Jogos Vorazes - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 17
Parte 17




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Os idealizadores dos jogos, sempre estão presentes nas nossas sessões de treinamentos. Cochicham entre si, apontam alguns, e reparei que sempre que voltamos do almoço, eles estão conversando com os treinadores. Isso quando não estão comendo, pois para eles parece ser preparado uma espécie de banquete infinito. Uma coisa que realmente me incomoda, é o fato de o idealizador – chefe Seneca Crane, sempre estar observando Katniss. Talvez ela tenha chamado mais atenção do que devia.

Durante as refeições, Katniss e eu tentamos seguir o conselho de Haymitch, apesar do clima entre nós estar totalmente pesado. Tendo que comer numa mesma sala com todos os tributos, e fingir que somos “amigos”, é uma tarefa muito difícil. Os tributos geralmente se servem e vão cada um para seu canto. Salvo os carreiristas que se amontoam e ficam olhando todo o resto como se fossemos comida, e Katniss e eu. Quando estávamos sem nenhum assunto mesmo, para fingir nosso companheirismo, expliquei sobre os pães de cada distrito, que é um assunto, talvez o único, que eu entenda. Ela finalmente pareceu se interessar por algo que eu disse.

— E aí está — eu disse, colocando todos os pães de volta na cesta

— Você certamente sabe um monte — ela diz, parecendo realmente impressionada.

— Só sobre pães. Está bem, agora ria como se eu tivesse dito algo engraçado.

Ela força uma risada, e eu rio também. Tentamos ignorar os tributos nos encarando com cara feia

— Está certo, eu ficarei sorrindo alegremente e você fala — digo.

Ela parece cansada de tanto fingimento. E eu também. Não era para ser assim. Cada segundo ao lado dela é único para mim. Mas ficar ao lado de uma pessoa que toda vez que te olha, demonstra até querer estar ali se fosse com qualquer pessoa, menos você, pode apostar que por mais que você ame essa pessoa, isso cansa também.

— Já te contei de quando fui perseguida por um urso? — ela pergunta.

— Não, mas parece fascinante.

Então ela suspira fundo, e tenta parecer animada, contando detalhes de uma aventura que eu não sei se é real, mas vindo dela, pode até ser. Eu rio, faço perguntas, e teve uma hora que eu até esqueci que aquilo tudo era fingimento. Mas quando os tributos acabaram as refeições, e foram saindo, ela parou com a sua atuação, fazendo eu me lembrar que nossa relação não passa de uma doce mentira.

No dia seguinte, enquanto estamos treinando jogar lanças, percebo que a garotinha do distrito 11, Rue, não para de olhar Katniss, e para todo o lugar que vamos, não importa qual estação seja, Rue está por ali.

– Acho que temos uma sombra – sussurro para Katniss.

Ela joga sua lança, e acerta o alvo, me surpreendendo. Então olha em direção a garotinha. Ela tem doze anos, mas parece ter menos. Olhos grandes e brilhantes que transmitem uma doçura imensurável. Com certeza faz Katniss se lembrar de Prim.

Katniss pega outra lança, e eu jogo, acertando o alvo, mas não na mira exata como ela.

— Acho que o nome dela é Rue — digo.

Katniss morde o lábio inferior. Daria tudo para saber o que se passa em sua mente.

— O que podemos fazer quanto a isso? — ela me pergunta duramente.

— Não há nada a fazer — digo. — Só conversando.

Pulamos para outra estação, e Rue continuou nos seguindo. Katniss parece ligeiramente incomodada com isso. E ao contrário do que eu pensava, a garotinha é bem esperta, muito mais esperta que eu aliás.

Quando voltamos à nossa torre do Distrito 12, Haymitch e Effie fazem um interrogatório completo sobre tudo o que fizemos, tudo mesmo. Sem Cinna e Portia, as refeições ficam um pouco carregadas. Eu tento ter o máximo de paciência possível, mas Katniss fica irritada e de mau humor, com tantas ordens e interrogatórios da parte dos dois.

Depois de muito tempo, somos finalmente dispensados para dormir. Ando ao lado de Katniss pelo corredor. Seu braço as vezes até roça no meu.

— Alguém deveria dar uma bebida a Haymitch. – digo, na esperança de poder conversar sem nenhum tipo de fingimento.

Ela faz um som, que chega a parecer uma risada. Mas então para abruptamente. Ela me olha séria.

— Não. Não vamos fingir quando não há ninguém por perto.

— Tudo bem, Katniss — eu digo.

Ando rápido em direção ao meu quarto, e só paro quando escuto a sua porta bater. Minha vontade, é voltar, abrir aquela porta e dizer tudo, mas tudo que está preso aqui dentro. Dizer que ela está sendo muito injusta comigo. Dizer que desde que nós fomos elegidos tributos, eu não faço outra coisa, senão pensar em algum modo de fazer ela vencer esses jogos. Dizer que eu sinto muito por ter jogado aqueles pães. Dizer que eu não passo um só dia sem pensar nela. Dizer que eu daria a minha vida por ela. Dizer que eu amo mais do que eu podia imaginar.

Mas em vez disso, eu simplesmente vou para o meu quarto, e me preparo para mais uma noite sem dormir, lutando contra minhas lagrimas e envolto em delírios sobre os jogos, sobre Katniss.


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