Naruto em Um Conto de Natal escrita por Vênnice


Capítulo 2
Um encontro inesperado


Notas iniciais do capítulo

"E pensar que séculos de luta e sofrimento transcorrerão até que haja felicidade suficiente neste mundo!"

Charles Dickens



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Depois de algum tempo procurando por comida, Naruto se viu obrigado a ir ao único restaurante aberto, um lugar que havia freqüentado durante boa parte de sua vida, mas que nos últimos anos evitava com todas as forças de seu coração. Mal entrou e já ouviu a saudação:

- Hokage, que honra!

Naruto apenas esboçou um sorriso, tão falso quanto a sua vontade de estar ali.

- Ainda lembra do que eu gosto?

- Como me esqueceria: Lamen duplo com muitos legumes, sem cebola.

Enquanto o velho senhor preparava sua comida, Naruto observou que ao lado da prateleira onde guardavam os pratos havia uma fotografia de Iruka Sensei e logo abaixo uma frase que ele sempre dizia: "A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante”.

- Iruka. – Pronunciou o nome em voz alta.

- Ele faz muita falta não é mesmo?

Sem resposta. Naruto não gostava de falar sobre isso, sentia-se culpado pela morte dele. Pensava que de alguma forma poderia ter ajudado. Mas Iruka recusou a sua ajuda, disse que a missão era dele e que ele (Naruto) precisava se preparar, pois um dia se tornaria Hokage.

- Poderia embrulhar a comida? Prefiro comer em casa.

- O senhor é quem manda!

Desde que se tornara Hokage, Naruto não freqüentava mais os lugares que gostava de ir. A verdade é que ele não queria lembrar-se dos amigos que já haviam partido, pessoas muito especiais, sem as quais nunca teria chegado até ali: Iruka Sensei…Tsunade Sama…Sandaime Hokage e Jiraya, o ninja mais poderoso que havia conhecido.

-Pensando na vida Naruto! – Perguntou Shikamau ao entrar no restaurante.

- Shikamaru! O que faz aqui?

- Procurando por saquê. Preciso muito de um saquê.

Naruto sorriu. Havia se esquecido de como era bom rever o amigos antigos. Principalmente Shikamaru e sua problemática vida.

- O que você vai comer?

- O de sempre, mas vou levar para a casa.

- Não vai não! Vamos comer aqui.

Naruto concordou e logo seu prato chegou, acompanhado pelo saquê do velho amigo.

- Um gole?

- Sabe que eu não bebo. – Respondeu Naruto com a boca cheia.

Shikamaru riu do amigo e suspirou:

- Existem coisas que nunca mudam. Você, por exemplo, Hokage e ainda fala com a boca cheia!

Naruto riu como há muito tempo não fazia. Sua mente estava leve e estava gostando muito de estar ali. Não sentia-se pesado como sempre.

- Me conta, o que houve?

Enquanto fazia sinal para que o copo fosse enchido, Shikamaru encarou Naruto:

- O de sempre. Se eu soubesse que casamento fosse tão problemático não teria cometido esse erro. Não entendo a Temari! Briga comigo pelos motivos mais idiotas. Chora. Depois pede desculpas. Dei um presente lindo para ela e sabe o que ela fez? Me chamou de insensível.

- O que você deu para ela?

- Um vestido. Como a barriga dela já está grande. Pensei que ela se sentiria mais confortável. Aí ela veio com aquela paranóia que eu não gosto mais dela porque está gorda. Ela nem leu o meu cartão.

Shikamaru colocou as mãos na cabeça.

- Aquela problemática me tira do sério!

Naruto não conteve o riso.

- Sabe qual é o seu problema Shikamaru? Você pensa demais, fala demais. Tem horas que devemos esquecer a razão e seguirmos o que o coração pede. Tenho dito!

- Olha só quem fala! O senhor Hokage, o homem que se afastou dos amigos, do amor de uma mulher, da vida feliz que poderia ter. – Respondeu Shikamaru com a voz já alterada.

- Continua o mesmo fraco para bebidas! Acho melhor parar de beber!

- Também acho! – Concordou Temari entrando no lugar.

- Temari! O que faz aqui? Pensei que estivesse brava comigo?

- Estava até ler o seu cartão. Percebi que o tempo todo você só queria o meu bem e o bem de nosso bebê.

Shikamaru ajoelhou-se e deu um delicado beijo sobre a barriga de Temari que já usava o vestido que havia ganho.

- Vocês são minha família. Erro tentando acertar.

- Agora vamos!

Temari puxou o marido pelos braços e nem deu a ele a chance de despedir-se  de Naruto.

Enquanto seus amigos iam embora Naruto pensou por um rápido momento na vida que poderia ter tido se a sua decisão fosse diferente, se tivesse seguido por outro caminho. Não adiantava imaginar, a decisão havia sido tomada e por mais difícil que tenha sido foi a melhor saída para todos.

Pagou a sua comida e foi embora. Kiba já deveria estar esperando por ele e eles tinham muitos problemas da vila para resolver. Aproveitaria a noite para isso. Afinal não iria fazer nada mesmo.

Ao chegar em casa Naruto percebeu que Kiba ainda não estava lá. Sentou-se para esperá-lo e sem perceber dormiu sentado no sofá. Acordou assustado, Portas e janelas batiam e um barulho estridente de correntes arrastadas invadiu a sua casa.

- Quem está aí? – Gritou. – Kiba, é você?

O barulho estava ficando cada vez mais alto, até que um vulto atravessou a porta e aproximou-se dele.

- Jiraya! – Gritou assustado. – Estou sonhando! Só pode ser isso!- Naruto não conseguia acreditar no que via.

- Você não está sonhando Naruto. Sou eu, Jiraya, seu sensei.

Naruto observou o suposto fantasma. Era tão transparente quanto a água e em seus pés e braços estavam presas longas correntes, que pareciam bem pesadas.

- São correntes Naruto, correntes que, em vida, eu próprio criei.

O jovem Hokage sentiu um profundo medo.

- Gostaria de saber o peso e o comprimento de sua própria corrente? – Perguntou o fantasma. – Há dois anos era tão grossa e comprida quanto a minha. Mais depois disso, você só a aumentou ainda mais. Deve estar muito pesada.

- O que fiz de tão errado? Só penso no bem de todos. Minhas decisões são tomadas pensando no bem-estar de Konoha. Aprendi com você a viver sozinho, sem precisar de ninguém. Como você mesmo dizia: mulheres são distração e família só serve para tirá-lo do foco dos seus objetivos.

- Garoto! Olhe para mim. O que ganhei levando a vida dessa maneira. Nada, além dessas pesadas correntes. Quer ter um fim assim? Quer ser uma alma penada vagando pelo mundo sem paz? Preso a estas correntes, atormentado pelo passado, perseguido pelo remorso! Desconhecer que uma eternidade de lágrimas não pode reparar uma vida de egoísmo!

Ao ouvir as palavras de Jiraya, Naruto estremeceu por dentro, reconhecendo os seus erros e temendo pelo seu destino.

- Escute-me! – Gritou Jiraya. – Meu tempo está acabando. Quero lhe dizer que você ainda tem chance. Agarre-a com todas as suas forças. Só assim você escapará de um destino como o meu.

Naruto estava pálido, sua mente não acreditava no que os seus olhos estavam vendo. O grande sensei Jiraya reconhecendo que havia agido errado e pedindo para que ele não seguisse mais os seus passos. Era tudo muito confuso. O homem no qual sempre se espelhara estava dizendo para ele esquecer todas as lições que havia lhe ensinado.

- Você será visitado por três espíritos. - proclamou Jiraya. - Espere a visita do primeiro espírito, ao soar da primeira hora. Na hora seguinte o segundo e por fim o terceiro espírito.

- Mas e você?

- Não espere me ver mais e para o seu próprio bem, não se esqueça do que lhe disse...

Jiraya desapareceu, deixando Naruto, ao mesmo tempo apreensivo e confuso. Decidiu deitar-se pensando no peso das correntes que estava arrastando e com a esperança de que tudo aquilo não passara de um sonho.

 

 


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Notas finais do capítulo

continua...



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