O silêncio. Era tudo que eu conseguia escutar. A escuridão era tudo o que eu podia ver no momento. Na verdade, eu estava de olhos fechados e não conseguia abri-los.

Não me lembro o que aconteceu, e não sabia onde estava. Foi quando meus ouvidos conseguiram captar algum som.

–Bella. Você está me ouvindo, meu amor? – a voz de um anjo falava.

Queria tanto responder a essa linda voz que eu estava bem, e que a ouvia também. Mas meu corpo não obedecia a meus comandos.

–Se você estiver me ouvindo, entenda que vai ficar tudo bem. Você ficará bem. Não se preocupe. – a mesma voz falou.

Mas como assim tudo ia ficar bem? O que aconteceu. Eu estava no céu? Esse era o meu anjo falando comigo?

Senti mãos geladas pegarem minha mão direita.

–Vai ficar tudo bem. – a voz repetia.

Eu precisava saber o que estava acontecendo.

Ouvi o som de uma porta se abrindo, e passos se aproximarem de mim.

–Carlisle. Diga-me. Ela ficará bem, não é? – a voz do anjo tornou-se preocupada. Com medo da resposta que viria após.

–Claro que sim, filho. Confie em mim. Ela já está curada, está apenas dormindo. Logo irá acordar.

–Eu vou esperar, então.

–Edward, vá para casa. Assim que ela acordar, eu te ligo.

–Não, não irei para casa. Irei ficar aqui, e só voltarei para casa quando Bella acordar. – O anjo falou novamente.

O anjo disse Bella, repetidas vezes. Será que esse é meu nome? É uma possibilidade.

–Filho, por favor. Faça isso por mim. Vá para casa. Sua mãe e seus irmãos estão precisando de seu apoio. Há chances de Bella acordar só daqui a três dias. Você não irá deixá-los por três dias, irá?

–Não, Carlisle. Claro que não. Só me deixe um instante com Bella, por favor. Irei me despedir.

Então novamente, o barulho da porta. Acho que ela estava se fechando.

–Está quase amanhecendo. Preciso voltar para casa. Afinal tenho escola ainda hoje. Seus amigos estão preocupados com você. Eles terão uma ótima notícia quando lhes disser que você já está melhor. Essa notícia eu não precisarei dizer a minha família. Alice já deve ter visto tudo e contado para todos.

Quem é ele? Sei que seu nome é Edward, mas não me recordo deste nome. Muito menos dessa tal de Alice. Será que é a mãe dele? Irmã? Namorada? E o que ela viu? Ela estava aqui? Bom, pelo menos já descobri que ele não é um anjo. E Carlisle é o pai. Esse diálogo tanto me ajudou em alguma coisa, como me deixou com algumas dúvidas.

–Tenho que ir agora. Melhoras, minha Bella.

Então ele soltou a mão da minha, e foi embora me deixando mais confusa. Eu era a Bella dele?

E então não demorou muito e fui levada pelo mar da inconsciência.

Acordei de bons sonhos, e tive uma surpresa enorme. Eu consegui abrir meus olhos. E não só isso. Consegui também sentar-me na cama. Varro o quarto com os olhos, e reparo em um homem loiro, completamente pálido e lindíssimo, sentado em uma poltrona distante da minha cama. Ele ainda não tinha me notado acordada, pois estava concentrado em suas anotações em algumas pranchetas.

Estava tendo uma discussão interna, sobre chamá-lo ou não chamá-lo. Mas não precisei chegar a uma decisão, pois o homem que estava vestido como doutor olhou para mim. E na mesma hora seus olhos brilharam e seus lábios se puxaram para cima.

Ele veio em minha direção na mesma hora.

–Bella. Você está bem? Precisa de alguma coisa? O que está sentindo? Eu fiquei muito preocupado com você. – Então eu reconheci essa voz. É a voz de Carlisle. Pai de Edward. Estava curiosa para saber onde estava esse Edward. Queria ver o rosto do dono daquela voz de anjo.

Então para todas aquelas perguntas, eu retornei com outra.

–Onde está o Edward?

Carlisle sorriu e respondeu.

–Ele está na escola neste momento. Mas eu ligarei para ele e avisarei que você o quer aqui.

–Não precisa se incomodar, Carlisle. Ele irá querer matar as aulas para vir aqui.

–É, você o conhece bem mesmo. – ele da uma risada.

–Na verdade descobri isso enquanto ouvia vocês dois conversarem, a poucas horas, aqui no quarto.

–Você estava ouvindo? Que bom Bella. Mas como assim você só descobriu esse jeito do Edward enquanto escutava a conversa? – ele perguntou confuso.

Acho que ele pensa que eu me lembro deles.

–Desculpe-me Carlisle, mas tudo o que sei, o que é pouco, eu descobri somente durante aquela conversa. Eu não me lembro de nada. Não sei quem é você e não sei quem é Edward. Não me lembro de já ter visto seu rosto antes ou de Edward.

–Bella, você... Você perdeu a memória. – Sua expressão tornou-se triste.

–Perdoe-me Carlisle, por desapontá-lo.

–Não, não é sua culpa, Bella. Você não tem culpa de nada. Quem tem são aqueles... – ele parou no meio da frase.

–Quem? –pergunto curiosa.

–Paul perdeu o controle e pulou para cima de você. Ele te jogou a quatro metros de altura, e quando você caiu, bateu a cabeça com muita força em uma pedra. Edward queria quebrar a cara dele. Mas meus outros filhos, não deixaram Edward se encontrar com Paul desde o acidente.

–Quem é Paul? E porque ele perdeu o controle comigo?

–Tem muito a ser explicado, Bella. E isso terá que ser com calma, e na hora certa. Prometo que na hora certa você irá saber.

–Porque preciso esperar para saber? Não é só você me contar?

–Infelizmente não.

–Tudo bem. Eu vou esperar.

–Você quer alguma coisa? – Carlisle perguntou calmo como foi durante toda a conversa.

–Sim. Na verdade quero uma resposta a minha pergunta. Eu tenho família?

–Sim. Duas. – ele responde sorridente, e eu fico confusa. – A minha família, e a família dos seus pais. Na verdade a resposta certa para a sua pergunta é, sim, você tem família. Tem um pai e uma mãe que estão muito preocupados com você. E a minha família é de consideração.

–Porque tenho a sua família como consideração?

–Você e Edward namoram, e desde então, somos como uma família.

–E-eu e Edward o que? Agente n-namora? É isso mesmo que eu ouvi?

–Sim. – ele da risada.

–Quem iria me querer? – pergunto mais para mim mesmo. Mas Carlisle responde a pergunta.

–Edward te quer. E ele te quer mais do que qualquer coisa no mundo. Ele te ama muito. Há muito tempo Edward está a sua espera. E quando digo há muito tempo, é há muito tempo mesmo. Mais do que você imagina.

Mais mistérios. Que ótimo.

–E eu também fiquei sabendo que você foi muito disputada entre os garotos quando chegou à escola. E não posso me esquecer do Jacob. Ele é seu melhor amigo. Então ele te quer.

–Quando eu cheguei à escola? Como assim?

–Sim. Você nasceu aqui em Forks, e alguns meses após, sua mãe saiu de casa com você e foi morar em uma cidade ensolarada. Seu pai, Charlie continua morando aqui, e você vinha visitar ele em todos os verões, até os quatorze anos. Depois disso, foi seu pai quem começou a visitar vocês nos verões. Agora você decidiu morar com seu pai.

E as lembranças apareceram. Eu me lembrei de minha família. Mas não da de Carlisle. Eu me lembrei de tudo. De quando Jacob e eu brincávamos de torta de lama quando pequenos, até quando eu entrei no avião recentemente para embarcar em Forks.

–Carlisle, posso saber a data de hoje?

Então ele disse a data.

–Tenho dezoito anos. E me mudei recentemente para Forks. Meu nome é Isabella Marie Swan. Minha mãe, Renee Dwyer. Meu pai é o chefe de polícia Charlie Swan. – Carlisle ficou surpreso.

–Sim. Você se lembrou, Bella. –ele se alegrou.

–Mas do meu nascimento até o dia em que embarquei em Forks. Não me lembro de mais nada, daí para cá.

O rosto dele mudou de expressão de novo, mas agora um pouco menos chateado.

–Tudo bem, pelo menos já temos uma ótima notícia.

–Posso ir pra casa agora?

–Você está muito melhor. Então, claro que pode.

–Obrigada Carlisle.

–Alice deixou sua roupa preparada para quando voltasse para casa. – essa tal de Alice de novo. Deve ser minha irmã postiça.

–Ótimo, onde está? – perguntei.

–Você já está vestindo ela. Alice vem trocar sua roupa todos os dias. –Não sabia que isso era permitido. Olhei para baixo, e lá estava uma roupa maravilhosa. Alice, pelo que estou vendo, leva jeito com moda.

–Há quanto tempo estou aqui?

–Há cinco dias.

–Uau. Bom, já vou indo.

–Espera. Vou te levar para casa.

Renee e Charlie estavamem silêncio no sofá com a TV ligada, quando abri a porta. Os dois olharam em minha direção e correram para me abraçar.

–Mãe, o que está fazendo aqui?

–Vim por causa do que aconteceu com você. Ninguém quis me dizer o que aconteceu. Carlisle o seu médico não permitiu. Porque não ligou? Eu ia te buscar.

Então, Carlisle aparece atrás de mim.

–Dr. Cullen. Você por aqui. – Charlie o cumprimentou.

–Olá, vim trazer a Bella. E preciso conversar com vocês sobre um assunto muito sério, e dar alguma dicas.

Carlisle falou sobre minha amnésia e disse que era passageira. Em algum momento eu iria me lembrar de tudo.

Neste momento eu estava em meu quarto. Já era noite. Estava preparada para dormir. Quando me virei de frente para a cama, havia um deus grego sentado nela.