A Maldição do Tigre escrita por Catarina


Capítulo 2
II


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/514526/chapter/2

Ren

Quando ela disse isso, senti um tremor dentro de mim, uma necessidade de liberdade, fiquei repetindo a frase em minha cabeça várias vezes: ''Queria que você fosse livre'', ''Queria que você fosse livre'', ''Queria que você fosse livre''.

Depois que ela saiu do galpão, pude refletir sozinho o que estava sentindo, e num impulso repentino, tentei me transformar em homem, e para minha surpresa e alegria consegui, o que eu queria era mesmo gritar, correr, pular, mas aproveitei essa curta oportunidade para tentar entrar em contato com o Kadam. Assim, tirei a trava de segurança da jaula, subi as escadas, torcendo para ninguém entrar, e fui em direção a entrada do circo, e vi Matt, filho do meu domador, corri até ele e lhe disse que fora assaltado e precisava ligar para meu patrão, ele me passou o telefone, me explicou como usar e assim liguei para ele.
Assim que atendeu, ficou surpreso com o que aconteceu:

— Ren? Como conseguiu me ligar? Onde você está? - Perguntou Kadam surpreso.

Bem depressa expliquei pra ele o que acontecera, falei da Kelsey e lhe disse onde estava, ele informou que em dois dias, no máximo estaria aqui e daria um jeito de me levar de volta a Índia, e, eu lhe falei que possivelmente a Kelsey conseguiu de algum jeito me libertar, me dar esse pequeno tempo , e, kadam disse que iria novamente ao Phet falar sobre ela. Logo depois desliguei, falei a Matt que iria esperar lá fora e voltei à minha jaula. Naquela noite não consegui dormir direito, pensando em como a Kelsey fez aquilo, se foi ela mesmo, e se demoraria muito para Kadam chegar.
Dois dias depois, Kadam entrou no meu galpão, continuava o mesmo homem de séculos atrás, usava um terno preto elegante, e a barba aparada, fiquei muito feliz em vê-lo. Ele chegou até minha jaula, e sussurrou baixinho:

— Olá meu filho. Bom lhe ver novamente. Vou te levar de volta para índia, para sua casa. E depois precisamos conversar sobre essa menina, a Kelsey. Conversei com Phet, e ele disse que queria conhece-la pessoalmente, para ver se ela era a especial.
Nesse momento, Kelsey adentrou no local e ficou um pouco surpresa ao ver Kadam conversando comigo. Ela logo ofereceu ajuda:

— Oi! Posso ajudá-lo? - perguntou.

Kadam se virou e sorriu ao vê-la, e logo percebeu que ela era a menina de quem eu falara.

— Olá! Você deve ser a Srta. Kelsey. Meu nome é Anik Kadam. É um prazer conhecê-la.

Ele juntou as mãos diante do corpo e se curvou diante dela.

— Sim, eu sou a Kelsey. Posso fazer algo pelo senhor? - perguntou alegre.

— Talvez haja algo que você possa fazer por mim. - explicou Kadam: - Gostaria de falar com o dono do circo sobre esse magnifico animal.

— Ah, claro. O Sr. Maurizio está nos fundos do prédio principal, no trailer preto. Quer que eu o leve até lá? - perguntou educada.

— Não precisa se incomodar, minha querida. Mas muito obrigado pela oferta. Irei até lá agora mesmo. - informou Kadam.

Virando-se, o Sr. Kadam deixou o galpão, fechando a porta ao sair.
Kelsey se virou para mim e disse:

— Que coisa estranha. O que será que ele queria? Talvez tenha um interesse especial em tigres.

Ela hesitou por um momento e então enfiou a mão pelas grades da jaula. Fez um carinho rápido demais em minha pata e começou a preparar meu café da manha.
Antes de sair ela disse:

— Não é todo dia que uma pessoa vê um tigre tão bonito quanto você. - brincou. - Ele provavelmente só quer parabenizar o Sr. Maurizio pelo espetáculo.

Depois que ela saiu, fiquei pensando sobre Kelsey ser a escolhida que pode quebrar a maldição, se Phet pediu para vê-la, ela deve mesmo poder ajudar. Mas, sinceramente, não quero ela somente para quebrar a maldição, quero poder ficar mais tempo ao seu lado.

Bem mais tarde, no horário de sempre, Kelsey chega ao meu galpão, senta em seu cantinho favorito e fala um pouco triste

— Oi, Ren. Que boa notícia para você, hein? Vai voltar para a Índia! Espero de verdade que você seja feliz lá. Talvez encontre uma linda namorada tigresa. Espero que ainda saiba caçar e tudo mais. Bem, acho que o pessoal da reserva vai ficar de olho para que você não deixe de se alimentar - disse ela depressa.

Após ouvir um ruído, percebo que Kadam entrar no saguão, e Kelsey cora envergonhada, possivelmente por está conversando com um tigre.
Kadam pede desculpas por interrompê-la e olha para mim e depois para ela, e, afirma:

— Você parece ter... carinho por este tigre. Estou certo?

Ela respondeu sem reservas, o que me deixou emocionado:

— Está. Gosto da companhia dele. Então o senhor percorre circos resgatando tigres? Deve ser um emprego interessante.

Sorrindo, ele explicou que esse não é o trabalho principal dele, e sim administrar grandes empresas e negócios. Em seguida se sentou ao lado dela.

— O senhor é da Índia? - perguntou ela curiosa.

— Sou, sim. - responde ele. - Nasci e fui criado lá. Os principais bens do patrimônio que eu administro também estão lá.

Com essa resposta dele, lembrei da época em que nos conhecemos, quando Kadam começou a nos treinar para grandes batalhas. Sinto saudades de manusear armas e tentar desafiar Kishan.
Kelsey não perde tempo e pergunta bastante curiosa:

— Por que esse proprietário está tão interessado em Ren?

Kadam olha rapidamente para mim, procurando as palavras certas para explicar. Mas ele começou com uma pergunta:

— Você conhece a história do grande príncipe Dhiren?

— Não - responde kelsey.

— O nome do seu tigre, Dhiren, na minha língua significa ''forte''. - Kadam inclina a cabeça e olha pensativo para ela. - Um pr[incipe muito famoso tinha o mesmo nome e sua história é bastante interessante.

Kelsey fala sorrindo:

— O senhor está fugindo da minha pergunta. Mas eu adoro uma boa história. O senhor se lembra dela?

— Acho que sim. - responde kadam.

Sua voz mudou. As palavras dele assumiu um tom suave e musical, o mesmo tom que ele sempre usou para contar histórias.

— Há muito tempo havia na índia um poderoso rei que tinha dois filhos, um dos quais se chamava Dhiren. Os dois irmãos tiveram a melhor educação e o melhor treinamento militar. A mãe deles lhes ensinou a amar a terra e as pessoas que nela viviam. Com frequência ela levava os meninos para brincar com crianças carentes porque queria que eles soubessem do que seu povo precisava. Com esse contato também aprenderam a ter humildade e a serem gratos pelos privilégios que possuíam. Seu pai, o rei, ensinou-lhes a governar o reino. Dhiren cresceu e se tornou um bravo e destemido líder militar, assim como um administrador sensato.

Kelsey mal piscava, interessada na história. Assim, Kadam continuou seu relato:

— O irmão também era muito corajoso, forte e inteligente. Ele amava Dhiren, mas às vezes sentia no coração uma pontada de ciúme, pois, apensar de bem-sucedido em todo o seu treinamento, ele sabia que Dhiren estava destinado a ser o próximo rei. Era natural que se sentisse assim. Dhiren tinha uma notável aptidão para impressionar facilmente as pessoas com sua perspicácia, sua inteligência e sua personalidade. Uma rara combinação de charme e modéstia fazia dele um político eminente. Uma pessoa de contradições, era um grande guerreiro assim como um renomado poeta. Todo o povo amava a família real e tinha a expectativa de muitos anos felizes e de paz sob o reinado de Dhiren.

Fascinada pela história, Kelsey perguntou:

— O que aconteceu com os irmãos? Eles lutaram entre si pelo trono?

Remexendo-se um pouco, Kadam prosseguiu:

— O rei Rajaram, pai de Dhiren, arranjou o casamento entre Dhiren e a filha do governante de um reino vizinho. Os dois reinos tinha vivido em paz por muitos séculos, mas nos últimos anos pequenos conflitos vinham irrompendo nas fronteiras com frequência cada vez maior. Dhiren ficou satisfeito com a aliança não só porque era sábio o bastante para saber que a união traria paz à sua terra. Eles estavam formalmente noivos quando Dhiren se ausentou para inspecionar tropas em outra parte do reino. Durante sua ausência, seu irmão começou a passar muito tempo na companhia de Yesubai e logo os dois se apaixonaram.

Fiquei nervoso ao ter que escutar isso. Depois de tanto tempo, ainda doía relembrar. Kelsey, deve ter percebido como estava, pois olhou pra mim preocupada. Mas logo disse:

— Shh, Ren. - me repreendeu. - Deixe que ele termine de contar a história.

Claro Iadala. Como quiser. Sorrindo comigo mesmo pousei a cabeça nas patas e observei.

O Kadam retomou a narrativa:

— Ele traiu Dhiren para ter a mulher que amava. Fez um pacto com um homem poderoso e perverso que capturou Dhiren quando ele voltava para casa. Como prisioneiro político, Dhiren foi amarrado a um camelo e arrastado pela cidade, onde as pessoas atiravam nele pedras, paus, lixo e cocô de camelo. Ele foi torturado, teve os olhos arrancados, o cabelo raspado e, por fim, seu corpo foi esquartejado e os pedaços foram atirados num rio.

— Que horror! - Arquejou Kelsey.

Kadam, fixou o olhar nela e prosseguiu:

— Quando seu povo soube o que tinha acontecido, uma grande tristeza se espalhou pelo reino. Alguns dizem que o povo de Dhiren foi até o rio e resgatou os pedaços do seu corpo para lhe dar um funeral adequado. Outros dizem que seu corpo nunca foi encontrado.

— Nossa! - expressou ela.

Quando ele terminou, fez um silêncio profundo. Minha cauda batia constantemente no chão, pois eu estava muito nervoso ao ouvir aquela história, minha própria história.

— Ual! - exclarou Kelsey. - E ele a amava?

— De quem você está falando? - perguntou Kadam.

— Dhiren amava Yesubai?

— Eu... não sei. Muitos casamentos era arranjados naquele tempo e o amor muitas vezes não entrava em questão. - explicou ele.

Na verdade, não exatamente. No começo achava que amava, mais com o tempo descobri que aquilo era algo arranjado, mesmo estando feliz com o desejo dos meus pais. Eu queria dizer isso á ela.

— Uma sequencia de acontecemos muito triste. - comentou ela. - Então, Ren recebeu esse nome em homenagem ao príncipe indiano?

Kadam ergueu a sobrancelha e sorriu:

— Parece que sim.

Ela olhou para mim, sorriu e disse orgulhosa:

— Está vendo, Ren, você é um herói! É um dos mocinhos! - Levantei a cabeça e pisquei, observando-a. - Obrigada por partilhar essa história comigo. Com certeza vou escrever sobre ela no meu diário. Mas nada disso explica o interesse do seu empregador pelos tigres.

Ela é insistente. Ri mentalmente. Vamos Kadam, pense.

— Meu empregador tem uma ligação especial com este tigre branco. - Disse ele. - Sabe, ele acha que é o culpado pelo aprisionamento do tigrel... Não, essa é uma palavra muito dura... pela captura do tigre. Meu empregador se deixou atrair para uma situação que levou à apreensão e à venda do animal. Ele vem seguindo o paradeiro do tigre pelos últimos anos e agora finalmente pode consertar as coisas.

Engraçado. Eu mesmo sou o culpado pelo meu aprisionamento. Fui insolente e inocente naquelas armadilhas, tenho raiva de mim até hoje.
Kelsey pede a Kadam para agradecer ao empregador por salvar Ren. Então ele não perdeu tempo e aproveitando a oportunidade propôs:

— Srta. Kelsey, espero que eu não esteja me antecipando muito, mas preciso de alguém para acompanhar o tigre em sua viagem para a Índia. Não poderei atender a suas necessidades diárias nem seguir com ele por todo o trajeto. Já perguntei ao Sr. Davis se ele poderia acompanhar Dhiren, mas ele precisa ficar aqui com o circo. - Ele se inclinou para frente. - Gostaria de oferecer a você essa tarefa. Estaria interessada?

Talvez ela ache tudo muito estranho. Conheço ela o bastante para afirmar que nunca saiu do país. Kadam insistiu:

— O tigre já está acostumado à senhorita e posso lhe pagar um bom valor. O Sr. Davis sugeriu seu nome para a tarefa e mencionou que seu emprego temporário aqui está quase chegando ao fim. Se aceitar o trabalho, posso lhe assegurar que meu empregador ficará muito grato por ter alguém capaz de cuidar do tigre melhor do que eu.

Kadam explica que pagará a viagem dela por todo o tempo previsto, e que ela poderá até fazer um tour pela Índia à sua escolha.

— O que eu teria que fazer? Vou precisar de um passaporte e de outros documentos? - perguntou um pouco aflita.

Kadam explica que cuidará de todos os preparativos para a viagem, que iriamos até Mumbai, e mentiu ao dizer que teria que ficar na cidade para tratar de negócios, e, até disse que ela me acompanharia até a reserva e ficaria lá durante alguns dias para ver como eu me adaptava.

Ela mordeu o lábio e começou a andar de um lado ao outro nervosa, e murmurou tanto pra ela quando para nós:

— A Índia é muito longe. Nunca saí do país. A ideia é ao mesmo empolgante e assustadora. Posso pensar e decidir depois?

Kadam disse que quanto mais rápido respondesse, mais rápido conseguia preparar os documentos, e mencionou que ela podia procurá-lo através do Sr. Maurizio. Assim, Kelsey pegou suas coisas e saiu do saguão, deixando Kadam sozinho comigo.

Ele logo me disse:

— Essa menina é muito jovem, se ela for mesma a escolhida, espero não atrapalhar. Você tem mesmo certeza que quer que ela vá? - perguntou.

Eu resmunguei, tentando faze-lo entender que ela indo á Índia seria o certo a se fazer. Além de ter esperança de ela ser a especial para quebrar a maldição, também queria que ela me conhecesse sem os pelos e bigodes.

Ele entendeu, porque disse:

— Tudo bem meu filho, ela vai conosco. Depois de séculos posso sentir que vamos conseguir fazer algum progresso para acabar com a maldição.

Ele pensou por um tempo, se aproximou de minha jaula, e disse:

— Não tenho noticias de Kishan, mais sei onde está vivendo.

Assim que ele disse isso, Kelsey entrou meio depressa no galpão e fez uma pausa ao ver Kadam conversando comigo, mas disse em seguida:

— Sr. Kadam? Meus pais adotivos gostaria de conhecê-lo e querem que eu o convide para comemorar meu aniversário esta noite. Eles vão trazer bolo e sorvete depois do espetáculo. O senhor pode vir?

O rosto de Kadam se iluminou, como uma criança.

— Que maravilha! Vou adorar ir à sua festa! - disse alegre.

— Não fique muito animado. Provavelmente vão trazer sorvete de soja e bolo sem glúten e sem açúcar. - explicou ela.

Depois ela saiu, e Kadam a seguiu para fora. Fiquei ali, nervoso e ansioso, torcendo para que os pais de Kelsey a deixassem ir para Índia, precisava muito dela. Depois do que Kadam disse, sobre Kishan, me deixou muito mais nervoso. O que menos me interessava no momento é saber sobre Kishan, porém, aquilo ficou rondando minha cabeça o resto do dia. O tempo parecia não passar, e por muitas vezes quase me transformei em homem e fui lá fora, na festa de aniversário de Kelsey, para poder ver o que estava acontecendo, mas me contive e esperei.
Naquela mesma noite, bem mais tarde, ouvi Kelsey entrando na saguão. Ela veio direto à minha jaula me oferecendo algo de comer:

— Aqui. Roubei um cupcake. Provavelmente não faz parte da sua dieta de tigre, mas você merece comemorar também, não é?

Peguei muito delicadamente o cupcake da mão dela, para não machucá-la e engoli-o, era muito gostoso, e então lambi o glacê dos dedos dela. Ela riu e foi lavar a mão.
Ela bocejou e coçou atrás da minha orelha, do jeito que só ela sabia fazer. Apoiei a cabeça em sua mão e ela sorriu

— Bom, estou com sono. Vou para cama. Vamos fazer uma viagem divertida juntos, hein? - Disse ela sonolenta.

Reprimindo outro bocejo, ela verificou se eu tinha água e então apagou as luzes, fechou a porta e saiu.

Naquela noite eu quis me transformar em homem outra vez, para ver quanto tempo conseguia ficar assim. Pelos meus cálculos, fiquei durante 24 minutos, e depois que me transformei em tigre não quis voltar para jaula, sabia o risco que corria, mas resolvi arriscar. Eu quis dormir nos blocos de feno, onde Kelsey sempre ficava, e lá entrei num sono profundo.

Na manhã seguinte acordei com os gritos de Kelsey, surpresa e assustada por eu estar fora da jaula:

— Ren? Onde você está?

Estou aqui Iadala. Levantei enquanto ela se virava para mim.

— Ren! Como você conseguir sair? O Sr. Davis vai me matar! Tenho certeza de que tranquei a porta da jaula ontem à noite!

Eu levantei e me sacudi , tirando o feno de cima de mim e caminhei preguiçosamente até ela. Não queria que ela levasse bronca por minha causa. Parecia estar em pânico, mas ergueu o queixo, pôs as mãos nos quadris e ordenou que eu voltasse à jaula. Passei por ela, esfregando a lateral de meu corpo em suas pernas, e ... obedeci. Pensando em não deixa-la com encrenca. Ela logo correu para fechar as travas de segurança assim que entrei e deixou escapar um grande suspiro de alivio. Então preparou meu café, fez um carinho rápido em minha orelha e saiu.

A semana passou bem rápido, e logo Kadam voltou, na noite de minha penúltima apresentação. Ele veio em minha jaula e disse que ia conversar com Kelsey, para ela buscar suas coisas em casa e ia explicar o que ela iria fazer. Ele perguntou:

— Ren. Vamos levá-lo em um caminhão e depois vocês vão de carro pela estrada da reserva. O que você vai fazer á respeito de contar a verdade pra ela? Vai esperar chegar em sua casa primeiro?

Me transformei em homem rapidamente para lhe contar as ideias que tinha á esse respeito.

— Vamos pela estrada que leva à reserva, mas antes de entrar, pretendo levar Kelsey pela selva até a cabana de Phet, para poder passar mais um tempo com ela, para ela aprender a confiar mais em mim. E na cabana lhe conto a verdade - explico depressa.

Kadam pareceu surpreso, não sei se é porque me viu como homem depois de tanto tempo, ou, se é pelo o que eu disse sobre o plano da selva. Mas logo disse:

— Tem certeza, Ren? Não prefere ir para sua casa primeiro e contar á ela lá? Ou contar aqui mesmo? Ela vai se sentir enganada.

— Não. Prefiro arriscar. Não quero perder a chance de ela ir para a Índia. Depois lhe explico aos poucos.

— Tudo bem, Ren. Mas ainda preferia contar a verdade à ela. Kelsey é uma menina esperta, ela entenderia. Mas vamos fazer do seu jeito. Vou seguir o carro de vocês, sem que ela perceba, e vou insistir ao motorista para fazer uma parada perto da selva e convenço ele de ir embora e lhes deixar lá - diz ele um pouco preocupado.

— Obrigado Kadam, por tudo - digo emocionado.

Ele tem feito tanto por nós, por tanto tempo. Deixou sua familia por nós. Devo respeito, amor e orgulho à este homem. Meu segundo pai.

Me transformo novamente em tigre e Kadam deixa o saguão para poder explicar sobre a viagem para Kelsey. Naquela noite ela não veio em minha jaula, possivelmente foi para casa arrumar suas coisas. Mesmo assim senti sua falta e não dormi direito, de tanta ansiedade e medo da reação de Kelsey. Amanhã voltarei finalmente para a Índia.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E os comentários? Quero ver comentários! Quero muitos comentários, e eles não vão aparecer sozinhos! BORA! COMENTAR!
Até a próxima!