Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 25
Dois raios caem duas vezes no mesmo lugar


Notas iniciais do capítulo

oioioioioio
To tentando postar esse capítulo há horas, mas a bosta da ferramenta de texto do Nyah não queria colaborar...
OBRIGADA PELOS 200 COMENTÁRIOS, MEUS AMORES! SÉRIO, FIQUE TÃO FELIZ E ANIMADA! VCS SÃO DEMAIS, OBRIGADA POR TUDO.



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– Que tal a casa da Vovó? – sugiro contendo a animação, olhando o mapa dos Estados Unidos aberto em cima da cama. O fim da tarde está frio e mórbido, e depois que informei a ele sobre a horda do cruzamento, meu pai deseja sair daqui o mais rápido possível.

Estamos na casa há quase uma semana, abusando da sorte demorando tanto tempo. Shane já está bem melhor, sem febre e capaz de se virar sem precisar de ajuda. Não temos nos falado muito após a discussão de dois dias atrás, e o clima está definitivamente estranho.

– Lá deve estar infestado – diz, negando.

– Mas mamãe pode ter ido para lá! – insisto, e pela sua expressão sei que ele duvida. – Por favor, sabe que é nossa única chance de encontrá-la.

– Nem pensar, Emma – fala, e sinto a frustração dentro de mim. – Vamos seguir para o leste.

Murmuro alguma coisa indecifrável com raiva, infeliz por ter sido contrariada. Papai espera que vivamos sozinhos pelo resto da vida? Não tentaremos achar ninguém?

– Partiremos amanhã, vá arrumar suas coisas – ordena Shane, O Mandão antes de dobrar o mapa e guardar em sua mochila.

Saio do quarto batendo os pés, deixando clara toda minha insatisfação na minha careta. Shane está começando a se comportar como um típico pai chato, e isso com certeza não é legal.

– Pare de agir como uma criança mimada, Emma. Sabe que isso é para seu bem.

– Mimimi, pare de agir como uma criança e obedeça ao senhor razão – retruco sozinha enquanto desço as escadas, imitando sua voz.

– Eu ouvi isso, garota – ouço seu grito do andar de cima, e me limito a soltar um risinho.

Caminho até o sofá, onde a mochila que usei para ir até a farmácia está. Ando pela casa recolhendo todas as coisas que podem ser úteis, incluindo o xampu e dois sabonetes novos. Quando termino o dia já está em seus últimos momentos, e noto que não vi papai desde aquela hora.

– Pai? – chamo subindo as escadas.

Entro no quarto sem obter respostas, e encontro-o parado em frente à janela. Ele está usando as roupas do antigo morador, que serviram nele perfeitamente. Seu cabelo já está começando a crescer novamente, deixando uma sombra escura em sua cabeça.

– O que foi? – pergunto indo até ele. Olho o bairro lá fora, tudo abandonado como sempre.

– Eles estão vindo. – Não compreendo o que ele diz até notar as figuras que se movimentam na outra rua – visível daqui graças a altura –, iluminadas pela luz alaranjada do crepúsculo.

– Ah meu Deus! – sussurro sentindo o pânico se infiltrar gradativamente em minhas veias. A enorme horda que antes estava no cruzamento caminha em direção a nós, lenta e incansavelmente.

– Precisamos sair daqui – Shane coloca em palavras o que eu estava pensado. Ele sai do quarto correndo, e apresso-me em segui-lo tentando me controlar e não cair da escada.

– Não é perigoso sair à noite? – pergunto insegura, pegando minha faca e ajeitando-a no coldre. Pergunto-me se serei capaz de usá-la novamente caso precise.

– Se eles entrarem no beco a gente morre. – Essas palavras são suficientes para me convencer a correr, e quando noto já estamos do lado de fora da casa, prontos para entrar na floresta nos fundos.

– Cuidado – Shane alerta, adentrando na mata. Sigo-o bem de perto, perguntando-me o quão bravo ele ficaria se eu pegasse em sua mão.

–----------- ↜ ↝ -------------

Andamos por um bom tempo, horas, já que o dia está começando a clarear. Não tivemos grandes imprevistos, só algumas vezes quando um infectado solitário e barulhento aparecia. Shane me incentivou a matá-los, e creio que me sai bem; tirando o último, que me derrubou e papai foi obrigado a matar.

O medo deu lugar ao tédio, e agora ele me domina por completo. Tento achar algo interessante para olhar, mas a escuridão ainda predomina. Ouço o pio de uma coruja, e procuro-a por entre as árvores, fracassando.

– Será que terá neve esse ano? – questiono para papai, que ao contrário de mim permanece com o olhar fixo em sua frente. Observo distraída o vapor branco saindo de minha boca quando falo, brincando com ele.

– Acho que sim, está mais frio que o normal – responde, dessa vez olhando para o céu azul acinzentado. Ele está pensativo, e terrivelmente quieto durante toda a viagem. Encaro-o por alguns segundos, curiosa.

– O que aconteceu naquela noite, pai? – finalmente pergunto, ainda fitando-o. Ele me olha rapidamente, surpreso pela pergunta que o pegou de baixa guarda.

– Não é algo que você ficaria feliz em saber, querida. – Franzo as sobrancelhas, confusa pela sua voz séria.

– Por quê? – Ele demora algum tempo para responder.

– Porque eu matei uma pessoa, e teria matado outra se não tivesse levado aquela facada. – Assusto-me por ele ter sido tão direto, e sinto meus olhos arregalarem.

– Quem você matou? – pergunto baixinho após alguns segundos, tentando não demonstrar o quanto fiquei assustada.

– Randall.

– Mas iam matá-lo, não iam? – digo, lembrando-me de Dale tentando convencer as pessoas a fazer o contrário. Dale e papai nunca se deram bem.

– Não o matei por isso – informa, ainda olhando para frente. Ele demora alguns segundos para completar a frase. – Eu queria atrair Rick.

– Por que queria fazer isso? – minha voz não passa de um sussurro agora.

– Porque queria matá-lo. – Quando ouço suas palavras estanco no lugar, no meio da floresta solitária. Olho a figura de papai, que agora parece maior contra a luz do alvorecer, vendo todos os sentimentos conflituosos em seus olhos castanhos. Não tenho certeza se neles há o arrependimento. – Por favor, entenda! Eu estava louco; louco por Lori estar esperando um filho meu, louco por Rick estar fazendo tudo errado...

Vejo-o desabar em silêncio, as lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto enquanto ele encosta-se em uma grande árvore, agora sem folhas devido ao outono recente. Sinto que ele está sendo sincero comigo, mas isso não ameniza o quanto fiquei surpresa pela resposta. Nunca iria imaginar que papai queria matar seu melhor amigo.

– Rick acha que estou morto – diz quase para si mesmo, em uma voz amarga. – E Carl também.

– Carl viu? – questiono chocada. Várias coisas nessa história são erradas; em que universo papai e Rick iriam tentar se matar?

– Ele teria atirado em mim se aquela manada não tivesse chegado – em sua voz há tristeza, e ele encara um ponto qualquer. Sinto uma pontada dentro de mim quando ele diz isso, pensando em Carl atirando em meu pai. Shane observa minha reação atento, e tenho certeza que ele percebeu alguma coisa.

– Eu disse que não iria gostar de saber que seu pai é um monstro – sussurra, ainda no mesmo lugar. Há uma pequena distância entre nós, e parece que minha cabeça vai explodir. Sinto meus lábios tremerem enquanto olho para meu pai, perguntando-me o quanto minha visão sobre ele mudou.

– E-eu preciso ficar sozinha – gaguejo confusa, igual aos meus pensamentos. Ele me olha e vejo a dor em seus olhos, e me sinto pior ainda.

– Não vá muito longe – alerta, e sei que ele não quer me deixar agora. Forço meus pés a se colocarem em movimento, me levando para longe da árvore onde Shane permanece.

Ando por alguns minutos, e quando sinto que não posso dar sequer mais um passo, desabo no chão cheio de folhas. Arrasto-me até uma árvore qualquer e me sento, puxando meus joelhos até meu peito, abraçando-me como uma bola.

Meu pai é um monstro. Shane matou Randall. Shane tentou matar Rick. Rick tentou matar Shane. Carl teria matado papai se pudesse. Shane está vivo por algum motivo misterioso. Eu estou viva por um motivo misterioso. Mamãe pode estar morta. Todos podem estar mortos. Carl teria matado meu pai se pudesse. Eu vou morrer. Todos vão morrer. Eu estou louca. Meu pai é um monstro.

Todos esses pensamentos passam pela minha cabeça enquanto faço movimentos para frente e para trás, tentando organizá-los. Sinto as lágrimas escorrerem livre e silenciosamente pelo meu rosto, pingando em minha calça jeans. Fico assim por longos minutos, minha respiração se acalmando cada vez mais.

Então o cheiro – o pior e mais comum cheiro do apocalipse – invade minhas narinas, tirando-me dos meus devaneios. Levanto-me em alerta, pronta para voltar para onde Shane está.

– Fuja para a casa da sua vó, Emma – ouço o grito de papai em algum lugar na floresta, e todos os sentimentos conflituosos dentro de mim somem momentaneamente.

– Papai? – chamo de volta em desespero, correndo pela direção que vim. Ouço os gemidos, agora audíveis pela proximidade.

Paro há alguns metros do local onde papai estava, vendo somente os infectados por entre as árvores agora. Eles são numerosos de mais para lidar apenas com uma faca. Procuro pela figura de papai com os olhos, não vendo nada além de rostos em decomposição. Ouço barulho de tiros, longe o suficiente para o som não causar dores nos meus ouvidos, e me sinto melhor por saber que Shane ainda está vivo.

Assusto-me quando vejo um rosto podre virando em minha direção, vendo que ele não possui mais a arcada dentária inferior. Viro-me e começo a correr na direção oposta o mais rápido que consigo, tropeçando falhamente em um galho encoberto pelas folhas.

Lembranças do dia em que fugi da fazenda me invadem, graças à semelhança com minha realidade. A frase “Dois raios não caem duas vezes no mesmo lugar” é, com certeza, falsa.

Corro por entre as árvores, sabendo que sairei na rodovia em breve. Talvez lá não seja um lugar tão bom assim; todavia é o caminho mais fácil para ir até à casa de vovó, onde Shane mandou-me ir. Espero que ele esteja lá, e que eu consiga chegar.

Olho para trás mais uma vez, vendo as várias figuras em decomposição me seguindo há alguns metros de distância. Pela quantidade, nem todos me seguiram. Faço uma curva brusca, sentindo meus pulmões começando a arder. A falta de sono com certeza não está me ajudando, mas não deixo a desesperança me tomar.

Sinto algo me prendendo, e quando olho desesperada para trás noto apenas que minha mochila se prendeu em um galho baixo. Suspiro aliviada, sensação que dura pouco quando percebo que estou demorando de mais para soltá-la.

– Merda – praguejo baixinho, perguntando-me se terei que deixar mais uma mochila para trás.

– Ei! – sussurra uma voz acima de mim, sobressaindo os barulhos dos mortos.

Olho para cima assustada, vendo uma pequena construção de madeira alojada em cima da árvore que a mochila se prendeu. Ouço os gemidos cada vez mais próximos, e finalmente consigo soltar minha mochila.

O dono da voz jogou uma longa escada de cordas e madeira em minha direção, e hesito por alguns segundos antes de agarrá-la e começar a subir.


Who is the betrayer?
Who's the killer in the crowd?
The one who creeps in corridors
And doesn't make a sound


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Quem é o traidor?
Quem é o assassino no meio da multidão?
Aquele que se arrasta nos corredores
E não faz som algum
(Florence And The Machine – Heavy In Your Arms)

~Cara, esse trecho combinou tanto com o capítulo... Amei forte.

O que acharam? Quem acham que é? Suspeitas? Sugestões para os próximos? Sorvete?

Pergunta de hoje: Quem é o homem mais bonito que vocês conhecem? (no próximo será a mulher ehueheuhe)
Minha resposta: Robert Pattinson. Sim, sou fã de Crepúsculo, mas aquele homem é realmente um deus!

Enfim, espero que tenham gostado.
Beijoss!