Hope for Us escrita por Lady Anne


Capítulo 29
Capítulo 27: Pré Morte


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee.
UKE? Que título é esse, Anne? Noah está envolvido nessa, molecada.
Primeiramente Bom dia, Boa Tarde ou Boa noite.
Segundamente, muito obrigada por todoooooooooooooooooooooos os reviews LINDOS de vocês, por todas as visualizações, aos fantasmas que curtem HFU (mesmo que em segretchinhu) e a todas que se manifestam aqui, minha gratidão sempre sempre ♥ aos favoritos, recomendações, acompanhamentos, tuto tuto, suas lindas.
OBREGADÃO para a Lara, para a Lari, para a Killer, ALIAS EU ACHO QUE TODO MUNDO DEVIA IR LER A FIC DA KILLER E DA LARA.
Fic da Killer: https://fanfiction.com.br/historia/645115/Civilian/
Fic da Lara: https://fanfiction.com.br/historia/627938/Wild_World/
Gentem, esse aqui era para ser um capítulo extra, mas resolvi deixar 27, porque senão embaralha tudo a ordem de novo, moh lokura. ESSE NÃO É O CAPÍTULO BOMBASTICO QUE EU FALEI porque o bombástico vai ser o 28 :) vocês precisavam desse capítulo do Noahzin para entender o 28 e bom, acho que esse não é bombástico, mas você com certeza vão se surpreender, me amar primeiro e depois ficarem boladonas.
ENFIM, obrigada por tudo tudo, eu espero os reviews boladões, esperem um capítulo 28 do caramba, e É ISSU. GENTE, DE QUE SIGNO VOCÊS SÃO?
Alias, preciso fazer perguntas sobre vocês, ótima ideia do nada.
Quero saber signo, estado, cor do olho, do cabelo, idade, tipo sanguZOEIRA.
Mas de qualquer forma sou de libra, moro em SP, olhos castanhos e cabelo também, tenho quase 16, não sei qual o tipo sanguíneo dgbkjgugduyg. OLHA EU QUERENDO TRANSFORMAR NOTA INICIAL EM CHAT MDS.
Okay, chega Anne, mas se você leu tudo até aqui, parabéns. ♥
Beijo, boa leitura gente e esperem muito do capítulo 28!
Anne. ♥



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Narração por Noah Miller

– Eu pareço ter quanto tempo? – perguntei, com um sorriso de canto.

– Uns noventa anos. – Hershel respondeu, com aquele jeito característico de ser engraçado sendo serio ao mesmo tempo – Cem se parar de comer bacon, quem sabe.

Tomei mais uma golada do chá de qualquer-coisa-verde-que-ele-tenha-colhido que supostamente não era venenoso e deveria me fazer melhorar, ou só me fazer sentir menos pior que aquilo. Tinha um gosto de xixi de duende, e eu nem precisava ter bebido xixi de duende para saber. De qualquer forma eu estava literalmente uma porcaria, e qualquer coisa que quisessem me fazer tomar, garantindo que me sentiria melhor, eu tomaria e pediria outra rodada.

– É disso que eu estou falando, garoto. – ele disse quando virei a caneca como quem bebia uma Coca-Cola gelada – Lizzie ainda não chegou nem na metade.

– Ela não deve estar no estágio pré-morte. – devolvi a caneca a ele.

– Sabe os estágios da morte? – ele arqueou uma sobrancelha de forma cômica – Não sabia que já havia trabalhado com ela.

– Em todos os anos nessa indústria vital, é a primeira vez que isso me acontece. – ele soltou uma risada baixa.

Minha voz estava rouca e baixa, eu estava mais magro que o normal e adquirindo uma tonalidade verde que teria dado inveja a qualquer outro doente, mas meu humor negro era o mesmo. Havia sentado na cama e mesmo tentado dar uma volta pelo bloco antes de Hershel subir para me ver, mas não aguentei muito e voltei. Enfim, não aguentaria ficar deitado por muito tempo, isso me faria sentir mais fraco ainda.

A companhia e ajuda de Hershel era bem vinda naquela hora em que – apesar de dizer à Hope que não sentiria – estava me sentindo sozinho. Minha vontade era tê-la de volta ali, falando baixo comigo e mexendo no meu cabelo como fazia se eu ficava doente quando menor, e ela era provavelmente uma das únicas pessoas que eu gostaria por perto naquela circunstancia e aceitaria que me visse – depois do meu médico-idoso-especialista-em-chás-de-plantas-com-gosto-de-xixi, claro – naquele estado deplorável e verde.

– O que a Hope disse, quando vocês se encontraram? – ele me fitou parecendo confuso – Eu não consegui escuta-la direito daqui.

– Ah, sim. – ele pigarreou – Ela me pediu para cuidar de você.

Eu sabia ler as pessoas quando queria, e Hershel estava claramente omitindo muitas palavras do que eu pensara ter ouvido.

– Não foi só isso. – desviei os olhos dele para o chão – Ouvi sobre se algo desse errado.

Eu podia ver no canto olho que ele me encarava daquele jeito que diz “não faça isso com um idoso, meu jovem”. Olhando para mim e para o nada ao mesmo tempo, hesitando quando eu já sabia o que era.

– Se você piorasse muito. – ele falou mais baixo, como se não quisesse realmente que eu ouvisse – Mas você a conhece, não parecia realmente acreditar nas próprias palavras.

– Ela não pode ser otimista o tempo todo, cara. – tossi um pouco, mas me contive com medo de que o chá quisesse voltar para o lado de fora – Isso é patético, eu quem deveria me preocupar com ela andando por ai com o mini Clint Eastwood.

Hershel riu, fazendo a tensão dos ombros desaparecer e ele recostar na cadeira, olhando para mim com certa descrença que também reconhecera nos olhos de Carl antes, de quem não acreditava que eu podia ser tão brilhantemente engraçado mesmo estando literalmente na merda. Mas ser sarcástico era minha única defesa – como quase sempre –, então continuaria assim.

– Sente falta dela agora, não é? – balancei a cabeça levemente, já cansado pelo esforço de falar – Vocês dois não se viam a muito tempo, mas tem uma conexão intrigante.

– Somos adoráveis, eu sei. – ele bufou, me fazendo rir desta vez, mas não muito porque o que diria depois era surpreendente até para mim mesmo – Mas às vezes ela parece tão ligada ao Carl que sinto ter perdido muitas coisas sobre ela.

Hershel me olhou com um olhar estranho, analítico, que eu não conhecia, mas que provavelmente queria dizer que ele já sabia de tudo isso há muito tempo, porque o Hershel tinha dessas coisas.

– Bobagem, rapaz. – disse por fim, me fazendo encara-lo – Carl? Ele é o grande, talvez primeiro, não sei, amor da vida dela. Você? Parece nunca ter deixado de ser o menino dela, como nas fotos que ela adora mostrar porque você é supostamente a coisa mais fofa da Terra.

– Calado, velho. – falei, revirando os olhos e fazendo dar um sorriso breve – Eu não deveria ter a deixado tirar essas fotos quando tinha três meses.

– Ela te ama, não duvide disso. – ele deu de ombros – Só que, quando você ama muito alguém, às vezes o medo de perdê-lo é mais forte do que a esperança.

Hershel e Hope tinham isso de deixar qualquer coisa mais poética, de sentimentos até enlatados, e conseguiam expressar tudo com exatidão. Eu aparentemente não herdara esse dom, então provavelmente tinha vindo de Seth, pois mamãe era mais prática.

– Sabe, ela ia dizer isso, as três palavras. – falei mais baixo que o normal – Estava no rosto dela, mas acho que não disse por que queria acreditar que há tempo.

– Ela sempre faz jus ao nome. – olhei para ele e trocamos um sorriso sincero – Há tempo, acredite nela.

Respirei fundo, sentindo meu peito queimar um pouco e me ajeitei na cama, não pretendia voltar a me deitar tão cedo depois de horas dormindo como um velho. Eu queria acreditar em Hope, queria dizer que poderia acabar com um exército de errantes ali mesmo se ela me desse uma faca de cozinha cega, mas estar do meu lado da perspectiva era diferente. Ser o cara atingido por um resfriado do demônio não era brincadeira, não.

– Bem, eu preciso olhar os outros agora, levar um pouco de xixi de duende. – Hershel disse se levantando e pegando a jarra de metal que havia depositado no chão – Você deveria se deitar.

– Desculpe doutor, sou um rebelde. – falei com um suspiro, fazendo-o revirar os olhos.

Ele já ia cruzar a entrada da cela quando eu resolvi que deveria dizer algo – mesmo que acreditasse naquele chá de xixi de duende, se ele não funcionasse teria que esperar pacientemente pelos medicamentos, e eu sentia que poderia ser paciente, mas que não havia tempo o suficiente para esperar.

– Hershel? – ele se virou – Se algo der errado... Diga que também amo ela.

– Direi, mas tenho certeza que ela sabe disso. – ele piscou uma ultima vez, como um “até logo” e saiu, me deixando sozinho.

Eu não acreditava que ia morrer realmente, ou acreditava e fingia que não, mas desde aquele momento já me arrependia tanto por não tê-la dito as três palavras, e por não tê-la feito dizê-las. Mas eu não era o tipo que ficava pensando no tempo ou imaginando minha morte, então tentei desviar meus pensamentos de coisas fúnebres.

Não fiquei sozinho por muito tempo, porque minutos depois que ele sumiu Lizzie apareceu na entrada da cela, se aproximando lentamente como se fosse uma zona de radiação. Eu a fitei com curiosidade, ela tinha caneca de xixi chá na mão, também tinha uma tonalidade de pele verde, mas parecia várias vezes melhor que eu. Olhava-me de forma apreensiva, sem dizer nada.

Ao me levantar antes não tinha ido até a cela dela, depois da nossa pequena discussão não havíamos voltado a nos falar, então não parecia haver algo para conversar com ela, mesmo me sentindo sozinho.

Ela desviou os olhos de mim para o chão e começou a dar passos lentos, até colocar metade do pé para dentro da cela e me fitar novamente. Tinha olhos verdes também, mas diferentes dos meus, e um jeito inocente, meio aflito de me olhar.

– Eu posso entrar? – perguntou baixo.

Encarei-a por alguns segundos antes de responder, sem intimida-la porque não estava em posição de intimidar nem uma formiga, mas analisando o que ela poderia querer. Parecia a mesma Lizzie de antes de dizer coisas psicóticas, uma garota esquisita e menos expansiva que a irmã.

– Já colocou um pé para dentro, vai ter que entrar. – dei de ombros.

Ela tentou conter, mas acabou sorrindo levemente com minhas palavras. Eu provavelmente tentaria ser frio ou algo assim, mas minha voz não colaborava com qualquer emoção que eu quisesse expressar.

Lizzie se aproximou e parou alguns centímetros de distancia da cadeira onde Hershel se sentara minutos antes, e estava olhando para o chão de novo. Parecia meio corada de vergonha, claramente muito tímida por algum motivo que eu não sabia.

– Você parece bem. – falei, para cortar o silencio – Qual a receita?

Ela levantou os olhos para mim, sorrindo um pouco de novo, como quem estava esperando ansiosamente que eu dissesse qualquer palavra.

– Eu acho que o resfriado foi gentil comigo. – ela falou casualmente.

Gentil? Eu devo ter feito algo realmente ruim para ele, porque está sendo péssimo comigo. – suspirei.

Desviei o olhar dela, porque já parecia estar um pouco incomodada, provavelmente porque meus olhos estavam bem mais mortos do que geralmente eram. Inesperadamente ela se aproximou mais da cama e estendeu a caneca que estava em sua mão, agora me olhando de verdade, como se fazendo aquilo estivesse se desafiando.

– Eu sei que o chá é horrível, mas o Hershel disse que vai nos ajudar. – falou mais alto do que antes – Você precisa mais do que eu.

Não entendia o real motivo de ela estar ali fazendo aquilo, se era um tipo de pedido de desculpas, ou só não queria ficar sozinha, mas eu realmente não sabia lidar com uma Lizzie tentando me salvar da morte no momento.

– Não vou te ajudar a tomar esse xixi de duende. – levantei uma sobrancelha, fazendo-a me olhar confusa – Já tomei o meu, você acha que não precisa só porque não está vendo sua cara verde.

Verde? – ela perguntou, colocando uma mão no rosto apreensivamente e depois voltando ao foco num estalar de dedos – Olha, eu não preciso disso, já me sinto melhor.

– Certo, apenas guarde para depois, talvez fique mais gostoso frio. – afastei a caneca com uma mão gentilmente, porque ela não parecia querer discutir ou algo assim.

Ela corou quando nossas mãos se encostaram quando neguei o chá, e fiquei em duvida se havia corado também porque a febre constante não deixava que eu sentisse qualquer coisa que não fosse ruim. Recolhi a mãos e esperei q ela falasse de novo, afinal viera até ali, não eu até a cela dela.

– Tudo bem se eu fizer companhia para você? – disse rapidamente, indicando a cadeira ao lado da cama.

– Hum, tá legal. – dei de ombros, vendo ela se sentar e olhar para os pés – Lizzie?

– Sim? – respondeu nervosamente.

– O que está fazendo aqui? – perguntei tentando soar casual.

– Eu... – ela abaixou a cabeça e fixou os olhos no chá, os dedos que seguravam a caneca batiam num tipo de sincronia de uma musica que não existia, até que enfim parou e respirou fundo – Eu vim me desculpar, Noah.

– Me oferecendo chá? – perguntei sarcasticamente.

– Eu não queria falar aquelas coisas para você, desculpe-me. – disse sincera, mas rapidamente, olhando diretamente nos meus olhos – Eu fui uma idiota, falei sem pensar.

Trocamos um olhar demorado, em que ela nem sequer se moveu, até que enfim desviei.

– Tudo bem, não se preocupe. – dei de ombros – Mas sim, ela estava tentando me proteger.

– Não foi sua culpa... – ela começou a dizer, mas eu a interrompi.

– Eu disse que tudo bem. – conclui com firmeza e sorri brevemente para tranquiliza-la – Sério.

Nos mantivemos em silencio por vários segundos, eu encarando minhas mãos extremamente brancas e sentindo o olhar dela sobre mim algumas vezes, como se quisesse checar se eu ainda poderia ficar bravo.

– Obrigada. – ela disse baixo, e sorriu (seus olhos sorriram também, exatamente como os de Mika) – Sua mamãe deve ter ficado muito feliz que você sobreviveu, e talvez você possa encontra-la um dia.

– Lizzie... – tentei um sorriso, mas só consegui uma careta e ela compreendeu o porquê.

– Desculpe, eu não vou falar sobre isso. – disse rapidamente, de olhos arregalados – Desculpe.

Eu iria dizer que só encontraria mamãe de novo quando eu morresse, porque essa é a ordem natural das coisas e eu aceitava isso, mas estava cansado para tentar mudar a opinião de qualquer um. Apenas assenti ao que ela disse e voltei a tossir, fazendo-a levantar-se e se aproximar.

– Você realmente não quer mais chá? – perguntou aflita, contendo o impulso de colocar uma mão no meu ombro – Sua tosse está tão ruim.

– Ah, eu notei, obrigada. – falei assim que recuperei o fôlego e neguei o chá novamente.

Passei os dedos entre os cabelos que se colavam na testa pelo suor, o que era irritante e provavelmente me fazia parecer ter uns cinco anos. Lizzie observava meus movimentos com certa curiosidade, e eu tive certeza que corei.

– Você está verde mesmo. – comentou com um sorrisinho que não fui capaz de interpretar.

– Acho que você deveria parar de listar minhas características atuais. – semicerrei os olhos.

– Mika diria que você continua adorável verde. – minha expressão se alterou no mesmo instante em que ela disse aquilo.

– Eu continuo? – perguntei, sem saber bem o porquê – Quer dizer, ela diria?

– Sim, mas os seus olhos são mais bonitos que isso. – ela disse num tom gentil que eu não esperava.

Não sabia se agradecia, se concordava, ou se pedia para que ela se retirasse, mas acabei por ficar em silencio encarando o nada, enquanto ela me olhava curiosamente outra vez. Eu parecia tão interessante assim? Provavelmente meu tom de verde havia mudado com o vermelho.

– Ela vive falando que sente falta de andar com você e o Patrick. – isso já me desanimou um pouco.

Eu gostava bastante do Patrick e odiava o fato de ele ter morrido, mas nunca entendi o que Mika sentia por ele e porque sentia. Mas depois de sua morte, eu me arrependera de ter sentido ciúmes algumas vezes.

– Ela gostava do Patrick, certo? – Liz balançou a cabeça em afirmação.

– Sim, mas ele não gostava dela, sabe, não assim. – ela arregalou os olhos para demonstrar o tanto de gostar.

– Entendo. – não queria insistir no assunto, era desconfortável demais falar sobre essas coisas com Lizzie.

Deixei que o silêncio se alastrasse novamente, e ela fez o mesmo, mas depois de algum tempo deu uma golada no chá e fez uma careta que me fez rir discretamente, então ela voltou a sorrir.

– Hershel me emprestou um livro legal, quer que eu leia para você? – disse de repente, sendo totalmente inconstante como sempre me pareceu.

– Não sei... – respondi apreensivamente.

– Eu vou pegá-lo, espere aqui. – ela colocou a caneca de chá no chão e saiu correndo.

– Não acho que eu possa ir a algum lugar. – falei para o nada – Mas tudo bem.

Lizzie era inconstante, esquisita e reservada às vezes, além de falar com errantes, mas não era tão ruim assim. Depois de alguns minutos ela voltou com o livro e me convenceu de que era bom, então se sentou e começou a lê-lo em voz alta, e deveria ter sido um livro realmente bom porque não me lembro de tê-la visto terminar, eu dormira antes disso e por algum motivo não havia sonhado com nada.

Narração por Lizzie Samuels

– Noah? – chamei alto o bastante para acorda-lo, mas ele nem se moveu – Noah? – chamei uma segunda vez e toquei seu ombro, mas diria que ele estava num sono profundo.

Para minha sorte, ele havia dormido enquanto eu lia, e agora estava deitado de lado, os cabelos negros e lisos caindo sobre sua testa de forma leve, a tonalidade verde de sua pele já se tornava menos intensa. Talvez fosse o chá fazendo efeito, mas já não importava.

Era o momento perfeito, ele estava na posição perfeita e sua condição atual era uma das piores do bloco A, ninguém desconfiaria de nada e eu poderia cuidar dele.

Noah era lindo em todos os aspectos, mesmo doente e de olhos fechados, sem ostentar seus olhos verdes de esmeralda, como dizia Mika. Ele merecia algo bom, merecia que eu abrisse seus olhos e tirasse sua dor, e o manteria escondido de alguma forma. Ele iria ver que poderia encontrar uma mamãe de novo sim, e se fosse igual a ela seria perfeito!

Tirei a faca da barra da calça e fui até a entrada da cela, me certificando que ninguém viria. Sabia que Hershel estava embaixo agora, cuidando de alguém que não resistira mais, esse seria outro que eles não deixariam virar um deles. Iludidos, isso é tão cruel. Poderiam soltá-lo com os outros do lado de fora da prisão.

Mas ninguém me escutava quando tentava salvá-los, teria que fazer a coisa por mim mesma às vezes. Voltei para perto da cama e olhei-o uma ultima vez, então olhei para a lâmina em minhas mãos. Ela refletia meus olhos verdes que não se comparavam aos dele, meus olhos vazios.

Toquei o rosto dele, que estava frio e por um momento me perguntei se ele estava realmente dormindo e me abaixei para tentar sentir sua respiração, e ela continuava lá, mesmo que estivesse um pouco esquisita para alguém que só estava dormindo.

Balancei a cabeça e foquei novamente no meu objetivo antes que perdesse a oportunidade, porque Hershel poderia voltar a qualquer momento ou alguém mais cairia morto no meio do corredor.

Segurei a faca com uma mão e a posicionei encima da cabeça de Noah, imaginando se ali eu não falharia no meio do caminho ou se ele sentiria alguma dor, ou acordaria. Respirei fundo, fechei os olhos por um momento para tomar coragem. Eu precisava fazer aquilo por ele.

Quando tomei impulso e a ponta da lamina encostou-se aos cabelos negros dele, ouvi um baque e fiquei imóvel, meu braço estendido, eu poderia crava-la ali agora, os cabelos esconderiam o corte e eu esconderia a faca. Um dois...

– Lizzie? – a voz de Hershel soou no corredor e eu quase soltei a faca.

Recolhi o braço e pensei rápido, escondendo a faca embaixo do colchão de Noah e pegando o livro que havia deixado na cadeira, voltando a me sentar e fingindo voltar a ler. Hershel apareceu na entrada da cela com a jarra de metal numa mão e uma caneca na outra.

– O que está fazendo aqui? – ele entrou e se aproximou para checar Noah.

– Lendo para ele. – indiquei o livro.

– Ele já dormiu, querida. – ele passou a caneca para a outra mão e estendeu a dele para que me levasse para fora – Você deveria fazer o mesmo.

– Não estou cansada. – segui-o até a minha cela de novo, olhando para trás o caminho todo.

– Mas ele está, não acha? – Hershel disse gentilmente – Continue lendo, tudo bem? Eu volto logo.

Ele piscou e saiu, me deixando parada olhando para a janela do outro lado, onde o dia já parecia estar escurecendo. Sentei-me na cama e joguei o livro na mesinha que estava encostada sobre a parede, entediada depois de começar a lê-lo de novo para Noah.

Meu plano havia falhado, e agora minha faca estava embaixo de seu colchão e eu não poderia voltar lá, desobedecendo Hershel de novo. Ele estava muito ocupado, ficaria bravo se eu insistisse muito, além de desconfiar de algo.

Mas eu voltaria em outro momento, recuperaria minha faca e quem sabe executaria o plano sem hesitar da próxima vez. Se, claro, ele resistisse até lá.


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Notas finais do capítulo

#STAYSTRONGNOAH
Noah, querido, o que é que você tem que satanás tenta te atingir por todos os lados, hein?
Lizzie, hora de tomar seu remedinho.
Adorooooooooooooooo escrever capítulo com o Hershel ♥
Esperem muita emoção para o 28, alias, esperem emoção para todos os capítulos a partir de agora.