Agora, mais crescidos, as turmas se dividiam em meninos e meninas, havia poucos alunos, mas mesmo assim eles insistiam que seria o certo. Os garotos deveriam serem ensinados a se tornarem cavalheiros, enquanto as garotas deveriam ser exemplares donas de casa.
Quando depois chegou eu a esperava na entrada e ela vinha acompanhada de uma amiga, quem a visse assim, sorridente e descontraída, jamais imaginaria tudo que já havia acontecido.
Eu a recebi com um abraço e ela sorriu.
- Você está me esmagando – ela disse e eu ri.
- Estou esperando – eu disse e ela revirou os olhos. – O que você queria comigo?
- Isso – então ela se jogou entre meus braços e me beijou.
Okay. Eu sempre soube que Rosalie era decidida e, um pouco, atrevida, mas isso eu nunca imaginaria que ela seria capaz de fazer, porque as pessoas falam, e se eu a havia evitado era para não fazer justamente isso, porque ainda era meio recente o que havia acontecido e eu não queria que ela ficasse mal falada. Mas já que ela havia tomado a iniciativa, só me restava aproveitar.
Minhas mãos pousaram em sua cintura enquanto as mãos dela seguravam minha nuca. Nossos lábios pareciam simplesmente se encaixar, perfeitamente.
- E eu acho que nós temos que apressar com aquela casa então – eu disse, porque se ela continuasse me agarrando desse jeito, eu juro que não responderia por mim.
Ela gargalhou dando um tapa em meu ombro enquanto começamos a caminhar de volta para casa.
- Almoça lá em casa? – ela perguntou piscando os cílios lentamente, a franja que caía estava perfeitamente alinhada, e quem a visse poderia até pensar que Rosalie era totalmente angelical.
Mas havia um lado endiabrado que poucos conheciam. E eu adorava esse lado.
- Eu passo aqui mais tarde – eu disse a deixando na porta de casa. – Tem alguma coisa pra levar para lá? – perguntei só por perguntar.
- Não – ela sorriu abrindo a porta. – Até mais tarde então.
Contendo o impulso de me virar e correr até ela, para então beijá-la, eu sorri e acenei indo para casa.

Então nós fomos levando assim, um beijo aqui e outro ali, sempre escondidos. O beijo que ela me deu na frente do colégio, incrivelmente, não foi comentado pela cidade inteira, e nós decidimos deixar por isso mesmo.
Assim, para alguns nós éramos os melhores amigos de sempre, para outros surgia uma pulga atrás da orelha, mas ninguém falava nada.
Depois de um tempo isso já estava me cansando, toda essa história de olhar para os lados para ver se ninguém aparecia, ter de conversar baixo durante jantares em que nossas famílias iam para poder disfarçar um pouco, se tocar só por debaixo da mesa... Isso estava estressando.
Mas eu não podia só chegar e pedir para ela fazer algo quanto a isso, então, eu teria que tomar alguma atitude. Já estava até passando da hora.