Kaos - A Filha de Simbad escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 4
Adeus Port Royal


Notas iniciais do capítulo

Kaos finalmente terá a chance de sair de Port Royal e voltar para o seu amado lar: o oceano.



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A luz do sol invadiu o meu quarto e eu acordei com um sorriso enorme na cara. Tudo bem que a cidade fora atacada, saqueada, entre outras coisas mais, mas eu estava feliz pela minha saída de Port Royal que estava indo muito bem.

Abri o piso solto do meu quarto ainda de pijamas e comecei a analisar as coisas de Jack Sparrow. Olhei sua pistola, ela era tão bonita. Analisei-a de um lado a outro, vi seus detalhes, era uma ótima arma pirata e percebi que nela havia apenas um tiro, coisa que eu admito que aprendi com o Capitão Bench, meu pai não gostava de me ver perto de armas de fogo, me ensinando mais a manusear espadas. E o Capitão Bench me ensinou para que eu ficasse amiga dele, claro que eu não me tornei amiga dele, mas ele não precisava saber disso até me ensinar tudo.

Analisei a espada dele, era linda, uma legítima espada pirata, um pouco diferente das que Will forjava. Foi olhando o cinto dele que percebi então uma bússola, ela era muito bonita, eu a abri e ela não apontava para o norte. Fiquei intrigada, pois ela começou a se mexer e apontar em uma direção, através da minha janela. Segui a direção e vi que dava direto para o mar. Seria uma bússola que aponta para o mar quando você está em terra?

– Kay!

Me virei rapidamente assustada, fechei a bússola e me virei.

– Will! - gritei ao perceber que era ele.

– Desculpe - ele se virou de costas, pois eu estava de pijama. - Me desculpe, Constance disse que você estaria aqui em cima e... que coisas são essas?

Ele falava das coisas de Jack Sparrow. Entrei na frente delas e comecei a escondê-las no piso solto.

– Nada.

– São objetos piratas. Onde conseguiu?

– Com Jack Sparrow.

– Você...

– O que você quer Will?

– Elizabeth foi levada com a tripulação do Pérola Negra, preciso sair daqui para salvá-la. Acho que esse Jack Sparrow pode nos levar até lá.

– Não acho que ele seja amigo dos tripulantes do Pérola.

– Por que?

– Eles o deixaram aqui e quase o mataram.

– Como sabe disso tudo?

– Isso não vem ao caso. A questão aqui é: você quer ir conosco para o mar para salvar Elizabeth?

– Exato.

– As companhias não vão fazer nada? Nem o Comodoro?

– Estão pensando demais, precisamos agir e não pensar muito.

– Então vamos tirar Jack Sparrow daqui.

Fiquei animada e com Will ainda de costas comecei a me trocar, coloquei o vestido mais leve que tinha e um corpete rosa de um vestido que havia ganhado do Capitão Bench de aniversário. Tentei esconder as coisas de Jack Sparrow w manti a bússola comigo. Assim que fiquei pronta, Will e eu saímos correndo de casa, mas no meio do caminho decidi voltar e dei um enorme abraço em Constance, que se assustou.

– Obrigada por tudo Constance.

– Oh minha menina - ela começou a chorar e me abraçou.

– Se cuide, ok? - me afastei e sorri para ela.

– Você também meu amor - ela fez carinho em meu rosto.

E então eu voltei a sair correndo com Will antes que eu chorasse ainda mais. Eu não podia deixar meu maior sonho de lado, que era voltar ao mar. Will e eu entramos na prisão e lá estava Jack Sparrow, deitado no chão, olhando para o teto, com as pernas cruzadas.

– Olá Capitã, pensei que tivesse desistido de mim - ele disse sorrindo para mim.

– Bom... Will quer a sua ajuda.

– Quem é Will?

– Sou Will Turner - Will se apresentou bravamente.

– Will, suponho que seja diminutivo de William. Um nome forte. É o nome do seu pai?

– Meu pai é Bill Turner.

Jack Sparrow pareceu ficar interessado e eu fiquei curiosa.

– Você conhece o pai dele? - perguntei.

– Pelo visto o pai dele é o único que seu pai não conhecia para lhe contar histórias - disse Jack.

– Eu sabia - eu disse sorrindo para Will. - Eu senti, desde primeira vez que te vi, sabia que você era um pirata! - me animei ao concluir.

– Você é boa nisso garota - disse Jack.

– Eu não sou um pirata, meu pai era um homem honrado e...

Dei um soco na cara de Will. Jack Sparrow arregalou os olhos sem entender.

– Desde quando piratas não são honrados William? Pense duas vezes antes de falar mal de um pirata na minha frente, ainda mais sobre a honra deles. Meu pai voltou para morrer no lugar do amigo dele, quando todos achavam que ele não passava de um covarde e você fala como se piratas não tivessem honra e cumprissem com suas palavras.

Will ficou sem reação, apenas segurando o local que eu bati. Jack Sparrow ficou olhando para mim surpreso.

– Gostei dela - ele disse.

– Cala a boca - eu disse para Jack com raiva e comecei a abrir a cela.

– Obrigado querida, pode me devolver minhas coisas.

– Não, o que garante que você não vai escapar?

– Nada - ele sorriu ainda de mãos esticadas para lhe devolver as coisas.

Fiquei encarando-o e lhe devolvi espada e arma, mas fiquei com a bússola.

– Falta uma coisa ainda querida Capitã.

– Essa vai ficar comigo - eu disse mostrando a bússola a ele e tirando do alcance dele quando ele tentou pegar.

– Ela está estragada, para quê você a quer?

Eu o olhei nos olhos com um sorriso desafiador, eu sabia que aquela bússola não estava estragada, piratas não costumam andar com coisas estragadas, aquela bússola tinha alguma coisa, eu podia sentir e eu ficaria com ela, se ele tentasse pegá-la de mim, eu a roubaria dele outra vez. Então sem falar nada eu virei de costas e comecei a sair da cadeia, jogando a chave pelo buraco que a bala fizera na outra cela e sumindo no mar. Peguei uma espada para mim e Will e Jack me seguiram.

Andamos até a baía e ficamos escondidos abaixo de uma ponte.

– Esperem, preciso saber o que cada um de vocês pretende fazer - disse Jack.

– Quero salvar Elizabeth - disse Will.

– Até onde você iria para salvá-la?

– Eu morreria por ela.

– Ah, então tudo bem - disse Jack. - E você, querida?

– Quero sair de Port Royal e voltar ao mar.

– Tão simples.

– Sim... bem simples.

– Ótimo, então vamos pegar aquele navio.

– Mas ele está longe - disse Will.

– Nem tanto meu jovem - disse Jack.

Andamos até uns barquinhos na baía e entramos debaixo de um, Jack na frente, Will atrás e eu no meio. Eu era menor que eles e quando entramos no fundo do mar, ficou um pouco difícil para mim, para que o barco ficasse da minha altura e eu pudesse respirar no espaço dentro do barco de cabeça para baixo. Foi então que eu percebi que eu estava no mar, estava debaixo do oceano. Era areia que estava debaixo de minhas botas, era a água salgada que levava meu cabelo e fazia meu vestido ondular, meu coração disparou, eu estava tão feliz.

– Espera, está chorando? - perguntou Jack Sparrow.

– Não - respondi com a voz embargada e notei que eu estava realmente chorando.

– Já está com saudade de casa?

– Sempre tive. O mar é a minha casa. Há anos estou longe dele.

– Então, bem vinda de volta ao lar, Kaos, filha de Simbad.

Sorri ainda mais e continuei feliz ao ver a água do mar passando por baixo. Até que finalmente chegamos onde o navio estava, batemo nossos pés até chegar na superfície, saímos de debaixo do barco e subimos no navio das companhias de Port Royal pelos cantos. Jack ia na frente e eu ia em seguida. Assim que ele subiu no navio, ele esticou a mão para me ajudar, ignorei a mão e subi sozinha. Jack encolheu a mão e fez uma cara de quem estava conformado. Will subiu logo em seguida.

– O navio já tem uma tripulação, o que vamos fazer? - ele perguntou.

– Observe - disse Jack. Jack pegou a arma e começou a descer as escadas para o convés. - Atenção, não entrem em pânico mas vocês estão sendo roubados pelo Capitão Jack Sparrow.

A enorme tripulação, com seu capitão, começou a rir.

– Se rendam - disse Will, aparecendo ao lado dele com uma espada.

– Isso mesmo - apontei minha arma também e com a cabeça erguida, como meu pai costumava me treinar.

– Kay?

Foi então que eu notei que era o:

– Capitão Bench?

– Kay, o que você está fazendo? Está do lado dos piratas? Aqueles que destruíram a sua família?

– Eles não destruíram a minha família. Você destruiu.

– Kay...

– Você mandou um tiro de canhão contra meu navio e meu pai estava tentando me salvar, não percebeu o tiro, quando ele percebeu era tarde. A bomba estourou e o fez voar para fora do navio. Me segurei numa corda e peguei a mão dele, meu braço esquerdo ainda dói, meus músculos foram prejudicados por causa do impacto e eu fiquei segurando ele na proa enquanto meu tórax era comprimido. Você destruiu a minha família. Eu só quero voltar para casa.

– Mas você estava gritando por socorro e...

– Sou uma pirata Capitão Bench, faço o que for necessário para sobreviver.

– Então... esse tempo todo...

– Você cuidou de uma pirata. Agora saia do navio. Você me deve isso.

– Não devo nada a piratas.

– Eu não matei vocês enquanto dormiam, não roubei nada, tentei ser a dama que queriam e agora você me deve isso. Eu quero voltar para casa e você não vai me impedir.

Eu jamais mataria Constance e não mataria ele para não magoá-la, mas ele não precisava saber dos detalhes, como nunca soube antes.

Eles então saíram do navio e subiram no nosso barquinho. Ficamos com o navio e começamos a prepará-lo para a partida. Will era péssimo, devo admitir.

– Comodoro! - ouvimos um grito. - Comodoro! Eles roubaram o navio!

Olhei para a baía e vi que Comodoro nos vira. Maldito Capitão Bench!


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