O príncipe, a cientista e o plebeu escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 22
A confissão de Bulma




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/52015/chapter/22

Acordou. O corpo todo doía, a cabeça latejava. A última coisa de que se lembrava era da estante do laboratório inteira desabando sobre a sua cabeça. Depois disso, não se lembrava de mais nada. Pôs a mão no local dolorido na cabeça e sentiu que havia faixas em volta da testa, por baixo da franja. No corpo, viu que estava com vários hematomas e alguns cortes mais superficiais. Tudo estava tão dolorido que não conseguia se mexer direito sem deixar escapar um gemido.

Ouviu a porta do quarto se abrir.

― Oh, Bulma...! – era a sua mãe. – Que bom que acordou! Eu estava tão preocupada com você... Está se sentindo melhor?

— Estou me sentindo como se tivesse tomado uma grande surra... Isso serve?

Ela já ia tentar se levantar, mas...

― Não, filhinha... Você tem que descansar. O médico mandou guardar repouso, mocinha!

― Mas, e as manutenções da nave?

— Oh, não se preocupe... O seu pai ficou com mais tempo livre e pode cuidar disso, enquanto você descansa. Mudando de assunto... Você gostaria de comer alguma coisa? Eu preparei uma sopa deliciosa!

― Mamãe... Eu tô machucada, não doente do estômago!

A Sra. Briefs ignorou completamente a última frase da filha e foi logo à cozinha a fim de buscar a sopa.

― Ah... Minha mãe não tem jeito mesmo.

 

*

 

― Por que não consigo tirar você da minha cabeça...? Por quê...?

Havia dado uma pausa na sessão de treinamento que estava fazendo desde cedo, mas sua mente ainda estava a mil. Por mais que quisesse manter a imagem de Bulma distante de sua memória, não conseguia. Ainda mais com ela no estado em que estava. Sentia-se tão estranho depois de tudo... Precisava vê-la agora. A imagem de Bulma inconsciente o incomodava.

Alcançou o squeeze numa pequena prateleira e tomou generosas goladas de água. Estava pegando pesado no treino desde cedo, bem antes do horário de costume. Foi quando sentiu fome e, pelos seus cálculos, já estava praticamente na hora do almoço. Não faltava muito para a loira maluca aparecer e avisá-lo.

“Dez... Nove...”, contava mentalmente. “Oito... Sete... Seis... Cinco... Quatro... Três... Dois... Um...”

Ouviu três pancadas na porta e a voz dela:

― Vegeta, bonitão...! O almoço já está pronto!

Não respondeu, pois o estômago acabou respondendo por ele. A fome estava realmente braba.

 

*

 

― Filhinha... Trouxe a sopa pra você, como te prometi...

Bulma, mesmo contrariada, pegou a tigela para tomar a sopa. Mas, de repente, algo surgiu em sua cabeça.

― Mamãe, quem me trouxe aqui?

Quando a Sra. Briefs ia responder alguém interrompeu:

― Parece que agora trocamos de lugar, não?

― Ah, que ótimo! – Bulma disse aborrecida. – Veio pra fazer hora com a minha cara, é?

― Deveria deixar de ser tão infantil e de fazer cara de moleque emburrado!

― Que outra cara você quer que eu faça, Vegeta? Você também não é do tipo que gosta de ficar de molho.

― Bom... Pelo menos você sabe como me sinto.

― E você veio só pra isso?

― Bulma – interveio a mãe. – Não seja tão ingrata... Foi ele que te trouxe pra cá ontem, quando você estava desmaiada...

― Hã?!

― Além disso, acredita que ele passou praticamente toda a madrugada aqui, pertinho de você?

― Como é que é, mãe? – agora a cientista estava totalmente estupefata.

Vegeta, a essa altura, estava paralisado e corado de constrangimento. Só lhe restou pensar que além de maluca, aquela loira era uma grande linguaruda. Não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha. Como aquela mulher era capaz de deixá-lo tão constrangido com tamanha facilidade? Se não estivesse em sua sã consciência, faria aquela louca sumir do mapa.

Para completar ainda mais o clima de total embaraço, a Sra. Briefs disse:

― Bom, vou voltar à cozinha e deixá-los a sós. Acho que vocês têm muito o que conversar.

Um silêncio constrangedor se abateu sobre os dois. Agora Vegeta queria sair voando de lá para enfiar a cara sabe-se lá onde. Mas só não fez isso para não agir como um covarde. Se havia uma coisa que ele desprezava eram os covardes, e certamente não era um desses tipos.

Em meio ao silêncio, cada um olhou para um ponto diferente do amplo quarto. Nenhum dos dois tinha coragem de tomar a iniciativa para falar alguma coisa. No entanto, os olhares acabaram se cruzando. Os olhos negros e profundos do saiyajin se encontraram com os olhos azuis e límpidos da cientista. Um parecia tentar ler a mente do outro apenas com o olhar.

Ficaram assim por instantes que pareceram uma eternidade, até que Bulma rompeu o silêncio:

― Você sabe o que aconteceu com o Yamcha?

O príncipe saiyajin cerrou os punhos com força. Aquele nome despertava quase tanto ódio nele quanto o nome de Kakarotto. A jovem agora percebia isso de forma mais nítida.

― Aquele verme fugiu. E teve sorte. Se eu não me controlasse, iria transformar aquele inseto em pó! Não passa de um grande covarde! Principalmente por... – deteve-se e a encarou de novo.

Deteve-se rápido, mas sua mente completava a frase inacabada: “Principalmente por te ferir.” Toda aquela cena passava de novo por sua cabeça. A expansão de ki, a queda da estante, Bulma desmaiada, sua raiva que quase lhe fugia do controle...

Bulma continuava a fitá-lo. Percebia que havia algo diferente por trás daquela expressão dura do saiyajin e ela já fazia ideia disso há um bom tempo. Apesar do comportamento por vezes grosseiro, percebia que tinha algo que o fazia se importar com ela, por mais que não admitisse.

― Obrigada por se importar comigo... – ela disse com um doce sorriso. – Acho que fico te devendo essa.

Ele não conseguiu evitar que um breve sorriso surgisse em seu rosto. Mas ficou na defensiva:

― Claro que sim... Se você morresse, quem faria a manutenção da nave já que o velho vive ocupado ultimamente?

― Sei... Tem certeza de que foi só por isso que me tirou do meio de toda aquela tralha?

Ele apenas grunhiu. Não estava gostando muito do rumo que a conversa parecia tomar.

― Você pode tentar, mas não vai conseguir esconder por muito tempo de mim o que sente, Vegeta. Sabe por quê? – cravou os seus olhos nos dele. – Porque não consigo parar de pensar em você. Não sei se vou ganhar alguma coisa em troca, mas eu precisava te dizer isso. E o que estou sentindo por você... Eu nunca senti antes, nem mesmo quando eu namorava o Yamcha... É diferente... Você é diferente.

O silêncio voltou a tomar conta do quarto. O saiyajin ainda tentava entender o que acontecia naquele momento. Seu coração começou a bater mais forte, sua garganta ficou seca e suas mãos suavam dentro das luvas. Encarou Bulma, mordendo o lábio inferior. Como alguém poderia gostar dele do jeito que ele era? Logo ele, que não era como os tolos terráqueos? Ele, que não tinha gentileza ou compaixão, e que tentava não se deixar contaminar por sentimentos humanos?

A verdade era que ele tinha quase as mesmas sensações que ela descrevera. Não conseguia parar de pensar nela, que foi quem despertou essas novas sensações nele. Não sabia ainda como reagir a isso e seus instintos não o orientavam em como reagir àquela situação. No entanto, agiu do jeito que não queria: como um covarde – embora parecesse indiferente a tudo. Deu as costas para Bulma e se dirigiu até a porta.

Ela, por seu turno, ficou furiosa. Como ele poderia ser indiferente à sua confissão? Como ele poderia simplesmente sair dessa maneira? Tudo bem que não esperava muito em troca, mas que pelo menos ele a escutasse!

Foi quando soltou um grito que estava preso na garganta, e o fez estacar:

― Será que você não entendeu? EU TE AMO, SEU CABEÇA-DURA! EU TE QUERO!

Após ouvir isso ele acabou desaparecendo. Bulma já sabia que iria acontecer mas se sentia mais aliviada em confessar a ele. Fazer isso a deixava bem melhor. Pensaria na reação dele depois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Nota da autora: Essa frase acabou saindo depois que li um dos capítulos da fanfic "A ovelha e o porco-espinho" de Silver Lady, que tinha uma frase semelhante. Aí acabei fazendo uma homenagem "meio sem querer" a essa fic (que recomendo, ela é incrível!)...

Bom, pessoal... Espero que tenham gostado deste capítulo! Um abraço a todos e até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O príncipe, a cientista e o plebeu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.