A Filha Original escrita por Zia Jackson


Capítulo 39
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Olá, esse é o penultimo cao, após ele terá mais um e depois o epilogo.
Aproveitem...



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Ao longo de todos esses anos eu fui forçada a fazer despedidas, talvez isso seja a segunda coisa que eu mais odeie ( a primeira é Perséfone).

– Você tem mesmo de ir? -Nico me pergunta

– Sim, eu tenho.

O garoto mexe na barra de sua camisa .

– Mas o chalé ficará vazio

– Não enquanto você estiver aqui.

– Eu não quero ficar sozinho naquela decoração vampiresca.

– É mesmo - falo- vai que um ser desses aparece por engano.
Espero a risada de Nico, mas ela não vem. Ele mais alguns semideuses estão reunidos perto da Atena Paternos que reluz com toda a sua glória .Elijah , Petros e eu estamos nos despedindo.

– Saibam que podem voltar sempre que quiserem - Percy diz

– Desde que você limpe o chalé... - Provoca Elijah

Não sei como, mas os dois meio-irmãos se deram muito bem, talvez sejauma forma de Elijah ver que a morte da irmã não acabou com a descendencia.

– Se cuidem - Fala Annabeth, enquanto esta abraçada com Percy.

O resto dos semideuses se despedem em meio a beijinhos e abraços. Cogito dar uma de Nico e gritar " não me toquem", mas me contenho.

– Serão sempre bem vindos aqui - Quiron diz, com seu corpo de corcel branco.

– Eu sempre sou bem vindo- Petros diz

Um esqueleto surge e da um tapa na cabeça dele ( não conte que fui eu quem invoquei).

– Vamos logo, raiozinho- Falo, ajeitando minha mochila.

Ele ri e, segundos depois, já estamos no carro dirigido por Argos.

– O acampamento parecia legal - Elijah diz

Ele está sentado ao meu lado direito , enquanto Petros está sentado no lado esquerdo.

– Eu sei, mas não é nosso lugar. - Falo

–Para onde vamos? - Ele pergunta

– Onde o vento nos levar. - Petros fala

– Pare de ser ridículo. Vocês viajarão de avião e eu pelas sombras . Nos encontraremos em Atenas e viveremos na minha casa.

– Nossa, que animador - O filho de Zeus zomba .

Olho pela janela, me dando conta de que já estamos perto do Central Park, pelo visto, passamos muito tempo conversando. O parque está lotado de casais alegres.

– Um dia seremos nós aí -Elijah sussurra

Suspiro, esperando que ele esteja certo.

– Para onde vamos agora? - Petros pergunta

– Para o aeroporto - Respondo - iremos comprar suas passagens.

O semáforo abre e Argos acelera o carro. Em pouco tempo, estamos na entrada do aeroporto.

– Isso é tudo? - Argos pergunta

– Sim. Obrigada por ajudar-nos

– Contem comigo sempre que precisarem.

Descemos do carro e adentramos no local, que como sempre, está lotado de mortais.

Se os seguranças acharam estranho o fato de três jovens estarem andando no meio de um saguão cinza, não demonstraram. Paramos em frente ao guichê de compra de passagens. O homem baixo e barbudo que nos atende apresenta resistência no começo, mas quando eu mostro as notas que foram cedidas pelo acampamento, ele nos vende as passagens. Suborno é errado, mas eu não tinha outra escolha.

O homem diz que o voo sairá em uma hora e nos entrega as passagens. Resolvo ir tomar um ar do lado de fora do local.

As portas de vidro se abrem automaticamente enquanto eu ando rapidamente para fora, preciso pensar um pouco. Um homem de terno risca de giz tromba em mim e acaba por derrubar parte de seu cappuccino nos sapatos, peço desculpas e finjo não escutar os xingamentos do homem.

Quando finalmente pareço estar sozinha, me sento no chão e encosto as costas na parede. Fico pensando sobre os dias no acampamento e sobre como as coisas mudaram rapidamente, perdida em devaneios, só percebo o perigo tarde demais.

– Sssinto cheiro de ssssemideussssa - O monstro sibila.

Me levanto, automaticamente transformando minha pulseira de cobra em duas facas com serra. Olho para meu redor, sem encontrar nada.

– Para cccima, menina

Olho para o teto.No meio das armações de metal se encontra uma dracaenae , a mulher com duas caudas de cobra. Ela está sem armadura, mas usa um arco e flechas.

Tento gritar para que Petros e Elijah me ouçam, mas mesmo que minha voz saísse seria em vão. A toda aquela distancia, eles não me escutariam.

– No passsssado, você matou uma amiga minha. Hoje, vim vinga-lá.

Lanço uma das facas, mas a mulher a desvia com a espada.

– Ah , doccce criança, será um prazer te matar.

Antes que eu consiga me mover, uma flecha passa zunindo por meus ouvidos. Sinto-me ser puxada para o chão.

– Ei, odeio pessoas que ficam mais altas do que eu! - Elijah berra.

Abro os olhos, ignorando os pontos pretos na visão. Elijah está a dois metros de distância, entretendo a coisa. Petros está se levantando ao meu lado, foi ele quem me empurrou e salvou-me da flechada.

– Eu também quero brincar de ser alto. - O filho de Zeus berra, quase me deixando surda - Mas antes, acho melhor você descer daí.

A dracaenae pula de sua posição inicial, aterrissando ao lado de Petros. Este, empunha sua espada e acerta um golpe na cabeça do monstro, por um segundo cheguei a pensar que estivesse morta, mas um sibilo ensurdecedor me prova o contrário.

– Vou matar vocêsssss

Ela atira um flecha em Petros, mas dessa vez eu a desvio com a espada recém transformada.

Outra flecha, outro desvio . Elijah corre e enfia a espada nas costas do monstro, mas esse não morre.

Ela tenta atirar uma flecha nele, porém este já está ao meu lado. Em segundos, somos três contra uma, a luta parece estar perdida. Petros vai até o monstro e quando abaixa a espada para mata-lo, uma flecha é disparada.

O segundo a seguir se passa tão rápido que acho difícil de descrever.

A flecha é mirada em Elijah,direto no coração. Sem pensar, me lanço na frente, deixando o metal perfurar minha barriga. A dor é horrorosa e aguda, como se meu ser estivesse sendo batido no liquidificador. Caio no chão com as mãos na barriga, sinto o sangue inundar até as juntas de meus dedos. Ouço Elijah gritar e Petros, um segundo depois, está ao meu lado.

– Ai meus deuses, o que foi aquilo? Você ficou maluca Katherine? - Elijah fala entre lágrimas.

– Ia... acertar... você - Falo com dor

Ele se abaixa e encosta o rosto em minha testa. Sinto suas lágrimas escorrerem por meu rosto.

Se eu já vi a morte muitas vezes? Com certeza! Como filha de Hades, eu a conheço melhor do que ninguém, só que pensar que isso está acontecendo comigo é esquisito. Como em uma ligação que fica ruim, sinto a minha alma se desprendendo do corpo, como seu eu fosse duas : A observadora e a que está vivendo a coisa. Aos poucos, a dor acaba e minha visão fica turva. Ouço ,como se estivesse abaixo d'água, um Elijah berrando coisas como "Você não pode ir" e "Não me deixe" no meio de soluços. Pelo canto do olho direito, vejo algo que parece ser Petros tentando conter o amigo, mas é em vão. Depois de mais um tempo, eu sinto minha alma se desprender, como se eu estivesse caindo em um merecido sono sem fim. De repente, nada mais importa. O que acontecerá a seguir eu sei de cor, penso em como será a vida de Elijah sem mim, ele com certeza encontrará outro alguém que o fará feliz. Durante toda a minha vida, eu desejei a morte, mas justo no momento no qual eu mais a temia ela bate na minha porta. Me lembro de uma frase que eu dizia :"sacrifícios são necessários" , agora ela faz um pouco mais de sentido. Vejo -me flutuando fora do corpo, no lugar onde eu estava antes, está um corpo pálido e sem vida. Acima dele um garoto chora desesperadamente, praguejando o mundo todo.

Depois de milênios solitários, quando eu finalmente achei que tudo estaria bem, minha vida teve fim. É como um presente que depois de um tempo vira uma praga.

Me sentia triste por Elijah, Mas eu estava feliz por mim mesma.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu sei que comprar passagens e viajar NÃO é fácil assim, mas entendam que é uma fic , eu não poderia fazer toda a parte burocrática no mesmo cap.
Sei que esse fim foi tosco, e sei que a cena da morte não foi emocionante, mas eu tentei fazer melhor. Infelizmente, o mundo não me ajudou nisso.



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