Estávamos parados em frente ao apartamento.

–Vem. –Luke chamou.

Eu olhei para ele um pouco hesitante. Qual é? Eu sou uma vampira. Não deveria estar assim.

–Ele já deve estar dormindo. Ele trabalha cedo amanhã.

–O que ele faz?

–Ele é advogado.

–E só trabalha no período da manhã? –perguntei lembrando-me de hoje mais cedo.

–Isso só foi hoje. Amanhã ele irá trabalhar até a noite como todos os outros dias.

–Vem, vamos entrar. Suas malas já devem estar no seu quarto.

–Meu quarto?

–O quarto de hospedes.

–Tudo bem. –suspirei.

Ele abriu a porta para mim.

Ao entrar, percebi que minhas malas não estavam mais na sala. É... Se eu não o conhecesse, diria que ele vê o futuro. Espera! Eu não o conheço muito bem!

Revirei os olhos com esses pensamentos.

E Andrew, como previsto pelo Luke, já estava dormindo.

–Onde está o quarto? –perguntei.

–Aqui. –o segui pelo corredor até parar na ultima porta do corredor.

Abri a porta e... O quarto era simplesmente incrível. Todo decorado com as cores branco e dourado.

–Tem certeza de que esse quarto é apenas o de hospedes. –perguntei maravilhada.

Luke riu.

–Tenho sim.

Minhas malas estavam em cima da enorme cama de casal. Havia uma TV de plasma de frente para a cama, e uma estante ao lado do guarda-roupa. Meus olhos pararam em uma porta de vidro, que dava para a varanda. De lá, dava para ver grande parte da cidade.

–Luke...

–O que?

Sacudi a cabeça.

–Nada, só estou...

–Vou deixar você sozinha. Descanse um pouco. –recomendou Luke. Ele nem imaginava que eu iria passar a noite totalmente acordada, e que eu não estava com um pingo de canseira. Ás vezes eu sentia vontade de dormir. Sonhar. –Se precisar eu estou na sala.

–Tudo bem.

Ele fechou a porta atrás de si.

E a próxima coisa que fiz foi colocar minhas roupas no guarda-roupa. Fiz tudo bem rápido, separando-as por cor e estação.

Pulei na cama. Encostei minha cabeça no travesseiro, e olhei para o teto. Costumo fazer isso quando quero pensar.

Ah Jacob...

Como ele está? Queria vê-lo. Ver seu sorriso. Seus olhos. Sua boca. Eu queria... Vê-lo todo. Eu queria ele.

Peguei meu celular. Mas parei o que ia fazer.

Ah... Suspirei. Não vai dar para ligar para fora do país.

Peguei meu notebook. Eu iria ver se ele estava on-line. Sim, eu iria falar com ele por vídeo.

Yes. Ele estava. Meu avô Carlisle deu a ele um notebook no ano passado.

Chamei ele para o vídeo e ele aceitou.

–Any... Oi.

Era ele. Eu não conseguia falar. Então aquele selinho voltou-me a mente.

–Aconteceu alguma coisa? –ele perguntou preocupado.

–Não. Nada.

–Any... Eu estou com muita saudade. Volta logo, por favor.

Abri um pequeno sorriso. Ele queria que eu voltasse. Ele estava com saudades minha.

–Não posso. –abaixei o olhar. –Só daqui dois meses, lembra?

Ele suspirou.

–Lembro. –e ele voltou a sorrir. E que sorriso maravilhoso. –Me conta. O que você fez hoje?

–Dei uma volta pela cidade com meu irmão. Acredita que eu tenho um irmão gêmeo Jake?

Ele riu.

–Parabéns. Espero que tenha se dado bem com ele.

–Claro que sim. Ele é muito legal. –não mencionei o quase assalto. Não queria preocupá-lo.

–E aí? Falou com seu pai?

Espera! Alice deve ter visto tudo isso. Minha família inteira devia estar sabendo do que aconteceu hoje. E é provável que eles sabem que ainda não falei com Andrew.

–Jake, você não têm ido muito aos Cullen, não é mesmo?

–Desculpe! Não deu tempo.

–Por quê? –estranhei.

Então eu vi. E foi a pior coisa que eu podia ter visto. Eu queria não ter visto aquilo.

Era Nessie atrás de Jake. Pior. Ela estava de biquíni. Ela provavelmente não notou que estava aparecendo no vídeo. E Jake também não.

–Onde você está Jake?

–Em casa.

–Você foi à praia?

–Sim, acabei de voltar.

–Com quem?

–Oi?

–Com quem você foi? –eu estava com muita raiva.

–Eu fui... sozin...

–Da um oi para a Nessie, por mim. –Falei trincando os dentes.

Renesmee ouviu seu nome sendo mencionado e virou-se.

–Ah... Any. Oi.

–Tchau.

Desliguei o computador brutalmente.

Coloquei o travesseiro na cara e gritei. Gritei muito até descarregar minha raiva. Mas parecia que não acontecia nunca.

Por que eu ainda me importava com um cachorro desses?

Levantei-me da cama e desliguei a luz. Depois tornei a deitar-me.

Assim Luke pensaria que eu estava dormindo.

Deixei a coberta de lado. Eu estava muito enfurecida para me preocupar com mais alguma coisa.

Fechei os olhos.

(Flashback on)

Eu estava com oito anos e preparada para dormir. Minha casa era bem simplesinha. E neste momento mamãe estava sentada em uma cadeira velha ao lado de minha cama. Ela havia acabado de contar uma história.

Ela se inclinou e me deu um beijo na testa.

–Boa noite filha!

–Mãe... Eu queria que meu pai também me desse um beijo de boa noite!

–Filha... Seu pai não está aqui. Você sabe. –ela falava calma. Parecia muito com Bella nesse aspecto.

–Eu sei mãe. Mas eu quero.

–Filha, temos que batalhar muito para ter o queremos na vida. Nem sempre é tão fácil.

–E eu vou ter que batalhar para conseguir um beijo do meu pai?

–Vai sim. –ela afagava minha bochecha. –E lembre-se, não desista do seu sonho. Nunca.

(Flashback off)

Ouvi alguém abrindo a porta. Mantive meus olhos fechados. E desejei que Luke saísse logo.

Os passos eram leves. Deduzi que eram para não me acordar.

Hã? Porque Luke está afagando minha bochecha? E porque ele está me cobrindo?

Deus, porque ele acabou de dar um beijo na minha bochecha?

E então... Um choque.

–Boa noite filha!