Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 16
Ponto em comum


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde galerinha radical e maneira! Prontos para mais uma aventura?
Enfim, demorei mas cheguei.
Boa Leitura!!



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– Por favor! – insisto mais uma vez, puxando o braço de papai enquanto ele caminha em direção ao trailer de Dale. Estou implorando para ir à procura dos atropeladores de mamãe desde que descobri que Rick e os outros iriam, mas isso está se tornando quase impossível, já que ser irritante e insistente não funciona com papai.

– Emma, pela última vez: não! – ele diz impaciente. Incrivelmente eu consegui acabar com todo o bom humor de Shane em um pequeno período de tempo, e olha que ele estava realmente muito feliz.

– Eu quero usar minha arma nova! – digo com uma voz infantil, como uma criança querendo usar o novo brinquedo.

Quando acordei fui surpreendida por Shane me presenteando com minha primeira arma de fogo. Fiquei totalmente sem reação, e cheguei a pensar que era uma pegadinha. Papai disse que conversou com mamãe ontem à noite e eles chegaram a um consenso de que isso é o melhor para mim. Não tive oportunidade de perguntar a ela sobre isso, já que ela simplesmente apagou ontem e não acordou até agora.

– Emma, vá procurar alguém para encher o saco e me deixe em paz – Shane diz, dando a sentença final. Até teria sido algo grosseiro de se dizer, mas nossa relação sempre foi assim, então apenas fico frustrada por não conseguir o que quero.

Saio do trailer pisando com força no chão, como sempre faço quando estou emburrada. Olho para o céu, tendo que tampar os olhos com a mão devido à alta luminosidade. O Sol está forte, apesar de não ser nem onze horas da manhã ainda.

Olho um pouco mais além e vejo Carl sentado nas escadas em frente à porta da sala. Sigo o conselho de papai e me aproximo dele, sentando-me ao seu lado. Ele permanece com o olhar fixo em algo nas cercas, e seu semblante está carrancudo igual ao meu.

– Que mundo injusto, não é mesmo? – pergunto num suspiro.

– Com certeza – murmura, deixando claro que compartilhamos da mesma situação. – Shane não deixou?

– Não, e Rick? – pergunto encarando o mesmo ponto na cerca que ele. Uma coisa totalmente sem graça para se olhar, igual à perspectiva de nosso dia.

– Não.

Desvio os olhos de nosso ponto em comum, e observo Rick e Glenn colocando coisas no porta-malas do carro que usarão para ir ao vilarejo. Uma ideia ­– que particularmente achei fantástica – surge em minha mente com essa cena, e quase posso ver uma lâmpada acendendo em cima de minha cabeça.

– Já sei! – Olho para Carl no mesmo momento que ele olha para mim. Fuzilamos um ao outro com o olhar por um momento antes de começarmos a rir. Pelo visto ele estava olhando a mesma cena que eu. Maldito ponto em comum.

– Será que dará certo? – ele pergunta controlando a animação.

– Não saberemos se não tentarmos – digo, um sorriso surgindo em meus lábios. Olho mais uma vez para o carro, onde Daryl está conversando com Rick. O dia não está lá tão mal assim agora.

–------------ ↜ ↝ -------------

O plano é simples: entrar no porta-malas sem ninguém nos ver e ir com eles ao vilarejo. Tivemos pouco tempo para arquitetarmos direito isto, já que eles iriam partir em breve, mas acredito que estamos preparados.

– Vamos, eles já estão indo se despedir! – Carl avisa, começando a correr até o carro.

Acompanho-o de perto, olhando em volta para ver se não há ninguém nos observando. Sinto-me dentro de um filme de espiões, e quase posso ouvir aquela típica musiquinha ao fundo.

Rick, Glenn, papai e Daryl finalmente entraram na casa, provavelmente para se despedir das pessoas. Preferimos não comunicar a ninguém sobre nosso plano, pois isso seria arriscado. Nunca sabemos se a pessoa é mesmo confiável.

Carl abre o porta-malas, que nunca está trancado, e começa a entrar. Faço o mesmo, a tempo de ouvir a voz deles se aproximando da entrada da casa. Puxo a porta e a fecho, deixando o pequeno espaço que é o porta-malas escuro.

– Merda, aqui é minúsculo! – praguejo, tentando achar uma posição confortável, mas que somente resulta em minha cabeça batendo no “teto” baixo.

– Pare de reclamar, eles vão nos ouvir – ordena ele, e obrigo-me a ficar quieta. Não porque Carl pediu, mas sim porque eles estão se aproximando.

Ouço os passos do lado de fora, e a voz de Lori e de Maggie se despedindo dos homens enquanto eles entram no carro. Portas são fechadas e logo sinto o carro começando a se mover.

Um feixe de luz entra pela fresta da porta, iluminando parte do rosto de Carl, que está sentando em minha frente. Um sorriso enfeita seu rosto, e automaticamente sorrio também.

– Você é a primeira pessoa que concorda com algo que eu proponho – sussurro para ele. Sua cabeça está levemente inclinada para a esquerda, a fim de não bater no teto.

– E seus amigos? – pergunta em voz baixa. – Os meus sempre aceitavam meus planos.

– Eu não tinha amigos – digo indiferente. Ele me olha confuso, como se essa possibilidade não fizesse sentido algum.

– Por quê?

– Acho que eu era estranha e chata demais para eles – respondo, encarando o chapéu de xerife em meus pés. Lembrar-me da escola é desagradável, e quase me sinto feliz por saber que eles estão mortos agora. Cruel, eu sei.

– Você é realmente estranha e chata, mas eu gostaria de ser seu amigo caso te conhecesse antes disso – diz, e olho-o surpresa. A sinceridade está clara em seus olhos azuis, e um sentimento estranho brinca dentro de mim.

Opto por ficar em silêncio após ele dizer isso, e não gosto da sensação de não ter palavras para responder.

–------------ ↜ ↝ -------------

Após um longo tempo adiando, não aguento mais ficar na mesma posição. Quase posso ouvir meus membros gritando por socorro. Tento mover minha perna, mas Carl está sentado por cima dela, o que resulta em mim a puxando com força, tentando resgatá-la de sua prisão. Consigo tirá-la de baixo dele em um soco, que faz com que meu corpo vá para trás com o impacto e atinja o teto com um pequeno estrondo.

– Merda, Emma! – pragueja Carl. Sinto o carro reduzindo a velocidade, e logo parando. Mil vezes merda.

Ouço as portas se abrindo, e o barulho dos sapatos contra o asfalto. O porta-malas é aberto de repente, e a luminosidade repentina faz com que eu não enxergue nada além do branco total.

Depois de alguns segundos piscando vorazmente, recupero minha visão, porém desejo não tê-lo feito. Shane e Rick nos encaram com expressões raivosas, enquanto Glenn e Daryl estão somente surpresos por encontrarem duas crianças no porta-malas.

– Mas que porra é essa? – grita Shane, encarando Carl e eu encolhidos. Nosso plano não foi além de entrar no carro, e não pensamos no que iríamos fazer quando parássemos. Mil vezes merda.

– Pai, me deixe explicar... – digo mesmo não tendo nada para ser esclarecido, já que está claro que eu o desobedeci.

– Carl, eu não acredito que você fez isso! – Rick esbraveja descrente. Carl se encolhe, provavelmente com medo da reação do pai.

– Gente, olha isso aqui! – Glenn chama a atenção de todos, interrompendo a bronca coletiva. Só então reparo que estamos no meio de uma rodovia, cercada de árvores e plantas. E em uma dessas árvores há um carro batido, provavelmente recente, já que há uma leve fumaça saindo pelo capô.

– Mas que p... – pragueja Daryl, indo em direção ao automóvel. – É o mesmo carro que atropelou a Maddison!

Desço do porta-malas correndo, sendo acompanhada por Carl, e vou em direção à árvore. Meus músculos protestam, mas ignoro isso. O carro é um sedan preto antigo e toda sua parte da frente se encontra amassada. Olho para dentro do carro, e vejo que há um homem desacordado no banco do motorista. Sua cabeça está amassada ao molde do volante, e isso com certeza quer dizer que ele está morto.

Desvio o olhar dessa cena horrível e acabo focando no grande buraco no vidro do passageiro. Assusto-me quando vejo um corpo no chão um pouco mais além do carro. O impacto fez com que o homem fosse lançado para fora do automóvel, já que provavelmente estava sem cinto.

– Há tiros nos pneus. – Rick nota observando-os, agora murchos devido aos tiros.

– Alguém queria que eles morressem – Glenn completa. Lanço um olhar a Carl, que também está surpreso por tudo isso.

– Quem? – pergunto, porém um barulho na floresta perto de nós chama a atenção de todos.

Por um milésimo de segundo pensei que pudesse ser a pessoa ou as pessoas que atiraram nos pneus, mas então um número cada vez maior de infectados começa a sair por entre as árvores perto de Daryl. Ouço Shane praguejar alto ao meu lado, enquanto Carl dá um passo para trás.

– Ali, no vilarejo! – Rick diz, apontando para a esquina onde é à entrada da pequena cidade.

– E o carro? – Glenn pergunta, ficando seu facão na cabeça de um infectado que antes fora uma idosa.

Procuro com a mão o coldre que deveria estar em meu quadril, mas só encontro o vazio. O desespero e o ódio de mim mesma começa a me dominar quando noto que não a trouxe. Como fui capaz de me esquecer de algo tão importante?

– Não conseguiremos passar por eles – responde o pai de Carl, começando a correr em direção à cidade.

Corro o mais rápido que consigo, minhas pernas protestando devido ao longo tempo paradas. Carl corre ao meu lado, com a mão em sua arma.

– Crianças, entrem em alguma casa e nos esperem lá!– Shane ordena, parando por um momento. – Iremos buscá-los assim que possível.

– E vocês? – pergunto, olhando para ele.

– Daremos conta deles – diz, começando a atirar em alguns walkers. Ele nos olha, percebendo que não movemos sequer um músculo. – O que estão esperando? Vão!

Respiro fundo, sentindo a adrenalina correndo em minhas veias. Puxo a mão de Carl, obrigando-o a me seguir em direção a uma rua cheia de casas de dois andares, provavelmente de um antigo subúrbio.

Corro até uma casa amarela, a mais próxima de nós, ainda arrastando Carl. Atravesso o jardim da frente, que agora está tomado pelas plantas daninhas, parando em frente à porta de madeira escura.

Olho uma última vez para trás, a tempo de ver uma nova manada chegando pela direção contrária à deles. Penso em gritar avisando-os, porém Glenn também a vê e comunica os outros. Eles começam a correr na direção oposta a nossa, provavelmente não querendo atraí-los para cá.

Meu coração se aperta ao ver papai indo para o centro da cidade, e meu lado sentimental implora para ir atrás dele. Vê-lo partindo de novo causa uma sensação ruim em mim, como a de quando fui à casa dele em King County e não o encontrei. Eu não quero perder meu pai de novo.

Se controle Emma, você precisa fazer o certo. Shane conta com você para isso, meu lado realista repreende-me, fazendo que eu volte à realidade. Sugo a maior quantidade de oxigênio que consigo para dentro dos meus pulmões, controlando minhas emoções.

– Vamos, Carl – digo com a voz firme. Ele continua olhando na mesma direção de antes, acompanhando com o olhar as quatro figuras se distanciando cada vez mais. – Eles ficarão bem.


So don't worry, don't worry
I'm here by your side
By your side, by your side
We're letting go tonight!


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Então não se preocupe, não se preocupe
Estou aqui ao seu lado
Ao seu lado, ao seu lado
Estamos nos libertando essa noite!
(Burn The Pages – Sia)


Então, o que acharam? Pedidos para o próximo?

Pergunta de hoje: O que vocês mais gostam na Emma?
Minha resposta: O fato dela não desistir, de sempre ter esperança.

Tentarei postar o próximo antes do Natal, mas se eu não conseguir já vou deixar desejado: FELIZ NATAL NEGADA! Tudo de bom, que o espírito natalino contaminem vocês e que permaneça até o próximo ano, deixando suas vidinhas cheias de amor e alegria, hihi. Que recebam muitas bençãos, saúde e presentes (futilidade é vida), e principalmente: sejam felizes e comam muito!

PS: Eu estava pensando em fazer um bônus em homenagem ao Natal e ao Ano Novo, mais especificamente um flashback. O que gostariam de ver nele???