Depois de algum tempo, o homem de cabelos negros, que senta na poltrona do centro, falou:

–Bella. Você está incrível. A imortalidade lhe cai bem.

Claro que fiquei confusa. Então o homem levantou-se de sua poltrona e veio em minha direção.

–Você deve estar confusa. Mas tenho todo o tempo do mundo para você. O que você quer saber?

O que eu quero saber? Na verdade há muitas coisas a qual eu quero saber. Como, o que está acontecendo comigo. O que estou fazendo aqui. Porque Demetri não se manifestou até agora, para vir falar comigo. Ele não disse que era meu amigo? Parece que ele se aproveitou da minha amnésia.

–O que estou fazendo aqui? – perguntei. E novamente estranhei minha voz. Estava mil vezes mais bonita.

Ele sorriu.

–Demetri fez o favor de trazer você. Mais alguma pergunta?

Eu já sabia que Demetri me trouxe. Mas estou com raiva porque ele na verdade me seqüestrou. E agora estou presa neste... Castelo.

–O que vocês fizeram comigo? –perguntei com medo da resposta.

–Ajudamos você. Você agora é uma de nós. E faz parte da guarda.

Então a garota loira, que a pouco estava do lado de Demetri, agora estava na minha frente segurando um espelho de corpo inteiro. Não sei se estranhei sua rapidez, ou a mulher que eu via no espelho.

Ela se parecia comigo, mas não podia ser eu. Ela tinha uma beleza extrema. A pele muito branca, e os olhos vermelhos como o sangue.

–Meu nome é Aro, e eu transformei você, Bella. –O homem dizia. Ele me transformou em que? Era isso o que eu queria saber.

–E em que eu me transformei agora?

Então ele hesitou um pouco e disse:

–Em uma adorável e poderosa, vampira. Seu poder é um prêmio para mim.

Eu ri alto.

–Uma vampira? Aro desculpe-me, mas eu não estou afim de piadinhas. Não neste momento.

Então, todos naquela sala, olharam para mim. Mas suas expressões continuavam a mesma. Indiferente.

–Ora, ora. Então não acredita? – Aro perguntou, com um sorriso, mostrando seus dentes brancos e perfeitos.

–Não.

Então em menos de um segundo, ele estava sentado em sua poltrona. Como ele conseguiu chegar lá tão rápido?

Olhei para ele assustada.

–Então como você me explica isso jovem, Bella?- ele me perguntou. E o seu sorriso permaneceu estampado em seu rosto.

Então era verdade. Vampiros existem. E eu sou uma deles agora.

–Quantos de vocês existem? – perguntei, tentando fugir da pergunta de Aro.

–Muitos. Mas quem os governa, somos nós. Os Volturi. Agora, você precisa ser treinada. E Alec te ajudará com isso.

E de repente apareceu um garoto do meu lado. Ele tinha cabelos negros e os olhos, nem preciso dizer.

–Mas eu não quero ser treinada. Eu não quero fazer parte de nada disso. – Eu falo um pouco ríspida.

–Treinaremos você. Você aprenderá a lutar. Isso é essencial. Tão essencial, como saber as regras. E nisso Jane irá te ajudar. – ele indicou com a mão a garota loira.

Olhei para ele incrédula.

–E então, você quer começar agora? Ou você pode se alimentar. Demetri pode te acompanhar. – Aro me disse normalmente.

–Eu vou para o quarto. Gostaria de trocar de roupas, primeiro. – Mas na verdade eu só estava arranjando uma desculpa para fugir dali.

–Como quiser. Você já sabe o caminho. – ele disse. E eu me retirei do grande salão.

Subi as grandes escadas, e quando finalmente cheguei à sala da recepcionista, já não sabia mais para onde ir. Por sorte ela estava em sua mesa.

–Olá, você pode-me dizer onde fica a saída do castelo? –perguntei depressa. E novamente minha garganta ardeu. Eu me segurei para não a atacar.

–Claro. Eu te acompanho.

Quando eu já estava fora do castelo, andei sem rumo, tentando ficar o mais longe possível dos Volturi. Até que encontrei uma floresta e comecei a correr. Eu já estava correndo fazia cinco minutos, mas só agora percebi em como eu estava correndo rápido demais. Isso era impossível para um humano.

Eu comecei a sentir um cheiro adocicado, delicioso. Nunca havia sentido cheiro melhor que esse. Eu segui o cheiro, e percebi que havia saído da floresta. Quando me deparo com um morador de rua. Não resisti, e por impulso já estava enterrando meus dentes com facilidade em seu pescoço. Era macio, e logo senti o líquido quente molhando minha boca. Era delicioso. Nunca provei algo tão saboroso assim. Depois de sugar todo o sangue do corpo do mendigo, lambi meus lábios para não desperdiçar nenhuma gota de sangue. Larguei o corpo sem vida do homem, e segui meu caminho. A imagem do homem morto, iria me assombrar para o resto da vida. Se é que agora eu tinha vida. Eu não iria me perdoar nunca por isso.

Corri floresta adentro sem rumo nenhum.

Minha viagem durou menos de um dia, quando reparei que agora me encontrava em uma praia. O tempo estava nublado, por isso a praia estava vazia. Exceto por um grupo de amigos que passeavam pela areia. Eu sentia o cheiro deles de longe, e eles não cheiravam bem. Na verdade fediam a cachorro.

Fui em direção a eles, e quando eles perceberam minha presença, começaram a me olhar com um olhar raivoso.

–Parem. É a Bella. – disse um garoto, que tinha o rosto com um formato de coração.

–Não importa quem ela é. Agora ela é uma deles, Jacob.