- Acorde Bill! É hoje.

 Tom abria as longas cortinas do quarto de seu irmão e ia até a cama dele.

- Não... Falta ainda oito meses para o nosso aniversário. – Bill respondia sonolento com os olhos tapados por uma venda de dormir.

- Não estou falando do nosso aniversário, estou falando do jantar. Já se esqueceu?

- Jantar? Mas ainda falta muito para a hora do jantar. – bocejava.

- Não me obrigue a tirar você daí a força. – Bill não respondeu – Vai ficar se fazendo de difícil é?! Vamos ver até quando então.

 Tom subiu na cama de seu irmão ficando de pé nesta. Sorriu arteiro e colocou o pé direito no nariz de Bill, que começou a fazer cara feia.

- Tom, por um acaso você trouxe para o meu quarto aquele salgadinho de queijo que cheira a meia podre, outra vez? – dilatava as narinas ainda com os olhos vendados.

- Ahaaam! Quer provar um pouquinho? – Tom esfregou seu pé na cara de Bill.

- Idiota estúpido! – levantou-se retirando a venda – Que nojo, não acredito que esfregou sua meia carnicenta em meu rosto. – cuspia.

- Ahaha! Sua sorte é que eu a troquei ontem. Esta aqui está cheirosinha ainda. – sentou-se na cama levando o pé até o próprio nariz.

- Você é doente. Gosta do cheiro do próprio chulé.

- Vai, deixa de exageros. Eu não tenho chulé. – colocou novamente o pé no nariz de Bill.

- Ah saí daqui! – lançou-lhe um travesseiro, mas Tom desviou deste.

- Calma, calma... Apesar da brincadeira eu vim em paz.

- Veio me tirar dó sério logo pela manhã, isso sim. – olhou a sua volta – Onde eu coloquei meu remédio? – começou a procurar preocupado.

- Bill pare com isso! É sério. Você não precisa tomar isso. A Danielle disse para você tomar apenas aquele que ela te recomendou. Com a ordem de quem você me toma esse comprimido para “sei lá o que”?

- Com a minha ordem. Eu sei muito bem do que preciso. – disse encontrando a cápsula dentro da gaveta.

- Não, você não sabe. Me dá essa porcaria aqui! – Tom arrancou bruscamente das mãos dele – Vou jogar essa merda na privada. – foi caminhando até o banheiro do quarto.

- Não importa, eu tenho mais. – Bill deu de ombros.

- Bill, por favor. Pelo menos hoje fique sem tomar essas coisas que te transformam em algo desconhecido. – Tom voltou-se a ele.

- Essas coisas a que você se refere estão me mantendo vivo. Mas hoje, e, somente hoje, não tomarei meus remédios porque é um dia importante para você.

- E para você também. – tocou no peito dele com o dedo indicador.

- Sim, também. – sorriu forçado.

- Então, vamos nessa irmãozinho! Vamos contratar uma galera ai pra arrumar as coisas para nós. – Tom foi se retirando do quarto.

- Não, isso está errado. Tem que ser uma surpresa para você também e não só para a Cameron.

- É, por quê? – parou na porta o encarando.

- Porque sim Tom. Passe o dia fora hoje, vá para um Hotel ou qualquer coisa assim e só volte na hora do jantar.

- Tudo bem então. Até lá! – saiu andando e depois voltou – Bill, não vá me decepcionar, ok?!

- Não vou, eu te prometo.

- E nada de tomar essas pílulas doidas ai. Isso é coisa de mulherzinha cara, e você já se parece com uma, então, não força a amizade tá?! – o provocou.

- Saí logo daqui! – Bill tacou outro travesseiro em Tom, que antes de ser atingido sumiu da vista dele.

 Tom fez o que seu irmão pediu, foi até um Hotel da cidade onde o TH costumava se hospedar quando os garotos ainda não moravam em Berlim e vinham a trabalho.

 Ao chegar, notou um certo tumulto a porta, e mais tarde veio a saber que Justin Bieber estava hospedado lá.

- Caralho quanto paparazzi! – disse enquanto rondava a frente do Hotel - Se eu entrar ai vão começar a falar que sou amigo do Bieber e que vim aqui para visitá-lo. É melhor eu vazar antes que me vejam.

 Acelerou seu carro, mas uma garota apareceu a sua frente, o que o fez desviar bruscamente, quase o fazendo bater em um poste.

- Mas que merda de menina doente! – manifestou-se impaciente enquanto recuperava a direção.

- Olha por onde anda seu imbecil de uma figa! – pelo retrovisor, Tom conseguiu enxergar a garota lhe mostrando o dedo do meio enquanto lhe xingava.

 Como odiava levar desaforo para casa, nem se importou em frear o carro, por a cabeça pra fora e lhe responder:

- Olha você por onde anda sua burra cegueta!

 Torcendo para que ninguém tivesse lhe reconhecido, acelerou seu carro novamente e saiu de lá em busca de um outro Hotel para hospedar-se.

Mandy

 Eu estava parada na porta de entrada do Hotel junto com o Eddie e vários outros jornalistas. Sem contar na quantidade de fãs do Justin Bieber que dividiam o espaço conosco. Estávamos esperando a coletiva de imprensa começar.

- Eddie, irei comprar uma água na loja de conveniência do outro lado da rua. Quer vir comigo?

- Não amor, é melhor eu ficar aqui. E vê se volta logo porque a coletiva já vai começar.

- Vou rápido então.

 Passei pela barreira que separava a imprensa dos fãs e me enfiei no meio deles.

- Com licença, com licença, por favor...

 Ia pedindo espaço para passar por toda aquela gente, mas estava difícil.

 Quando finalmente cheguei a rua, veio um carro todo preto e enorme, de algum riquinho filha da puta, e pela minha sorte não fui atropelada por ele.

- Olha por onde anda seu imbecil de uma figa! – gritei enquanto apontava o dedo do meio em direção ao carro.

- Olha você por onde anda sua burra cegueta! – o idiota colocou a cabeça pra fora para me responder e depois foi embora cantando pneu pagando de machão.

- Volte aqui se você for homem, bonitão! – eu gritei o mais alto que pude, mas ele já estava consideravelmente longe para me escutar.

- Meu Deus, aquele era Tom Kaulitz! – uma garota gordinha comentou com sua amiga. Estavam bem atrás de mim.

- Era mesmo, eu o reconheci logo pelo carro. Depois que vi o rosto então, não tive mais dúvidas. – a outra respondeu.

 Eu não podia deixar de escutar a conversa das duas. Então quer dizer, que eu havia acabado de discutir com o irmão gêmeo do único cara que poderia salvar o meu emprego?

- Com licença garotas. – me virei simpática a elas – Eu não pude deixar de ouvir a conversa de vocês, me desculpem, mas... Aquele garoto mal educado que quase passou por cima de mim com aquele “trator” dele, é Tom Kaulitz? Irmão do Bill Kaulitz? – dei ênfase no “Kaulitz”.

- Sim era ele mesmo. Sem dúvidas. – uma delas me respondeu.

- Tinha que ser da família do “mudinho” mesmo. Ah que ódio daquele trançadinho de meia tigela. – rangia os dentes - Ele e o irmão dele devem se achar as últimas bolachas do pacote, né?! Pois para mim eles não passam de um enorme amontoado de bostas, isso sim! Duas bostas, que podem bostiar a minha vida se simplesmente um deles não aceitar me dar uma maldita entrevista. Arg, eles vão me deixar louca! – fechava os punhos.

 As meninas olhavam para mim horrorizadas. De certo estavam me achando uma doida varrida, ou talvez uma “anti- Kaulitz” pronta para matá-los a qualquer momento. Meu Deus, como eu era capaz de já odiar tanto pessoas que eu nem conhecia? Bem, antes que você pense em uma resposta, eu simplesmente já tenho uma resposta: eu simplesmente os odeio, por depender tanto deles para manter o emprego de toda aquela gente que trabalha na revista. Simplesmente isto.

- Desculpem-me o meu desabafo tão exagerado, mas é isso que a TPM faz comigo. – disfarcei totalmente sem graça – Obrigada pela informação meninas e boa sorte com o Justin Bieber, tomara que vocês consigam um autógrafozinho deles.

 Mandei beijinho para elas e atravessei a rua sem olhar muito para as pessoas a minha volta que haviam presenciado a minha discussão com Tom e em seguida o meu desabafo.

 Naquela altura, eu apenas estava torcendo para o dia passar bem rápido. Quem sabe a noite não seria mais agradável?!