Jogos Vorazes - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 48
Parte 48




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Vou direto para o meu quarto, com passos firmes, determinado a não parar de andar, enquanto não fechar a porta atrás de mim. Vislumbro alguém vindo em minha direção, mas as lagrimas brotando em meus olhos, me impedem de ver quem é. Apenas sigo ainda mais rápido, grato por ter chego ao quarto. Quando fecho a porta, deixo a dor tomar conta de mim. Vou escorregando pela porta, até chegar ao chão. Chorar já não resolve nada. Nunca resolveu, mas antes parecia eliminar um pouco da dor. Agora, cada movimento que faço, parece me sugar um pouco mais, para dentro desse abismo, que eu sinto jamais ter como sair. Dor, raiva, mágoa, humilhação. Sinto tudo isso ao mesmo tempo. Me levanto, e cego por todos esses sentimentos, soco tudo que está na minha frente. Não importa se alguém irá me ouvir, se eu irei me machucar. Nada mais importa. Eu só queria não sentir mais nada. Eu só queria não sentir mais, esse amor. Quando fico exausto, paro por um momento, e olho ao meu redor. Está tudo completamente destruído. Isso me dá uma certa satisfação, pois consegui expressar, como estou por dentro. Destruído também. Deito em minha cama, coberta por estilhaços, trapos, e admito para mim mesmo, que no fundo, eu sempre soube disso. Eu amo Katniss, que gosta de Gale, que também gosta dela. Eu sempre fui um intruso. Mas, eu só queria, pelo menos uma vez na vida, acreditar que eu havia conseguido. Que eu havia conseguido o amor de Katniss. Fecho os olhos, me encolhendo numa posição fetal, tentando esquecer a sensação do corpo de Katniss aninhado ao meu. Tentando adormecer, e esquecer tudo o que aconteceu. Dizem que o tempo cura tudo, espero que isso seja real. Tão real quanto a dor que assola meu coração.

Não sei por quanto tempo dormi. Mas quando acordo, meu quarto está estranhamente limpo. Eu, pareço imundo perto do brilho das coisas ao redor. Me dispo, e tomo um longo banho. Não quero ter de encarar Katniss de novo, mas isso não será possível. Lágrimas brotam em meus olhos, e isso parece acontecer, toda vez que penso nas palavras que Katniss disse. Ou melhor, nas que ela não disse, deixando apenas subentendido, pairando no ar. Não quero que ela me veja chorar. Tudo o que eu não preciso dela, é compaixão. Mas, como ser forte o suficiente, para encara-la? Eu realmente não sei. É algo que terei que descobrir, na hora.

Me visto e vou em direção a sala. Mesmo sem ter comido nada, a cada passo que dou, sinto meu corpo mais pesado. Por mais que eu queira, não posso ficar escondido em meu quarto para sempre. Encontro Effie no corredor, e ela está felicíssima. É engraçado ver uma pessoa tão feliz, enquanto você se sente extremamente infeliz. Gostaria de apenas um pouco de felicidade. Essa é uma sensação que de tão distante, parece nunca ter existido. Effie me informa que estamos chegando ao Distrito 12.

– Finalmente – digo, e tento sorrir. A voz que sai de minha boca, se parece com a voz de outra pessoa.

Quando adentro a sala, vejo Katniss, e estremeço. Aceno com a cabeça e desvio meu olhar. Com certeza, não estou preparado para isso. Observo a estação surgindo, pela janela. Sinto o olhar de Katniss sobre mim. Mas não tenho coragem, forças, para encara-lo.

Há câmeras por toda a parte, ansiando por transmitir a Panem a chegada, dos amantes desafortunados. Por mais que seja difícil para mim, tenho que terminar, o que eu mesmo comecei. Depois de toda aquela paixão, não podemos desembarcar assim, principalmente depois do que ela me disse, sobre a Capital não ter gostado do episódio das amoras. Temos que parecer apaixonados, certo? Temos que parecer felizes.

Caminho em direção a Katniss, e paro ao seu lado. Lutando contra as lágrimas, estendo minha mão para ela, que me encara confusa.
Respiro fundo, e encaro seus olhos cinzentos.

— Uma última vez? Para o público? – digo, sem conseguir evitar que toda a dor transpareça em minha voz.

Ela segura minha mão com firmeza, enquanto sorrimos para as câmeras. Pela primeira vez eu desejei nunca ter vivido aqueles momentos na arena. Pior do que você nunca ter algo, é você ter tido a oportunidade de ter, ficar viciado como se fosse uma droga, e em seguida aquilo ser tirado de você, sem nenhuma chance de ser conseguido de volta. Katniss é a minha droga.

Enquanto ela solta minha mão, lenta e deliberadamente, me pergunto se serei capaz, de suportar a abstinência que se inicia, agora, com nossos dedos entrelaçados, se separando, para sempre.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que leram, comentaram, favoritaram, recomendaram, essa fic. Consegui escrever o livro todo graças ao apoio de todos vocês! Bom, espero que tenham gostado, muito obrigada mais uma vez :)

E se você gostou, que tal ler Em chamas pela perspectiva do nosso padeiro?
https://fanfiction.com.br/historia/560756/EmChamas-PeetaMellark/



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