O Colar do Parvo escrita por Marko Koell


Capítulo 17
A visita de "Alim"




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– Seu imbecil, idiota! – disse Matheus segurando meu rosto defronte ao dele.

– O que foi?

– Você sabe o que eu passei aqui? Você sumiu por mais de oito horas...

– Estou bem!

– Porque você fez isso meu filho? Aonde você foi? – disse meu pai.

– Espero que tenha boas razões para ter saído assim. – disse Kauvirno.

– Estávamos preocupados... – disse Nathan.

– Gente eu tenho noticias. Eu acho que eu sei onde os pais de Matheus estão.

– Como assim? – disse Matheus.

Todos se sentaram.

– Bem, eu fui até o bar de Alim...

– Não acredito e entrou lá sem disfarce? – indagou Adrian.

– E eu sei como se faz isso Adrian? Deixe-me terminar, sim? Eu sei que cheguei lá, pelo colar, eu entrei e começaram falar mal de nós, eram dois bruxos. Sabem do que houve hoje pela manhã. Alim foi muito educado, no entanto, me deixou várias vezes em dúvida.

“Ficou muito interessado no colar e se assustou quando eu disse que eu era o descente dos Taurinos. Logo pediu para todos saírem do bar e apenas eu fiquei. Encheu-me de perguntas e eu sempre evasivo, não sabia até que ponto eu poderia confiar nele. Eis que então ele pediu para que eu me escondesse novamente e Melissa surgiu junto com um homem que vestia uma longa capa e um capus, não soube identificar quem era. Ele disse que tinha ido ali pessoalmente convidar Alim para uma reunião que terá amanhã a meia noite numa tal Fenda Nebulosa. Provavelmente os pais de Matheus devem estar lá”

– Fenda Nebulosa? – perguntou Kauvirno – Não faço idéia de onde seja isso. O que Alim lhe disse?

– Nada. Ele não sabe onde fica essa tal Fenda Nebulosa.

– Uma pena!

– E tem mais, ele me perguntou algo sobre os artefatos. Os outros dois. Ele disse que Átimos apenas venera o colar e que não dá importância para a taça e nem para espada. É como se pra ele apenas o colar, ou seja, o poder, fosse necessário. Provavelmente ele deve ter oferecido a alguns de seus aliados a taça e a espada, assim que todos achassem o colar e o mesmo fosse entregue.

– Faz sentindo. Assim ele conseguiria qualquer um, e como eles estão sedentos por poder, fariam qualquer coisa para conseguir algo que lhes atribuísse isso. – concluiu Kauvirno.

– Sim! Exatamente isso que eu pensei.

Kauvirno pediu para que eu subisse, fosse descansar, pois logo iria amanhecer. Eu e Matheus subimos e deitamos nos colchões de ar, que estava com um delicioso lençol branco, cobertores e travesseiros.

– Eu não posso acreditar que você tenha feito isso! – disse Matheus incrédulo, olhando para o teto – Você realmente não tem noção do perigo que correu.

De fato, Matheus encarava tudo com mais facilidade do que eu. Talvez ele fosse realmente assim, e naquele momento eu estava me sentindo infantil, enquanto Matheus me repreendia pelo ato que eu havia cometido.

– A gente vai dar um jeito de encontrar meus pais, eu sei que vamos... só precisamos ter paciência. – dizia ele, balançando a cabeça.

– Desculpa, eu só queria acabar com o seu sofrimento. – eu disse, já com lagrimas nos olhos – Eu já não estou conseguindo ver riscos. São tantas as coisas que estão acontecendo por conta desse colar...

Matheus levantou e veio até mim, retirou o colar do meu pescoço e colocou ao lado do colchão. Então se ajeitou ao meu lado e me abraçou, não disse nada, ele apenas fechou os olhos e começou a me beijar.

Aquela noite foi mágica. Deitados um do lado do outro, sentindo o cheiro de Matheus aumentar cada vez mais, ele se aquecia em mim e sua respiração ia ficando cada vez mais tênue.

– Eu te amo! – sussurrava ele em meu ouvido, e eu dizia a mesma coisa.

Não tardou até que nossos corpos, naquela noite fria, se esquentassem de uma maneira tão harmoniosa e delicadamente excitante. Era como uma brisa que ia e vinha, soprando em nosso ouvido uma doce canção de amor. Daquelas que você chora e ri ao mesmo tempo. Uma canção linda que você jamais quer deixar de ouvir.

Amanheceu. O sol naquela manha forçava a brilhar em meio as nuvens. Eu fui recebido com um belo olhar, de amor e sedução.

– Os seus olhos pela manhã, são tão lindos. – eu disse.

– E você é única coisa que eu quero na minha vida! – disse ele.

Levantamos depois de alguns minutos abraçados. Descemos para o café da manhã. Nathan não me deu bom dia, estava bravo com alguma coisa. Adrian por outro lado sempre muito atencioso. Mais ao chegar à sala de visitas me deparei com uma figura já muito conhecida. Era Alim sentado no sofá, ao lado estava Kauvirno, os dois conversavam como grandes amigos.

– Oh, Kayo! Que bom vê-lo e saber que está em segurança.

– Obrigado, senhor Alim. – ele levantou para me cumprimentar.

– E você deve ser o famoso Matheus, o que fisgou o coração desse belo menino.

– Sim, prazer! – Matheus o cumprimentou também.

– O amor é realmente lindo, não entendo como existem pessoas que não aceitam o amor da forma como ele aparece. Por isso são infelizes, todos infelizes. Juram isso e aquilo, mais no final sempre são os mesmos. Os estrangeiros deveriam é reverenciar os bruxos, e aprender com eles. Se não houvesse tanto ódio para quem é diferente, talvez o mundo fosse um pouco melhor.

– Concordo plenamente com você Alim. – disse Kauvirno.

– Que bom, aceito mais um pouco desse chá. – disse ele a minha tia.

– Desculpa a pergunta, mas o senhor disse estrangeiro? – perguntou Matheus.

– Sim, é uma forma menos agressiva de chamar os não-mágicos. Imagina você numa lanchonete e dizendo para o amigo ao lado que um não-mágico é um atendente. Seria estranho! – disse ele rindo.

– Vamos Alim, pare de bancar o santo, o bom moço. Estamos entre amigos aqui, não precisa se disfarçar.

– Mais na frente dos garotos? – sussurrou Alim a Kauvirno.

– O que tem de mais? Já viram magia o suficiente para não se espantarem.

– Está bem, então!

Alim retirou de dentro da calça uma varinha e a sacudiu no ar, logo algumas sombras voaram diretamente para o seu corpo o cobrindo, deixando-o cada vez mais escuro, até que uma leve luz brilhou e daquelas sombras uma bela e estonteante dama surgiu. Seus cabelos dourados como o ouro, sua pela branca como um copo-de-leite. Seu cheiro era de flores.

– Prefiro você assim Alim. ­– brincou Adrian. Todos riram.

– Oh, por favor, menino! – disse ao menino com desaprovação – Desculpa Kayo não tinha como lhe contar. Meu nome é Camila, Mila, Alim!

Matheus parecia criança a cada magia nova que via. Eu já não encarava aquilo como surpresa, estava tudo ficando muito normal.

– Entendi, mais porque se passar por homem? – eu perguntei.

– É uma forma mais saudável de se manter escondida.

– E porque você se esconderia?

– Para ajudar o grupo. Kayo, eu e você temos uma ligação...

– Qual?

– Somos primos, pelos Taurinos é claro.

– Não entendi...

– Por parte de Marian, somos de graus distantes, mas ainda sim, primos. Meus pais morreram há muito tempo e apenas há pouco tempo vim a descobrir de fato quem eu era. Minha mãe era bruxa e meu pai um não-mágico. Kauvirno me achou, na verdade, e então eu entrei para o grupo. Como sou eximia em disfarce, acabei me enfiando naquele buraco lá em cima do monte, para trazer noticias sempre que possível.

– O que pretendo mudar em breve, minha cara. Aquele lugar é deveras perigoso para alguém como você. – disse Kauvirno.

– Primos? – eu disse ansioso – Nossa, eu tenho uma prima...

– Você não esta mais sozinho no mundo, meu filho. Tem uma família que te ama, uma prima poderosíssima. Amigos leais e alguém que te ama. – disse minha mãe – O que mais poder-se-ia querer nessa vida?

Talvez uma vida normal. No entanto naquele momento o que eu realmente queria era outra coisa. Não me sentir mal.

Meu estomago virou, e eu acabei vomitando, uma tontura repentina me fez cair no chão. Eu sentia que eu vomitava, meu corpo não aguentava mais, eu sentia gosto de sangue na boca. Tudo girou mais uma vez e antes que eu literalmente apagasse eu ouvir alguém gritar.

– Peguem o colar... rápido!

E então, tudo ficou escuro.


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