"Enfim, o que aconteceu é que ela, a Rose, começou a ficar chata, sei lá, começou a virar uma garota daquelas mais difíceis, ou seja, totalmente inalcançável.

E agora eu tenho que dar um jeito de beijá-la.".

– Scorpius, você vai cumprir a posta mesmo ou já está preparando os 20 galeões? – perguntou Albus, alcançando-me em um dos corredores.

Depois do fora que eu havia dado ao dizer que a Ruiva era minha, estava me dirigindo para o Salão Principal, para jantar, pelo caminho mais longo.

Mesmo assim, esses caras que eu geralmente chamava de "colegas de quarto" me encontraram.

– É claro que eu vou cumprir a aposta. – respondi ao Potter. Fazer o quê se eu sempre fui um maldito orgulhoso? – Mas não posso trocar a sua prima pela Emília Sanders?

– Não mesmo. – disse Mike – E deveria se considerar sortudo, a sua Weasley é uma gata.

– Entretanto você não vai conseguir e nós vamos ganhar essa fácil, fácil. – completou Josh.

– Qual é o prazo? – perguntei meio irritado, fazer o quê? Ia ter que beijar a chata mesmo.

– Até o fim do ano escolar. – respondeu Albus.

– Mas só faltam 15 dias para as férias. – exclamei. Eu era bom, mas nem tanto. Ninguém conseguiria pegar a Ruiva em tão pouco tempo. – Eu preciso de mais tempo.

– Tempo para quê losers? Pra superarem a vitória da Grifinória? – debochou o cara mais irritante da Casa anteriormente mencionada pelo próprio. James Sirius Potter. – Vocês sabem que sempre tem o ano que vem, não é, doninha albina?

– Não enche James! – falou Albus enquanto James passava os braços por sobre meus ombros.

– Ai maninho. Que mau humor hein? Levou mais algum fora ou algo do tipo?

Albus fez um gesto que é impróprio e que eu espero que você nunca faça. É muito feio, até para um garoto.

– Nossa. – James fingiu estar ofendido – O que está pegando aqui?

Eu iria responder "nada", para ver se ele saia de perto de mim e ia embora, mas o Mike passou na minha frente:

– É que o Scorpius aqui está apaixonado pela... Como você a chama mesmo Malfoy? Ah, Ruiva.

– Quem é essa "ruiva"? – questionou o Potter, ainda me abraçando, e cheirando perfume de mulher.

– Cala a boca Lucas. – rosnei para o Mike.

– Agora eu quero saber. – falou o JS – Eu conheço?

– É claro que conhece James! – exclamou Mike – É a sua priminha Rose Weasley.

De repente, o Potter parou, e quando eu olhei pra trás, ele estava boquiaberto.

– É sério Malfoy? – ele me olhava como se tivesse nascido uma segunda cabeça em mim. Estranho.

– É claro que é sério JS. – respondeu Josh para mim. Eles estavam me avacalhando.

E o que eu iria fazer? O James era e ainda é o melhor amigo da Ruiva, e ela ia, com certeza, ficar sabendo que eu estava apaixonado por ela.

Espera aí...

Eu. Não Estava. Apaixonado. Por. Rose. Weasley.

Definitivamente não estava. Não estava mesmo.

Só para deixar isso bem claro.

James voltou a andar, mas ainda parecia surpreso. Estava dizendo para Al, sério, de uma maneira que nunca havia visto antes:

– E você, como melhor amigo do Malfoy disse que ele não tem chance nenhuma.

– Por que não? – perguntei, saindo de meus devaneios – Eu sempre tive todas as garotas que eu quis.

– Porque a Rose não é como as menininhas que você está acostumado.

– Eu sei, é por isso que eu tenho que beijá-la.

E eu sabia mesmo. Se a Ruiva fosse fácil ou fútil o bastante para ficar comigo só porque eu sempre fui lindo e rico, duvido que Albus tivesse proposto o desafio.

– Viu Malfoy? – perguntou James e eu fiquei sem entender – É por isso que você nunca vai ficar com a Rose. Não é só agarrá-la e fica por isso mesmo.

– Até parece que o James Potter pensa nisso. Você não é o maior pegador de Hogwarts? – porque ele não devia ligar para sentimento de garota nenhuma. E ainda vinha com sermão?

Depois que eu falei isso, o Potter sorriu. E levantou as mãos em rendição, dava para ver que ele concordava. Modesto não é?

– Tudo bem. Você tem razão, mas eu nunca tentei agarrar a Rose, até porque me daria muito mal se tentasse. E sabe... – alguém acabou batendo contra James fazendo-o parar de falar – Olha por onde anda cara! Não me viu?

– Se eu tivesse visto, não teria batido em você – respondeu o Weasley, azedo.

– Hugo, que resposta feia. Se a tia Mione ficar sabendo que o filho dela anda respondendo os outros com falta de educação por aí... – James disse, fazendo graça – O que ela ia dizer?

Hugo revirou os olhos e ignorou. Era impressão minha ou ele era mais forte e mais alto que os garotos da idade dele? Será que ele defenderia a honra de irmã dele? Eu esperava que não porque sempre gostei do meu rostinho.

– Algum de vocês viu a Lily por aí? – perguntou o ruivo.

– Minha irmã? – perguntou Albus.

– Conhece alguma outra? – ironizou o Weasley.

– Bom... – Albus parecia mesmo pensar no assunto, já mencionei que ele é meio lerdo? – Não. Não conheço outra Lily não.

– Tá. – O Weasley olhou para nós, acho que estava querendo saber como aguentamos Albus e as tiradas de "gênio" dele – Se algum de vocês a vir por aí, podem dizer a ela que estou na biblioteca?

– Pra quê? – perguntaram juntos, os irmãos Lucas, e Mike continuou – Você é o mais inteligente do seu ano. Por que você gosta tanto de estudar?

– Eu não gosto – falou Hugo.

Nessa hora, todos nós, com a exceção de James, olhamos surpresos para o Weasley.

– É claro que gosta – insistiu Mike – Você é um dos melhores alunos do seu ano. Só a sua irmã e o JS conseguem notas tão altas.

– Ei! – reclamei, eu era um dos melhores também.

– Que é Scorp? – falou Josh – Você sabe que a Weasley sempre vai bem, nem você consegue superá-la em tudo.

– É, tem razão. – admiti á contragosto.

– Mas é sério, eu não gosto de estudar, só presto atenção e tenho facilidade em pegar a matéria – falou Hugo, dando de ombros.

– Como? – nossa, por que o Mike está tão interessado?

Se bem que devia ser só porque ele é burro mesmo, e queria saber o segredo de quem tira notas boas.

– Olha Lucas – explicou o Weasley – Acho que você já ouviu falar da minha mãe... – E quem não ouviu? – Eu e a Rose herdamos o cabelo e a capacidade de jogar xadrez do meu pai e o cérebro da minha mãe. Simples assim cara.

O James concordou e o Weasley se despediu da gente, dizendo:

– Se alguém ver a Lils, diga à ela que eu estou esperando, valeu?

– Ok... – falou Mike – A mãe dele é um gênio e parece que é genético, mas isso não explica porque você é tão inteligente Potter.

James deu de ombros, bagunçou o cabelo de Albus, que reclamou, e antes de virar em um corredor:

– Mike, os meus xarás, o vô James e o Sirius, eram dois gênios também. Isso deve estar nome, além disso, sabe, a tia Mione é minha madrinha.

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Tudo bem.

Essas conversas não deram em nada e enquanto os outros conversavam sobre qualquer trivialidade, eu fiquei pensando em como beijar a Ruiva. Ou em como matar aqueles três que eu chamo de amigos.

Será que a Sala Precisa esconderia os corpos? Eu não seria suspeito, eu supunha, se eu fizesse bastante drama. Eu até conseguiria chorar de mentira.

Sei lá, era arriscado demais. Talvez eu devesse só colar a boca daqueles fofoqueiros com aquela coisa trouxa. Ah, fita adesiva, e apostava que o Fred Weasley conseguiria para mim.

Mas a minha mesada já tinha acabado.

A minha mãe não me daria mais dinheiro de jeito nenhum, e o meu pai perguntaria para que eu precisaria do dinheiro.

"Ah pai, nada demais." – eu diria – "É que eu preciso calar a boca dos meus amigos e fazer alguma coisa para comprar um beijo da Weasley".

Fiquei pensando se eu seria deserdado, e cheguei à conclusão de que era bem provável.

Então... Má ideia.

Droga! Ia ser muito difícil ganhar a Weasley...

– Oi meninos lindos! – cumprimentou-nos a única pessoa que cumprimentava todos assim. Lily Potter.

– Oi Lils. – falou Mike, quase babando. Ele meio que tinha uma queda por ela.

E olha que ela estava terminando o terceiro ano.

Lily é uma ruivinha de cabelo curto e franja, geralmente uma fofa, Albus dizia que eu achava isso porque nunca a vi de TPM. Tendência para matar, sabe? Enfim, ela ainda é meio desastrada. Linda, mas a Rose sempre foi mais o meu tipo com aquele cabelo em ondas que vai até o meio das costas e a franja caindo nos olhos super azuis.

Quero dizer, a Weasley é mais séria, e os raros sorrisos para mim são tão lindos que me fez preferi-la à Lils caso eu fosse namorar uma delas.

E também a Lily é quase como uma irmã para mim, por isso eu...

Por que eu estava me justificando para a minha própria mente? Aquela aposta ia me deixar maluco antes daquelas duas semanas acabarem.

E na verdade deixou mesmo. Maluco, eu quero dizer.

– Está tudo bem Scorp? Você está tão calado. – perguntou Lily, tirando-me de meus devaneios.

– O que você quer hein? – falei, nervoso. Eu não disse que ia surtar?

– Nossa. Eu só quis ser simpática. Desculpe.

– Não liga Lils. – falou Josh, bocejando – É que o Malfoy está apaixonado pela sua prima e acha que ela nunca vai correspondê-lo.

Os olhos da ruivinha brilharam e viraram-se para mim, exigindo saber mais.

– Sério Scorp? – ela falou, quase pulando – Você está mesmo apaixonado pela Rose?

– Espere. Como você sabe? – perguntei surpreso – Poderia ser qualquer prima sua.

– Ah, sempre foi óbvio para mim desde que ouvi a primeira discussão de vocês que acabariam se casando.

Fiz uma careta. Ainda bem que Lily não tinha visto.

– Se você quiser, eu te ajudo.

Eu iria dispensar, mas pensei em como Rose sempre foi próxima da Potter e isso poderia me beneficiar.

– Obrigado Lils, só não conta para ela ainda ok?

Lily pulou em meu pescoço.

– Minha boca é um túmulo, mas eu estou tão feliz, isso é tão Romeu e Julieta.

– Quem? – perguntei sem entender.

– É só uma história trouxa – explicou Albus – Onde um cara e uma garota de famílias inimigas se apaixonam.

– Ah... – fizemos eu, Josh e Mike. Continuei:

– Deixem-me adivinhar, eles se casam e vivem felizes para sempre no final, certo?

Lily dirigiu-me um sorriso amarelo e Albus começou a rir.

– O que aconteceu? – perguntou Josh

– É que os dois se matam no fim. – falou Lils em tom de desculpas.

O quê?

– Mas é uma história linda Scorpius. – ria o Potter.

– Então você quer que eu morra no final dessa história? Lils, eu pensei que você gostava de mim.

A Lily revirou os olhos, e disse, sem toda aquela fofura de sempre:

– Deixa de drama Malfoy. Se você quiser mesmo a Rose, vai ter que deixar de se importar com o que seus amigos idiotas pensam e crescer. Rose não gosta de crianças. E muito menos de caras dramáticos.

Cara, ela nunca tinha me chamado pelo sobrenome.

Medo.

Muito medo.

– Enfim... – recomeçou Lily.

– Ah, quase me esqueci mana – avisou Albus – O Hugo disse que está te esperando na biblioteca.

– O quê? Quando vocês falaram com ele? – de repente ela parecia desesperada.

– Há uns minutos – eu respondi muito desconfiado.

– Nem vai dar tempo de pegar um batom... De pegar alguns livros, os meus, quero dizer... Eu tenho mesmo que ir, que me arrumar... Quero dizer, falar com o Hugo... Depois a gente conversa. Tchau fofos.

Albus e Josh deram de ombros, e Mike disse que ela deveria querer a resposta de um trabalho qualquer. Mas eu saquei qual era a da Lily. Bom, parecia que o Hugo Weasley havia se dado bem, mas muito bem mesmo. E olha que o cara devia mandar bem, só assim para gata da Lily sair correndo.

– Mudando de assunto agora. Eu fiquei curioso, será que a Weasley beija bem? – perguntou Mike, falando da Rose.

– Acho que ela é meio inexperiente – zoou Josh – Será que ela sabe o que é um beijo?

Eu revirei os olhos. Apostava que a Ruiva só tinha a cara de santa mesmo.

– Não exagerem ok? – mandou Albus, porque naquele tom ele não estava pedindo nada á ninguém.

– Por quê? – perguntei, entranhando. A família Potter tinha tirado o dia para me assustar? O James sério, a Lily dando uma de adulta, e o Albus nervoso. Eu hein?

– Porque a Rose é minha prima e ela beija bem sim.

– Como você sabe idiota? – zoou Mike.

– Porque idiota, eu e o Al já ficamos. – falou a minha ruiva passando o braço pela cintura do Potter.

– No terceiro ano, mas foram só umas vezes. – explicou Albus, o meu suposto melhor amigo, olhando para as nossas caras surpresas.

– Sabe Al, eu também acho que você beija bem, pena que não deu certo. Eu queria que meus filhos tivessem os olhos iguais aos do tio Harry.

– Então você estava se aproveitando de mim Srta. Weasley? O que sua família diria se soubesse? – brincou Albus.

– Espera aí – falou Mike, saindo de um torpor – Vocês já se beijaram mesmo? Mas a ruiva é gata!

A Weasley revirou os olhos.

– Obrigada, eu acho. – disse ela – E caso você não saiba, Al é um dos sonserinos mais quentes dessa escola.

Eu e os caras fizemos caretas e o Albus falou:

– Rose querida, você está querendo alguma coisa?

Ela deu um tapa no braço dele, fazendo uma carinha de ofendida:

– Claro que não. Eu já superei você Potter.

Albus riu e eu o fuzilei com olhar.

Como ganharia a aposta se ele ficasse agarrado à Rose?

– Você está com algum problema Scorpius? – perguntou o Albixa, fazendo com que a Ruiva olhasse para mim.

Estávamos à porta do Salão Principal, e o Albus estava de sacanagem, porque ele havia visto a cara feia que eu estava fazendo.

– Claro que não. – respondi e andei até á mesa da Sonserina. Mas ainda deu para ouvir a Weasley perguntando:

– O que deu naquele projeto albino de gente?

Comecei a comer, e depois os meninos se juntaram à mim. A Weasley não se sentou com a gente, e o Albus ficou o tempo todo falando dela.

Eu não queria saber. Nem como nem por quanto tempo ele havia ficado com a minha Ruiva.

– Malfoy – chamou Josh – Acho que nós já ganhamos a aposta, cara.

Eu só levantei os olhos e lhe mandei um olhar de desdém.

– É sério. – continuou ele porque eu não disse nada – Parece que a sua garota gosta de morenos de olhos verdes.

– Cala a boca – mandei – Se não quiser ficar sem os dentes valeu? Não quero ouvir você falando da Weasley, não quero ouvir você espalhando histórias por aí, e não quero ser atrapalhado. Em duas semanas, a gente conversa.

Levantei da mesa e saí, resmungando alto o bastante para os gêmeos Lucas ouvirem:

– Eu odeio mal perdedor.

Depois fui para o meu quarto pensando que tinha duas semanas para beijar Rose Weasley.

Uma garota que parecia não me suportar. Ao invés de pensar em táticas para conquistá-la, me peguei imaginando o que eu havia feito para que ela parasse de falar comigo.

Sabe, eu gostava da Rose. No terceiro ano, ela era uma das garotas mais legais que eu conhecia, mas não achava que ia fazer muita diferença para a Ruiva naquele momento.

O caso é que, sendo a Rose, daquelas meninas para namorar ou não, eu tinha que ficar com ela, eu queria isso.

Era mais que uma questão de honra.

xxx