Sinto meus olhos ficando marejados e o pânico dominando cada centímetro de meu ser. Aquilo não podia estar mesmo acontecendo, simplesmente não podia. Aquela mulher com o cabelo loiro e mechas rosa, com uma camada estupidamente exagerada de base na cara não podia estar ali em minha frente naquele segundo. Era para ela estar do outro lado do país, na Virginia, para o lugar onde havíamos sugerido amigavelmente.

–Ohh meus Deuses! –exclama com sua voz extremamente fina. –Como vocês estão grandes! O Marvel pelo menos!

Ela primeiro abraça Marvel, que estava paralisado, depois é minha vez de receber se abraço apertado, cheio de purpurina, perfume e tecidos felpudos.

–O que você esta fazendo aqui e não na Virginia com seu realmente fabuloso emprego deque você tanto falou pra gente? –meu sorriso era de orelha a orelha e eu o mantinha com realmente muita dificuldade. Não me lembrava de como se usava pontuações em frases muito menos de respirar.

–Ah! É uma longa e fantabulosa historia, adorarei conta-la a vocês no jantar.

–Jantar? –guincha Marvel.

Ela já estava dentro de casa e olhava para tudo com seu típico olhar critico.

–Sim, tenho certeza que vão adorar minha surpresa. –ela sorri para nós, ma logo volta a analisar as flores na mesa de centro da sala.

–Mas, mas... você não tem que trabalhar? –pergunto me aproximando dela.

Effie tira totalmente sua atenção das flores e olha para mim com um sorriso de orelha a orelha.

–Me transferira! –ele coloca as mãos frias e meu rosto. –E eu comprei a casa do lado! Ah! Não é fantabuloso?!

Meus olhos encontram os de Marvel e nossa briga de repente desapareceu de nossas mentes. Estávamos juntos agora, se Effie estava por perto éramos obrigadas a ficar juntos.

–Ei, crianças... –era nosso pai. Escuto seus passos na escada. –Achei que tinha ouvido... –seus olhos se arregalam quando chega ao andar de baixo. –Effie! Que surpresa mais agradável!

Meu pai olha para nós em busca de explicação, mas só encontra o pânico em nossos olhos, o que com certeza não o deixava muito seguro de continuar a conversa. Assim como nós ele preferia fugir para as montanhas a ficar novamente no mesmo teto que Effie.

–Irmãzinha, o que esta fazendo aqui?

–Eu me mudei pra cá! Não é incriveloso?!

–P-pra cá? –engasga ele.

–Uhum! A casa ao lado estava a venda e eu decidi fazer uma surpresa!

Ela vai até ele segurando suas mãos e sorrindo infantilmente.

Tinha a sensação de que eu poderia desmaiar a qualquer segundo. Effie era a nossa nova vizinha? Onde estava o ar?

–Eu vou contar tudinho pra vocês durante o jantar. –ela começa a arrasta-lo para cozinha. –Lembra daquele bolinhos que a mamãe fazia ainda tenho as receita...

Olho para Marvel.

–Aquele plano de fugir pra Jamaica ainda esta de pé? –pergunta.

Assinto com a cabeça.

–Uhum.

–Mas espera ai... –diz ele, a antiga raiva voltando para seus olhos. –Eu estou bravo com você.

–Mas é Effie! –tento sussurrar. –Ela vai me obrigar a comprar roupas rosas da hello kitty de novo e fazer o seu lanche pra escola e colocar na sua lancheira do bob esponja que você ainda esconde no seu quarto!

–Eu sei...como sabe que eu escondo minha antiga lancheira do bob esponja?

–Marvel, isso é um fato e todos sabemos dele.Mas esse não é ponto, lembra de como era nossas vidas antes de Effie se mudar? Era um inferno, e ela simplesmente morava no mesmo estado que nós, agora ela mora na casa ao lado.

–Isso é ruim, mas o que você fez hoje também é ruim. –ele cruza os braços. –E já faz anos que ela se mudou, quem sabe um tempo em Virginia não tenha a mudado radicalmente.

Depois disso, Marvel vira as costas e sobe as escadas. É, ele era com toda a certeza um completo idiota.

...

Na hora do jantar comemos a comida queimada de Effie enquanto ela contava a emocionante historia de como ela havia se demitido da empresa de cosméticos da Virginia. Não sei o que era pior, a comida ou a historia ou ainda o fato de Effie ter voltado.

Quando ela finalmente anunciou, com muito pesar, que tinha que ir, pensei seriamente em soltar fogos de artifício, por mais que por dentro eu me sentisse um pessoa horrível.

–Nos vemos em breve, meus queridos! –ela aperta minha bochecha com força.

–Até logo, Effie. –diz meu pai empurrando-a para fora de maneira carinhosa. Mas nem tanto. Ele fecha a porta e se vira pra mim. –O diretor ligou hoje.

–Ah não. –bufa Marvel se virando em direção das escadas.

–Isso é bom. –diz ele,o que me deixa um pouco confusa. –Finalmente começou a brigar, não... não que seja bom, mas você finalmente esta agindo como o homem que eu sei que você é. Então... o outro ficou muito machucado?

Marvel simplesmente lança um olhar mortal para mim e sobe as escadas, então meu pai olha para mim.

–O que foi que você fez?

–Eu... eu só queria ajudar! –digo seguindo em direção do sofá, meu pai me segue.

–Se meteu na briga?

–Uhum. –apoio a cabeça em minhas mãos. –E agora Marvel esta bravo comigo, porque a escola inteira vai zuar ele.

–E por que vão zuar ele?

–Porque eu o defendi.

–E daí?

–E daí que eu sou uma garota, e Marvel não queria ter sido defendido por duas garotas e um garoto magricelo.

–Beete? –pergunta.

–É. O que eu faço?

Ele da de ombros.

–Como eu vou saber? Você vez a besteira. –ele apoia as costas no sofá. –Pensou em escrever sobre isso?

–Pai!

–Foi mal.

Suspiro me enterrando no sofá, finalmente pensando no que Marvel devia realmente estar sentindo. Eu só queria ajudar!Não pretendia magoa-lo, só achei que não fosse conseguir sozinho.

–Olha só, querida. –recomeça meu pai. –De um tempo pra ele esfriar a cabeça, você nunca ficam brigados por muito tempo mesmo.

–Mas ele tem razão de ficar zangado com isso! Mas simplesmente tinha que ajudar, Cato tinha o dobro do tamanho dele.

–E o triplo do seu. –rebate. –Mas você foi lá do mesmo jeito.

–Meu nariz não estava sangrando e eu não estava semiacordada.

–Então a coisa foi feia mesmo? –apenas assinto com a cabeça. –Você o ajudou, e Marvel logo vai perceber isso. –ele levanta. –Agora é melhor eu pegar algumas aspirinas e ir pra cama. Depois de todo esse tempo com a Effie é melhor descansarmos.

Rio.

–Não se sinta culpada, querida. –diz ele quase desaparecendo na escada. –Sei que fez a coisa certa.

Mas eu não tinha tanta certeza. Depois de passar mais algum tempo me culpando na sala, descido finalmente subir para meu quarto, mas quando passo enfrente da porta de Marvel, ela se abre e o mesmo sai de dentro.

–Você estuda com Glimmer? –pergunta sem se enrolar.

–Sim, por quê?

–E você quer que eu te perdoe, não é?

Olho para ele, desconfiada.

–Quero.

–Tenho uma proposta, se me arranjar um encontro com Glimmer eu te perdoo.

Rio alto.

–Esta tentando me chantagear? –ele me olha feio, mas eu não me importo. –Olha, por mais que eu quisesse seria impossível.

–Ah é? E por quê?

–Primeiro: Glimmer me odeia e eu a ela. Segundo: A menos que você dirija uma Ferrari e vá de jatinho para Miami todas as manhas pra tomar café da manha, você não te chance com ela. E terceiro: Acha mesmo que vou ser chantageada por você? Me poupe Marvel!

–Sem encontro, sem perdão. –fala enfim. –Tenha uma vida muito feliz sem mim.

E a porta se fecha com força.

–A-ah... eu vou ter mesmo! –grito para ele. –Vou ser muito feliz com ou sem você! Pateta!

–Clove, vai dormir, por favor. –escuto eu pai gritando com uma voz sonolenta.

Bufo e bato o pé. Qual é o problema com essa família?

...

Marvel não falou mais comigo. Nem no café da manha, nem no caminho para a escola e quando chegamos não o vi mais. Se ele acha que vou tentar arranjar um encontro com Glimmer Rambin só porque ele esta emburradinho, esta muito enganado. E eu não quero que Glimmer contamine ninguém da minha família.

Enquanto eu andava pelos corredores, era evidente que a briga de ontem ainda estava fresca na cabeça de todos. Algumas garotas viravam a cara pra mim, apenas algumas sorriam ou me parabenizavam. A maioria eram garotos, que assim como Marvel provavelmente não tinham ido com a cara de Cato.

–Muito bem. –disse uma menina quando eu passei.

–Você foi incrível! –exclamou um garoto.

Mas havia alguns que realmente não pareciam felizes comigo.

–Vadia. –uma garota sussurrou para as suas amigas alto o suficiente quando eu passei.

Sorrio com isso. Pelo menos agora sabia quem tinha uma queda pelo mais novo bobão da escola. Faço o caminho de sempre até meu armário, e quando chego perto vejo uma coisa que não costumava estar lá.

Katniss Everdeen estava arrumando o armário ao lado de meu, que costumava pertencer a uma garota do clube de teatro.

–Desde quando esse é o seu armário? –pergunto ao chegar ao seu lado.

Ela sorri.

–Desde que eu fiz a menina que era dona desse ficar com o meu antigo. –responde.

Rio.

–E como fez isso?

–Bom... nada que uma boa conversa não resolva, se é que me entende. –ela fecha a porta de seu armário e passa um dos braços em volta de meu ombro. –Ficamos famosas depois do nosso pequeno incidente de ontem, as pessoas ou nos admiram, ou nos odeiam ou tem medo da gente.

–Acho que percebi isso.

–Vamos. –ela começa a me arrastar para longe, em direção de nossa primeira aula.

–Espera, tenho que pegar meus materiais. –a aviso.

–Ah esquece isso. Aquela velinha esquisita nem vai perceber que não estamos com eles.

E andamos até a sala, com as pessoas sussurrando a nossa volta, e Katniss fazendo piada de Cato.

É parece que eu havia arranjado uma nova amiga.