Ally

—Malu? – Chamo ao entrar em seu quarto.

A garota estava deitada em sua cama tendo o fone em seus ouvidos, sua perna levantada na cabeceira da cama balançava conforme o ritmo que ela estava escutando.  Aproximei-me em pequenos passos, ao chegar à ponta de sua cama pulei em cima da morena lhe dando um susto.

—Sua maluca! –Malu exclamou arrumando os seus cabelos.

Sorrio me divertindo com aquilo.

—Finalmente saiu daquele sarcófago, achei que encontraria em alguns dias o seu corpo em decomposição. –Malu ironiza. Como resposta, dou língua.

—Pois é. Math foi falar comigo.  

Não demorou muito pra garota se levantar, fechar a porta e voltar a se sentar como se estivesse preste a ouvir o último capítulo da novela que ela perdeu.

Não sei se é de todas, mas sinto uma sensação ótima quando desabafo um acontecimento tenso da minha vida, com alguma amiga minha. É como compartilhar algo doce, sem você sentir receio de dividir.

Contei dês de o comportamento do Galego, até o momento em que ele confessou que discutiu com o Austin por está com ciúmes de mim com o loirinho. Eu sabia que era arriscado falar dessas coisas com a Malu, por ela também ser amiga do garoto mais importante da minha vida, e prima do garoto que de repente começou a mexer com os meus sentimentos. Mas, também era um alivio, eu sabia que por ela conhecer tão bem, quanto eu conheço os dois, a morena poderia me ajudar de alguma forma a controlar a situação.

—Ally, Math namora, você não pode fazer com que o cara se sinta atraído por você, já que você ta atraída pelo melhor amigo dele.

Por incrível que pareça, foi um choque de realidade ouvir isso. As vezes estamos tão fascinados pela adrenalina de sermos desejados, que esquecemos o que estamos colocando à perder.

—Ally... –Malu falava agora com calma. –Não é querendo está em algum lado, mas se for pra está, eu te aconselho a dar uma chance pro Austin. Eu sei que vocês se conhecem a pouco tempo, mas também sei que rolou uma química muito grande entre vocês dois durante esse dias.

Nada daquilo era mentira, pude apreciar ótimos momentos com o loirinho, e tive muitas demonstrações de carinho e gentileza por parte dele. Mas negar que a chegada de Math com a namorada não mexeu comigo, estaria dificultando as coisas ainda mais.

—O seu primo conquistou o seu lugar na minha vida, mas isso ainda não é o suficiente. E sei que o galego está namorando, e a quanto isso não irei fazer nada, apesar dos acontecimentos, desejo muitas felicidades. O problema é que ao mesmo tempo que quero dar uma chance ao Austin, alguma coisa acontece.

—Então faça algo logo, antes que algo mais aconteça.

Depois de alguns minutos falando com a Malu, despedi-me e segui para o meu quarto. Mas no fim do corredor, vi um fio de luz saindo da porta encostada do loirinho. Ao pensar no que a única garota da qual pude me abrir falou, segui naquela direção, assim tomando uma atitude antes que algo mais pudesse acontecer.

Com cuidado abri a porta com receio que pudesse fazer barulho. Na cama, o garoto de cabelos albinos dormia, podia ouvir claramente a sua respiração pesada. Aproximei-me de sua cama, ainda mantendo o cuidado de não fazer nada que pudesse o acordar.

Por alguns segundos fiquei parada observando, suas costas nuas, seu cabelo bagunçado e sua estranha posição de dormir. Agora sem medo, deitei-me ao seu lado, tendo nossos rostos de frente para o outro.

Aos poucos os seus olhos foram se abrindo, e nessa medida, meu coração acelerava. Insegura do que ele poderia falar ou agir, se mandaria que eu fosse embora ou que apenas ignoraria. Mas pelo contrario, o loirinho sorriu e colocou o seu braço envolvendo minha cintura levando-me para mais perto dele. O seu sorriso, aquele sorriso de quem acabou de ganhar um presente da qual não esperava, aquilo foi o necessário para que eu continuasse daquela forma, aconchegada em seu peito.