Isabella abre o portão de ferro com a ajuda de Sue e um outro rapaz. Era um portão grande e dentro uma quadra enorme os saudava, conforme o rapaz foi ligando as luzes ela pode perceber a grandeza do lugar. Na parte de cima tinha muitas janelas de vidro, o que ela imaginou ser as salas de oficinas que Edward tinha comentado algum dia. A pintura já estava um pouco gasta em algumas partes e estava precisando de algo mais convidativo, tudo estava... a palavra faltava, tudo estava um pouco sem cor. As cores eram de azul escuro e branco, ela não gostou daquilo. E o espaço.. mal aproveitado, aquilo deveria mudar.

– Sue anota por favor nesse bloco. – ela tira da bolsa um bloco grosso e uma caneta. – Mudar cores, acho que precisamos daqueles meninos que sabem grafitar, cores vivas, que estimulem a criatividade... desenhos grandes ali naquela parede está vendo? Anota tudo. Procure alguém da comunidade para fazer isso, ninguém de fora entra aqui! E outra coisa, a quadra precisa de aparelhos novos, estes já estão velhos e enferrujados, pode ser perigoso.

Isabella e Sue foram andando pelas salas e outras mudanças eram necessárias, ela falou de um berçário maior, novos projetos e novas contratações. Ficaram um tempo no escritório analisando as contas, Isabella viu muito dinheiro sendo gasto em coisas que não estavam tendo tanto retorno, mas não deu para avaliar tudo porque muitas coisas estavam fora de ordem, Laurent não era muito organizado e nem responsável. Ela precisou da ajuda de Sue para obter algumas informações no computador e foi vendo mais coisas erradas.

– Isabella acho que já está tarde. – Sue falou olhando seu relógio.

– Hum... ainda não conseguimos organizar o calendário. Queria ter isso pronto.

– São muitas coisas para um único dia não acha?

– Olha, Edward está com Jacob numa conferencia em Londres, não fui porque queria resolver isso.

– Já vai anoitecer, chegamos aqui de manhã.

– Eu sei, vamos fazer o seguinte. Eu termino isso em casa com a ajuda de Esme, amanhã no mesmo horário pode ser?

– Claro! Billy também vai viajar amanhã, vamos ficar mais livres.

Quando Isabella entrou na casa de Esme cheia de papéis e com um computador nas mãos ela deu um olhar desconfiado, mas logo se animou com tudo que Isabella foi contando. Edward iria demorar mais uns dias então ela queria uma surpresa, muitas coisas deveriam ser feitas até ele voltar.

– Esme ainda não entendi uma coisa, o dinheiro da ONG...

– Fácil, fica numa conta separada Isabella, Edward só entregava uma quantia mensal a Laurent, ele não sabia o real valor das coisas, mas queria controlar o dinheiro no banco pessoalmente. Por isso estipulou uma quantia mensal e obtinha doações em eventos que fazíamos.

– Como eu posso...

– Isso é com ele. Acho que ele deixa tudo em casa.

– Vou ligar para ele. Que horas são... não importa!

O telefone toca e quando Edward reconhece o número atende imediatamente.

– Amor, eu estava pensando... olha preciso mexer naquele dinheiro da ONG.

– Isabella eu deixei o cartão com você amor, está precisando de uma quantia muito grande? O que foi?

– Não é nada disso, quero ter acesso ao dinheiro da ONG.

– Isabella lá está um pouco tenso, não vá lá sozinha meu amor...

– Edward, por favor. – sua voz manhosa é o suficiente para ele ceder e esquecer de todas as observações que tinha a fazer quanto aquele dinheiro.

– No escritório, no cofre, a senha está junto. É o cartão preto e prata. Cuidado com uns papéis que estão lá.

– Pode deixar.

– Não vá aprontar nada. Não quer esperar eu voltar?

– Me deixa Edward! – ele riu com a irritação dela.

– Volto daqui a dois dias caso ainda interesse.

– Jacob me falou isso mais cedo.

– Fofoqueiro!

– Beijos.

Quando Edward chegou ele não pode deixar de notar as mudanças na casa, o escritório estava lotado de papéis, Isabella estava o telefone e uma menina a acompanhava fazendo anotações e tudo mais que Isabella pedia. Ele percebeu que ela também estava tentando fazer Isabella comer umas frutas que estavam em cima da mesa desarrumada, pegou a menina fazendo cara feia as vezes e Isabella cedendo para não ser mais importunada. Ela não percebeu sua presença, o que daria tempo para ele tomar um banho e descansar um pouco. Quando passou pelo escritório de novo algumas horas depois Isabella estava sentada em frente ao computador e a menina já não estava mais.

– Oi.

– Oi amor! Chegou cedo... não era para estar aqui amanhã?

– Resolvi voltar mais cedo. Adiantei o vôo.

– Hum.. que ótimo!

Ela foi correndo para os braços dele. Ele a observou com muito cuidado, passou as mãos suavemente pelo seu rosto, cheirou seu cabelo e beijou seu pescoço. Um arrepio quase imediato coma chegada dos lábios quentes dele.

– Senti sua falta. – ele ainda estava com o rosto colado no dela. Os dois aproveitando a proximidade.

– Também.

– Soube que você está muito ocupada.

– Estou tomando a ONG de você oficialmente.

Ele sorriu com ar de muita satisfação. Ele gostava daquilo, ela estava no controle de alguma coisa.

– Ótimo, ela é toda sua.

– Quer atualização?

– Não, na verdade eu quero matar a saudade.

Ele a beijou fervorosamente, puxando sua cintura para perto da dele, acariciando seus cabelos e depois a puxou para o quarto.

Ela – uma última terapia.

– Então como estamos essa semana?

– Muito bem, finalmente reabrimos a ONG, depois de muita reforma e um pouco mais de trabalho do que esperado.

– Sério?

– Sim, precisamos contratar mais gente para o berçário, te contei que ampliamos? Vamos poder receber mais de cinquenta crianças agora. Fiz uma ala só para eles! Tem até entrada individual. Também fizemos um contrato com a Prefeitura, eles vão ajudar na creche. Será em parte deles, vão mandar funcionários e tudo. Temos novas oficinas, uma sala de balé apropriada e uma sala de informática digna dos que vão usar! Curso preparatório com estagiários de diversas universidades. Contratei uma pedagoga para administrar isso, não entendo nada de educação. E temos uma nova ala separada para atendimentos psicológicos, dentário e tudo mais ligado a saúde. Obrigada pela estagiária, muito boa, estou muito feliz!

– Ela é muito responsável mesmo.

– E como você está se sentindo com tudo isso?

– Completa, quando chego lá de manhã e vejo as crianças, os velhinhos na academia e toda a vida que aquilo emana eu me sinto no lugar certo, na hora certa.

– Então o fantasma foi embora.

– Lá ninguém conhece nada, eles também não estão preocupados com isso. É simplesmente maravilhoso. Lá eu sou a Tia Isabella para os menores, a diretora para os funcionários e a esposa de Edward para outros.

– Muito bem.

– Uma nova vida Kate, eles trouxeram uma nova vida. E eles pensam que eu estou fazendo bem a eles... – ela sorri lembrando dos agradecimentos. – Mas são eles que fizeram tudo ser maravilhoso.

– A vida agora é perfeita?

– Longe disso... mas a vida agora tem mais... mais ânimo sabe? Possibilidades.