O empurrei, parando o beijo.

–Alec, isso está errado! –falei com uma mistura de calma e espanto.

–Errado por quê? -ele perguntou confuso.

–Você é um Volturi, e eu uma Cullen. Se houver outra guerra... Estaremos de lados diferentes.

–Fala sério! Nós somos melhores amigos. Por que você não veio com esse papo antes?

–Alec, minha mãe contou algumas histórias. Você sempre foi metido, folgado, mal, e se orgulhava disso. Não sei se quero isso para minha vida.

–Eu mudei. –ele falou apontando para si mesmo. –Eu mudei por você. Será que você não vê? É tão cega para enxergar o que eu sinto por você? –ele perguntou indignado.

–O que você sente?

Ele balançou a cabeça.

–Inacreditável.

E então, ele entrou de volta ao castelo.

Abaixei a cabeça.

Porque eu tenho o incrível poder de afastar as pessoas?

Aquele não era o verdadeiro motivo para eu ter parado o beijo. Na verdade, nem eu sei o motivo. Só achei errado...

Suspirei.

Depois de um tempo, ainda no mesmo lugar, olhei para o céu. A chuva já havia parado, e agora, havia um lindo arco-íris ali.

Alec e eu podíamos estar contemplando-o juntos. Mas eu sou uma estúpida e burra.

O que eu faço? O procuro e peço desculpas? Aceito a proposta de Aro, por ele?

Não.

Eu iria embora agora mesmo. Talvez eu volte outro dia, quando as coisas se acalmarem.

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Já fazia dois meses desde o melhor beijo da minha vida.

Eu não saía do quarto para nada. A não ser para caçar. Não conversava, e ignorava todas as batidas na minha porta.

Mas eu precisava esquecer isso. Precisava conversar com alguém.

E esse alguém era Seth.

Tomei um banho, e coloquei um biquíni. Por cima coloquei uma saída de praia.

Desci para a sala, e não havia ninguém em casa.

Ótimo. Eles devem ter ido caçar. Já estava na hora. Seus olhos estavam de um preto intenso.

Quando fui abrir a porta, olhei para as chaves penduradas.

Meus olhos brilharam quando vi a chave da moto de Emm.

Sorri internamente, e a peguei.

Depois de dispensar o capacete, eu montei na moto e saí em disparada.

Eu não estava ligando para a bronca que eu iria levar. Não estava ligando para nada. Eu só queria pensar mais em mim e na minha felicidade agora.

Cheguei ao salão de beleza.

As mulheres olharam para mim, e depois voltaram para suas revistas.

Uma mulher já havia acabado de arrumar o cabelo, então saiu da cadeira, que se posicionava em frente ao espelho.

Vi que outra mulher largava a revista, e se levantava para ir de encontro aquela cadeira. Fui mais rápida, e sentei primeiro.

Ela me olhou com raiva.

“Obrigada!” apenas mexi os lábios.

Uma cabeleireira chegou por trás de mim.

–O que deseja?

–Pinte as pontas do meu cabelo de azul.

Ela ergueu uma sobrancelha.

Estalei meus dedos na cara dela.

–Pode ser pra hoje? –perguntei de um modo grosseiro.

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Alice e Rose vão querer morrer quando verem isso.

Mas quem se importa? Eu não.

Até que ficou legal.

Ri sozinha, e depois tornei a subir na moto.

Agora eu estava indo à La Push.

Queria colocar meus pés na areia molhada.

Quando eu estava chegando, avistei o penhasco. E então eu decidi. Eu adoraria pular do penhasco.

Bella quase morreu quando pulou. Que idiota.

Encostei a moto, e entrei na floresta.

Corri o mais rápido que eu pude. Até que eu cheguei na beirada do mais alto dos penhascos.

Isso vai ser bom...

Dei três passos para trás, e depois, fui correndo. E aí eu pulei.

O vento batia em meu rosto. E não poderia ter uma melhor sensação. Meus cabelos voavam... Era incrível.

E então me veio o pensamento. Eu devia ter tirado a minha saída de praia. Droga! Eu ia molhar a única roupa que eu tinha para ir embora.

Ah, quer saber? Que se dane. Lembre-se, Any. Você não se importa com mais nada, e nunca mais se importará.

Finalmente, meu corpo e a água entraram em contato.

Afundei alguns metros, e depois subi para a superfície.

Sorri.

Fiquei nadando por ali algum tempo, e de repente alguém pula na água.

Ele foi à superfície e eu pude ver seu rosto.

–Seth! Você é louco?

–Eu te faço a mesma pergunta. Eu não fui o único a pular.

Revirei os olhos.

–Eu sou uma vampira. Nada de mal iria me acontecer.

–E eu sou um lobo. Nada de mal iria me acontecer.

Bufei.

–Vou voltar pra areia. –falei.

–Eu vou com você. –concluiu.

Dei de ombros.

–Corrida até lá? –ele desafiou.

Sorri.

–Demorou.

Apostamos corrida até lá. Obviamente eu ganhei. Os lobos em sua forma humana não são tão rápidos como os vampiros.

Sentei-me na areia, e Seth sentou-se ao meu lado.

Senti-o me encarando.

Eu não tirava meus olhos do mar.

Depois de um tempão em silêncio, ele fala:

–Você pintou o cabelo? –ele fala espantado.

–Só as pontinhas.

–As pontinhas?! Seu cabelo está azul até na metade.

–E qual é o problema?

–Me diz você. Qual é o problema? Você está diferente. Mudada. Não conversa direito. Está estúpida. Parece que está pronta para socar o primeiro que aparecer por aqui. Sumiu por dois meses, e agora aparece aqui com o cabelo azul?

–As pessoas mudam, Seth.

–De uma hora para outra, é raro de se ver.

–Bom... Está vendo agora. –falei me levantando.

Ele se levantou também, ficando na minha frente.

–Me diga o que está acontecendo. Eu posso ajudar. É com os Cullen?

Suspirei fundo. Ele poderia me ajudar. Sei que posso confiar nele.

–É com um Volturi.

Ele arregalou os olhos.

–O que você tem haver com um Volturi?

–Ah, nada de mais. Só beijei um deles, e depois estraguei tudo.

–Um Volturi? –ele ainda estava indignado.

–Olha, Seth. Deixa isso pra lá. Você não pode fazer nada.

–Você está assim por causa de um beijinho? Fala sério.

–Não é só um beijinho.

–Então é o que?

Demorei um pouco para responder.

–Eu não sei. Estou tão confusa.

–Você gosta dele, não é? –Seth parecia estar triste.

–Não. Claro que não. Desse jeito não. –pensei melhor. –Eu acho que não.

Ele assentiu.

–Às vezes, as pessoas demoram para saberem o que sente. Sabia, Any?

–O que você quer dizer com isso? –falei franzindo a testa.

–Estou querendo dizer que você talvez esteja apaixonada por ele... Só não sabe ainda.

–Eu não estou apaixonada por ele. –falei com raiva, e chutei a areia.

–Tudo bem. Não fique alterada.

–Então não me irrite.

–Eu só estou lhe ajudando a entender seus sentimentos. Você acha que é fácil pra mim, tentar te convencer de que está apaixonada por outro?

–Por que seria difícil? –perguntei, colocando as mãos na cintura.

Ele apenas negou, e depois falou:

–Vamos assistir a um filme? –propôs.

–Onde?

–Na minha casa. -ele afirmou.

Não seria má idéia.

–Vamos.

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Seth fez pipoca para ele. Óbvio.

Ele sentou ao meu lado no sofá, e perguntou:

–Quer?

–Era pra rir? Engraçadinho. –falei, mas não consegui segurar o riso.

Ele riu também.

O filme começou.

Ainda bem que não era de romance. Seth sabia bem que eu não conseguiria assistir a esses romances melosos, na situação em que eu estou. Por isso, colocou um suspense.

No meio do filme, encostei minha cabeça em seu ombro.

Acho que Seth era o único com quem eu poderia ser eu mesma.

Ele pegou minha mão delicadamente, e a massageou com o polegar.

Ficamos assim até alguém chegar.

–Own, que cena mais fofa. –Leah falou com nojo na voz, e depois revirou os olhos.

–Aff, que garota chata. –sussurrei.

–Ei, Cullen. Eu ouvi isso. –Ela falou.

–Que bom. Assim você já fica sabendo o quanto é irritante.

–Escuta aqui, sua mimadinha. Se estiver pensando que vai ficar com o meu irmão assim tão fácil, está muito enganada.

–Parem vocês duas. –Seth interveio. –Leah, qual é seu problema com os Cullen?

–Pra mim, são todos uns sanguessugas metidos a rico.

–Eu vou embora. –falei já me levantando.

–Isso, vai. E não volta mais. –Leah falava com aquela voz irritante como sempre.

Saí daquela casa, e ouvi Seth me chamando.

Ignorei e continuei.

Até que eu sinto uma mão no meu ombro direito.

–O que foi Seth? –falei sem olhar para ele.

–Desculpe pela minha irmã.

Olhei para ele.

Por que ele tinha que ser tão fofo?

–Tudo bem Seth. Mas ela é quem deveria me pedir desculpas.

–Eu sei, mas...

Ele não terminou a frase.

–Eu tenho que ir. Emmett vai sentir falta da moto.

–O que? Você pegou a moto dele, sem permissão?

–Sim. –falei abaixando a cabeça. –Estou arrependida. Não me faça ficar pior. Vou pedir desculpas para ele.

–Você vai ganhar um belo de um castigo. –ele me alertou.

–Eu sei. Mas eu não estou ligando. Eles podem fazer o que quiser, mas eu não vou ficar pior do que já estou. Eu estou sofrendo Seth. Dói muito. Eu sinto tanta falta do Alec.

Então eu não agüentei. Comecei a chorar. Foi um choro sem lágrimas, mas com muitos soluços.

Seth me puxou para um abraço. Era reconfortante.

–Não gosto de te ver chorar, Any.

Eu também não gosto de chorar. Mas fazer o que? Não pude evitar.

Ficamos assim por cinco minutos, até que o choro se cessou.

Olhei para cima e encontrei seus olhos castanhos.

–Desculpe. –pedi.

–Por chorar?

–Por você ter que me ver assim.

–Eu estarei aqui para o que você precisar.

–Obrigada, Seth!

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Cheguei em casa. Depois de estacionar a moto, entrei em casa e fui para a sala.

Encolhi-me quando vi o olhar da minha família inteira. Bom... Só faltava a Alice, que não estava ali.

–Podem começar a falar. –falei me rendendo.

E a sala virou um caos. Todos começaram a falar de uma vez. Alguns indignados, outros furiosos, outros decepcionados...

–Você pegou a minha moto. –Emmett acusou.

–Desculpe Emm. Estou arrependida. Sério. Faço o que você quiser.

Então a anã gritou.

Tampei o ouvido.

Olhei para ela quando ela terminou. Ela estava ao pé da escada.

–O que você fez no cabelo?! –ela estava desesperada.

–Calma Alice. Eu só quis mudar um pouco.

–Calma Alice? Como assim, calma Alice? Como posso me acalmar? Se você tivesse pintado de loiro... Tudo bem, mas... Azul? Você só pode estar querendo me matar.

Revirei os olhos.

–Que exagero, Alice. Até parece que o cabelo é seu.

–Gente, chega! –Bella falou.

–Isso, mesmo. –Ed falou. -Como você sai assim com a moto do seu tio? Onde você estava?

–Alice não viu? –perguntei surpresa.

–A visão dela ficou embaçada. –Jasper explicou.

–É porque eu estava com Seh. Tia Alice não consegue ver direito quando há lobos por perto, lembram?

–Está explicado. –Rose sussurrou.

–Qual é minha punição?

–Não terá punição. –Bella falou calma. -Você já está sofrendo demais. Eu só queria saber o motivo dessa sua tristeza.

–Quem sabe um dia...

–Brigou com Alec? –Esme perguntou.

–Sim. –falei triste.

Bella suspirou e falou:

–Tudo bem querida. Que tal tomar um banho?

Assenti e fui fazer o que ela sugeriu.