A Maldição do Tigre escrita por Catarina


Capítulo 22
XXI


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Ren

Na manhã seguinte, acordei com toques de Kelsey. Não abri os olhos e somente senti, sem que ela percebesse que eu havia acordado. Ela circulou minhas sombrancelhas, afastou-me o cabelo do rosto. Depois de um tempo, ela suspirou e começou a se afastar devagar, nesse momento apertei meus braços ao volta dela e a puxei de volta para mim.

— Nem pense em sair daqui. - murmurei

Ela se encontrou em meu peito e relaxou ali. Após alguns minutos, me virei e beijei sua testa. Quando perguntei se ela havia dormido bem, Kells começou a gaguejar e confirmou. Eu disse que foi a melhor noite de sono de meus 350 anos de vida. Pois era verdade. Ela pigarreou algo e nos preparamos para ir. Começamos nossa caminhada, o tempo todo Kelsey andou em silêncio, perdida em pensamentos.

Eu havia dormido e acordado super feliz, mais algo começou a acontecer entre a gente, que me deixou super magoado. Toda vez que eu tentava pegar na mão dela, ou encostar em seu braço ela se afastava, sem dizer nada. Isso aconteceu várias e várias vezes. Quando perguntei a ela o que havia de errado, ela apenas desconversou e mudou de assunto.

Continuei tentando chegar perto dela, mas nada adiantou, de mágoa, meu sentimento começou a se tranformar em raiva. O que será que eu fiz? Qual o problema? Ela não queria me tocar, nem mesmo me olhar. Ela estava com nojo de mim.

Ao chegarmos a um lado, avistei muitos kappas, e disse a ela que não dava para atravessar nadando, então, ela me indicou colocar um tronco entre os dois lados do rio e usar como ponte. É uma otima ideia. Fui para o lado dela e a virei delicadamente para pegar a ''gada'', ela começou a ficar nervosa e perguntou o que eu estava fazendo.

— Só estou pegando a gada. - e então acrescentei sarcástico - Não se preocupe. Isso é tudo que vou fazer.

A peguei e fechei o zíper. Me dirigir para o meio das árvores e com toda força e raiva do mundo cortei a árvore no tronco e a derrubei. Quando ela tombou no chão, Kelsey se aproximou e ofereceu ajuda. Nem tive o trabalho de me virar para responder, e disse que não precisava de ajuda, que só temos uma gada.

E então ela me fez uma pergunta ridícula.

— Ren, por que está com raiva? Tem algo aborrecendo você?

O que? Só pode estar brincando. Tenho que usar todo o meu auto controle e educação para não gritar. Me virei e me dirigir a ela.

— Não tem nada me aborrecendo, Kelsey. Tudo bem - menti.

Me virei e voltei a arrancar os galhos da árvore. Quando terminei, peguei numa extremidade da árvore e a arrastei até a beira do rio. Ela correu para pegar a outra extremidade, mais sem nem olhar para ela, eu gritei para que se afastasse. Não queria que ela se machucasse com os espinhos.

Ela olhou a árvore e quando me virei para olhar o riacho e medir o tamanho, Kelsey pediu para olhar minhas mãos e meu peito. Que agora estavam sangrando.

— Esqueça, Kelsey. Eu vou sarar.

— Mas, Ren...

— Não. Agora se afaste.

Agora sou eu que nao quero que ela me toque. Parece que ela tem repulsa por mim. Ergui o tronco por sobre meu peito e fiz uma careta quando as agulhas se enterraram em meu peito e ombros, mas não estava nem ai. Ao colocar o tronco no lugar certo, me tranformei em tigre para sarar mais rápido e o atravassei e esperei ela atravessar. E com uma decisão na cabeça, resolvi ficar no corpo de tigre agora. Pelo menos assim ela fica perto de mim. Parece que não gosta do lado humano.

Depois de um momento andando, Kelsey quebrou o silêncio.

— Você não precisa se manter como tigre só por minha causa. - falou

Respirei fundo e continuei olhando pra frente. Controle-se Ren, controle-se. Ela insistiu e pediu para mim não ficar nessa forma, e então antes de ela terminar a frase eu estourei. Me transformei em homem, girei e parei de frente a ela.

— Eu estou com raiva! Por que não deveria ficar na forma de tigre? Você fica mais a vontade com ele do que comigo! - gritei

Ela me encarou.

— Eu me sinto mais a vontade com ele, mas não porque eu goste mais dele. - argumentou - É complicado discutir essa assunto com você agora.

Ela virou para o outro lado.

Frustrado perguntei.

— Kelsey, por que está me evitando? É porque estou indo rápido demais? Você não está pronta pra pensar em mim dessa maneira, é isso?

Ela disse que não era isso, e sim estava com medo de começar algo que não desse futuro, e disse que não queria discutir esse assunto aqui. Ela olhava para todos os lados, menos para mim. Fiquei a observando. Tudo bem, não quer conversar sobre isso, vou deixar para lá... por enquanto. Mas iria querer mais explicações.

Desisti, nesse momento.

— Ótimo. - digo

— Ótimo?

É. Concordei e peguei a mochila para carregá-la. Continuamos caminhando e atravessar a cidade dos macacos. Seguíamos o caminho de Fanindra, que ia nos guiando pela caminho. Chegamos a extremidade do tanque e li a descrição que estava escrita ''Escolha o macaco''.

Kelsey me perguntou como eu sabia tanto sobre macacos, e eu estourei novamente.

— Ah, então macacos são um tema de conversar aceitável? Talvez, se eu fosse um macaco e não um tigre, você me desse uma pista do motivo por que esta me evitando.

Ela disse que não estava me evitando e que não tinha haver com minha especie e sim outras coisas. Se aquilo não é evitar, eu não sei o que é. Ela gritou comigo para voltarmos ao tema dos macacos e gritei de volta para ela. E assim ficamos nos fuzilando, um ao outro, por muito tempo. Até nos acalmarmos e voltar ao assunto do momento.

Depois de um momento analisando as estátuas e depois de muita discusão da escolha do macaco certo, Kelsey escolheu o Babuíno. Ela então colocou sua mão sobre uma marca que apareceu na estátua e um tremor começou no lugar. A estatua se moveu, e começou a nascer uma árvore no lugar. Quando ela ja estava no tamanho normal de uma árvore, nos aproximamos. Peguei uma folha e cheirei, e percebi que era uma mangueira. Comentei isso com Kelsey. Peguei uma flor branca e fui em direção de Kells para colocá-la em sua orelha, mas ela se afastou sem nem mesmo me olhar. Com raiva deixei a flor cair no chão e a vi perder todas as petalas.

Depois de alguns segundos avistei uma fruta brilhando no alto da árvore. Era uma manga, a mostrei para Kelsey e lhe expliquei sobre o fruto ser a manga, fazia sentido. A manga era os produtos mais exportados e conhecidos da Índia. Mas só havia um jeito de pega-la. Sugeri a Kelsey, dela subi em meus ombros, enquanto eu a guiava para pegar o fruto. No começo ela retrucou, mais logo aceitou.

A coloquei em meus ombros, delicadamente ela ficou de pé sobre eles e bem perto do fruto o arrancou. Mas nesse momento, senti suas pernas e pés gelarem. Ela ficou paralisada do lugar olhando fixamente para frente, com o fruto na mão. Seu medalhão brilhava encandescente. A chamei várias vezes, mais ela não respondia e nem me olhava. Depois de um tempo, senti seu corpo ficar leve e balançar, quando percebi Kelsey estava caindo desmaiada. Rapidamente a peguei nos braços, antes de atingir o chão. Ela estava totalmente apagada.


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Notas finais do capítulo

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