Mas, com o passar dos dias, parecia que minhas tentativas e meu cuidado, silenciosos, passaram a incomodá-la, e Rosalie não conseguia entender o que se passava.
- O que há de errado com você? – ela perguntou uma noite após o jantar.
- Nada – eu respondi dando de ombros, mas ela não havia engolido essa. Eu só não queria lhe dizer, entenda querida.
- Não diga que não há nada – ela se levantou aparentemente irritada e empurrou sua cadeira para depois se aproximar das escadas. – Invente qualquer história estúpida... Mas não finja que não há nada de diferente.
E logo ela não estava mais ali.
Conte até dez, eu repetia mentalmente, pelo menos para dar um tempo para que ela não estivesse mais tão irritada... Ou não adiantaria?
- Vai me dizer o que houve? – ela perguntou assim que abri a porta, e lá estava ela com uma sacola de roupas em mãos.
Pensando bem, agora, parecia loucura aquela cena, ou pelo ridícula, você há de concordar com isso querida, mas mesmo assim meu coração disparou.
- O que você está fazendo? – eu perguntei tentando tirar a sacola de suas mãos, mas ela não aceitou, é claro.
- Vou para casa de meus pais – ela disse jogando a sacola no chão para se aproximar de mim em seguida. – Você não quer dizer o que está acontecendo? Ótimo! Mas eu também não preciso ficar aqui fingindo que não há nada de diferente...
- Você é minha mulher! – eu esbravejei segurando seu braço, como nunca havia acontecido antes.
Era irracional, eu sabia, segurá-la desse jeito, mas na hora eu não pensei, mesmo que eu sempre tenha prezado por deixá-la bem, eu não podia me controlar, não naquela hora.
- Você tem que ficar aqui – eu murmurei afrouxando o agarre, então ela maneou a cabeça negando e meu coração doeu.
- Me diga o que está acontecendo... – eu fiquei calado. – Ótimo.
- Você não entende? – eu perguntei a abordando na porta antes que saísse. – Você é minha – acariciei seu rosto, e quando tentei beijá-la ela se afastou.
- Não sou troféu de ninguém Emmett – ela nunca havia falado comigo desse jeito. – E se você não quer se abrir comigo, não há porque eu ficar aqui... Não sou seu brinquedo de sexo.
Você não entendia, não é? Nós não fazíamos sexo, nós fazíamos amor.
Eu dei um murro na porta vendo como ela se afastava.
- Droga!
Então eu me encontrava num dilema, poderia buscá-la agora mesmo e dizer tudo, jogar em sua cara que só fazia isso por seu bem, porque eu queria vê-la feliz, porque eu queria um filho nosso, mas, como a senhora Hale já havia me alertado, isso poderia soar meio como se eu a estivesse pressionando a engravidar, e despejar assim, de forma tão direta sobre um filho não era o melhor jeito de tê-la ao meu lado... Então só me restava esperar.
Com um sorriso no canto dos lábios eu encarei meu reflexo no espelho em nosso quarto, se ela pensava que eu a deixaria por muito tempo, ah, ela se enganava.
Uma noite. Eu lhe daria uma noite para que posse tudo na balança, entendesse meu lado também, então no dia seguinte, logo após o serviço eu iria buscá-la.