O caso dos três ruivos escrita por Maiumy hime


Capítulo 1
O oficial e o bar


Notas iniciais do capítulo

Trechos em itálico pertencentes aos livros. Talvez essa fanfic não tenha lemon, mas se tiver eu mudo a classificação. Vou colocar os links dos trajes descritos porque eles serão importantíssimos para a história e recomendo que vejam para tecer suas teorias. Boa leitura, espero agradar.



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O homem que entrou na sala aquela noite captou imediatamente nossa atenção, fazendo com que quase não cumprimentássemos Lestrade e Gregson. O desconhecido parecia bem jovem, apesar da vasta barba ruiva que escondia parte de suas feições junto ao bigode. Era alto, tinha cabelos volumosos de um vermelho vibrante e olhos claros sob as sobrancelhas grossas. A pele era bronzeada, a testa ampla, o nariz fino e ele se vestia com extrema elegância, portando um casaco longo, cartola com um broche maçônico e uma bengala que trazia uma águia prateada na ponta. Apresentou-se como o sr. Donald Carter. Os inspetores sentaram-se no sofá enquanto eu me colocava de pé atrás da poltrona de Holmes e o sr. Carter permanecia onde estava. Dotado de físico magnífico, o homem estava com os braços enormes cruzados à altura do peito musculoso e parecia muito nervoso.

-Para vocês dois virem juntos- ele se dirigiu a Lestrade e Gregson- creio que encontrarei alguma distração para minha mente.

-A situação é horrenda, senhor Holmes- começou Lestrade com suas feições de rato- viemos aqui sem iniciar uma investigação, pois temíamos o envolvimento pessoal no trabalho.

Holmes assentiu e Gregson continuou o raciocínio.

-Há apenas duas horas o sr. Carter apareceu na Scotland Yard e avisou sobre um oficial morto num bar. Segundo ele, o distintivo indicava o inspetor Dorian Clarke que chegou a Londres há apenas dois meses e até então investigava apenas casos muito simples.

Os policiais com certeza esperavam uma atitude mais impetuosa, pois seus olhares de desprezo me indicavam o quanto a atitude displicente de Holmes os atingiu. Meu amigo simplesmente balançou a cabeça para sinalizar que compreendeu e continuou estudando o jovem ruivo. Tentei também encontrar algo que chamasse a atenção além do físico atraente, mas nada vi. Depois de alguns minutos de desconfortável silêncio, a primeira coisa que o detetive disse foi uma surpresa até para mim.

-Gostaria de fazer algumas perguntas ao sr. Carter. Primeiramente, poderia me dizer que horas são?

-É claro- ele tirou o relógio prateado do bolso- faltam dez minutos para as sete da noite.

-Ótimo. Onde o corpo foi encontrado?

-Num bar chamado “IL SIGNORE IN NERO”, em East End.

-Como o senhor o encontrou?

-Bem...minha irmã se casa em duas semanas e eu fui visitar seu noivo, Sir Elliott Hall, no escritório que mantém no subúrbio. A visita demorou menos do que eu esperava e me arrependi de ter dispensado a carruagem, pois andei vários metros e não encontrei outra. Entrei no bar para pedir informações sobre onde poderia encontrar outro transporte, mas não havia ninguém senão o oficial, debruçado sobre a mesa. Mexi nele e o homem estava duro e frio, me causando pânico. Olhei o distintivo e fui imediatamente à Scotland Yard.

-Sabe como ele morreu? Se tinha ferimentos ou algo do gênero.

-Não vi nada, senhor.

-Muito bem, obrigado. Se puderem me deixar apenas com Watson por uma hora... prometo estar no local assim que possível.

-Tudo bem, sr. Holmes. Nos encontramos lá, então.

-Apenas tome cuidado para não apagar pistas, Lestrade. É melhor não levar mais policiais por enquanto e, se puder, me espere um quarteirão antes.

Os três homens concordaram, pegaram seus chapéus e se despediram de nós com apertos de mão nervosos. Deixei transparecer minha impaciência quando me desloquei imediatamente para o sofá na frente de Holmes, ansioso por qualquer explicação que justificasse seu interesse incomum quanto ao ruivo. Ele, porém, permaneceu em silêncio durante longos minutos até se dirigir a mim, os olhos cinzentos brilhando de excitação e preocupação.

-Watson, poderia me descrever o sr. Carter, de roupas à fisionomia?

Suspirei profundamente antes de começar.

-Todas as peças de roupa eram pretas, provavelmente feitas sob medida pois lhe caíam perfeitamente, o que não aconteceria com roupas compradas, devido a seu físico incomum.- Ele ergueu as sobrancelhas em aprovação.- Colete com duas fileiras de botões, o relógio prateado combinava com a bengala que, assim como a minha, deve possuir uma lâmina, visto que ele não tem dificuldades de locomoção. A gravata possui listras douradas que se afastariam da combinação perfeita em suas vestimentas, não fosse pelo broche maçônico na cartola.

-Excelente, Watson! Foi uma das melhores observações que já fez, embora tenha deixado passar alguns detalhes vitais para nossa investigação.

-O que deixei passar?

-Depois, meu caro, depois. Agora descreva a fisionomia.

-Musculoso, alto, pele bronzeada, cabelos e barba muito ruivos e levemente ondulados. Pelo pouco que é possível ver sob a barba e o bigode, possui boca fina e larga, o que finaliza seu rosto como definitivamente o de alguém com traços largos e marcados.

-Ótimo, apesar dos detalhes na vestimenta você continua um bom fisionomista. O que conclui disso?

-Ele foi soldado em algum lugar com muita incidência de sol ou então...

-Então?

-É americano.

-Por que americano, Watson?

-A bengala é uma condecoração do exército e traz uma águia, símbolo dos Estados Unidos. Deve ter lutado na área mais tropical do país.

Um riso de satisfação ecoou na sala de estar.

-Quase, meu garoto, quase. Sua geografia foi péssima, mas está certo quanto ao fato de ele não ser britânico. No entanto, seu nome e sotaque são daqui. O que isso sugere?

-Normalmente eu diria que pode ser filho de um britânico e estar aqui há algum tempo, mas sinto que estarei enganado. Ele está usando uma identidade falsa.

-Estupendo! Parece que finalmente decidiu seguir meus métodos à risca.

Na verdade, creio que chegava àquela conclusão pela pequena dose de raiva que nutria sobre o suposto sr. Carter.

-Nunca tinha ouvido falar do sr. Donald Carter?

-Não, nunca- respondi com certa frieza, tentando acabar com aquele assunto.

-Seus atributos naturais, Watson, podem convencer qualquer mulher a ser sua ajudante e cúmplice. Deveria usar mais essa tática, mulheres não são confiáveis e nos dão muitas informações preciosas. Esse senhor que se apresentou aqui hoje é famoso por ter as mesmas vantagens que você tem sobre o sexo oposto.

Ignorei o comentário preconceituoso e me senti um pouco mais tranquilo com o elogio que ele me fizera, porém precisava admitir que o sr. Carter com certeza era um homem atraente. Sua reputação de beleza era totalmente merecida. Além disso, o modo esfuziante com que Holmes se referia a ele me incomodava profundamente.

-Homem esperto, esse nosso novo conhecido. Com certeza nem mesmo Sir Elliott Hall percebeu sua falsa nacionalidade. Seria um excelente aliado, mas minha intuição diz que não é do nosso lado que ele joga.

-Nosso? Ora, estava quase pensando que ele era seu novo parceiro.

Tentei ir para meu quarto, no intuito de me preparar para a empreitada que aconteceria aquela noite. Todavia, Holmes segurou meu punho e encostou seu ombro ao meu.

-De jeito nenhum, meu caro Watson.Estou perfeitamente satisfeito com sua companhia, caso você aceite tolerar a minha.

Me senti egoísta e patético por aquela cena de ciúmes. Eu mesmo havia trocado sua companhia por um casamento agradável à sociedade e ele, apesar de não ficar satisfeito, aceitou minha decisão.

-Desculpe. Mas, voltando ao caso, se ele não é americano e nem britânico, é de onde?

-Não creio que seja um bom momento, na hora certa falaremos disso e de mais alguns detalhes que me chamaram a atenção e que podem tornar este um caso perigoso. Agora, Watson- disse Holmes, esfregando as mãos- temos meia hora só para nós. Vamos usar bem esse tempo.

Exatamente meia hora depois estávamos num cabriolé seguindo pelas ruas suspeitas de East End e eu só conseguia me perguntar como um estrangeiro com nome falso, um homem da nobreza e um policial assassinado poderiam se encaixar no mesmo caso. Holmes, porém, parecia já ter algumas hipóteses em mente. Não trocamos palavra alguma durante o percurso e ele mal cumprimentou os três homens que nos esperavam. Apenas pediu para que eu segurasse a lanterna enquanto examinava cautelosamente o caminho. Chegamos ao bar e Sherlock Holmes analisou também todos os detalhes, com algumas exclamações de insatisfação. Quando se aproximou do corpo, no entanto, mal conteve um grito de alegria e surpresa. Eu, assim que vi o que ele me apontava, entendi que aquele era um caso mais singular do que um policial que morreu na bebedeira.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso. O mistério ainda passa por alguns ajustes na minha cabeça e escrever encaixando trechos originais é mais difícil do que eu pensei, portanto não sei quando sai o próximo (mas creio que será em breve). Acompanhem e me digam suas opiniões sobre a história, os personagens novos e as teorias que têm sobre o mistério ;) Por exemplo, o que Holmes viu que chamou sua atenção no ruivo? Quem é ele e o que quer? O que poderia tornar esse caso tão perigoso? Quais as evidências encontradas no local do crime? O que acharam do sr. Donald Carter?