Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 18
Sentença de Morte


Notas iniciais do capítulo

Oi tesouros, como estão?
Queria agradecer a linda da Claire, que fez uma recomendação maravilhosa e me deixou feliz pelo resto da vida. Muito obrigada, de verdade!!



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Observo as árvores passarem rapidamente na paisagem lá fora, se tornando um único borrão verde. De vez em quando alguém tenta puxar algum assunto, principalmente Glenn, mas todos estão apreensivos demais devido ao Randall para dar continuidade à conversa.

Ouço o barulho baixo do motor da moto de Daryl atrás de nós, e imagino que ele esteja feliz por finalmente ter buscado seu xodó. Com certeza foi difícil para ele ter que abandoná-la, mesmo que somente por um dia, a fim de salvar mamãe. De qualquer forma não é como se os infectados fossem roubá-la.

A fazenda surge no horizonte enquanto Daryl nos ultrapassa. Dentro de alguns minutos estacionamos, e obrigo-me a sair do carro, aliviada por chegar em casa. Lori é a primeira que vem a nosso encontro, com uma expressão claramente transtornada, provavelmente devido ao sumiço do filho.

– Carl! – sua voz é tão aliviada que chega a doer. Ela o abraça, e nossos olhares se cruzam. Por um momento penso que ela poderia estar com raiva de mim por ter levado seu filho para o mau caminho, mas apenas há simpatia em seus olhos azuis.

– Minha mãe já acordou? – pergunto, e ela apenas assente com a cabeça. – Vou lá vê-la. – Lanço um último olhar para Carl, em uma despedida silenciosa.

Avanço rapidamente pela entrada, ansiosa e hesitante por saber que em breve receberei uma bronca de mamãe. Olho para trás uma última vez, vendo os homens reunidos enquanto Daryl caminha em direção ao celeiro. Fico apreensiva quando a isso, e me pergunto se ele está indo matá-lo. Provavelmente não.

Entro pela porta da frente, vendo Hershel e Carol. Pergunto a eles sobre minha mãe, e descubro que ela continua no quarto. Agradeço e continuo meu caminho pelo corredor, parando e batendo na porta educadamente. Ouço a voz de mamãe concedendo minha entrada, e torço a maçaneta.

– Ei, filha! – ela exclama ao me ver. Com certeza ela não sabe o que eu fiz hoje. – Como passou de ontem?

– Bem – digo evasiva. Olho preocupada para ela, que continua com o curativo na cabeça e as escoriações marcando sua pele. – E você? Está melhor?

– Oh, sim! Os remédios e os cuidados de Hershel estão fazendo efeito. – Mamãe sorri satisfeita, ainda sentada na cama. Localizo um livro ao seu lado, com um marca páginas demarcando o meio. Ela percebe a direção do meu olhar, e esclarece minha dúvida. – Dale me emprestou.

Murmuro um simples “ah”, surpresa por ainda existir livros. Ou tempo pra ler.

– Quando vai poder sair? – questiono, olhando o pequeno quarto. Claramente adiando meu propósito de ter vindo aqui.

– Amanhã ou depois – responde desgostosa. – Estou me sentindo um animal engaiolado!

Rio com sua comparação, estranhando sua versão falante. Imagino que ser uma inválida, mesmo que apenas por uns dias, não é uma coisa agradável para uma mulher como mamãe.

– Conseguiu meu taco? E as fotos? – pergunto levemente ansiosa. Mamãe sorri, como se esperasse essa pergunta.

– Maggie os colocou em nossa barraca – informa. – Pode ir lá vê-los, se quiser.

– Depois eu vou – falo. Hesito por um momento antes de dizer a próxima frase. – Tenho que te contar uma coisa.

– O que aconteceu? – pergunta preocupada. – Alguma coisa com Cassie, Seth ou Sam?

– Eles estão bem. – Maddison me encara confusa, esperando que eu continue.

Aguente as consequências, Emma, digo para mim mesma ao ver que estou fraquejando. Respiro fundo, e começo a contar. Falo tudo rapidamente, omitindo algumas partes, como o fato de eu ter esquecido minha arma. Não sou corajosa nem sincera a esse ponto.

– Desculpe... – murmuro ao terminar, abaixando a cabeça.

– Você sempre se desculpa, mas sempre faz a mesma coisa depois! – esbraveja após alguns segundos em silêncio. Ela faz uma careta de dor pelo esforço, e a culpa me invade por saber que eu sou o motivo dela sentir isso. – Quando vai aprender que esse mundo não é mais o mesmo, Emma? Você não pode sair por ai aprontando como se tudo fosse como antes, porque não é. Vai ter uma hora que não vai ter ninguém para te proteger, e você vai acabar morrendo.

Fico assustada com suas palavras duras, e sinto lágrimas pinicarem em meus olhos. Ouso olhar para ela, e sua expressão oscila entre a raiva e a decepção.

– Eu já cansei dessas suas “aventuras” inconsequentes. – A animação e a alegria de antes sumiu totalmente de sua voz. Sinto meus ombros murcharem, o fracasso pesando em meus ombros. Principalmente por saber que ela tem razão.

Não encontro palavras para dizer a ela, e decido que é melhor eu ir embora. Caminho até a porta, olhando uma última vez em sua direção antes de abri-la. Ela não olha para mim, mas vejo pela sua postura que ela está triste.

Saio do quarto, fechando a porta atrás de mim. Fico remoendo suas palavras, talvez até um pouco magoada por mamãe ter sido tão dura. Resolvo sair e andar, como sempre faço em momentos assim.

Atravesso a sala, que agora está vazia, saindo no alpendre. Localizo Sam sentada em uma pequena cadeira à minha direita, ocupada demais limpando sua arma para notar minha presença. Opto por sair de “fininho”, nem um pouco animada para conversar.

– O que aconteceu? – ouço sua voz atrás de mim quando começo a descer as escadas. Claramente estava enganada. Sam presta atenção em absolutamente tudo.

– Nada – murmuro, virando meu rosto em sua direção. Ela arqueia uma sobrancelha, deixando claro que não é o que parece. Finjo não notar isso e começo a andar novamente.

Quando penso que ela desistiu – uma conclusão tremendamente errada –, sua figura surge ao meu lado. Samantha começa a andar junto comigo, guardando a pistola no coldre em seu quadril.

Suspiro derrotada depois de alguns minutos caminhando em silêncio, e começo a falar. Desabafo com ela, contando tudo. Ouso até falar sobre meu momento com Carl, contando coisas que sequer havia admitido para mim mesma. Como o fato de eu ter gostado da companhia dele.

– Você gosta dele! – exclama após eu terminar, sua voz entre a surpresa e a animação.

– Claro que não! – retruco incrédula. – Carl é apenas meu amigo; provavelmente o único que eu tive em toda minha vida.

– Certo – ela responde, não fazendo questão de esconder o quão descrente está. Reviro os olhos, pensando em como alguém pode chegar a uma conclusão tão ridícula.

Continuamos nosso caminho, dando a volta completa ao redor da casa. Vejo Dale caminhando, com sua fiel espingarda nas costas, frequentemente parando perto de alguém para conversar.

– O que ele está fazendo? – questiono, não entendo o motivo disso.

– Está tentando convencer as pessoas a manterem Randall vivo – responde. – Ele tem até o anoitecer.

Olho para Dale mais uma vez, chegando à conclusão que é uma atitude nobre.

– Dale falou com você? – Ela concorda com a cabeça. – E você está do lado dele?

– Não.

– Por quê?

– Pessoas como Randall e o grupo dele merecem morrer – responde fria. Fico surpresa com essa opinião, algo que nunca imaginei vindo de Samantha.

– Por que acha isso?

– Foi por causa de pessoas assim que minha ex-namorada morreu. A amiga de Atlanta – esclarece amarga. Encaro-a ressentida, triste por essa informação. – Eu vi tudo, sem poder fazer nada.

– Eu sinto muito – sussurro, segurando sua mão.

– Eu também.

Caímos mais uma vez na quietude, sempre andando. O Sol está começando a abaixar, grande e laranja no céu azul amarelado.

– Como ela era? – pergunto antes que possa me controlar. É tão raro ver Sam contando algo tão íntimo, que a curiosidade é maior.

Ela demora um tempo para responder, provavelmente decidindo se é uma boa ideia.

– Ela era o oposto de mim, tanto na aparência quanto na personalidade. Kyle era extrovertida, não se importava nem um pouco com o que as pessoas achavam dela – responde, e um pequeno sorriso brinca em seus lábios. – Essa era a coisa que eu mais admirava nela. Fora o cabelo rosa.

Rio com isso, imaginando como Sam pode se apaixonar por uma pessoa tão diferente. Talvez a tese de que os opostos se atraem seja verídica, afinal.

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O anoitecer finalmente chegou, e os adultos começam a se reunir para decidirem o final de Randall. Pela expressão de Dale imagino que ele não tenha tido sucesso em sua missão, principalmente depois de descobrirem que o grupo de Randall provavelmente causou o acidente de mamãe.

Lori pediu que ficássemos – Carl, Cassie e eu – junto com Seth, nossa nova babá. Foi bem difícil convencer a mim e a Carl disso, já que ambos estávamos crentes que veríamos a discussão. Mas no fim acabou sendo bom; eu não quero participar da sentença de morte de um homem.

No momento nós quatro estamos no andar de cima, impossibilitados de ouvir qualquer coisa daqui do quarto. Cassie fica cantarolando uma canção qualquer enquanto fita suas unhas, Seth nos observando ou tentando puxar conversa e eu desenhando.

Carl fica andando pelo quarto, olhando pela janela frequentemente. Ele parece distante e agitado, e não consegui arrancar dele o motivo disso.

Concentro-me no desenho, que não possui forma concreta. Pode ser uma cidade abandonada ou simplesmente um amontoado de rabiscos e formas. Tudo depende do observador. Cassie optou pela segunda opção.

– Ah, cale a boca e continue a latir essa merda de música – retruco insatisfeita pela crítica.

– Agora a Senhora Sinceridade se ofende ao ouvir a verdade? – pergunta sarcástica. Reviro os olhos exageradamente, fazendo uma cara de desprezo.

– Vamos parar com a briga? – Seth chama nossa atenção. Ele sempre foi nosso intermediador, nunca ficando do lado de ninguém. Talvez seja por isso que ele seja uma ótima babá.

Cassie volta ao que estava fazendo anteriormente, começando a cantarolar uma nova música. Quando ela olha novamente em minha direção, faço questão de dar-lhe a língua. Ela bufa raivosa, me ignorando. Sorrio com isso, desviando o olhar e focando em Carl, que está olhando lá embaixo pela janela.

Levanto-me da cama onde estava, indo em sua direção. Paro ao seu lado, encarando a mesma coisa que ele. Vejo Dale e mais algumas pessoas saindo pela porta, e suponho que a decisão tenha sido tomada.

– Vou lá – Carl informa, já indo em direção à porta. Seth tenta protestar, porém Carl não dá ouvidos.

Decido descer também, não aguentando mais ficar no quarto. Desço as escadas e saio na sala, onde algumas pessoas ainda permanecem, conversando ou simplesmente em silêncio. Vou até Lori, que é a pessoa mais perto de mim, não controlando minha curiosidade.

– Randall vai ser morto? – Essa pergunta a assusta um pouco, talvez por eu ter usado palavras tão claras. Arrependo-me disso por um momento quando percebo que ela hesita em responder, mas enfim ela concorda com a cabeça.

– É o melhor a ser feito.

– Eles irão fazer isso agora?

Antes que Lori possa responder minha pergunta, gritos agoniados irrompem à noite. Todos entram em estado de alerta, procurando pela origem deles. Saímos pela porta correndo, meu coração se apertado ao ouvir as pessoas chamando por Dale enquanto os sons de desespero continuam.

Começo a correr pelo pasto escuro em direção aos gritos, que ficam cada vez mais altos devido à proximidade. Ouço a voz de Daryl chamando-nos, provavelmente tendo o encontrado. Avanço até o amontoado de gente, chocando-me com a cena que se passa em minha frente.

O nobre e justo Dale ali, deitado no chão com o abdômen aberto revelando seus órgãos internos. Seus gritos se transformaram em murmúrios de dor, e minha visão começa a embaçar devido às lágrimas. Ouço Hershel dizer que não há possibilidades de salvá-lo, dando a sentença final.

– Ele está sofrendo, façam alguma coisa! – implora Andrea aos prantos. Daryl pega a arma da mão de Rick, mirando-a na cabeça de Dale. Ele hesita por um pequeno momento, encarando os olhos suplicantes do homem no chão.

– Desculpe, irmão. – Então o tiro ecoa pela noite.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?? Opiniões para o próximo? O que esperam da 'season-finale'? Mortes? Sugestões/pedidos?

Pergunta de hoje: Que música estão ouvindo agora? (criatividade mandou beijos)
Minha resposta: Supremacy, do Muse.

Kyle: http://4.bp.blogspot.com/-jxiO9vYmIPQ/TcB_wrfPS5I/AAAAAAAAEgg/MfcivRWa2YY/s1600/c+1.jpg

Beijos e até os comentários!!