Já era noite e a família do coronel Epaminondas estava jantando. E como estava sendo comum ultimamente naquela casa, o assunto era sobre Gina. Ferdinando ouvia que seu pai não estava nada satisfeito com seu namoro com a ruiva e pensava num jeito de faze-lo aceita-la em sua casa no domingo. Catarina, percebendo a preocupação do enteado, começou a falar algo que fez Ferdinando pensar numa coisa que sempre faz coronel aceitar tudo: a política.

–Meu pai, si ocê num quisé gosta da Gina, tudo bem! Mai quem num vai gostá nada disso é o seu aliado político, Pedro Falcão... - Disse, o deixando pensativo.

–Mai fio, fique sabendo que ocê pode traze ela aqui domingo e todo mundo aqui vai recebe-la de braços abertos. Quem tá convidando agora so eu! I pode garanti que ninguém aqui vai trata ela mar. -Concluiu o coronel, deixando Ferdinando aliviado. Agora ele poderia receber Gina em sua casa sem grandes preocupações. Precisava agradecer Catarina pela ajuda, então a chamou quando estava voltando para seu quarto.

–Catarina, ieu preciso fala co cê...

–Pois fale Ferdinando, o que foi? - Respondeu a madrasta.

–É que ieu tenho que lhe agradece, minha cara, pelo o que ocê falo. Foi de grande ajuda pra mim.

–Ocê gosta muito daquela moça, num gosta?

–Gosto sim Catarina. Ieu amo aquela uma.

–Sabe Nando, eu tenho que confessá que no começo achava ela muito amalucada procê, com aquela arma dela i tudo mais - Disse, rindo.– Mai agora ieu sei que foi por causa disso que ocê gosto dela... I eu também gosto muito dela agora, porque ela tá te dexano com essa felicidade que ocê tá.

–I ocê vai gostá mais ainda Catarina quando conhece ela de verdade. - Completou o enteado, se despedindo da madrasta e indo dormir.

Os dias passaram tão rápido que quando Ferdinando se deu conta já era domingo. Já era o dia do tão esperado almoço de noivado. Ele não conseguia nem dormir direito de ansiedade e quando finalmente chegou a hora de buscar Gina, ele foi correndo para a casa de Pedro Falcão. Quando chegou o encontrou junto com dona Tê e se sentou para esperar a sua futura noiva. Quando chegou, não podia acreditar: estava maravilhosa. Vestia o vestido azul que ele havia lhe dado de presente em sua última visita as Antas.

–Ocê tá linda menininha– Disse, enquanto dava um beijo em seu rosto e percebia seu nervosismo. - Ocê pode ficá tranquila...Meu pai aceito o nosso noivado Gina. - Completou, a deixando mais calma.

Os dois partiram para a Casa Grande e encontraram a família de Ferdinando a espera dos dois. Eles estavam boquiabertos e os cumprimentaram.

–Ocê seja bem-vinda Gina!–Disse Catarina.

– Gina, eu quero que ocê saiba que ninguém vai lhe tratá mal nessa casa i que ocê é sempre bem-vinda. - Disse Epa, deixando Gina confusa com a rápida mudança de opinião do coronel.

–Brigada - Respondeu.

–Ocê agora é namorada do meu irmão? - Disse Pituca. - Ieu posso te chama de maninha?

–Sim Pituquinha, agora a Gina é minha namorada. - Disse Ferdinando, sorrindo.

–Ocê num acha qui é dimais não? - Disse Gina, se referindo ao apelido inventado pela menina. Mas Ferdinando tratou logo de completar.

–Ara ela dexa sim Pituca. - Disse, dando um olhar de reprovação para a ruiva.

–Mai agora vamo se sentá porque a Mância assou um porquinho de dar água na boca! -Disse Catarina, chamando todo mundo para a mesa. Mas Ferdinando não conseguia tirar os olhos de Gina e começou a dizer:

–Mai antes, ieu quero dizer argo... - Se levantou e pegou uma caixinha do bolso.- Gina... - Ela se levantou da cadeira, a derrubando. Ferdinando a ajudou a levantar o móvel e se ajoelhou, pegando em sua mão. - Essa aliança é a prova do amô que ieu sinto pelo ocê... I eu espero qui logo ela logo passe pra sua otra mão. - - Dizia, enquanto colocava a aliança no dedo de Gina. Ninguém naquele lugar podia deixar de perceber o forte sentimento que ele sentia por ela.

– O que eu falo agora Nando? - Perguntou Gina confusa.

–Ocê coloca a outra aliança no meu dedo. – Explicou, mas Gina acabou se ajoelhando como Ferdinando, sendo interrompida na hora por Catarina. Então, de pé, ela colocou a aliança no dedo de Ferdinando. Ela estava emocionada, mas não sabia o que dizer no momento.

–A prova do amô qui ieu sinto pelo ocê. - Disse apenas, mas para Nando era o suficiente. Sabia que era sincero, como tudo que Gina dizia.