Walkers (Hiatus) escrita por Sarah Alves


Capítulo 15
Appearances


Notas iniciais do capítulo

Oláaa! Capítulo de hoje super dedicado a minha princesa Brighton Sharbino que completou 12 aninhos ontem! PARABÉNS PRA VOCEE! Pra mim a Lizzie sempre será eterna! Sua assassina fabulosa.
Visualizações e comentários da fic estão caindo...Isso é triste.
Fiquei um tempo sem postar graças a minha semana de provas e trabalho, além de estar escrevendo uma Shortfic, que é um Spinn Off dessa fic aqui. Ela conta como a Cath se virou depois de ter saído do orfanato, o que ela fez antes de encontrar a Carol, etc. Só vai ter 10 capítulos, mas que serão beeem trabalhos. Não é necessário le-la para entender essa fic (Walkers), já que a história terá vários flashbacks que vão mostrar a vida da Cath. A única diferença é que na ''Stories of Survival'' tudo vai estar bem mais detalhado.
A partir do próximo capítulo (dessa fic aqui), as coisas vão começar a ser mais emocionantes, aterrorizantes, etc. Eu queria incluir os capítulos que mostrem a realidade do apocalipse, mas antes eu tinha que mostrar como estava sendo a convivência de todo mundo na fortaleza.
Quem aí já viu o clipe da Taylor Diva Swift, Shake it Off?! Simplesmente Perfeito. Sim, eu sou Swiftie



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Diga, quem você é me diga
Me fale sobre a sua estrada
Me conte sobre a sua vida

*Narrado por Catherine

Aos poucos nossas vidas voltavam ao normal, claro que na medida do possível. A fortaleza está mais segura, as pessoas estão mais próximas, alguns sobreviventes chegaram. Dois, na verdade. Alberto é um homem de 30 anos, ele era médico quando o mundo era... mundo. Seu filho se chama Thomaz, ele é bastante engraçado e cavalheiro, tem praticamente a mesma idade que eu e Carl, o que ajudou para que virássemos amigos. Carl e Rick estão tendo um relacionamento de pai e filho de novo, sem brigas, sem acusações. Carol está tendo alguns momentos de delírio, às vezes ela me chama de Sophia, chora pelos cantos, fica trancada no quarto. Eu estou muito preocupada com ela. Todos me dizem que é só uma fase, mas mesmo assim... Daryl diz que ela sente muita falta da filha e vê em mim, uma Sophia crescida, uma Sophia viva. Ele está se saindo um excelente amigo, quem diria que por trás daquela pose de durão existia um cara legal?

— Você não acha que já está bom por hoje? Já vai escurecer, Dixon. — perguntei.

Daryl tinha cismado de me levar à floresta pra treinar. Rick tinha até discutido com ele por causa dessa ideia maluca, mas ninguém consegue fazer a cabeça desse caipira, afinal, ele é o Daryl.

— Já está desistindo? — ele franziu a testa.

— Estou cansada, com fome e minha perna já está doendo de novo. — respondi limpando o suor da testa. Rosita tinha feito uma tala improvisada para o meu tornozelo, que estava ajudando um pouco a me locomover, mas ainda não tinha surtido efeito algum.

— Você tem que passar pela dor pra ser digna de recompensa. — Daryl falou.

A recompensa era um livro que ele havia achado em uma das suas rondas. Como sou louca por leitura, aceitei o desafio e vim treinar.

— Sabia que isso é uma metáfora para a experiência do colegial? — perguntei enquanto me sentava perto de uma árvore. Alguns zumbis se aproximavam, mas não me importei. Daryl já tinha os visto e daria conta de todos sem a menor dificuldade.

— Metáfora? — ele perguntou confuso.

— Sim, você não sabe o que é uma metáfora? — perguntei, concluindo que mereci a careta cínica que ele me deu como resposta. — Que pergunta boba.

— Não. Eu não sei o que é uma metáfora. E quer saber? Nem quero. Estou muito bem sendo o durão do apocalipse. — fitou-me novamente.

Ergui uma sobrancelha para ele.

— Estive pensando. Você fala muito bem para um caipira. — sorri ao lembrar-me do dia em que Carol referiu-se a ele como um caipira durão.

— Não sei de onde tiraram essa ideia de ficar me chamando de caipira. — Daryl pensou um pouco e depois me encarou. — Espera. Aquilo foi um elogio?

— Entenda como quiser, Dixon. —respondi, inclinando a cabeça na direção de dois errantes que caminhavam lentamente ao nosso encontro. Daryl foi até eles, mas deu meia volta e me ajudou a levantar.

— Muitos. — foi a única coisa que saiu de sua boca, me levando a entender que era um grupo grande de zumbis.

Nem olhei para trás, comecei a correr tentando acompanhar os passos dele. Daryl se virou e segurou minha mão, guiando-me pela floresta. Senti uma sensação estranha quando sua pele tocou a minha. Foi uma sensação paterna, apesar de eu nunca ter experimentado essa sensação. Acho que Daryl sentiu o mesmo, porque apertou minha mão com mais força, como se aquele aperto me protegeria. Rezei para que protegesse mesmo.

Depois de correr muito, acabamos chegando à grade da prisão. Daryl soltou sua mão da minha quando Rick se aproximou do portão para abri-lo. Com certeza não queria que ninguém visse suas demonstrações de carinho. Caipira durão, como Carol tinha dito.

O xerife olhou em meus olhos e depois sorriu, como se tivesse presenciado a demonstração paterna de Daryl. Vi Carl e Thomaz brincando com Judy no pátio, encima de um lençol como se fizessem um piquenique. Mais demonstrações de carinho. Pelo visto as coisas estão mudando mesmo. Corri até eles, fazendo com que a loirinha começasse a ficar agitada.

— Oi, pequena. — disse ao abraçá-la. Judy sorriu ao ouvir a palavra nova e em seguida tentou repeti-la.

— Até que enfim voce chegou, Miss Apocalipse. — exclamou o rapaz dos cabelos loiros. —Eu não aguentava mais brincar com essa criatura. Ela acabou comigo. Estou me sentindo morto. Carl só fica lendo esses gibis e deixou todo o trabalho duro por minha conta.

Olhei para o cowboy, que estava tão envolvido na leitura que nem tirou os olhos das páginas. Parecia feliz. Um sorriso aparecia no canto de sua boca, como se lesse algo engraçado.

— Sei bem como é Judy. Tem energia suficiente para deixar todos aqui cansados de tanto brincar. — respondi pegando uma das pecinhas de montar e ajudando Judith a construir uma casinha. Finalmente Carl conseguiu tirar os olhos da história e olhar pra mim, como se percebesse que eu tinha chegado.

— Oi, Cath. Eu, hum, não tinha te visto chegar. — ele murmurou. Seus olhos estavam mais claros, agora eram acinzentados com um toque de azul. Pareciam as águas cristalinas de um lago.

— Os quadrinhos estão tão interessantes assim pra você deixar de brincar com sua irmã para lê-los? — perguntei ajeitando a franja de Judy.

— Eu não fiquei tanto tempo assim... — Carl olhou para o céu, que agora estava meio alaranjado devido ao por do sol. — Ah! É incrível como o tempo passa rápido.

Ele passou a mão pelo pescoço e pude perceber que havia tirado o chapéu. Seus cabelos estavam grandes, quase tampando os olhos. Carl parecia mais velho, mais maduro.

— Não acha que já está na hora de cortar esse cabelo não, sua mariquinha? — provocou Thomaz, lendo meus pensamentos. — Já sei, Cath. Ele deve estar querendo doá-los para Maggie ou, quem sabe, até fazer uns dreads como os da Michonne.

Não pude deixar de dar uma gargalhada. Imaginar Carl com os cabelos de Mich era de mais pra mim. Até o próprio garoto não aguentou e riu tão alto quanto nós. Parecia que por um momento sua alegria tinha voltado e aquele menino atormentado tinha sumido.

— Voce é muito chato, cara. — disse ele, dando um soquinho no braço de Thomaz. — Dá pra parar de rir voces dois? Até voce, Judy?

A garotinha se divertia com a cena. Acho que ela não entendi nada, na verdade, mas como todos estavam sorrindo, ela imitava.

— Nem vem, cowboy. Até voce riu. — afirmei. — Imagina só. Um Carl estilo samurai.

Passamos o resto da tarde fazendo piadas do cabelo do filho do xerife, até que ele se cansou e resolveu entrar. Alberto chamou por Thomaz, que acabou indo também. Depois de comer nossos enlatados, peguei uma sopa que Maggie havia preparado e levei para Carol, que estava trancada no quarto desde cedo. XxX

— Carol? — chamei.

— Não quero ver ninguém. — ela gritou.

— Por favor, abra a porta. Você precisa comer pelo menos um pouco. — pedi.

— Quem é? É a Sophia? — ouvi uma voz sufocada perguntar.

— Não, aqui é a Cath. — respondi com um pingo de tristeza.

Esperei que Carol abrisse a porta e me deixasse entrar, mas ela não o fez. Até fiquei sentada na soleira, esperando que ela saísse. Deixei seu prato de sopa no chão e informei que a comida estava lá. Em seguida fui para meu quarto, me desligar do mundo. Demorei a pegar no sono. Eram raras as vezes que aconteciam isso. Geralmente eu dormia no momento em que pisava no quarto, mas agora muitos pensamentos invadiam minha mente. O que será que teria acontecido se eu não tivesse ouvido o choro de Judy? Se eu não tivesse aceitado a proposta de ficar no grupo de Carol? Se eu não tivesse matado Peter ou o canibal que tentou atacar Carl? Onde será que eu estaria? Sozinha de novo? Morta? Não vi quando finalmente caí no sono, mas foi depois de um bom tempo. Infelizmente não tive uma noite tão agradável quanto eu queria.

Meu pesadelo começou assim.

Eu estava sentada encima de uma lápide, rodeada por corpos de zumbis, todos já mortos. Meu rosto estava cheio de lágrimas e eu repetia a palavra ''mãe'' sem parar.

A cena mudou.

Carl corria com Judy pelo pátio da fortaleza, brincando como duas crianças pequenas. De repente a grade arrebentou e os zumbis começaram a invadir. Em vez de correr pra dentro como os outros, resolvi ficar e acabar com todos eles. Um deles estava devorando alguma coisa e fui ao seu encontro para matá-lo. Ele se virou e vi o rosto de Carol. Tentei correr, mas tudo começou a acontecer muito lentamente. Ela estava a milímetros de distancia de mim, eu não conseguiria matá-la. Quando ela foi me morder, acordei.

Estava toda suada e meu rosto estava molhado de lágrimas. Eu tinha que pegar um pouco de ar, não ia conseguir ficar trancada naquele quarto por muito tempo, me sentia presa. Todos os outros estavam dormindo, então fui para o pátio respirar um pouco.

O vento era gelado, mas confortante. Respirei fundo e me sentei no chão. De longe pude ver a grade se mexendo devido ao movimento que os zumbis faziam. O céu estava nublado, não daria para ver as estrelas, se é que elas ainda estão lá. Fechei meus olhos tentando imaginar um mundo sem mortos-vivos, um mundo feliz.

— Oi! — gritou Thomaz.

— Jesus Cristo! — arregalei os olhos, colocando as mãos no coração. — Você quase me matou de susto! Seu psicopata.

— Mil desculpas, vossa majestade. — ele falou, cínico. — E aí? O que você está fazendo aqui? Caiu da cama?

— Pesadelos...

— Espero que eu não esteja no meio, senão vou me sentir muito ofendido. — disse fazendo uma pose de coitadinho.

— O de sempre. Carol, zumbis, mortes, etc. — falei, vendo-o sentar ao meu lado.

— Não quer falar sobre ele? O sonho? — perguntou Thomaz.

— Acho melhor não. Não gosto de ficar lembrando essas coisas...

— Minha mãe dizia que é bom desabafar às vezes. —ele ficou em silencio. Como se lembrasse de coisas ruins. É, falar da família não deve ser fácil.

— Sinto muito. — me desculpei, apesar de não ter feito nada.

— Não é sua culpa. É só que... Eu sinto falta dela. — disse olhando para o céu. Seus olhos iam de um lado para o outro, como se procurassem alguém, como se procurassem sua mãe.

— Como ela era? — hesitei em perguntar, mas eu queria saber mais sobre como era a vida de Thomaz. Pela expressão que ele fez, aquilo não era nada fácil de contar.

— O nome dela era Olivia. O cabelo era curto, cacheado e loiro, ela tinha olhos verdes. — pude ver que seus olhos estavam brilhando. — Ela tinha cheiro de lavanda, sempre usava vestidos e gostava de dançar. Nunca me deixava dormir sem antes contar uma história. Mas não pense que ela era do tipo boazinha, ela não me deixava ficar acordado até tarde e nem comer muito chocolate. Sério, eu conseguia ser mais maluco quando comia doces.

Vi um vulto passando por trás de nós e me virei rapidamente para ver quem era.

— É, oi. Posso ficar aqui? Não aguento mais ouvir o Daryl roncar a noite inteira. — ele pediu.

Como a casa não era muito grande, os quartos ficavam colados uns nos outros, ou seja, dava pra ouvir tudo que estava acontecendo no quarto do lado, principalmente os roncos daquela caipira.

— Claro, cowboy. Thomaz estava contando sobre... — fiz uma pausa, mas ele assentiu. — a mãe dele.

— Como ela morreu? — perguntou Carl. Mais um pra lista dos inconvenientes e curiosos.

— Nós estávamos fugindo de uma horda, eram muitos então não íamos conseguir ir longe. Ela resolveu distraí-los enquanto a gente fugia. — ele fungou. — Não deu pra ver o que aconteceu, só sei que ela correu pela floresta e nunca mais voltou.

— Eu nunca tive uma mãe. Na verdade, tive, mas não lembro dela, então é como se ela não existisse. — comecei. — Fui deixada em um orfanato aos dois anos, felizmente não foi dentro de uma cesta como os bebes dos filmes, afinal, eu nem cabia mais em uma cesta. Quase fui adotada por duas famílias, mas eles disseram que eu não tinha a idade da filha que eles sonhavam. Depois desses dois desastres, ninguém nunca mais quis me adotar. Fiquei mofando naquele orfanato. Acho que, de certa forma, foi até bom não ter tido uma família fixa. Já foi doloroso abandonar uma vida sem pais, imagina abandonar uma vida com eles.

Ficamos em silencio durante algum tempo. Só pude ouvir nossas respirações e os gemidos que vinham do lado de fora.

— Sabe, minha mãe também morreu. — Carl começou.

— Carl, você não precisa falar... — interrompi.

— Preciso sim. Eu não aguento mais ficar escondendo isso de todo mundo, eu não aguento mais tentar esquecer. — ele fez uma pausa e prosseguiu. — A gente morava na prisão há algum tempo, estava indo tudo bem. Nós tínhamos água, comida, abrigo, eu estava começando a acreditar que tudo ia dar certo.

''Mas é sempre assim, quando eu acho que tudo vai ficar bem, alguma coisa acontece. Hershel, o pai da Maggie, estava ensinando Carol a fazer o parto da minha mãe, caso ele não estivesse no momento, nós tínhamos esperança de que ia dar certo. Nesse dia, os zumbis invadiram o pátio da prisão e tivemos que entrar pra nos proteger. Minha mãe, Maggie e eu estávamos trancados em uma sala quando as contrações começaram. Não tinha como a gente voltar porque lá fora estava cheio de errantes, então Maggie teve que fazer o parto. Não entendo muito bem de partos, mas só sei que teria que fazer uma cesariana. Mesmo minha mãe sabendo que não ia sobreviver se continuasse, ela preferiu salvar Judy.’’

''Quando ela morreu, tive que dar um tiro nela. Não queria que ela virasse uma daquelas coisas. Sabe, ela sempre foi uma boa mãe. Sempre me ajudava com as tarefas da escola, me deixava brincar toda hora, sempre me deu o necessário, na verdade, ela me dava tudo que eu queria. Sinto muita falta dela. As coisas podiam ser diferentes se ela tivesse viva, se ela ainda estivesse aqui. Às vezes eu me pego pensando se teria sido melhor a Judy não ter nascido, assim minha mãe ainda estaria viva. Quando percebo a besteira que pensei, acabo brigando comigo mesmo. Eu sou um idiota. Eu sou um monstro. ’’

Meus olhos estavam cheios de lágrimas, assim como os de Thomaz, mas os de Carl não. Estavam profundos e escuros.

— Sabe por que eu não choro? Porque quando ela morreu, eu prometi a mim mesmo que nunca mais ia chorar. — explicou o garoto. — Eu sou um babaca. Não sei por que vocês ainda conseguem ficar perto de mim.

Carol já tinha me contado um pouco da história da morte de Lori, mas nada detalhado, já que ela não estava com Carl. Dificilmente eu iria ouvir falar de uma morte pior que essa. Uma mãe que deu a vida pra salvar a filha e um filho que teve que matar a mãe.

Não sei se foi um ato involuntário ou um gesto de amizade, só sei que dei um abraço em Carl. Fiquei surpresa por perceber que nunca tinha o abraçado. Acho que ele ficou surpreso também, mas depois acabou relaxando e retribuindo o abraço. Quando vi, Thomaz se juntou a nós e ficamos assim durante um bom tempo.

Naquele momento eu sabia que estávamos mais próximos de Carl. Agora sabíamos sua história, sabíamos o porquê dele ser tão frio e fechado. Para mim ele não parecia mais um sobrevivente comum. Carl Grimes é um garoto que passou por muitas coisas. É um garoto que sofreu, que perdeu a mãe, quase perdeu a irmã, que perdeu as esperanças de ser feliz. Ele ficava escondendo todos os tipos de sentimentos que as pessoas podem ter. Mas só do fato do Carl ter retribuído nosso abraço, já mostrou que ele tem um coração. Mostrou que, assim como Daryl, ele não é tão durão quanto aparenta ser.


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Notas finais do capítulo

Carl está deixando de lado seu lado monstro...ou não.
Música da Pitty pra dar uma animada
Stories Of Survival aqui --> http://fanfiction.com.br/historia/536929/Stories_of_Survival/