Jogos Vorazes - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 28
Parte 28




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Abro meus olhos totalmente apavorado. Estou deitado no chão, ensopado, de suor acredito, e totalmente sujo de terra. As últimas horas em que passei de dormindo, para desacordado, foi uma espécie de tortura, que me provocou as mais variadas alucinações. Vi Katniss morrer diversas vezes, revivi o momento em que matei aquela garota. Vi Cato me matar com a sua espada cortando pedacinhos do meu corpo. Pela primeira vez, acordar foi um alivio. Me obrigo a levantar, afinal não faço a menor ideia de quantas horas, talvez dias, fiquei aqui. Sem muito sucesso consigo me sentar. Depois do que considerei horas, consegui me levantar, porém andar, é um desafio bem maior. Estou faminto, com sede, e meu corpo parece todo quebrado. Há sangue por toda parte, e eu não sei de onde ele vem. Lembro de Cato ter me acertado com sua espada, e quando tomo coragem para olhar, o que vejo faz meu corpo vacilar, e eu caio por terra novamente. O corte é muito profundo. A carne ao redor está roxa, em alguns lugares está verde. Sai uma espécie de pus de dentro, enquanto ainda escorre um fio de sangue. Preciso me esconder o mais rápido possível, pois se alguém me achar assim, não importa quem for, serei um alvo extremamente fácil. Se bem que até que seria melhor morrer logo. Quantos dias eu vou ficar agonizando assim? Se alguém me encontrar pelo menos terei uma morte mais rápida, e uma breve chance de saber se Katniss ainda está viva. Sem forças para levantar novamente, vou me arrastando pela floresta, decidido a encontrar um lugar que tenha agua. Cheguei até aqui, não posso morrer sem saber o paradeiro de Katniss. Ao longe, vejo um riacho. Minha vontade é correr até lá, mas levo pelo menos uma hora para conseguir chegar. Deito na agua, e bebo o tudo o que posso, sem me importar com o fato de que ela não foi purificada. Derramo um pouco de agua em meu ferimento, o que me faz querer gritar de dor, mas eu aguento. Com lagrimas nos olhos. Será que algum dia, alguém chegou a morrer de dor? Se isso for mesmo possível, é o que acontecera comigo. A fome parece ter aumentado mil vezes depois que saciei minha sede. Não tenho forças nem para me arrastar agora, mas não posso ficar aqui simplesmente esperando alguém me achar. Decido usar o que sei de fazer de melhor, a meu favor. Junto um punhado de folhas e lama, mas percebo que posso ter deixado alguns vestígios para trás. Me arrasto usando minhas ultimas forças, e vejo que realmente há rastros de sangue sobre as pedras ao redor do riacho. Passo lama por cima, o que não disfarça muito, mas não importa. Não consigo fazer mais do que isso. Pela próxima meia hora, me arrasto de volta para onde juntei a lama e as folhas, e começo o meu trabalho, espalhando lama por todo o meu corpo. Tiro umas boas camadas de lama de onde estou, o que forma um buraco onde eu posso me deitar. Está muito frio. E eu não estou mais aguentando. Termino o trabalho com a lama, e envolvo meu corpo com as folhas. Acho que está tudo certo. Desde cabelo, até pés cobertos de lama. Mal termino de me esconder, e meu corpo se rende.

Acordo com o som de um canhão. Não quero apagar novamente, e se for Katniss? Mas meu corpo, e minha mente não me obedecem, e tudo vai ficando escuro de novo. Está cada vez mais frio. Não sei quanto tempo se passou, quando eu escuto outro tiro. Dessa vez nem consigo abrir meus olhos. Uma coisa é certa, o próximo tiro, eu com certeza não ouvirei, pois será para mim. Outro tiro. Começo a ficar desesperado, pois que espécie de banho de sangue está acontecendo? Mas minha mente vai se apagando de novo. Eu luto contra isso, mas não consigo impedir. Apago mais uma vez, pensando se Katniss ainda está viva.

Não tenho noção alguma do tempo, quando acordo de meus devaneios com a voz do locutor Claudius Templesmith dizendo alguma coisa. Não consigo entender. Parecia algo bom demais para ser entendido. Mas então como se estivesse lendo minha mente, ele repete. É algo inacreditável. A ficha custa a cair. Pela primeira vez, poderá haver dois vencedores nos jogos desde que sejam do mesmo distrito. Eu sorrio, se pudesse estaria pulando. Se Katniss ainda estiver viva, o que eu acredito com todas as minhas forças, nós dois poderemos ir pra casa. Nós dois. Permiti que minhas lagrimas rolassem sobre a lama de meu rosto, pois com essa notícia, é como se meu corpo ganhasse um incentivo para continuar funcionando. Se ao menos eu conseguisse sair daqui.... Não, não quero apagar, não agora, preciso me levantar, ir até Katniss, mas é mais forte que eu. Choro ainda mais pelo simples fato de não conseguir me levantar, e de saber que isso pode acabar com a única chance que eu tive de poder voltar com Katniss. Tudo escurece novamente. Acordo, cansado desse pesadelo que estou vivendo. Finalmente percebo, que as coisas não podem ser tão perfeitas assim. O fato de poder haver dois vencedores, não significa que Katniss queira isso. Ela me odeia. Se me achasse aqui, é bem provável que ela própria acabaria comigo. Meu corpo não irá funcionar por muito mais tempo. Minha pena dói, mais do eu considero possível suportar. A fome não me deixa ficar acordado por muito tempo. E tem ainda uma última opção, que é a de que Katniss, tenha morrido, de fato. Eu, que estava acreditando tão firmemente que ela estava viva, vacilo, e aceito duramente que ela deve ter morrido, quando escutei aqueles tiros de canhão. Não tenho mais serventia nesses jogos. Já fui transformado em um monstro, fui incapaz de salvar a pessoa que mais amo, meu corpo não consegue se mover. Para que continuar vivo? Esse arrebatamento me invade, e eu decido acabar de uma vez com isso. Com dificuldade alcanço minha faca que ainda está presa em meu cinto. Respiro fundo, tentando reunir meus últimos resquícios de força para acabar de uma vez com isso. Quando estou começando a remover meu braço da lama, escuto algo que achei capaz de existir apenas em meus delírios.

— Peeta! Peeta! – É a voz de Katniss. Ela está chamando meu nome. E dessa vez, isso não está apenas em minha mente. É real. É bem real. Essa constatação quase me mata, de felicidade.


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