A voz do deusa ainda ecoava em minha mente.

Estar no tártaro já era ruim. Um dono muito bravo também era. Mas agora, eu me sentia uma inquilina com o aluguel atrasado.

Pisco os olhos e sinto a barriga roncar, de novo.

– Droga - murmuro

Continuo andando, não vou beber fogo até que seja extremamente necessário. Aquilo acaba me enfraquecendo , e isso é tudo o que não preciso.

Espere, o que acabei de ouvir foi um soluço?

– Tem alguém aí? - Pergunto, parecendo uma daquelas idiotas de filme de terror.

O soluço para, como se não existisse ninguém ali.

– Eu sei onde você está. Saia - falo, mesmo não sabendo

Uma cabeça olha para minha direção, assim que percebe que eu a vi, volta para o lugar de onde veio.

– Uma humana? - pergunto

Sério, eu esperava tudo. Menos uma humana.

– Por favor - Uma voz murmurou baixinho - Não me mate. Não sou uma ameaça

– Quem é você?

Vou andando até uma pedra e me abaixo, vendo uma menina ruiva e pálida que treme e se encolhe cada vez mais.

– Por favor, me deixe aqui

– Já disse que vou deixar. Mas me diga seu nome

– Lara

– Sobrenome?

– Lockwood

– Semideusa?

– Filha de Hipnos

– Olhe, não quero bancar a chata. Mas você não vai sobreviver a isto sozinha - digo, apontando para a frente, onde se estende o solo do tártaro

– Eu sei

– Como veio parar aqui?

– Eu tinha ido até os reinos de Hades em uma missão, meu amigo e parceiro de missão era filho de Hermes. Quando cheguei perto do tártaro, ele gritou. Me assustei e cai aqui.

– Ele está ferrado

– Com certeza

– Tenho que ir. Boa sorte - digo, me afastando

– Ei - ela protesta - Vai me deixar aqui?

– Eu mal te conheço

– Por favor, me leve

Respiro fundo. Por que as pessoas acham que eu sirvo de babá?

– Não vou ser sua mãe

A menina ficou mais pálida, como se tivesse visto um fantasma

– Você tem mãe. Certo?

– Um dia já tive

– Meus pêsames

Ela balançou a cabeça

– Levanta logo,ou vai ficar aqui

Ela se levantou. Seus olhos castanhos pareciam cansados demais para uma filha do sono.

– Veja se não desmaia - digo, tentando uma piada

– Não tem graça

– Eu sei

Ela olhou para o lado

– Para onde vamos?

– Segundo o mapa - falo- para frente

Começamos a andar

– Como sairemos daqui? - ela pergunta

– Sei lá.

Ela me olha, aterrorizada

– Sério, eu não tenho ideia - falo

De repente,o peso das palavras me atinge. Eu realmente não sei como sairemos, muito menos se sairemos.