O Colar do Parvo escrita por Marko Koell


Capítulo 64
O cofre de sete Chaves


Notas iniciais do capítulo

Mais alguns pra vocês!!!



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Ao abrir os olhos, me deparei com um imenso salão dourado, cheio de colunas e estatuas de guerreiros, de variadas posições, tamanhos e com variadas armas de guerra, desde espadas a rifles.

– O que foi isso? – eu perguntei a Marcelo – Eu estou seco! – eu disse espantado.

– Estamos entrando no cofre, onde esta a Taça dos Eruditos.

– Cofre? E entrar no cofre precisa passar por aquilo?

– Aquele é a chave!

– A chave?

– Sim, imagina se você visse um paredão de água e não sabe se ele pode cair a qualquer momento. Nesse caso eu sei, porque eu e Kauvirno a criamos.

– Que bom que passamos!

– Não, ainda não terminou!

– Como não? – eu estava incrédulo ao ouvir aquilo.

– É um cofre de sete chaves Kayo.

– Brincou?

– Não, e eu perco tempo com brincadeiras? – disse ele esbravecido – Vamos continuar.

Começamos a andar por aquele salão cheio de estatuas e eu logo perguntei o que poderia significar aquilo.

– Kayo, nem todas as passagens tem chaves, algumas tem provas a ser seguidas, outras estão la apenas por estarem.

– E essa é uma delas?

– Não!

Então uma estatua se mexeu, de um rapaz segurando uma espada e um escudo. Com sua forma dura, por ser feito de concreto, ele veio se aproximando de nos, com extrema dificuldade para caminhar. Logo mais perto da gente, todas as outras estatuas começaram a se mover, apontando suas armas para eu e Marcelo.

– Somos amigos! – disse Marcelo.

A estatua pareceu imóvel por um tempo.

– Vocês são feito de pedras, acham mesmo que se eu quisesse passar eu perderia meu tempo falando com você, soldado?

Marcelo era maluco, mas eu teria que confiar nele, ora, fora ele e kau que fizeram aquele lugar.

O soldado de pedra então virou-se e novamente ficou imóvel, assim como todos os outros.

– Se você visse uma estatua de pedra se movendo, qual seria a sua primeira atitude?

– Sendo um bruxo eu atacaria, se eu não fosse um, eu sairia correndo. – Marcelo riu.

– Sim, o medo do desconhecido sempre causa atitudes precipitadas. Enfrentar esses soldados seriam algo que daria bastante dor de cabeça. Vamos prosseguir, vamos para a terceira porta.

– E tem algo de novo la?

– Apenas o escuro.

Caminhando naquele salão dourado, vimos na outra extremidade uma portinhola, ao chegar nela, Marcelo a abriu e entramos. Estava tudo escuro.

– Vou trazer meu soldado de fogo...

– Não seja tolo, vamos caminhando as escuras mesmo.

– Mas eu não enxergo nada.

– Se criar luz nesse local, espetos saíram por todos os lados, nem mesmo com um feitiço de escudo você conseguiria se safar. Continue andando.

Achei a partir daquele momento não comentar mais nada, apesar seguir as orientações de Marcelo.

Logo a sala começou a ficar mais clara, com pontinhos que iam iluminando acima de nossas cabeças.

– Estrelas. – comentou Marcelo – Quarta sala, é através das estrelas que os antigos se guiavam, procuramos pela Estrela Polar, e então, iremos para o leste dela. Os outros caminhos certamente nos levariam para a Quinta Sala, no entanto ao leste da Estrela Polar, chegaremos em questão de segundos. Pelo Oeste leva-se oito dias.

Após Marcelo identificar a estrela nos viramos a leste e seguimos.

– Na próxima etapa, simplesmente não fale nada, apenas continue andando, sem mesmo olhar aos lados. Entendeu?

– Sim! Mas o que vamos encontrar la?

– Um Dragão. Obvio que não um de verdade, eles já morreram ha anos,este é uma replica imóvel. No entanto aquele é apenas para dar medo. Seu grito pode te deixar surdo, e o fogo, bem... sabe bem o que o fogo é capaz de fazer.

Logo a escuridão e as estrelas as nossas cabeças sumiram, dando em um lugar no alto de uma montanha descampada, ao longe víamos um grande vale que sumia no horizonte.

– Foi aqui que Kauvirno pegou a pena. – disse Marcelo.

Atrás de nos, tinha um grande buraco na rocha maciça, Marcelo indicou que iríamos entrar ali, e se nenhum som fosse feito, passaríamos sem grandes dificuldades para a Sexta Sala.

Ao entrar, tudo foi ficando escuro novamente, a diferença dessa para a outra sala é que nessa ouvia-se um som de respiração, alto e calmo. Aquela figura imóvel do Dragão parecia ser bem grande. Havia ossos por todas as partes, certamente algo apenas para amedrontar visitantes não desejados.

Chegamos então numa escadinha feita na rocha, subimos e nos deparamos com uma porta desenhada na parede da montanha. Marcelo retirou sua varinha do casaco e fez um movimento. Na porta, apareceu uma maçaneta de pedra, ao qual Marcelo abriu, dando origem a outra porta, e então ele retirou uma chave do bolso e abriu a mesma.

Do outro lado dessa porta tinha outra sala, essa pequena, não como a primeira. Nas paredes havia archotes por todos os lados, com o fogo imperando. E bem ali no centro numa coluna, tinha uma taça dourada, era ela. A Taça dos Eruditos.

– Chegamos! – disse ele.

– Pra que tudo isso, se no final você precisa de uma simples chave? – eu perguntei.

– Acha mesmo que alguém que não saiba esses segredos conseguirá chegar ate aqui?

A pergunta dele era pertinente, lógico que a resposta seria não.

Entramos e Marcelo fechou a porta, trancando-a. Fomos mais para o meio da sala, mas perto da taça. Parecia que ali, não havia ninguém.

– Eu acho que Kauvirno não esta aqui. – eu disse.

– Ele esta sim! – disse Marcelo, com certeza em sua voz.

– Não o vejo!

Marcelo retirou sua varinha e com um movimento rápido ela virou em seu costumeiro cajado. Com três batidas fortes no chão, a sala pareceu ganhar vida. Os archotes apagaram e no centro um imenso lustre se criou. Onde estava a Taça, virou-se um chafariz e em volta um lugar verde, com arvores, flores e orquídeas por todos os lados. Num dos bancos estava Kauvirno, isolado de tudo e pensativo. Nos fomos ate ele.

– Kauvirno, homem... fez algo errado, não acha?

– Como assim Marcelo?

– Espere, espere... Kauvirno esta estranho! – disse ele, preocupado.

Kauvirno continuava ali, com o olhar perdido, abraçado a Taça dos Eruditos.

Marcelo estralou os dedos e Kauvirno pareceu voltar daquele transe. Com um forte suspiro, ele começou a tossir, e de seus olhos saíram lagrimas.

– Onde estou? – disse ele.

– Na sala da solidão, meu caro.

– Como eu vim para aqui? – disse ele incerto – Eu acho que acabo de me lembrar... – disse tossindo mais um pouco – Eu encontrei com Melissa e Antonius na mansão... acho que eles usaram algum feitiço...

– Sim, estavam usando você. – disse Marcelo.

– Talvez. Eles comentaram antes sobre onde estava a Taça do Erudito, lembro-me apenas de ter jogado algo no chão e então eu vejo vocês aqui e agora.

– A pena, você jogou uma pena no chão, logo percebi que estaria aqui. Estamos preocupados com você, não tínhamos noticias suas, ficamos na casa de praia e somente hoje tomamos coragem para sair de la e vir te buscar.

– Fizeram bem, se tivessem vindo antes não me encontrariam.

– Como assim? – eu perguntei.

– Melissa e Antonius lançaram esse feitiço e tomaram minha mente, obvio que sabiam que eu tinha escondido a Taça, e provavelmente seria num cofre de Sete Chaves.

– O que não contavam é que a ultima sala, você só pode sair, se acompanhado. Vir sozinho causa solidão eterna, e você fica louco vagando por todo este vale. – disse Marcelo.

– Sim. Eles acharam que eu voltaria com a Taça, mas devem estar esperando por ela, até hoje.

– E quanto a não o encontrar, bem. Na quarta sala, na sala das estrelas, Kau costuma vir ate aqui pelo sul, leva exatos 3 dias para chegar ate aqui.

– E porque viria pelo sul se poderia vir pelo leste? – eu perguntei.

– Porque o leste cai na montanha do dragão, e lá tem passarinhos, pelo sul você chega a caverna, mas leva cerca de um dia para chegar ate a porta. – disse Marcelo, rindo – Um homem desse tamanho e ainda teme os pobrezinhos.

– Eu não vou responder Marcelo... ainda bem que me tiraram desse transe. Estou todo dolorido. E como vão as coisas? Kayo? Você esta bem?

Marcelo relatou os acontecidos durante esses quase quatro dias de sumiço de Kauvirno, inclusive sobre a morte de Carla.

– Pobre mulher! – disse ele – Espero que agora tenha seu merecido descanso.

Após Marcelo terminar de falar eu contei a ele sobre minha estadia nas terras dos elfos.

– Mas elfos, Kayo? Justo com eles? – disse ele, me indagando.

– Da maneira como fala, sinto que participa da idéia de muitos. Diga Kauvirno, qual outra participação da Espada na historia, você teria para me contar, que não seja essa?

Kauvirno ficou extremamente pensativo nesse momento, não dando uma resposta clara, pelo menos não a que eu queria ouvir.

– Kau, eu falei para Haldrer me procurar, assim que tivesse noticias, então se caso ele aparecer, por favor, seja gentil. – eu comentei com ele, já que ele simplesmente não dizia nada.

Eu percebi a total insatisfação dele, e de Marcelo, por eu ter posto os elfos nessa historia, mas o que eles não podiam negar, era que a ajuda deles, era mais do que necessária.

– Eles não vão interferir em nada, somente vão me trazer mais informações sobre onde podemos encontrar a espada.


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