Descendants of the Future escrita por Feltrin


Capítulo 3
III — Maroto


Notas iniciais do capítulo

{capítulo revisado :: 02/08/2015 :: 22:14}

Oooooi! AMEI OS COMENTÁRIOS DE VOCÊS!
Obrigada maaaais uma vez (nossa, ela vai agradecer em todo capítulo? SIM!) e espero que continue gostando da leitura!
Beijos.



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Sinto meu corpo pesar no momento em que abro os olhos e dou de cara com um garoto alto e com os cabelos negros, um tanto perplexo, e desvia o olhar no segundo em que percebe que eu havia acordado. Solto um suspiro e fico sentada em uma maca branca, no meio de um espaço repleto de entulhos e caixas abertas.

— Não grite, por favor. — Viro a cabeça para trás e identifico o garoto quase que de imediato, mas seu nome não me vem à mente. Sinalizo que sim com a cabeça no momento em que o vejo balançar um machado no lado do corpo e um sorrisinho travesso cresce em seus lábios.

— O que... — Estudo o local todo por um tempo, olhando os entulhos, caótica. — Quem diabos é você?

— Tanner. Estou na mesma estação de treinamento que você — responde, quase que com um ar magoado. — Você ficou desacordada por dois dias. Eles disseram que você tinha sido contaminada pela praga e havia morrido — prossegue, lentamente, e o vejo curvar as sobrancelhas. — Mas soou tão impossível. Seria rápido demais já declarar morte.

— Molly? Onde Molly está? — No momento em que profiro as palavras pareço ter acordado de um sonho. A imagem vívida da ruiva surge nos meus pensamentos e me apavoro instintivamente. Acabo perguntando, por puro desespero, não sabendo exatamente se Tanner a conhecia. Uma dúzia de imagens de quando ainda estávamos na contenção passa como um filme pelos meus próprios olhos e curvo as sobrancelhas, aguardando pela resposta.

— Eu não a vi. Levaram você para a contenção, não foi? Todos estranharam que você não havia voltado, a própria Dhalia foi lamentar sua suposta morte conosco.

Dhalia.

Eu nunca soube exatamente o que pensar da fundadora de uma prisão, mas também nunca questionei quanto a querer sair daqui. E em como queria poder descobrir o que era nosso mundo. Esse nome martelou em minha cabeça por alguns segundos, até eu lembrar-me de que Tanner ainda estava parado à minha frente.

— Ela disse que você estava infectada, disse que teria que ser morta de qualquer jeito — acrescentou, e lembrei-me da instrutora. Um sentimento de raiva e alegria aflorava aos poucos, mas eu não sabia o que sentir. Segurança. Por mais estranho que parecesse, me sentia segura com uma pessoa totalmente desconhecida se dispondo para me proteger. Aliviada por acordar em um lugar cheio de entulhos do que em outra sala de contenção e, muito que provável, sentisse aquela dor intensa novamente. — Ela chamou você de praga.

— Tudo bem. Onde estamos, exatamente? — Consigo formar um sorriso e desvio o olhar para uma portinha de madeira, pulo para fora da maca e sinto um desequilíbrio passageiro no momento em que meus pés tocam o chão.

— Não importa — revida ele, e noto que Tanner checava o relógio no pulso esquerdo com constância. — Ainda no edifício? Sim. E nós precisamos sair daqui. Dessa base. – Sua voz soa firme, e minha cabeça lateja por consequência da velocidade de suas palavras.

Concordo com a cabeça, em silêncio.

— Precisamos encontrar Molly.

Ele me olha com um sorriso travesso, como se esperasse que eu dissesse isso. Os passos ligeiros de Tanner passam por mim e ele abre uma portinha estreita, liberando caminho para um corredor gélido dos setores inferiores.

— Você não entendeu, Audrey. — Tanner me proíbe de dar um único passo quando me barra com o braço, e ergo uma expressão mal-humorada para ele. — Sair do edifício literalmente. Ir pra fora, sabe? Sair.

Suas palavras soam tão inacreditáveis que me obrigo a rir.

— Daqui? Não há nada lá fora, garoto. Nós morreríamos antes que percebesse.

— Não seja teimosa. Por favor, não há tempo. Apenas acredite na pessoa que acabou de salvar você desse lixo — diz com tanta firmeza que um brilho valente aflora em seus olhos. Por fim, me rendo e concordo.

— Como diabos você pretende sair daqui? A única saída é o...

Aí é que ele sorri. O portão principal.

.

[...]

Duplas de militares vigiam os próximos corredores e Tanner sinaliza para que eu ficasse em silêncio, firmando os dedos em torno do cabo do machado. Ele mira a arma na direção de alguém, e só vejo a arma voar em um dos militares e abatê-lo bem na cabeça. Os restantes miram as luzinhas vermelhas de suas armas para ele, mas não foram rápidos o suficiente para puxarem o gatilho. Quando saio de trás da parede, o vejo imóvel no meio de corpos caídos no chão.

— Desde quando nós aprendemos a fazer isso? – pergunto e o acompanho até o elevador, boquiaberta.

Ele ri, mas não responde.

Dedilho as paredes do elevador e assovio enquanto aguardamos que o elevador chegue no andar solicitado, no caso, o primeiro. A coisa mais impossível que alguém já tentou fazer aqui foi isso: sair vivo pela entrada principal do complexo.

Quando as portas se abrem, meu punho se choca contra um nariz. Vejo Tanner passar por mim e acertar o machado no ombro de um dos militares e continuo na tentativa de socar narizes de algum despercebido. Solto um grunhido ao saltar por cima de um e enlaçar minhas mãos em torno de seu pescoço no momento em que a mira de sua arma apontava diretamente para a nuca de Tanner. Caímos para trás e abafo um grito quando minhas costas se chocam no chão, mas concentro-me em fazer força para impedi-lo de respirar. Não demorou muito até o militar soltar a arma e seu corpo ficar mole, cadavérico e morto.

Empurro o corpo do militar para o lado e me levanto, desembrulhando uma careta a respeito de minhas costas. Apanho uma arma caída no chão e desvio o olhar quando vejo Tanner com os olhos presos em mim, seguido de um sorriso satisfeito.

— Onde você acha que Molly está?

— Não faço a mínima ideia — respondo, voltando a pensar nas mil coisas que poderiam ter acontecido com ela. E na possibilidade de estar sendo torturada.

Passamos, apressados, por uma porta branca com uma janelinha no meio e olho de relance para ela. Meus olhos se enchem de lágrimas.

Um conjunto de fiapos ruivos se estendem por uma mesa de metal e um pano branco cobre todo seu corpo, com exceção do rosto, mas não consigo vê-la respirando. Não consigo vê-la respirando. Minhas mãos giram a maçaneta ligeiramente mas a porta está trancada, e não me contento quanto a socar o vidro. Não consigo vê-la respirando. Essas palavras martelam em minha cabeça e abafo um grito, sinto a mão de Tanner apertar meu ombro de uma maneira acolhedora, mas concentro-me em apenas uma coisa.

Molly não está respirando.

— Por favor, Audrey. Eu lamento por ela, mas precisamos ir. — As palavras de Tanner são o suficiente para me fazer retornar à realidade, mas sinto uma necessidade em continuar ali, me despedaçando em lágrimas.

— É culpa minha. Molly está morta e a culpa é minha. — repito incessantemente e aperto a arma com mais força, mas as lágrimas continuam. Minha melhor amiga está morta e eu não faço a mínima ideia de como continuar minha vida.

— Escute — Tanner pressiona meus ombros contra a parede e reparo num descontrole abrupto presente nas suas feições, mesmo com os olhos embaçados —, você não pode se despedaçar chorando aqui. Não é sua culpa, Audrey. É culpa deles. Use isso contra eles e faça com que a morte dela não tenha sido em vão. Mas agora, a única coisa que precisamos fazer é sair daqui.

Suas palavras ecoam pela minha cabeça e estranho por ele ainda estar me mantendo na parede, e ele percebe, soltando-me em seguida. Fico em silêncio por um momento, mas as lágrimas voltam.

Então, ele faz algo que me comove.

Ele me abraça e sinto como se o tempo tivesse parado, depois me puxa pelo braço e voltamos a andar. Um sorriso bobo estampa meus lábios, mas aprumo a postura e me desfaço da expressividade. Nós dobramos o corredor e nos estreitamos no para poder enxergar o próximo caminho sem sermos vistos. Consigo ver a saída. E um bando de militares apontando suas armas para nós.

Ergo a arma que furtei outrora e começo a atirar incansavelmente. O machado de Tanner abate alguém no peito e os restantes recuam, sem munições. Ele me pega pela mão e passamos correndo pelos corredores, a saída está a nossa frente. Quando vejo uma faca passar pelo lado de meu rosto e atingi-lo no ombro, ele solta um grunhido, mas não para de correr.

Nossos pés tocam a terra.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido!
xx



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