

– Tecnicamente … – diz Al

– Sim – fala Tris – Christina não mora na nossa sede, esqueceu?

– Tá. Mas não sabia que poderíamos convidar gente de fora.

– Agora sabe. – diz Caleb.

– Temos que nos arrumar, daqui a pouco começa. – sugere Al

Todos nós nos dirigimos para a escada. Subo os degraus de dois em dois para chegar mais rápido no andar. Viro alguns corredores e chego no nosso. Vou para o meu quarto e tranco a porta, só lembrando que não tenho banheiro no meu quarto, então vou ter que sair de novo.

– Nossa, falar com minha mãe para trocarmos de quarto. Não aguento mais chuveiro coletivo. – digo para mim mesmo.

Alguém tenta abrir a porta. Destranco-a e vejo que era Caleb:

– Com qual roupa eu vou?

E ele me mostra dois cabides com duas roupas neles: um terno preto, e uma blusa meio social azul – que suponho ser da época em que ele era da Erudição, quando existiam as facções.

Penso.

– O terno. Vai estar mais no estilo.

– Não acha que vou ficar … formal de mais? – questiona ele.

– Vou de terno também. Só que de outra cor, sabe … para não ficarmos combinando tanto assim.

– Ok. Vou tomar banho.

– Ok.

E fecho a porta.

Puxo as gavetas de minha cômoda para ver minhas calças e blusas. Reviro todas as gavetas em busca do meu blazer e minha calça. Não encontro.

Abro o guarda-roupa.

Acho o meu terno sem esforço dessa vez. Deixo ele esticado em cima da cama para não amassar. Tenho que ir bem-arrumado nessa festa. Quem sabe consigo o coração de Tris dessa vez.

Pego minha toalha e meus pertences e saio do quarto em direção ao banheiro. Quando entro vejo Caleb, Al e Eric lá.

– Olá Eric – não o tinha visto hoje ainda.

– Oi Tobias. – responde ele – preparado para hoje?

– Nasci preparado – e dou uma piscadela pra ele.

– Tobias? – diz Al.

– Eu!

– Você vai beber hoje?

– Vou sim. Bastante – e nós rimos.

Abro o chuveiro, a água quente bate no meu corpo. Sinto arder mas, uma sensação muito boa.

– Vou ficar muito bêbado. – diz Al.

– Assim que se fala – brinca Eric.

– Acho que deveríamos chamar Christina. – sugere Eric.

– Concordo. – responde Caleb.

– Mas a festa só é pra quem mora na sede. – diz Al.

– Ela entra assim mesmo. Não tem problema. – digo – E chamamos Will também.

– Perfeito. Quem sabe assim ela dá uma chance a ele. – diz Al.

– Hoje promete. – diz Eric.

Olho desconfiado para ele mas não falo nada.

Termino o banho sem dizer nada. Não parei de falar por conta do que Eric disse, só parei por que não tinha mais assunto. Me enrolo na toalha e passo o corredor correndo partindo em direção ao meu quarto. Vejo Tris com o quarto aberto e vejo que Christina já está lá. Dou um sorriso e entro no meu quarto para me arrumar.

Visto o terno e fico de frente ao espelho vendo se está tudo na ordem. Abro a porta e saio. Vejo no relógio do corredor que são sete horas e ouço uma batida abafada de uma música bem agitada. Bato na porta do quarto de Caleb.

– Entre se for capaz. – diz Caleb.

Abro a porta, entrando e me deparando com uma cena de Caleb só de cueca.

– Nossa. Queria ver se fosse a Christina que tivesse batido a porta e você tivesse falado isso.

Ele ri.

– A Christina já chegou. – anuncio.

– É eu sei. Falei com ela antes de você sair do banho. – ele diz isso terminando de vestir o terno. O terno dele é preto com uma listras um pouco mais claras. Muito bonito.

– E então vamos? – propõe ele.

– Vamos. – digo e vamos para fora, vejo Al e Will conversando no corredor e eles se juntam com a gente.

– E aí Tobias? E aí Caleb? – diz Will

– Qual as novas Will? Já sabe o que hoje te espera né? – diz Caleb.

Nós rimos até que eu digo:

– Ei, vão chamando Eric que eu vou chamando Tris e Christina.

Eles vão chamar Eric enquanto eu vou ao meu caminho com Srta. Beatrice Prior. Antes de bater à porta do quarto dela, a porta se abre. Era Tris.

– Ouvi você chegando – diz ela

Ela está com um vestido bem justo azul até acima do joelho com um cinto cor preta um pouco acima da cintura. Usando uns brincos de brilhantes e um anel que combina com o par de brincos. Está com um sapato de salto alto, o que deixa ela na minha estatura, e está usando maquiagem. Ela está muito linda.

– Você está muito linda, sabia disso? – digo

Ela dá um sorriso envergonhado. – Obrigada – agradece ela.

Christina sai do quarto passando por mim e rindo um pouco e soltando um beijo. Ela se junta a o resto.

– Vamos? – digo levantando o braço para ela apoiar o dela.

– Vamos. – responde ela, entrelaçando o braço dela no meu. E seguimos ao encontro deles.

Muito romântico.

– Vamos lá, pombinhos? – diz Christina.

E seguimos em direção ao primeiro andar.

Todas as pessoas estão muito bem-arrumadas, ternos e gravatas, vestidos longos e saltos. Atravessamos o saguão e passamos pelo balcão principal que está decorado com flores e luzes. Entramos em um corredor que dá acesso ao salão de festas, um arco de rosas se forma na entrada do corredor e um tapete vermelho vai até a porta de vidro do salão. Dá para ver todo o movimento lá dentro, todos estão bem felizes, principalmente Tris, ela está sorrindo e apreciando toda a decoração – que para ser sincero, está fantástica.

Depois de muita gente aglomerada em um corredor apertado conseguimos entrar no salão. Tudo está espetacular. Muitas mesas e cadeiras por todo o espaço com uma pista de dança ao centro banheiros ao fundo e um bar – ah, o bar – na parede totalmente de vidro a esqueda, um pouco mais afastado.

– Ei, vamos escolher uma mesa – sugere Tris.

Escolhemos uma a beira da pista de dança e suas luzes dançantes. Nunca tinha visto algo igual, ficamos todos impressionados com a produção.

– Ei, eu e Cabel vamos ao bar, querem alguma coisa? – pergunta Al.

– Não nada. – responder Christina – Por enquanto. – e ela pisca para ele.

– Esperem, eu vou com vocês – diz Eric.

E os três vão para o bar. Provavelmente não vão sair de lá.

– Está tudo muito bonito aqui. Olha pra isso! – diz Christina – Vamos na mesa da comida Tris? – e puxa Tris com ela para a mesa da comida do outro lado do espaço.

Will bate na minha mão.

– Ei.

– Sim? – digo.

– É … Como você acha que deveria investir em Christina hoje a noite?

– Wil … faça como eu: chame-a pra dançar e lá você vê o que rola. – e pisco pra ele.

Ele ri.

Tris e Christina voltam com pratos de comida pra ela e pra nós. Tris estava carregando o meu.

– Obrigado. – agradecemos.

Provamos. Parece ser uma torta salgada de frango acompanhado de salada.

– humm … isso aqui está muito bom. – elogia Christina.

– É mesmo Chris. – diz Tris – Evelyn está de parabéns.

E falando no diabo …

– Ei! Como estão? Estão bem servidos? – pergunta Evelyn – Tenho que conseguir tomar conta de tudo aqui. Não pode haver falhas.

– Está tudo perfeito. – diz Tris – Olha só. – olhamos ao redor da festa – está lotado!

– Que bom. Fiquei com medo. Com esses possíveis ataques a festa poderia ser um fiasco. Mas não vamos comentar sobre isso agora. Se divirtam tenho uma festa pra organizar. – e ela pisca para mim.

Retribuo com um sorriso.

A música está muito alta, mas com as conversas e o ambiente, não ligo para isso. As luzes dançam de acordo com a música, muita gente está dançando agora. Acho que está na hora.

– Tris vamos dançar? – peço.

– Vamos Tobias. – E ela levanta em um só pulo.

Seguro a mão dela e vamos para a pista de dança.

– Nunca dancei com alguém … pode ser meio constrangedor. – diz ela.

– Eu não ligo.

Vamos para o centro e começamos a dançar. Ela está que nem uma louca, acho que nada para ela. Um homem com um terno e luvas brancas vem com uma bandeja e alguns copos de bebidas, pegamos cada um uma. Olho para o bar e os meninos ainda estão lá. Al deve está no seu milésimo copo, sei disso por que ele está começando a rir de tudo e dançar que nem um doido.

– Ei, isso aqui está demais. – diz Tris

– É.

E me aproximo mais dela. Ela sente o que quero e eu sinto o que ela quer.

– Tem certeza que é isso o que você quer? – pergunta ela.

– Sim. Desde o começo.

Nós nos beijamos por um tempo, mas ninguém liga para isso, continuam dançando. Ouço barulho de explosões, olho pela janela e vejo que são coisas coloridas – parecem que é de fogo – explodindo no ar. Muito bonito, perfeito para o momento. Elas explodem em todos os tipos de cores, verde, vermelho, amarelo, azul, rosa … iluminando todo o espaço com as suas cores. Volto a beijar Tris, aproveito o momento e digo:

– Vamos voltar?

– Vamos sim! Vamos. – diz ela dando pulinhos de alegria.

A música começa a ficar mais animada e voltamos a dançar.

Estávamos acabados, voltamos para a mesa e vejo que Will e Christina estava comendo mais coisa, trocando colheradas um com o outro. Will pisca pra mim. Ele também ganhou a sua noite.

– Os meninos ainda não voltaram. – diz Chris

– E nem vão voltar.

Vejo eles, Caleb sentando no chão, Eric rindo e Al olhando para o alto.

– Vou pegar uma bebida – anuncio.

– Pega uma pra mim Tobias. Por favor? – Tris

– Claro que pego.

Saio e vou andando para o bar. Passo pelos meninos, eles nem se dão conta de que eu estava lá. Peço para um homem que estava servindo a bebida:

– Duas taças de champanhe por favor.

Ele entrega as taças e volto para a mesa.

– Aqui está. – digo entregando a taça para Tris.

– Obrigada. – ela pega a taça.

– Quero fazer um brinde – digo baixinho a ela – a nós.

Ela bate a taça na minha e bebemos o champanhe.

Começa uma música lenta no ambiente e todos os casais estão dançando juntos abraçados.

– Tobias. – diz Tris

– Oi?

– Você se importa de eu não querer dançar essa música? – pede ela.

– De jeito nenhum meu amor. – digo e seguro as mãos dela.

Will e Christina estão dançando ao som da música. Bem romântico.

São meia noite e Evelyn aparece para dar um anúncio:

Olá todo mundo!

E todo mundo responde com gritos e palmas. Até que todos gritam o nome de Evelyn:

“Evelyn! Evelyn! Evelyn! Evelyn! …” até a palavra perder o sentido.

Obrigada, obrigada. Mas então … queria agradecer a presença de todos aqui na festa da Erudição. Sei que tem sido difícil nesses dias por causa desses ataques, mas nada que vá abalar a nossa motivação. Por isso fiz tudo – ela faz um movimento como se quisesse abranger tudo - pra agradar a todos, por que sem vocês, nada disso seria possível

Todos gritam e aplaudem.

Então vamos continuar com a festa!

E a música agitada volta a tocar.

Ia dar quatro da manhã e a festa estava pra acabar, quando todas as luzes se apagaram

– Tobias? – diz Tris segurando a minha mão. E todos nós da mesa – inclusive os meninos, que já estavam sóbrios – deram as mãos.

A energia voltou na mesma hora. Ficamos pasmos. Cada um olhando pro outro.

Até que no paredão feito de janela que fica atrás do bar havia uma faixa enorme.

– Olhem! – diz Christina

Todos nós da festa olhamos.

Havia uma faixa que ia de uma ponta a outra do salão. Estava escrito com letras pretas:

“PAREM COM OS EXPERIMENTOS”

E uma assinatura em vermelho:

“-U”