Loucamente Sua escrita por Meena Swan


Capítulo 5
Sou uma pessoa legal




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Capítulo Quatro: Sou Uma Pessoa Legal



Primeira Noite Juntos/Primeira Pousada


Caminhei de voltar à recepção, Edward ainda me observava com reprovação, balançando de leve a cabeça, mas como eu já disse, sou muito boa em ignorar acontecimentos que não me interessam ou que são negativos para a minha pessoa.

A senhora sorrindo entregou a chave ao homem de olhos verdes. Ele começou a caminhar e direção a uma escada. Segui-o a passos lentos na intenção de que um espaço maior ficasse entre nós. Gentilmente ele carregou minha mala, suas mãos estavam desocupadas, pois guardou a chave em um dos seus bolsos.

A pousada tinha três andares, no entanto, nosso quarto se localizava no primeiro. A senhora ficou na recepção e não pude evitar olha-la mais uma vez antes de subir. Ela acenou para mim com um sorriso ainda estampado no rosto.

Será que todas as velhinhas desse Pais são tão simpáticas?

Havia um motivo escondido no acontecimento de eu não ter implicado com a decisão de o Cullen e eu dormirmos no mesmo quarto. Detesto dormir sozinha. É tão solitário... E eu só consigo dormir depois que converso um pouco. A possibilidade de conversar com ele ainda me deixava receosa, mas o que podia fazer? Era melhor ele do que ninguém.

Chegamos ao fim da escada e dobramos a esquerda, passamos por três portas e então ele parou em frente da quarta.

– Pega pra mim a chave no bolso da frente? – Pediu ele.

– Quer que eu meta a mão no se bolso?

– É. Estou com as mãos ocupadas com a sua mala. Deixa de ser frum-frum e pega logo a chave.

– Não estou sendo fresca... É que eu não te conheço e tenho que meter a mãe no seu bolso?

– Deixa de besteira porque sou eu que estou pedindo que meta a mão no meu bolso. Vamos. Sua mala pesa.

– Okay.

Meus dedos se esgueiram pela a abertura de seu bolso da frente e foram forçando o caminho até chegarem ao fim. Eles agarram a chave. Puxei a mão.

– Agora abra a porta.

Revirei os olhos, mas obedeci. Ele entrou no quarto e com cuidado colocou minha mala no canto.

– Eu uso o banheiro primeiro. – Gritei.

– Droga! – Murmurou – Tudo bem, mas a próxima é minha vez.

– Cadê o seu cavalheirismo?

– Se esgotou quando carreguei sua mala.

– E não tem recarga?

– Leva alguns meses juntar tanto cavalheirismo. Gastei minha reserva de cinco anos hoje.

Revirei os olhos, mas sorri.

– Prometo que serei o mais breve possível.

Agachei-me para procurar uma roupa confortável para dormir.

– Eu já te contei que sua irmã deixou comigo um cartão de crédito para você usar.

– Que? – Caí sentada. Compras? Aqui? – Eu não creio. Porque não me contou antes?

– Ah sabe eu tenho uma doença. Só me lembro das coisas boas quando são legais comigo.

Semicerrei os olhos.

– Sério. Que trágico. É de família? – Disse irônica.

– Herdei do meu avô.

– E qual o nome dessa doença?

– Guarda informações importantes de pessoas chatas e mal humoradas.

– Hum... Talvez eu tenha essa doença também. Vou procurar meu médico quando voltar para o Brasil.

Levantei levando em minhas mãos meu sabonete, minha toalha, minha escova de dentes, minha pasta dental e minha camisola. Tirei com cuidado meu salto e o coloquei em um lugar seguro.

– Dez minutos.

– Vai sonhando. Quinze no mínimo.

Fechei a porta do banheiro com força, as aquilo não significava briga. Estava para aquelas brincadeiras bobas entre amigos, embora, Edward não fosse um. Girei a geral do chuveiro e a água começou a cair. Soltei um gritinho.

– Ahhh. Água fria!

Como era possível? Certo que a temperatura aqui era menor do que geralmente sinto em Fortaleza, mas como ela afeta tanto a água? Tomei cuidado para que meus cabelos não molhassem. Eles estavam bem presos em um coque.

A histeria do frio passou e logo me peguei cantarolando, algo muito comum em meus banhos. Dessa vez não era uma música nacional. Era de uma banda espanohablante que eu amava. Jesse y Joy. Suas músicas sempre me fizeram suspirar.

“Tú, tú mi espiración. Receta de pasión. Amor sin condición, siempre. Se derrite o corazón, tan solo con una mirada, son tus besos, es tu voz que tienen mi alma enajenada. Nuestro amor sabe a chocolate, un corazón de bombón que late, nuestro amor sabe a chocolate. Ohohohoh.”

Além de cantar ainda tentava reproduzir o som com a boca. Passei rapidinho o sabonete e fiz muita espuma me esfregando. Enxaguar foi fácil. Escovei meus dentes, vesti minha roupa e então saí do banheiro. Estava tremendo.

– Sabia que tem a opção da água morna? – Edward debochou – E da próxima vez cante mais baixo.

Respondi-o com uma careta. Sozinha no quarto continuei com meu ritual. Espremi meu vidro de hidratante e espalhei o conteúdo em minha perna apoiada na cama. Com delicadeza. Passei para a outra perna. Estava quase no final quando o Cullen saiu do banheiro. Seus cabelos estavam completamente molhados. Escondi rapidamente minha perna exporta, mas sei que ele a viu, porém, fingiu não ver.

– Eu estava me perguntando Swan. Porque você e o padre brigaram? - Ele se jogou na cama.

– Eu estava nervosa e por isso falei demais. Ele se irritou.

Arrastei-me até minha cama. Ele apagou a luz do abajur.

– Só isso? Quero saber detalhes.

– Você tá parecendo aquelas velhas fofoqueiras.

– Qual é? Só estou curioso. Não vou contar a ninguém.

– Não tenho tanta certeza.

– Instinto da fofoca só existe nas mulheres.

– Vai sonhando.

– Meu objetivo só é rir da sua cara.

Soltei um risinho.

– Ei, eu te conheço? Não pode ficar dizendo essas coisas para alguém que não conhece.

– Eu te conheço. Te busquei no aeroporto e vamos passar cinco dias juntos em uma viajem.

– Isso não é o suficiente.

– Sou um bom rapaz Isabella.

– Você não entenderia. Só quem me conheceu há cinco anos sabe realmente o que houve porque na verdade o padre nem sabia o que estava falando, mas suas palavras detonaram a bomba.

O quarto já estava completamente escuro, meus dedos estavam cruzados em cima dos meus seios, o cobertor me aquecia, pois a noite repentinamente ficou fria. Encarava o teto de forma vaga, pois meus olhos podia estar ali, porém, meus pensamentos estavam em outro lugar, lugar esse que nem ao menos eu reconheci. Era uma espécie de viagem por minhas lembranças, todos os acontecimentos do dia tinham despertado algumas delas. Lembranças que levei tempo para aprisionar.

– Posso te perguntar uma coisa? - Edward perguntou baixinho da outra cama.

– Sim. - Respondi sem ponderar.

– Que diabos aconteceu com você?

As palavras me despertaram do meu devaneio. Falar sobre o passado sempre foi minha ferida que não se cura e talvez não falar sobre o assunto com ninguém tenha sido o meu pior erro.

– É uma história triste. – Respondi.

– Histórias tristes sempre dão um best-seller.

– Não é uma história que quero compartilhar.

– Drama é meu gênero preferido.

A ideia de contar tudo a ele passou pela a minha cabeça, mas eu não o conhecia. Era certo contar algo tão pessoal a alguém que nunca tinha falado antes?

Remexi-me na cama, fiquei de lado. Não! Não era nem um pouco viável contar a um estranho a pior fase da minha vida.

– Boa noite Edward.

[...]

A manhã chegou tão rápido que a noite passada não pareceu está tão distante. Tinha a sensação de que tinha acabado de me deixar e isso era ruim, pois significa que tive uma noite ruim de sono.

Não acreditei quando olhei o relógio. Eram sete da manhã. Porque as pessoas que vivem nos campos gostam de acordar tão cedo? Meio que ainda dormindo me levantei. Caminhei em direção ao banheiro e empurrei a porta com o ombro. Minha mente ainda não tinha despertado para raciocinar bem e ontem estava cansada demais para raciocinar bem.

Eu ainda não tinha me lembrado de que tinha passado a noite rolando em uma cama, babando, exalando odores de alguém que está dormindo... De manhã não era uma das pessoas mais lindas e não gostava que as pessoas naquele estado pós-noite de sono.

Sabe aqueles momentos de que você precisa passar por um acontecimento que se assemelha a quase morte? Aquela situação que faz seu coração pular de forma que possa ser sentido em seus ouvidos? Foi esse tipo de situação que ocorreu quando entrei no banheiro.

Edward estava próximo ao sanitário e pelo o barulho fazia suas necessidades. Sua bunda branca foi a primeira coisa que registrei, a imagem que me fez despertar, que fez meu coração acelerar. Obviamente, essas reações estavam ligadas a quão constrangedor passar por aquilo era.

– Oh meu Deus. – Murmurei.

Dei meia volta e bati a porta com força.

Porra! Esse homem não sabe o que é trancar uma porta?

– Não sabe o que é tranca Cullen? – Gritei irritada.

– Não tenho costume de trancar a porta quando vou ao banheiro. - Ele gritou de volta.

– Quero só lembrar você que estamos dividindo um quarto.

– Você que não se certificou se tinha alguém nele.

– De onde venho, isto nunca aconteceria.

Que mentira! Sou uma mentirosa!

Ele saiu do banheiro, sorrindo.

– Finjo que acredito.

Dei de ombros.

– Eca. Você não vai tomar banho?

– Porque? Tomei banho ontem.

Fiz careta de nojo.

– Você é um porquinho!

– A pessoa que conheci ontem no aeroporto é sua irmã gemia? Sério porque vocês se parecem muito, mas ao mesmo tempo são completamente diferentes.

Dou de ombros.

– Tá com saudades, é? Viu! Sou uma pessoa legal. Espere só mais algumas horas que aquela pessoa adorável vai surgir de novo. Tenho meus altos e baixos.

– Não existe tratamento para bipolaridade?

Revirei os olhos.

– Há! Há! – me levantei e saí em direção ao banheiro – Cuidado porque bipolares não respondem pelos os seus atos.

[...]

– Sabem que dia é hoje? – a senhora da recepção perguntou.

– Domingo? – respondi de forma óbvia.

– Hoje é um dia sagrado. Ninguém pode fazer nada nos dias de domingo.

– Ah. Isso me soa familiar. No meu País algumas pessoas usam o sábado como desculpa para não fazer nada.

– Se até Deus teve um dia para descansar, quem somos nós para trabalhar de domingo a domingo?

Sorri enquanto levava uma xicara de café com leite aos lábios.

– A senhora é muito espertinha. – balancei o indicador no ar – Usado a velha desculpa dos costumes para ganhar mais dinheiro.

Ela deu de ombros, sorrindo. Seus dentes eram amarelos.

– Porque não unir o útil ao agradável. Só assim você pode conhecer mais o lugar.

Sorri de lado e encarei Edward ao meu lado. Ela não disse nada. Só observou a comedia. Ele sorria sem mostrar os dentes enquanto mastigava algo.

– Não podemos. Temos que seguir viagem porque tenho que ir ao casamento da minha irmã. – Respondi quando vi que ele não me ajudaria.

– Qual é Bella? Acho uma ótima ideia. Vamos unir o útil ao agradável. – Ele propôs.

Balancei levemente a cabeça. Dei pequenos pulinhos arrastando comigo a cadeira de madeira. Aproximei meus lábios de seu rosto e sussurrei:

– Isso é complô?

O sorriso ficou mais largo.

– Se quer chamar assim o meu bem intencionado desejo de fazer com que conheça meu país? Sim.

– Não apronta Cullen.

– Não estou aprontando. É sério. Quero que volte ao seu país com uma impressão boa daqui.

– Mais vai atrasar a viagem.

– Prometo que não. Talvez um dia... Mais o que é um dia?

– Não sei...

– Vamos Bella. Além disso conheço uma lojinha de roupas e sapatos.

Estanquei.

– Você disse... Sapatos?

Próximo Capítulo

Tenho que admitir. A companhia dele é boa. Sabe quando você tem aquela pessoa na sua vida que não sabe descrever como ela faz o que faz? Esse é Edward. Ainda que queira voltar a ser aquela mulher fria, chata e rabugenta não consigo e em todas as minhas tentativas me senti culpada por tratar alguém tão legal tão mal.

Dei mais uma lambidinha no meu sorvete. O vento estava forte e sol forte, mas não tão forte como na minha terra. Balancei a cabeça para evitar que meus cabelos voassem para o sorvete.

É... Talvez possamos ser amigos, afinal como uma amizade que duraria tão pouco tempo poderia se complicar?

[...]

[N/A]: Hola pueblos! Sei que demorei...

Ando passados por muita coisa, estudando demais... Sem tempo realmente. Espero que não me abandonem.

Vocês acham que estou indo rápido demais com os dois?

Beijos.


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Notas finais do capítulo

Boa noite.



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