Lost And Found escrita por Insomniac Killjoy
Fecho a mochila e bocejo. Acordar cinco horas da manha não é agradável. Principalmente quando se trata de segunda-feira.
Simon se ofereceu para me levar à escola hoje, já que não consegui vê-lo no fim de semana. Ele me chamou para ir ao ensaio da banda, mas como tive que passar o tempo todo com a minha mãe, não consegui ir.
–Tchau mãe- digo abraçando-a.
–Se cuida- ela diz. –E Clary- me viro para ela, quase adivinhando o que vai dizer- Caso se meta em confusão novamente...
–Não vou, mamãe- digo reprimindo a vontade de revirar os olhos.
Abro a porta e lá está ele: Simon Lewis. Jeans surrados, camiseta com frases, cabelos caindo sobre a testa e os óculos que tem uma das lentes rachadas. Saio saltitando e dou um abraço nele mais forte que consigo. Simon é meio sem jeito para abraços e demonstrações de afeto, mas relevo isso.
A porta de sua vã se abre e uma pessoa alta e esguia aparece. O cabelo com mechas coloridas, sobretudo de veludo vermelho como sangue, inúmeros anéis e uma bandana amarrada em um dos passadores do cinto. Tampo minha boca com a mão para não gritar.
–Magnus!- salto sobre ele e o abraço com força.
Magnus tinha se mudado para Miami com os pais há uns seis meses atrás e não apareceu por aqui desde então. Só algumas mensagens e telefonemas rápidos. O considero um melhor amigo.
–O que faz por aqui? –digo me ajeitando no banco esburacado da vã.
–Sabe como são meus adoráveis pais- ele ajeita o sobretudo e cruza as pernas- Praticamente nômades.
Vou conversando com os garotos até a escola. E quando chegamos, não quero sair.
Abraço Simon e depois Magnus. Quando me afasto, vejo uma garota de cabelos negros andando em direção a escola. Ela parece uma supermodelo invocada. Então eu a chamo.
–Magnus, Simon, esta é Izzy, a garota mais gentil na escola- digo quando ela para ao meu lado. Seu sorriso parece deixar Simon meio fora do ar – É minha colega de quarto. E Izzy, este são Magnus Bane e Simon Lewis, meus amigos.
–Muito prazer garotos- ela sorri novamente. –Com licença, preciso falar com alguém. Foi um prazer conhecer vocês.
Ela sai, e parece que leva Simon junto. Olho para a direção em que ela foi. Está junto a um garoto todo de preto que olha para o céu de cenho franzido. Seus olhos são azuis, diferentes dos de Isabelle.
–Ai meu Deus- digo colocando a mão na testa- Vou entrar que ganho mais- digo olhando para Simon e Magnus que parecem enfeitiçados olhando para frente.
Vou andando distraída para dentro da escola, onde muitas garotas também estão indo. Acabo trombando com alguém e caímos no chão. Dou risada e vou me levantando.
–Se toca garota!- diz a menina que derrubei- É cega por acaso? Tem problemas de reflexo? Qual é seu defeito pra me derrubar assim? Pensa que é quem?
–Ei- digo ajeitando minha mochila- Calma aí colega. Acha mesmo que foi de propósito que te derrubei?
–Talvez- ela diz se levantando- Muitas pessoas se sentem ameaçadas com minha presença...
–Ah, nem vem com esse papo furado pro meu lado- digo revirando os olhos. Ela parece perplexa com minhas palavras. –O que foi? Continue andando! A vida segue.
–Implore perdão- diz ela com um olhar arrogante e falsamente superior para mim. Uma coisa que não faço é me humilhar para outras pessoas. Principalmente quando elas são ignorantes desta forma.
–Vai me pagar por isso?- ela se surpreende com minhas palavras- Não. Então nada feito.
Ela bate o pé uma vez e solta um grunhido. Então aponta para mim com as unhas medonhamente grandes e pintadas de vermelho.
–Isso não vai ficar assim garota.
–Que frase mais clichê! Agora me dê licença, filha de Zygon*.
–Do que você me chamou?- ela pergunta indignada.
Disfarço minha risada com uma tosse e vou em direção ao meu quarto, feliz por ter o apoio das séries de TV. Não preciso perder meu tempo com garotas fúteis. Eu até pediria desculpas se não fosse a arrogância dela. E, qual é? Plena segunda-feira de manhã, por que complicar as coisas?
Xx
–Para dizer a verdade- diz Isabelle do banheiro. O cabelo dela leva um tempo para prender, se ela quiser prende-lo adequadamente - Eu não gosto desse uniforme. Ele é sem graça.
Olho-me no espelho e vejo meu reflexo. Estou com o uniforme, e ele realmente não é nada legal.
–Talvez seja o negócio dos uniformes- digo virando-me para pegar meu álbum debaixo do colchão e colar a foto que tirei final de semana- Não podem ser legais. Se forem uniformes que nos agrade, aí tem algo errado.
Não ouço o que ela fala, pois presto atenção no fato do álbum não estar ali. Praticamente reviro a cama e nada do maldito. Abro minhas gavetas e não o encontro. Ajoelho-me para ver embaixo da cama.
–Está tudo bem?- ouço a voz de Izzy. Olho para ela, que parece um tanto confusa com minha pose.
–Está- digo engolindo seco e escondendo meu pânico em um sorriso- Só estava procurando um grampo.
–Por que não pediu? Eu tenho grampos de sobra- ela pega um e me entrega - Agora, realmente precisamos ir.
Levanto, pego o grampo e começo a prender uma mecha de meu cabelo. Nada de objetos pessoais além de roupas e celular, o qual não pode ser usado nos horários de aula. Não nos responsabilizamos por perdas e danos de nenhum objeto do aluno, sem ser material didático, minha mente relembra as palavras da diretora.
Se perdi aquele álbum, todas as fotos se foram junto a ele. Memórias perdidas por um descuido meu. Mas, preciso me preocupar com isso depois.
Continuo andando para a última aula de hoje, tentando livrar minha mente.
Chegamos e a aula já começa. A professora fala um monte de coisas e temos que representar, e assim ela fala se nossas atitudes estão certas ou não. Geralmente as palavras ditas em minha direção são: Clarissa, querida, assim não. Faça isso com mais graciosidade. Senhorita Fray, não pode sentar-se assim à mesa ou acharão que está sem coluna. Minha vontade é de cair fora dessa sala. Não existe nada no mundo mais chato que aulas de etiqueta.
Durante a demonstração no enorme salão de como andar como uma dama, meu celular vibra no bolso da saia e eu arregalo os olhos. Jurava que tinha deixado ele no quarto. As duas fileiras perfeitamente organizadas de meninas começam a andar e eu acompanho, retirando meu celular do bolso para discretamente ver o que é. Uma mensagem.
Começo a ler: E aí? Se divertindo muito na gaiola-de-frescurentas? Opa, errei. Se divertindo muito na famosa Escola de Clarion?
Estava terminando de digitar o “quem é?” quando recebo uma cotovelada no braço. Quase deixo o telefone cair de susto. Olho e vejo Isabelle lançando um olhar que entendo o que é. A professora está perto de nós.
Escondo o telefone no bolso e concentro-me em “andar como uma dama”. Decido que o melhor é deixar o celular quieto até acabar a aula.
Chego ao quarto junto a Izzy e pego meu pijama. Começo a me vestir e soltar o cabelo. Isabelle logo está se deitando. O alarme é soado e a luz se apaga. Deslizo para debaixo das cobertas e solto um suspiro de cansaço.
*Zygon é um extraterrestre da série Doctor Who.
OBS: Zygon é um monstro tanto como da classic who como também apareceu no The Day of The Doctor. Ele consegue se transformar no que ele quiser, tipo fazer uma cópia :) #VaahHolmes (Obg Dani por me dar esse espaço hahaha #Whovian)
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
ZYGON: http://www.doctorwhotv.co.uk/wp-content/uploads/day-of-the-doctor-tv-trailer-18-zygon.jpg