Hope for Us escrita por Lady Anne


Capítulo 24
Capítulo 22: Sangue


Notas iniciais do capítulo

OH MY GOD!
É, a vadia favorita de vocês voltou, 5 meses depois! Nossa, vocês devem estar querendo me matar bem lentamente com um garfo de churrasco, eu entendo totalmente.
CARA! Nesses 5 meses aconteceu muita coisa, inicio e término de curso de ERP, separações, mudanças, novas metas, objetivos, projetos, novas pessoas, muita coisa pra fazer e THE WALKING DEAD ACABOU SEASON 5 KDÊ 6 AI MDS e eu nem mesmo entrei aqui no Nyah pois sabia que ficaria frustrada porque estava sem tempo pra escrever algo descente jhfgsfygwfe MAS COMO EU DISSE, EU SEMPRE VOLTO! Demorou, mas cheguei, com mil desculpas e um capítulo chocante, eu realmente entendo revoltas e tudo mais, mas espero que gostem, que não enviem super ninjas para me assassinar, que mandem algum review me xingando pelo menos, mas mandem para que eu saiba que estão ai.
Minha inspiração voltou, com um novo olhar, que vai tornar essa fic muito mais goxtosa.
QUEM VAI VER CIDADES DE PAPEL AI?
Um graaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaande beijo para todas, um obrigadaça pelos reviews que chegaram e todas as novas e velhas leitoras, e vocês são incríveis, continuarei se vocês continuarem comigo.
Espero que gostem.
Novamente, 34652452452 desculpas.
Anne. ♥



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Naquela manha eu acordei mais cedo sem o chamado habitual de Carl ou Beth, a prisão estava totalmente silenciosa, não podia ouvir se quer os passos de Rick de um lado para o outro balançando Judith nos braços.

Por um segundo pensei que todos estavam realmente dormindo e que logo escutaria alguns passarinhos cantando do lado de fora, mas me lembrei de dois fatos: não estávamos seguros, e não havia passarinhos. Então havia pelo menos quatro ou cinco pessoas despertas para vigiar o refugio e talvez algumas cigarras nas arvores.

Eu não sabia por que, mas havia um sentimento esquisito me perturbando, como um aperto no peito. Não gostava da ideia de “pressentimentos ruins” ou algo assim, mas só isso poderia descrever a sensação que eu me esforcei para esquecer.

Levantei-me e segui a “rotina” de sempre – que não incluía um uniforme escolar ou o dinheiro do almoço. Então fui procurar algo para comer até que alguém começasse a assar um porquinho ou quem sabe um esquilo.

Por mais estranho que pareça peguei um saco de “balas azedinhas”, estava bem na frente do resto dos mantimentos e não faria falta para o grupo, que já estava as desprezando há algum tempo – menos Judith, porque ela realmente gostava dessas balas, era quase uma brincadeira vê-la comer e fazer uma careta, depois rir e pedir mais uma.

Corri a porta de ferro do bloco tentando fazer o menor barulho possível para não acordar ninguém, então sai e senti a brisa fria da manha atingir meu rosto me trazendo certa positividade. Um erro aceitável da natureza.

Surpreendi-me quando avistei Daryl, mergulhando a cabeça num barril de água a alguns metros do portão como se fosse uma atividade completamente cotidiana. Andei até ele e por segundo cogitei assustá-lo, mas vi que isso poderia causar minha morte ou um ferimento muito grave, – Daryl tinha reflexos muito bons – então me contive.

– Bom dia, raio de sol. – falei sarcasticamente enquanto mastigava.

Ele levantou a cabeça de uma vez e me olhou como se eu fosse um alienígena, então piscou alguns segundos e tirou a água dos olhos, até finalmente parecer entender o que estava acontecendo.

– Eu não digo “bom dia”. – disse com mau humor.

– Também não é um raio de sol. – retruquei observando-o secar o rosto na camisa – Essa é uma bela forma de acordar.

Daryl se baixou e pegou a besta, jogando-a por cima dos ombros como costumava fazer.

– É eficiente. – me olhou divertido, e eu soube que seu humor estava melhorando – Balas azedas no café?

Ele arqueou as sobrancelhas ao ver o saquinho em minhas mãos, e o conteúdo que eu mastigava como se fosse uma borracha escolar – bem, parecia ser depois de vencida.

– Esta muito fresco para quem diz que já comeu até minhoca, Sr. Alimentação Saudável.

– Me da isso aqui, garota. – disse com um tom de “challenge accepted”, me causando risos.

Passei as balas pra ele, e a careta que se formou em seu rosto depois da primeira mordida foi duas vezes melhor do que Judith ou Carl podiam fazer.

– Mas que merda... – começou a praguejar, e eu gargalhava ao vê-lo tentar disfarçar.

– Eu deveria ter pegado a minha câmera. – ele me devolveu o saquinho e mostrou a língua como uma criança – A minha próxima vitima será o Noah.

Daryl riu e balançou a cabeça, então pareceu se lembrar de algo e ficou sério, o que fez um estranho silencio se instalar entre nós, um silencio de expectativa. Ele sabia sobre Noah e eu, porque com certeza meu irmão havia contado ao seu herói caipira.

Andei até a grade como se estivesse me aproximando mais das cores do céu que caiam sobre as arvores que nos cercavam, ignorando completamente a orda de zumbis que caminhava e gemia atrás da cercas. Daryl se aproximou também e enroscou os dedos no espaço dos arames para criar algum barulho.

– O pirralho me falou. – disse num tom mais baixo, que chegou a parecer um rosnado – Sobre você, e a Lizzie, e essa coisa sobre a mãe de vocês.

– É, ele confia em você. – comentei, fazendo Daryl sorrir fracamente – Ele é só um garoto.

– Novo demais para sentir culpa.

– Novo demais para esse mundo. – ele concordou com um som curto.

Ele soltou a grade e passou a mão no cabelo molhado, parecendo sem graça por estar em outra conversa pessoal e constrangedora.

– Eu sabia que vocês tinham alguma coisa. – disse de repente – Esse jeito de tirar sarro comigo e dizer coisas complicadas demais para a idade.

Não pude evitar uma risada por esse comentário tão perceptivo vindo logo dele.

– Esse jeito Miller. – ele assentiu – Noah é uma criança muito madura e realista desde pequeno, ele sabe lidar bem com as coisas, e é por isso que gosta tanto de você. Parece estar preparado para qualquer coisa, Daryl.

Vi o rosto do caipira ao meu lado se ruborizar, então ele baixou a cabeça para esconder o constrangimento. Estava preparado para tudo, menos para sentir.

– Talvez seja por isso que ele perguntou o que eu faria se fossem robôs super maquinados e não errantes. – revirei os olhos, esse era o tipo de pergunta que ele havia feito varias vezes, mas trocando robôs por ninjas, mutantes ou dinossauros. Sim, dinossauros.

– Ele já te explicou porque você deve tornar o Wolverine seu herói favorito? – perguntei e ele riu, então eu soube que Noah já havia tentado.

– Ele é o garotinho mais louco que eu já conheci.

– Isso porque você não sabe de metade das coisas que ele fazia quando bebê. – balancei a cabeça e não contive um daqueles sorrisos bobos que aparecem quando a gente lembra algo bom – É um bom menino, não merece essa dor.

O silencio se fez de novo, até Daryl quebrá-lo melancolicamente:

– Precisa cuidar desse tampinha. – me surpreendi com aquelas palavras, mas não demonstrei para não envergonhá-lo – Não é todo mundo que ainda tem um irmão de sangue.

Seu rosto estava nublado e ele disse aquelas palavras como um rosnado de novo – talvez não as quisesse dizer, mas precisava. Não sabia a história de Daryl, mas sabia que havia muito mais sofrimento do que eu poderia imaginar, e ele permitia que isto transparecesse em alguns momentos. Poucos.

– Eu vou. – falei com firmeza – Mas é ainda mais provável que ele cuide mais de mim do que eu dele.

– Com certeza. – ele sorriu discretamente – Ele é mais forte do que imagina.

– É, acho que muita gente aqui é mais forte do que nós imaginamos, e do que eles próprios imaginam. – pensei em Beth ao dizer essas palavras.

Daryl sabia disso também, pois fez um silencio de quem assentia e pensava na mesma coisa que eu.

– Eu contei à ela. – ofereci as jujubas de novo e ele pegou uma e a jogou na boca, provavelmente para quebrar o clima de “eu tentei consolar uma garotinha” com algo azedo – Foi mais fácil do que eu esperava.

– Te surpreendeu, não foi? – lembrei-me das palavras dela na noite anterior.

– Ela mudou bastante. – ele disse olhando para os pés.

– Principalmente emocionalmente. – complementei – Mas ela está em transição, como eu.

Ele riu pelo nariz e bagunçou meu cabelo com uma mão.

– Você é durona. – se Daryl Dixon diz que você é durona, cara, você é durona – Apesar de dar muita bola pro Cowboyzinho.

Revirei os olhos e tentei acertar meu cotovelo em sua barriga, mas sabia que iria falhar. Droga de reflexos insuperáveis.

– Vou procurar alguma coisa para o café que não seja azeda ou verde. – disse e já ia se afastando para o Bloco C, mas eu segurei seu braço ao me lembrar da pergunta que já queria fazer havia um tempo.

– Será que eu poderia ajudar o pessoal nas grades hoje? – olhei-o da forma mais inocentemente convincente que pude, mas desde quando isso funciona com um Dixon?

– Isso não é comigo, você sabe. – ele respondeu num rosnado baixo e eu assenti, pois não havia outro jeito.

Teria que pedir para o Rick, o que me garantia um “não”.

Quando voltei para o bloco já havia algumas pessoas de pé, inclusive Carl. Parei em frente à cela dele e o observei arrumar a cama com uma preguiça evidente. Perguntava-me quando ele gostaria de contar para Rick sobre o tutorial para crianças de como usar facas, e como eu ajudaria nisso. Fiquei em silencio até que ele me notou ali, de braços cruzados olhando-o.

– Há quanto tempo você está me secando? – perguntou sem parar de dobrar a manta para me olhar, com aquela voz rouca que de alguma maneira tornava tudo nele mais atraente.

– Primeiro: você não é tão bom assim, e segundo, há um tempinho. – vi quando seus lábios se moveram minimamente num sorriso.

Ele não parecia num dia de humor ruim, estava até cantarolando alguma coisa muito baixo quando ainda não havia me visto, e isso me deixava bem mais positiva sobre o dia.

– O que houve? – ele perguntou de repente, e me perguntei se a palavra paranoia estava escrita na minha testa em neon.

– Nada, por quê? – sorri para mostrar que provavelmente não era nada demais.

Ele terminou de arrumar a cama e me encarou por alguns segundos, então deu de ombros.

– Nada. Acho que você só esta um pouco encantada com a minha beleza fora do comum. – revirei os olhos, mas não o detive quando se aproximou para beijar minha bochecha.

– Você não está só de bom humor. Está arrogante também. – comentei.

Ele mostrou a língua e começou a caminhar para o refeitório, sendo seguido por mim. Conversamos levianamente sobre meu café da manha azedo e nossa vontade mutua de fazer algo mais útil pela prisão como enfiar vigas em zumbis nas grades. Talvez estivéssemos um pouco revoltados e comovidos por Zack. Tudo parecia tão “normal” que já havia esquecido os sentimentos ruins, e fiquei intrigada porque para isso só bastou que Carl estivesse ao meu lado.

Depois de acompanha-lo no café, que foi solitário porque praticamente só nós dois estávamos no refeitório, encontramos Rick que vinha na nossa direção com dois baldes, um com minhocas e terra e folhas que eu não fazia ideia para onde iriam e outro vazio.

– Bom dia, jovens. – sorri, mas Carl fez um cara de nojo ao ver uma minhoca escorrendo do balde – Pode pegar, temos trabalho hoje.

Ele passou o balde do conteúdo transbordantemente nojento para Carl e eu estendi uma mão também para pegar o outro.

– Posso ajudar fazendeiro? – ele assentiu e me deu o balde.

Me senti como quando tinha 5 anos e tentava ajudar meu pai em qualquer coisa estupidamente simples que fosse, tipo varrer. Ele limpava 95% e então eu varria (muito mal, mas varria) os 5% e fazíamos um high five. Realmente me sentia orgulhosa de mim mesma.

Caminhamos juntos para fora da prisão, Rick nos informando das atividades que tinha programado para o dia. Poderia dizer que ele nasceu para aquela vida, entre vegetais e feijões, se Carl não tivesse me contado tanto sobre tudo o que ele fez até então. Rick era o xerife, a voz da lei e o poder em forma de homem, um macacão e trigo no canto da boca não fazia o perfil dele.

– Se não parar de balançar esse balde eu te faço engolir uma minhoca. – ameacei Carl, que só riu e balançou mais.

– Bom dia, casal favorito. – Michonne vinha logo atrás de nós com seu cavalo, evidentemente indo para uma missão.

Nós três a olhamos, eu e Carl reviramos os olhos e ruborizamos juntos enquanto Rick apenas piscou em cumplicidade com ela. Apesar de constrangidos, estávamos sorrindo e ainda estávamos lado a lado.

– Cuidado lá fora. – Rick disse lançando um olhar preocupado.

– Sempre tenho. – ela sorriu – Algum pedido? – ela se dirigiu a mim e Carl – Livros? Quadrinhos? Algum M&Ms vencido?

– É você que gosta de M&Ms vencido! – Carl disse, rindo – Procura algum para você.

– Vou procurar com certeza, e outras coisas que vocês gostam também. – ela piscou para mim – Quem sabe um belo par de alianças.

– Vou jogar algumas belas minhocas em você. – falei com indignação, fazendo-a levantar as mãos em rendição.

Acho que Michonne era a maior fã de nós dois depois de Patrick. Talvez até Noah estivesse começando a nos shippar.

– Ei, garoto, porque não usa mais seu chapéu?

– Não é chapéu de fazendeiro. – sorri da resposta inocente dele – Você volta logo?

Ele perguntou aquilo como um filho pergunta a mãe que esta saindo para o trabalho.

– Logo. – ele assentiu e levantou uma mão como um “adeus”, vendo-a se afastar com o cavalo.

Rick resolveu me dar o balde com minhocas para alimentar os porcos enquanto ele e Carl enchiam o outro, o que era obviamente mais nojento. Então fui para o chiqueiro e lá separei a “comida” em três espaços de madeira separados para que todos eles conseguissem comer. Se os filhotes não estivessem tão sujos seriam adoráveis.

Mas o que eu estou falando, sobrevivi dias sem tomar banho. Cara, eu entendo esses porquinhos.

– Ai está. – falei, como um “o café está pronto”.

Parei para observa-los comer – longe o suficiente para não os ver comendo minhocas como se fosse um espaguete – e acabei me lembrando do porque estavam sendo tão bem alimentados. Essas minhoquinhas e folhas cheias de vitaminas e nutrientes tinham propósitos.

– Deve ser uma droga, não é? – pensei alto (falei com porcos) – Quer dizer, vocês estão comendo e vivendo, mas tudo isso para depois... Bacon. Hum, agora estou triste.

Resolvi mudar meu foco antes que começasse a chorar, virasse vegetariana e tentasse esconder os pobres porcos. Fiquei observando Carl fazendo o tipo de trabalho que ele menos gostava, no clima quente que ele menos gostava. Sorri debochadamente para ele quando nossos olhares se encontraram, e senti que ele se segurou para não fazer um gesto obsceno.

Enquanto andava de volta para a plantação pude ouvi-lo falar sobre ajudar nas grades, mas logo vi que a resposta de Rick havia sido negativa, pois ele estava bem sério quando passou por mim e entrou no chiqueiro com outro balde cheio.

– Hope também queria ajudar em algo. – ele disse, talvez como um pedido de ajuda.

Não falei nada, apenas olhei para Rick enquanto ele secava a testa e olhava para os porcos, mesmo sabendo qual resposta ele daria.

– Não acho que aquilo seja um trabalho para vocês. Se quiserem ajudar tem outras formas. – balancei a cabeça, assentindo sem frustração, afinal eu podia entende-lo – Desculpe, não sou seu pai, mas preciso fazer esse tipo de coisa.

– Não, tudo bem, eu compreendo. – dei de ombros – Sinto falta de alguém me dizendo para não comer doce antes do jantar ou abraçar animais de estimação com dentes grandes.

Ele riu e me senti mais tranquila, mesmo não podendo fazer algo realmente legal com atravessar cabeças com vigas de ferro.

– Pode ir pegar uma pá para mim lá dentro, Texas? – Rick pediu, usando meu apelido agora oficial.

– Claro, fazendeiro.

Sai do chiqueiro em passos rápidos, batendo o pé no cascalho do caminho para tirar a terra dos tênis. Estava sendo um dia realmente positivo, estava até adquirindo um bronzeado e pensando em me tornar ajudante oficial dos fazendeiros Grimes.

Foi quando eu o ouvi. E entendi que minha perturbação tinha sentido.

Um alarme soou alto, e por um momento travei com os olhos arregalados e o coração pulsante, esperando por alguma coisa que me mostrasse onde ir e o que fazer. E foram Lizzie e Mika, vindo correndo e gritando do bloco D que me fizeram entender.

Errantes no bloco D. Noah.

Antes que eu começasse a correr Rick me segurou firmemente e disse:

– Abra o portão, eu cuido dele! – ele estava pensando a mesma coisa que eu.

Não consegui dizer nada, apenas assentir com olhos arregalados de quem suplicava que ele fizesse o que estava falando.

Corri para o portão e ajudei Carl a puxar as cordas para abrir o primeiro, mas já havia percebido que tínhamos que ser rápidos, pois Michonne teve que descer do cavalo para lidar com errantes que se aproximavam e acabou sendo encurralada.

– Abre o segundo! – enquanto isso eu tirei uma arma do tambor de ferro ao lado das cordas.

Não pensei em quanto tempo não atirava em algo ou mesmo se eu realmente sabia atirar, só apontei para os errantes e derrubei os que podia, porque era arriscado demais atirar nos que estavam muito perto de Michonne.

Foi isso que a fez cair com dois encima dela, um sendo morto por Carl e outro por Maggie, que desceu da torre para nos ajudar.

Eles apoiaram Mich nos ombros – ela aparentemente havia torcido o tornozelo – e eu fechei os portões, ainda com o coração aos pulos e a arma nas mãos. Quando fiquei ao lado de Carl nós nos olhamos e olhamos para as armas, e tenho certeza que nunca ficamos tão assustados.

Foi quando eu vi as pessoas saindo do Bloco D, completamente horrorizadas. Cheguei a uma conclusão rápida de que como havia muita gente do lado de fora, provavelmente não tinham tantos errantes. E também que meu irmão não estava no meio das pessoas do lado de fora.

Então disparei a correr, mesmo ouvindo as três vozes atrás de mim me dizerem para parar, porque eu senti que precisava ir, e quando entrei esbarrei em mais gente que tentou me impedir, mas continuei e esperando não esbarrar com algo morto-vivo. Ainda havia gente correndo no bloco de celas, e tive que escapar do braço de Glenn que tentou me puxar.

As paredes cinza estavam manchadas de vermelho, havia cadáveres pelo chão, órgãos, mais sangue.

Então me dei conta que não tinha visto Patrícia ou Ângela do lado de fora, então elas também estavam em algum lugar por ali, e com certeza Noah estava junto.

Mas não precisei correr mais para encontra-lo, parei quando vi Daryl arrastando um Noah ensanguentado de dentro de uma cela, esperneando como jamais tinha o visto fazer. Então só queria que aquele sangue não fosse dele, e que ele estivesse chorando, gritando, mas não estivesse tentando morder Daryl.

Me aproximei em pânico e percebi que ele estava chorando mesmo, e que seus olhos ainda eram verdes – não mortos – mas que agora estavam cheios de dor. Mas a dor não estava fisicamente nele.

– Noah! – chamei e ele me viu, assim mais que rapidamente se soltou de Daryl, correndo para os meus braços.

Noah me apertou e chorou sofregamente, e ele todo tremia, mas ao passar as mãos por seus braços e cabeça eu pude constatar que o sangue realmente não era dele e estava frio. Tudo nele era dor e eu ainda não entendia, até que olhei em seus olhos e ele me disse:

– O sangue é de Ângie. – as lagrimas grossas se misturavam ao sangue em suas bochechas.

Olhei para Daryl e ele olhou para mim de forma triste, então desviou os olhos para a cela. Me soltei um pouco do abraço e olhei para dentro, e após acostumar minha visão a escuridão eu pude compartilhar do horror nos olhos do garoto ensanguentado nos meus braços.

Ângela estava deitada no chão com os órgãos do abdômen para fora, e Pat estava sentada ao seu lado na poça de sangue que cobria o chão todo, e chorava tão descontroladamente quanto Noah. Chorava como eu havia chorado quando a ficha caiu para mim que eu nunca mais veria papai, porque ele tinha ficado na fazenda para morrer.

Eu não pude segurar as lagrimas que começaram a descer sem parar, apenas larguei a arma, me ajoelhei e abracei meu irmão, tentando pegar um pouco de toda aquela dor para mim. Chorava por Noah estar vivo, por jamais ter agradecido à Ângie por ter salvado-o, e por Pat, que não tinha mais uma mãe e ainda tinha assistido a sua morte.

Era um pequeno lembrete para não nos acostumarmos com a ideia de felicidade, pois sempre estaríamos mergulhados em sangue.


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Notas finais do capítulo

QUEM VIU A CATEGORIA BANDAS VOLTAR? PRIMEIRA FIC QUE LI FOI DO JUSTIN BIEBER, ME JULGUEM.