Ele me olhou nos olhos, sua expressão assassina desmoronando.Ele largou meu pescoço rapidamente, as mãos indo para a boca, com certeza para limpar o vestígio de sangue. Eu o parei.

“Oh, Deus.” Murmurei, olhando dentro de seus olhos.

“Você...” ele começou a falar.Mas eu não deixei.

Eu não queria escutar desculpas esfarrapadas. Nem queria a verdade. Minhas mãos estavam loucas para senti-lo, meus lábios loucos para beijá-lo. Descobrir a verdadeira natureza dele me excitou de um modo nada natural. Ver seus lábios molhados de sangue era sensual. Pensei em mim lambendo o sangue delicadamente, terminando com um beijo.

Senti que meus olhos brilhavam maravilhados. Dei um passo em direção a ele, minhas mão estendidas para frente. Esperando tocá-lo.

“Você não vai sair correndo?” ele perguntou meio chocado.

“Não.”

“Você não está com medo?”

“Não.”

“Você não vai gritar?”

“Não.”

Ele parecia impressionado, chocado também. Apesar da fachada de “Meu-deus-essa-garota-é-louca” eu conseguia ver o desejo ardendo em seus olhos, como tinha acontecido comigo. Ele também queria me tocar. Também me queria beijar. Ele também me queria.

“Não vai me perguntar nada?” ele perguntou, enquanto eu me aproximava.

“Claro.” Murmurei, meus olhos fixos nos dele. “Quantos anos, Edward?”

Agora ele parecia entender todas minhas perguntas.

“Cento e trinta e nove.” Ele respondeu um pouco envergonhado, ainda me encarando.

“Toda a família é?”

“É.” Meu coração bateu mais rápido.

“Se alimentam de sangue humano?” perguntei,parando bruscamente.

“Não.” Ele suspirou. “Só sangue animal.”

Toquei seus ombros,apertando gentilmente.

“Reflete-se no espelho?” deslizei minha mão pelo seu braço.

“Sim. E também apareço em fotos.” Ele laçou os braços em volta de mim.

“Se transforma em morcego?” Minhas mãos tinham ido para seu pescoço.

“Não. Corro muito rápido,mas não vôo.” Ele me apertou.

“Vira pó no sol?” passei as mãos nos seus cabelos.

“Não. Como você viu, eu brilho.” Seus olhos saíram dos meus para irem aos meus lábios.

Dei uma risada fraquinha que o forçou a olhar de novo nos meus olhos.

“O que foi?” ele perguntou, a voz arrastada.

“Parece que te jogaram purpurina.” Ri.

“Engraçadinha.” Ele murmurou,me apertando.

 “Tem o dom de hipnotizar?” arrulhei,aproximando mais meu corpo.

“Não, mas eu leio mentes.” Ele parou de repente,como se esperasse minha reação.

“Então sabe em que eu estou pensando?” aproximei minha boca.

“Não. Quer dizer, sim. Sabe,é difícil de explicar...” ele pareceu confuso,passando seus dedos nas minhas costas.

“Mas, e agora?” perguntei, minha boca a centímetros da dele.

“Agora não.” Ele admitiu, contrariado.

“Então eu vou ter que te mostrar.” Murmurei juntando meus lábios com o dele. Minha língua lambeu delicadamente o sangue com gosto de ferrugem. Ele se aproximou em um beijo lento e doce.

Parecia que ele estava tendo o maior cuidado comigo, como se eu fosse quebrar ao seu toque. Ele acariciava minhas costas, em vez de apertá-las do jeito que eu queria.  Seus lábios eram gentis,em vez de urgentes contra a minha boca do jeito que eu queria. Parecia que,por mais que eu apertasse minha boca contra a sua, ele não reagia. Eu estava beijando uma parede. E isso está me irritando profundamente.

“Para, Edward!” rosnei,interrompendo o beijo.

Ele parecia genuinamente confuso.

“Com o que?” ele perguntou, afagando minhas bochechas.

“Para de achar que eu sou quebrável,que é só você me apertar que eu vou despedaçar!”

“Mas você é quebrável!” ele murmurou como se eu fosse uma retardada. “Eu não quero te machucar!”

Bufei, exasperada.

“Edward, sério, desculpa o vocabulário, mas eu estou pouco me fudendo.” Respondi nervosa.

“Você não entende...”ele respondeu naquela voz irritante.

“Entendo sim.”disse apertando seus ombros. “Agora vê se beija direito.”

E com um urro ele me apertou contra si em um beijo de tirar o fôlego.