Kaos - A Filha de Simbad escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 2
Pirataria


Notas iniciais do capítulo

Kaos cresceu, agora ela é uma adulta, mas ainda está condenada a viver em Port Royal, até que um dia, durante uma cerimônia, Elizabeth Swan cai do precipício e é salva por um pirata. Kaos vê nesse pirata, o seu visto de saída de Port Royal.



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Alguns anos se passaram, agora eu era uma adulta e andava por aí com um vestido simples e sapatinhos baixos e com o cabelo completamente solto, sem nenhuma florzinha ou coisa do tipo. Fui então em direção ao local de trabalho e casa do meu melhor amigo.

– Olá Will - entrei e fechei a porta.

– Oi Kay, parece de bom humor hoje - ele finalizava uma espada.

William Turner se tornou meu amigo por sermos parecidos, ambos viemos do mar, mas Will não foi acolhido por uma família assim como eu fui, ele ficou trabalhando com o ferreiro e se tornou um ótimo forjador. Me apoiei em um pedaço de madeira e suspirei.

– Você não sente falta? - perguntei.

– Do que?

– Do mar.

– Não.

– Ah Will, vamos, você veio do mar, como pode não sentir saudade?

– Tudo o que lembro do mar são destroços, fogo, chuva e eu sendo salvo pelas pessoas daqui de Port Royal.

– E se você fosse um pirata? - eu disse animada.

– Eu não sou um pirata Kay. Você é.

– Mas e SE você fosse?

– Eu estaria morto.

– Verdade - respondi sinceramente e então decidi mudar de assunto. - Essa espada para o Senhor Swan?

– Sim.

– Posso ir com você entregá-la? - ele me olhou rapidamente como se não tivesse entendido a minha pergunta. - Calma, não vou atrapalhar você e a Elizabeth Swan, vou te ajudar.

– Kay, você não vai fazer nada - ele começou a rir. - Não tem nada entre mim e Elizabeth Swan.

– Não, claro que não, imagina, são coisas da minha cabeça - eu disse de modo irônico.

Will me deu um tapa no ombro e eu comecei a rir. No fim, ele acabou deixando eu ir com ele entregar a espada. Assim que ele finalizou e a coloco numa caixa delicadamente, nós fomos até a casa do Senhor Swan. Entramos e o aguardamos no hall. Will começou a mexer numa luminária, interessado com a arte com que ela fora feita, mas eu sabia que ela não era completamente de ouro e tive certeza quando Will a quebrou. Ele olhou assustado para os lados e eu prendi o riso. Ele voltou para o meu lado.

– Você não viu nada - ele disse meio nervoso.

Balancei a cabeça negativamente e tentei prender o riso. Então o Senhor Swan se aproximou de nós e Will lhe mostrou a espada. Ele a pegou e começou a admirá-la. Will começou a explicar sobre ela, um monte de coisas que ele já tinha me explicado.

– Will? - Elizabeth o chamou do topo da escada e começou a descer. - Que bom te ver aqui. - ela sorriu e se aproximou do pai.

Will ficou sem graça.

– Olá Kaos - ela me cumprimentou e eu a cumprimentei no mesmo nível.

– Olá Elizabeth.

– Nossa, que espada maravilhosa - ela comentou.

– Obrigado - disse Will meio tímido.

– Will é mesmo um ótimo forjador - eu disse e ele ficou ainda mais tímido e então eu sussurrei para Elizabeth: - E um ótimo homem também.

Elizabeth riu, ela sabia que Will e eu éramos apenas amigos e eu sabia que ela gostava dele, foi ela quem o salvou do mar e achei até esperto da parte dela não cuidar dele como irmão, ela não poderia se apaixonar por ele. Nós então nos despedimos.

– Nos vemos na cerimônia? - ela olhou para Will.

– Claro - Will sorriu de volta e era incrível como seus olhos brilhavam.

Eles saíram e nós saímos em seguida. E então caiu a ficha.

– Ai não! A cerimônia!

– Sua mãe vai brigar com você - Will começou a rir do meu desespero.

– Ela não é minha mãe - respondi seriamente e voltei a correr em direção à casa dos Bench.

Cheguei correndo e abri a porta, Constance e as arrumadeiras já estavam a postos para me arrumar.

– Oh, graças a Deus você chegou. Rápido, ou vamos nos atrasar - disse Constance me empurrando para as arrumadeiras que começaram a me despir rapidamente.

– Desculpe, fui com o Will até a casa dos Swan.

– O que foi fazer lá?

– Entregar uma espada.

– Kay, você não entrega espadas.

– Desculpe Constance. Só queria acompanhar o meu amigo. Ai! - a moça apertou muito o meu corpete. - Não vou conseguir respirar desse jeito. Pode ser menos apertado, por favor?

Constance pediu para que afrouxassem um pouco mais e eu consegui respirar direito. Era muito pano e muita coisa para usar, eu já estava usando vestidos assim todos esses anos, mas eram muito muito ruins, atrapalhavam o movimento e com o tempo eu percebi porque minha mãe preferia o mar do que todas essas coisas.

Assim que fiquei pronta com meu vestido creme cheio de detalhezinhos e um corpete super delicado, arrumaram meu cabelo preso para trás com uma rosa branca no meio e a minha franja solta, passaram uma leve maquiagem e eu estava a cara de todas as moças de Port Royal, o local que eu não pertencia. sempre que me via daquele jeito eu me lembrava dos meus pais e sentia falta deles, com eles eu não tinha nada daquilo e ainda vivia no mar, livre. Fomos para a cerimônia numa carruagem, eu e os Bench. Chegando ao local, procurei por Will, era melhor ficar com eles do que com os Bench, principalmente o Capitão Bench.

– Kay, preste atenção - disse o Capitão Bench.

– Estou prestando atenção - respondi.

– Você está procurando algo, ou alguém. Deixe-me adivinhar? Will Turner.

– Não é da sua conta.

Ele suspirou desanimado.

– Você me odeia, não é Kaos?

– Um pouco - fui irônica.

– Não entendo porquê, eu te salvei daqueles...

– Achei! Ali está o Will - eu disse cortando-o e indo em direção ao Will. - Olá.

– Olá. Fugindo dos seus pais?

– Não são meus pais Will - eu disse séria.

– Eles te criaram, são seus pais.

– Não. Meus pais só não me criaram porque foram mortos por eles. Jamais serão meus pais. Ninguém, nunca substituirá meus pais.

– Ok, desculpe.

– Desculpas aceitas.

Percebi então que Will e Elizabeth trocavam olhares durante a cerimônia.

– Ela está muito bonita, não é? - fiz um comentário sem olhar para os dois.

– Está mesmo - disse Will sorrindo para ela.

Assim que a cerimônia encerrou, todos bateram palmas, menos eu. Havia um novo Capitão, um novo destruidor de famílias e eu não ia celebrar isso. Mais tarde, Elizabeth estava conversando com o novo Capitão perto da ribanceira.

– Você tem que fazer alguma coisa Will - eu disse.

– Fazer o que? - ele tentava não olhar para ela.

– Falar para Elizabeth que a ama, antes que você a perca para sempre.

– Não vai mudar nada Kay, sou apenas um ferreiro e ela é da alta sociedade, não tem como.

– Minha mãe era princesa e meu pai... você sabe - eu não podia falar alto. - Eles foram felizes, muito felizes.

– Não, não posso. O destino dela é se casar com ele e ele lhe dará as condições que ela merece.

Revirei os olhos ao ouvir toda aquela ladainha e quando olhei de volta, Elizabeth caíra do penhasco.

– Oh meu Deus! - gritei.

– O quê? - Will olhou rapidamente para onde eu estava olhando.

– Ela caiu! Elizabeth caiu do penhasco! - comecei a incentivá-lo a salvá-la.

Outras pessoas davam a volta para mergulhar e salvá-la. Eles saíram correndo e eu fui atrás. Assim que chegamos no porto, um homem a segurava, mas não era só um homem, era um pirata, com pistola, espada e roupa de pirata, botas e um pano na cabeça, com os cabelos arrumados e legais e sua pele queimada do sol. Meu coração pulou forte, um pirata. Um pirata salvara Elizabeth. Um pirata. Um pirata!

Então percebi que os solados tentavam matá-lo, aquilo era um absurdo e eu ia ajudá-lo. Will prendeu meus braços e me tirou dali.

– Will, o que pensa que está fazendo? - perguntei nervosa.

– Te levando para longe antes que faça alguma besteira.

– Eu não vou fazer besteira, eu só acho um absurdo quererem matá-lo sendo que ele salvou a vida da Elizabeth.

– Por isso mesmo você vai para casa.

Will me entregou para o Capitão Bench e voltou para sua casa. Eu o esfaqueei com meu olhar, ele me tirara de perto do pirata para me entregar nas mãos do Capitão Bench.

– Venha, com esse pirata aí as coisas ficam perigosas - disse o Capitão me entregando a Constance.

Eu ia começar a falar mas Constance me interrompeu.

– Nós vamos para casa querido. Cuidado, ok?

– Tomarei - ele sorriu.

Eu e Constance fomos para a carruagem.

– Não acredito que vão matá-lo - eu disse para Constance.

– Querida, ele é um pirata.

– Eu também - eu disse baixo para não ser morta.

– Percebeu o quanto mantemos esse segredo? Para não acontecer o mesmo com você.

– Você não percebe que nós não somos assim tão maus? Olhe pra mim, olhe ele, ele salvou Elizabeth Swan.

– E se ele quisesse apenas pegar o ouro dela?

– Não, aquele ouro não vale nada se comparado a outros ouros que existem por aí - eu disse.

Então, assim que chegamos à casa, saí correndo em direção aos acontecimentos. Ouvi as pessoas cochichando de que o pirata fora preso porque Elizabeth havia pedido para lhe pouparem a vida. Fui correndo em direção à prisão e me coloquei em posição de superioridade.

– Gostaria de ver o prisioneiro - eu disse com autoridade.

– Desculpe senhorita, mas não podemos deixá-la passar.

– Sou a filha do Capitão Bench e exijo que me deixem passar - sim, às vezes eu usava isso para conseguir as coisas, mentiras ajudam muito os piratas. E claro, depois eu pedia desculpas ao meu pai, mentalmente e dizia que só ele é o meu pai e mais ninguém.

Os guardas se entreolharam e acabaram me deixando passar. Desci as escadas com elegância, até ver que as celas estavam cheia de piratas que me olhavam como se eu fosse carne. Alguns me chamavam de doçura e estavam sujos e com seus dentes podres. Não me lembro dos piratas do meu navio serem assim.

– Nossa, quantos piratas - comentei em alto tentando encontrar o pirata bem vestido que salvara Elizabeth.

– E um Capitão - disse um pirata sozinho em outra cela.

Fui andando até a cela dele, ele era o pirata que salvara Elizabeth.

– Desculpe, o que disse? - perguntei para ter certeza que ele havia falado.

– Capitão. Há muitos piratas e um Capitão.

– E como se chama, Capitão?

– Capitão Jack Sparrow, querida - ele se aproximou da grade e me olhava nos olhos, Seus olhos eram castanhos e muito bonitos. Ele tinha muitas tatuagens. - E você é...?

– Capitã Kaos - disse de cabeça erguida e baixo, de forma que só ele ouvia.

– Capitã? - ele começou a rir e me olhou dos pés a cabeça. - Desculpe, mas não se parece uma Capitã.

– Meu navio foi tomado pelas companhias de Port Royal, que são essas aqui, que te prenderam aqui.

– E por que você está aí, livre, de vestido e toda essa pomposidade e eu aqui, preso?

– Porque eu minto pra viver. Eles destruíram meu navio quando eu tinha oito anos.

– E você era Capitã?

– Sim, depois da morte dos meus pais eu sou a Capitã. Estou tentando ficar viva para voltar para o mar, para ser Capitã de novo e você é a minha saída.

– Eu?

– Sim, você vai me tirar daqui.

– Desculpe querida, não sei se você percebeu mas eu estou preso aqui - ele deu um sorrisinho.

– Eu vou te tirar daí e você vai me levar junto, no seu navio.

– Ok.

– Como pretende fazer isso sem ser assassinada?

– Eu dou um jeito. Sobrevivi todos esses anos, não vai ser agora que vou morrer - também lhe dei um sorrisinho. - Até breve Capitão Jack Sparrow.

– Espere - voltei a olhar para ele com superioridade. - Você não me disse quem é o seu pai.

– Sou filha de Simbad - eu disse com orgulho.

– Simbad? Já ouvi falar dele, foi ele que navegou até o fundo do mundo na Terra do Caos e conseguiu destruir Eris, a Deusa do Caos?

– Ele mesmo - sorri.

– Isso explica seu nome - Jack deu uma risada. - Gostei do seu pai, fez o inimigo virar filho: Kaos, filha de Simbad. Muito inteligente. Bom, Capitã Kaos, gostei de sua linhagem e com certeza confio em você para me tirar daqui, ainda mais se conseguiu aprender ser tão astuta como seu pai.

Dei um sorriso de lado para ele, claro que eu era astuta como o meu pai. E ele não ia se arrepender de me levar, assim como eu não me arrependerei de fazer uma aliança com ele para reaver um navio só pra mim.

– Até breve, Jack Sparrow - estiquei a mão para ele.

– Até breve, Kaos, filha de Simbad.

Ele apertou a minha mão e eu saí da cadeia com a cabeça erguida. Mas por dentro eu estava explodindo de alegria, eu voltaria ao mar, voltaria à minha amada pirataria.


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