Fearless escrita por Moon Melon


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fic foi inspirada na música Fearless, da Taylor SwiftSegue o link:http://www.youtube.com/watch?v=Wnk9Hq28MuA



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Depois de muitos anos morando na América, voltei para o meu lar, minha ilha, a formosa Inglaterra. Moro em Londres em uma casa alugada, afinal, nunca teria dinheiro para comprar um apartamento de verdade. Minha carreira de escritor ainda não está em seu auge, e para ser sincero, não sei se algum dia estará. Não tenho carro, ou seja, sempre estou em um taxi. Minha vida andava normal e monótona, até aquele belo domingo à noite. Aquele domingo onde eu o conheci. Saí de casa pela tarde com o meu guarda-chuva preto. O tempo parecia perfeito, mas estamos falando de Londres. Eu estava indo para a minha terapia. Aparentemente, eu tenho problemas com minhas relações sociais desde quando meu irmão mais novo brigou comigo. “Arthur, eu não sou mais criança, nem seu garotinho!”. Se sinto falta dele? É claro que sim. Mas meu orgulho é demasiadamente expressivo. Ele disse exatamente o que sempre costumava dizer. “Você tem que arrumar alguém” ou “Não pode ficar sozinho por tanto tempo”. Nunca realmente me esforcei para aceitar as prescrições do terapeuta. Na verdade, o esforço em entender seu sotaque alemão já era o suficiente. Fiquei lá até às cinco horas, como de costume. Ao sair do consultório, percebi que o vento estava muito forte. Abri o guarda-chuva para me proteger da chuva que já estava ficando forte. Infelizmente, meu companheiro cedeu às forças do clima e voou de minha mão. Como se não fosse o suficiente, não havia taxis disponíveis. Oh vida infeliz! Minha casa ficava a quarenta minutos daquela maldita rua. Agarrei-me em meu sobretudo para tentar, de forma inútil, proteger-me do frio. Concentrei meu olhar nos passos que dava. Cada vez que meus pés encostavam-se ao chão já ensopado, levantavam algumas gotas de água.

Destino, substantivo masculino, sucessão de fatos que podem ou não ocorrer, e que constituem a vida do homem, considerados como resultantes de causas independentes de sua vontade; sorte, fado, fortuna. É algo interessante, poético, talvez. Romeu e Julieta conheceram-se através do destino. Isso marcou tanto suas vidas quanto o fim delas. Se eles não tivessem se encontrado naquele dia, nenhum dos dois teria morrido tão cedo. Mas uma curta vida com amor é infinitamente mais preciosa do que uma longa vida solitária. De alguma forma, aleatória ou não, eu o encontrei pela primeira vez. Meus pensamentos estavam dispersos pelo tempo e pelo espaço de forma a me deixarem cego. Não o vi, não desviei.

– Regardez-le salaud!

– O que você disse? – Eu perguntei com a minha voz tremida e entre meu ranger de dentes. Como estava frio. Quando aquele homem viu meu crítico estado, sua expressão mudou gradativamente. Ele olhava para mim com seus olhos azuis de maneira que entendi o quanto ele sentia pena de mim. E que olhos! Eu poderia escrever um poema sobre cada detalhe daquelas íris perfeitamente azuladas em um tom violeta reluzente. Não era um azul comum. Não era o azul londrino. Seja quem for aquele rapaz, era, sem dúvidas, Francês.

– Oh mon Dieu, você não está bem.

– Não precisa dizer algo que já sei seu frog.

– Isso não foi educado roast beef.- Ele disse secando os seus fios de cabelo dourados. – Vamos, eu te dou uma carona.

– Eu tenho carro.

– E onde está? – Eu não soube o que dizer. Apenas engoli meu orgulho e contei a verdade.

– Não tenho carro.

– Aceitas a carona agora?

– ma-mas eu nem te conheço.

– Sou Francis Bonnefoy, Paris, França. Moro aqui faz cinco anos. Pintor. Não mordo... A não ser que você queira.

– Pervertido.

– Pas perverti. Français.

O francês abriu a porta do Peugeot‎ vermelho para que eu pudesse sentar no banco de carona. Aquele carro era pequeno, mas aceitável. Fui destemido, confesso. Talvez um tanto burro, ou ingênuo. Mas eu sou um homem de vinte e seis anos, não uma adolescente. Posso lidar com isso. Ele fechou a porta do carro.

– Para Croydon.

– É longe.

– Você ofereceu carona, agora vai ter que me levar.

– Okay resmungão. – Ele disse bagunçando meu cabelo.

– Ei, pare com isso! – Ele colocou as mãos no volante e deu a partida. Eu encostei minha testa para observar a paisagem envolta do carro. Havia alguma coisa no jeito que a rua ficava quando chovia. Havia um brilho no asfalto. Um... Brilho... Francis? Por quê? Por que pensar nele naquele momento em que eu estava encantado com as gotas d’água refletindo as luzes da cidade. Talvez elas brilhassem como os olhos de Bonnefoy, ou talvez fossem reluzentes como seus cabelos médios e loiros. - Você percebe?

– Hã?

– Percebes quando alguém está te querendo?

– Que pergunta é essa?!

– Eu me pergunto se você sabe.

– Sei? – Ele riu. Que riso encantador. O mundo se iluminava a cada palavra que ele dizia. O jeito como Francis passava os dedos pelos seus cabelos. Não pude evitar. Eu o queria. Céus! O que estou dizendo? Pareço uma moça.

– O que você faz aqui na Inglaterra?

– Arte. Procuro coisas belas. – Ele me fitou. Oh, espero não ter ruborizado. – Elas são minha inspiração.

– Entendo. – Voltei a olhar para a janela.

– E você? Qual o seu nome?

– Por que você quer saber, frog?

– Eu acabei de resumir minha vida para você. Posso, pelo menos, saber o seu nome?

– Kirkland, Arthur Kirkland.

– É um belo nome. – O sinal fechou. O franco parou o carro e olhou para mim. – Oh, você não está usando sinto de segurança.

– E-eu... - Não consegui falar. Ele tinha que ser tão... Atraente? Era realmente necessário colocar o cinto em mim? Eu consigo fazer isso sozinho. Será que ele pode sentir meu coração agora? Está batendo mais forte. Oh não! A respiração dele. Está a centímetros dos meus lábios. Como eu posso? Como?

– Tudo bem? – Ele perguntou olhando nos meus olhos. O que foi que eu fiz?!

– Tudo. Agora que você cuidou da minha segurança. – Disse usando meu típico sarcasmo. – Saia de cima de mim, seu bastardo!

– Eu só queria te ajudar, roast beef! – Francis voltou ao seu lugar. Ele estava resmungando algumas palavras em francês. O que eu fiz? Estava bem ali. Tão próximo.

– Descul...

– Olha, não precisa falar comigo. Eu vou te deixar na sua casa e nós nunca mais vamos nos falar novamente.

– É melhor assim. – O que eu estava dizendo?! É claro que não! Eu não queria ir. Eu não queria deixa-lo.

A viajem durou mais vinte minutos. Silêncio. Ele se concentrava na rua enquanto eu me encostava à janela e observava as gotas d’água impedindo minha visão. Eu pude sentir uma lágrima atravessando o meu rosto e caindo de meu queixo. Por quê? Por que eu estava chorando?

– Chegamos. – Ele parou em frente a minha casa. O que eu faria? Se saísse do carro, nunca mais o veria novamente. Mas era assim que deveria ser. Acabou. Espera! O quê?! Ele... Ele segurou a minha mão.

– O que foi?

– Eu não posso perder você. Eu não quero. Não posso deixar a chance que tenho de te conhecer.

– Sendo assim... – Tentei disfarçar a minha surpresa. – Posso dirigir?

– Okay. – Ele piscou para mim? Bonnefoy está flertando comigo ou eu estou tendo alucinações? Dei um leve sorriso. Foi algo inconsciente. Espero que Francis não tenha visto. Tarde demais. Ele viu.

– Merda!

– Quê?

– Ops. – Ótimo. Eu disse isso em voz alta. – Estava pensando alto.

– Que interessante. – Ele rolou os olhos. Esse sarcasmo... Francis está me imitando.

– Não. Meus pensamentos não são interessantes. Eu não sou interessante.

Nesse momento, o francês toca com uma de suas mãos no meu ombro. Eu me viro.

– Nunca mais diga isso. – Ele sussurra no meu ouvido. Droga! Acho que estou corando.

– Mas...

– Arthur, se você não fosse interessante, eu não me fascinaria tanto por você.

– Obrigado. – Eu disse abrindo a porta do carro e saindo. Ele sai em seguida para que nós possamos trocar de lugar.

– Você sabe dirigir?

– É claro que sei seu idiota! – Senti-me um tanto insultado pela pergunta.

– Pois então dirija!

– Tá, tá. – Quando o carro começou a andar eu fiquei entusiasmado. Na verdade, nunca havia dirigido um carro que não fosse o da autoescola, mas é claro que Francis não saberia disso. Levei-o para a estrada. Esses automóveis franceses realmente são bons. Agora que estava concentrado na pista, não falava mais com Francis. Ele pegou um livro e começou a ler. O sinal fechou. Já estávamos na estrada. Parei o carro e olhei para o loiro concentrado em sua leitura. Pensei em Shakespeare, meu escritor favorito. Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. Estava na hora de arriscar. – Francis?

– oui? – Ele virou para mim sorridente. Sorri de volta.

– Eu gosto dos seus olhos. – Talvez eu tenha falado baixo demais.

– quoi?

– E-eu disse... – Aproximei-me e coloquei a mão em seu rosto. Não obstante eu seja uma pessoa tímida, sabia que não poderia ter medo. – que gosto dos seus olhos. Eles têm uma cor interessante. Violeta, não?

– Azul. Talvez um tanto violeta. Merci. – Ele voltou a ler aquele minúsculo livrinho em francês.

Foi isso mesmo? Essa foi a resposta dele? Se eu tivesse mais coragem, beijá-lo-ia.

– Eh... Francis?

– Gentleman?

– Quando eu disse que gostava dos seus olhos, estava esperando uma reação menos... Sutil?

Ele sorriu e deixou o livreto dentro do porta-luvas. Em seguida se aproximou de mim. Senti minha respiração mais forte. Meu celular tocou. Atendi.

Arthur, onde você está? Já te procurei por todo o lado. Você não mora mais em Londres?

– Alfred? – Respondi enquanto olhava para Bonnefoy, que voltou para o seu lugar.

– Quem mais poderia ser?

– Por que ligar essa hora? Já está de noite. O que faz em Londres? Veio pedir dinheiro, presumo.

– Como você espera que eu pague minha faculdade? Arthur ajude-me.

– Não, Alfred. Não tenho dinheiro nem para mim. Como você pode achar que eu vou te ajudar? E a tua liberdade? Onde está agora?

Mas...

– Você é um ingrato! – O sinal abriu. Continuei a guiar o automóvel pelo asfalto enquanto discutia com meu irmão. – Depois que a mãe morreu, eu tive que cuidar de você. Olha o que eu recebo em troca? Um mimado! Onde, Alfred? Onde eu errei?!

Parei o veículo. Nem vi onde.

Não vá querer que eu peça dinheiro para a Sakura.

– Não espante ela. De todas as garotas que você já namorou, Sakura é a única que realmente parece ser uma boa moça.

Você parece o meu pai!

– Pois peça dinheiro para ele!

Você sabe que eu não falo com ele.

Eu estava prestes a responder quando ouvi um grito de meu companheiro. Virei. Não acredito que fui tão estúpido a ponto de parar aquele carro no cruzamento. Fomos atingidos pelo lado onde Francis estava. Desmaiei. Acordei no hospital. Estava em uma maca com alguns arranhões. Havia um médico que estava consultando a minha ficha.

– Onde estou?

– Oh, você acordou. – Ele sorriu para mim. – Senhor Arthur Kirkland, eu presumo. Você teve muita sorte, sabia? Aquele acidente teve um potencial destrutivo muito grande. – Ele disse com um sotaque russo perceptível.

– E Francis?

– Francis?

– O homem que estava ao meu lado.

– Oh. – Ele não estava mais sorrindo. Por quê?

– Ele está vivo, doutor? – Levantei-me.

– Sim, ele está. – Um alívio tomou-me. – Mas precisa de sangue.

– Pois então, deem sangue a ele.

– Impossível.

– Por quê?

– O sangue dele é raro. Apenas dezesseis por cento da população mundial possui o mesmo tipo sanguíneo que ele. Ó negativo.

– Co-como? – Senti um frio na espinha. Era o meu tipo sanguíneo. Eu poderia ajuda-lo. – Eu posso doar sangue a ele. Sou doador universal também.

– Acho que você não compreendeu. É de muito que ele precisa. Você pode morrer.

– Ele também. Eu tenho que fazer isso. Por favor.

O russo olhou para minha ficha.

– Bem, você está estável. Acho que posso fazer isso. Mas você terá a obrigação de assinar alguns papéis. Nosso hospital não se responsabilizará se... Bem... Creio que você já sabe das possíveis consequências.

– Dê-me a caneta. Vou salvar aquele bastardo, custe o que custar.

– Sendo assim. – Ele colocou a prancheta com minhas informações sobre uma mesinha. – Aguarde um momento.

O russo saiu da sala e voltou logo com alguns papéis e uma caneta. Não me importei com a sensação de medo cada vez que deixava um traço de tinta sobre aquelas linhas. Terminando de assinar, me levaram para o mesmo quarto onde Francis estava. Sentei-me em uma poltrona ao lado de meu amigo inconsciente. Eles puseram uma máquina que ligava meu braço ao dele e bombeava meu sangue para o corpo pálido do francês.

– Arthur? – Ele murmurou ainda com os olhos fechados. Eu sorri ao ver que ele estava voltando. Mas senti-me indo.

– Vai ficar tudo bem, Bonnefoy. Você vai ficar bem.

Eu já estava tonto, frio e fraco. Encostei minha cabeça na cadeira, pois já não havia forças para sustenta-la. Olhei para cima. Vi a luz branca da lâmpada do quarto. Ela piscava. Concentrei-me nela até que tudo ficou escuro. Fechei os olhos.

Eu estava na Inglaterra fazia muito tempo. Procurava um lugar onde pudesse pintar tranquilamente. O problema era: De todos os cantos do Reino Unido, escolhi a capital inglesa, nada tranquila, para ser o local de onde eu poderia tirar minha inspiração. Mesmo assim, foi uma boa escolha. Encontrei alguém, um típico, irritante, e encantador britânico. Tudo começou no domingo, o dia mais nostálgico da semana, em minha opinião. Eu havia ido de carro para o mercado comprar algumas tintas para meu trabalho. Estava fechado. Decepcionante. Estava voltando para o meu carro, quando começou a chover. Enrolei o meu cachecol em meu pescoço e pus minhas mãos em meus bolsos. Em seguida, continuei a andar. Olhei em meu relógio e não percebi o jovem que estava em minha frente. Esbarrei nele.

– Regardez-le salaud! – Por que disse aquilo? A culpa era minha.

– O que você disse? – Ele perguntou. Eu fui tomado por um sentimento de pena daquele pobre indivíduo que estava morrendo de frio. Ele olhou para mim. Aqueles olhos verdes... Como eu poderia deixa-lo lá?

– Oh mon Dieu, você não está bem.

– Não precisa dizer algo que já sei seu frog.

– Isso não foi educado roast beef.- Eu disse enquanto tirava a água dos meus cabelos. Às vezes eu queria ter cabelos curtos para não ter que sentir a água molhando meus ombros. – Vamos, eu te dou uma carona.

– Eu tenho carro. – Eu olhei em volta. Queria, pelo menos, deixa-lo em seu carro.

– E onde está?

– Não tenho carro. – Talvez ele tenha se sentido humilhado. Eu não queria envergonhá-lo. Se ele aceitasse meu auxílio, poderia me redimir.

– Aceitas a carona agora?

– ma-mas eu nem te conheço. – Eu ri. Talvez não fosse realmente uma boa ideia ajudar alguém que eu não conhecia, ou para ele entrar no carro de um estranho.

– Sou Francis Bonnefoy, Paris, França. Moro aqui faz cinco anos. Pintor. Não mordo... A não ser que você queira. – Que cantada horrível. Como pude dizer aquilo?

– Pervertido.

– Pas perverti. Français. (Pervertido não. Francês). – Eu ri novamente. Acho que ele não me entendeu. O que eu poderia esperar de um britânico?

Eu abri a porta do meu carro. No início, me senti um tanto envergonhado pela simplicidade de meu automóvel. Mas, pelo menos, eu tinha um.

– Para Croydon. – Ele disse. Eu me surpreendi. Como ele esperava fazer uma viagem tão longa andando?

– É longe.

– Você ofereceu carona, agora vai ter que me levar. – Aquele roast beef não era nada educado.

– Okay resmungão. – Baguncei os cabelos loiros mal cortados dele.

– Ei, pare com isso! – Eu ri. Talvez fosse melhor não mexer com o rapaz. Concentrei-me em dirigir o meu carro, enquanto ele estava quase hipnotizado pela chuva que ocorria ao lado de fora do veículo. - Você percebe? – Ele perguntou de um modo solto. Não entendi.

– Hã?

– Percebes quando alguém está te querendo? – O que havia com ele?

– Que pergunta é essa?!

– Eu me pergunto se você sabe.

– Sei? – Eu ri e ajeitei meus cabelos que estavam desconfortavelmente em meu rosto. Voltei a dirigir. Percebi que ele estava me olhando mesmos sem vê-lo.

– O que você faz aqui na Inglaterra? – Ele finalmente perguntou.

– Arte. Procuro coisas belas. – Olhei-o. Ele corou. Era esse o objetivo. Meus métodos são sempre eficazes. – Elas são minha inspiração.

– Entendo. – O britânico voltou a olhar para a janela. Talvez ele fosse muito tímido. Vamos ver se eu consigo fazê-lo falar comigo.

– E você? Qual o seu nome?

– Por que você quer saber, frog? – Com certeza era um rabugento. Mas, como um bom galanteador, eu gosto de desafios.

– Eu acabei de resumir minha vida para você. Posso, pelo menos, saber o seu nome?

– Kirkland, Arthur Kirkland.

– É um belo nome. – Realmente era. E tipicamente inglês, creio eu. Lembrei-me do Rei Arthur e os cavalheiros da távola redonda. Olhei-o de cima a baixo. Ele estava sem cinto de segurança.

– E-eu...- Virei-me para por o cinto nele. Aqueles olhos verdes me deixavam louco. Precisava de uma desculpa para vê-los de perto. Espere... O coração dele está batendo mais forte. Consigo ouvi-lo. Será que se chegar mais perto dele eu consigo um beijo?

– Tudo bem? – Perguntei com a voz mais encantadora que consegui.

– Tudo. Agora que você cuidou da minha segurança. Saia de cima de mim, seu bastardo!

– Eu só queria te ajudar, roast beef! – Voltei para o meu banco. Ele não estava interessado em mim. Bom, o que eu poderia fazer? Fiquei um tanto irritado, talvez ele tenha percebido.

– Descul...

– Olha, não precisa falar comigo. Eu vou te deixar na sua casa e nós nunca mais vamos nos falar novamente. – Como eu fui dizer aquilo? Ainda queria-o por perto.

– É melhor assim. – Aquelas palavras me apunhalaram como facas.

Procurei concentrar-me na rua durante os vinte minutos restantes de viagem. O silêncio me matava. Sentia falta da voz de Arthur.

– Chegamos. – Foi difícil dizer aquilo. Bem difícil. Parei meu carro em frente da pequena casinha dele. Olhei para Arthur. Olhos chorosos.

– O que foi? – Ele perguntou. Eu tinha que dizer algo. Era meu dever demonstrar o que eu sentia. Nunca me perdoaria se não o fizesse.

– Eu não posso perder você. Eu não quero. Não posso deixar a chance que tenho de te conhecer.

– Sendo assim... Posso dirigir?

– Okay. – Eu pisquei para ele, e Kirkland sorriu. Que belo sorriso. Consegui. Tenho uma chance!

– Merda!

– Quê? – Assustei-me. Fiz algo errado?

– Ops. Estava pensando alto.

– Que interessante. – Eu imitei o sarcasmo britânico.

– Não. Meus pensamentos não são interessantes. Eu não sou interessante.

Não acreditei no que ouvi. Como uma criatura tão irresistível como aquele inglês poderia falar algo assim? Segurei seu ombro e sussurrei em seu ouvido. Pude sentir a pele dele ficando aquecida. Arthur estava ruborizando de novo. Talvez eu tenha o talento de deixar as pessoas sem jeito.

– Nunca mais diga isso.

– Mas...

– Arthur, se você não fosse interessante, eu não me fascinaria tanto por você. – Acho que falei demais.

– Obrigado. – Kirkland saiu do carro, eu saí em seguida, e nós trocamos de lugar.

– Você sabe dirigir?

– É claro que sei seu idiota! – Talvez eu tenha o ofendido. Mas ele fica tão lindo quando está irritado.

– Pois então dirija!

– Tá, tá. – Arthur concentrou-se no asfalto. Deixei-o em paz. Peguei meu livro de Shakespeare traduzido para o francês. – Francis?

– oui? – Sorrimos um para o outro.

– Eu gosto dos seus olhos. – Não entendi nada. Eu tenho certa dificuldade para entender o inglês quando falam muito baixo.

– quoi? – Levantei uma das minhas sobrancelhas.

– E-eu disse... – Kirkland se aproximou e colocou a mão em minha bochecha. Pensava que ele era tímido. – que gosto dos seus olhos. Eles têm uma cor interessante. Violeta, não?

– Azul. Talvez um tanto violeta. Merci. – Peguei meu livro e folheei-o em busca de alguma frase romântica que eu foderia usar. Afinal, Shakespeare atrai as pessoas.

– Eh... Francis?

– Gentleman? – Talvez eu tenha demorado tempo demais para achar algo romântico. Hora de confiar em meu charme.

– Quando eu disse que gostava dos seus olhos, estava esperando uma reação menos... Sutil?

Sorri e coloquei o livreto de volta no porta-luvas. Sabia exatamente o que ele queria e, modéstia a parte, eu sou muito bom nisso. Aproximei-me de Arthur. Senti a respiração quente dele em meus lábios. Estava prestes a beijá-lo quando seu celular tocou. Ele atendeu e eu voltei para o meu canto.

– Alfred? – Quem era Alfred? Fiquei curioso.- Por que ligar essa hora? Já está de noite. O que faz em Londres? Veio pedir dinheiro, presumo. – Filho? Irmão? Parente? Amigo? - Não, Alfred. Não tenho dinheiro nem para mim. Como você pode achar que eu vou te ajudar? E a tua liberdade? Onde está agora? – Arttie não tinha dinheiro? Não estou surpreso. - Você é um ingrato! – O sinal abriu e ele continuou a dirigir meu carro enquanto gritava com esse tal Alfred. – Depois que a mãe morreu, eu tive que cuidar de você. Olha o que eu recebo em troca? Um mimado! Onde, Alfred? Onde eu errei?! – Ah, irmão. Eles eram irmãos. Ele parou o automóvel bruscamente.- Não espante ela. De todas as garotas que você já namorou, Sakura é a única que realmente parece ser uma boa moça. – Que bonitinho, um irmão-coruja. Será que ele tem mais alguma surpresa atraente?- Pois peça dinheiro para ele! – Virei-me para contemplar a janela. Kirkiland parou o carro no meio de um cruzamento. O que se esperar de um inglês? Vi um carro vindo em minha direção. Gritei. Arthur virou-se para ver o motivo de meu medo e se apavorou. Soltei meu cinto de segurança e abracei-o de modo que eu pudesse protegê-lo de qualquer impacto. Ele desmaiou. Acho que entrou em choque quando fomos atingidos. Eu queria ter desmaiado para não ter que sentir aquele pedaço de ferro entrando em minha perna e rasgando minha pele como tecido. Algumas pessoas que passavam de carro pararam para chamar a ambulância. Com dificuldade, continuei acordado a espera dos médicos, sempre com Arttie seguro em meus braços. Ele estava coberto de sangue, mas não era sangue inglês. Era francês. Eu senti a falta do líquido cada vez que sentia o frio e minha vida deixando-me. Ouvi as sirenes da ambulância. Olhei para o loiro desacordado ao meu lado.

– Vai ficar tudo bem, Kirkland. Você vai ficar bem. – Beijei a testa dele antes de perder a realidade.

Abri meus olhos, ainda estava no carro médico em movimento. Havia paramédicos colocando uma máscara de oxigênio em minha face. Olhei para o lado, vi Arthur. Segurei a mão dele. Meu precioso precisava ficar bem. Era tudo o que eu queria. Senti-me fraco. Fechei os olhos novamente.

Senti a vida voltando a mim. Como? Onde eu estava? Senti a presença dele.

– Arthur? – Perguntei com a pouca força que tinha, mas fiquei inconsciente logo em seguida. Kirkland estava lá, eu sei.

Abri meus olhos. Havia uma enfermeira asiática em meu quarto.

– Ah, você está acordado. – Ela riu. Que simpática. – Ouça, sua perna precisou de muitos pontos, você vai ter que andar de muletas por um tempo. Mas está tudo bem. O que é um milagre porque você perdeu muito sangue, e achar doadores do seu tipo é quase impossível. Ainda bem que meu marido conseguiu um.

– Arthur? Onde ele está? – Perguntei desesperado ao não vê-lo por perto.

– Quem?

– O meu companheiro. O que se acidentou junto comigo. Ele não está nesse quarto?

– Hum... – Ela pegou a ficha para conferir. – Não. Só você.

– Não pode ser. Ele tem que estar bem. Ele não pode ter morrido. Arthur... Meu Arthur. – Pela primeira vez, caí no choro na frente de alguém.

Levantei-me da cama.

– E-ei, você não pode sair ainda, aru.

Peguei as minhas muletas e procurei Arttie pelo hospital inteiro. Ninguém sabia onde ele estava. Só ouvia falar daquele loiro inglês que, com seu sangue raro, arriscou a vida e salvou o francês, e sobre como nenhum dos médicos se arriscaria daquele jeito. Meu medo aumentou. Antes eu do que ele. Era o que eu pensava e repetia para mim mesmo enquanto as minhas lágrimas rolavam pelo meu rosto. Cheguei à sala de espera. Ele estava lá, tomando chá. Aquele maldito.

– Kirkland, seu roast beef bastardo! – Gritei jogando minhas muletas no chão e caindo sobre ele. Ambos fomos ao chão.

– Francis, você está bem.

– Graças a você. Salvou minha vida. – Todos pararam para nos observar, emocionados.

– Eu não podia deixar você morrer.

– Arthur Kirkland, eu te amo! – Disse beijando-o. Finalmente.

– Eu também te amo, Francis Bonnefoy. – Ele respondeu. Nunca me senti tão vivo. Ele estava bem ali, e bem. Olhei nos olhos verdes dele. Artur estava lagrimando de emoção. Beijei-o novamente. Todos da sala bateram palmas.


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