A manhã ia calma na famosa cidade da máfia. Apesar da noite ser como todos já sabem durante o dia as pessoas tinham vidas normais. Iam à escola, trabalhavam em vários ofícios... Os únicos que se limitavam a fazer sempre o mesmo eram os chefes das vilas.

Todos os meses ocorria uma reunião entre todos os chefes onde se discutia as baixas e outros assuntos referentes às vilas. Essa reunião aproximava-se e apesar de não se deixar transparecer existiam várias divergências entre as diferentes vilas. As que apoiavam incondicionalmente Black e as que estariam melhor sem as regras do chefe supremo.

A encarregada de entregar as notificações aos chefes era Sam, que na verdade não causava grande espanto. Afinal era a Informadora e a protegida do chefe supremo.

O bar não se encontrava muito movimentado e com a ausência de Kenji isso até era algo bom. Heiki depois de esvaziar quase um terço de uma garrafa de gin acabara por ir embora e Sam ficara confortavelmente sozinha. Agora estava a atender apenas um grupo de cinco homens o que a deixava à vontade para poder relaxar um pouco.

Uma mulher de cabelo cor-de-rosa entra no bar sem cerimónias. Os homens encolhem-se nas suas cadeiras.

– Informadora!

Sam aparece vinda da arrecadação-

– Rosinha, que prazer.

– Não abuses. Vejo que o teu empregado não está cá.

– Também tem direito a folga.

A mulher olha-a desconfiada.

– Mas o que pretendes? Amanhã fazia questão de ir a Pink* entregar-te o papel mensal.

– Vim falar com o supremo e aproveitei para passar aqui.

– Muito bem. - Sam tira um envelope do casaco que trazia vestido. - Aqui tens.

– Obrigado. Até à próxima.

A mulher afasta-se para ir embora.

– Lola! - Chama Sam. - Prepara-te, eles estão a mover-se.

– Pois que venham. Conhecerão o sabor das minhas setas.

Lola era a chefe da vila Pink, a única mulher nas dez vilas e talvez por isso a mais assustadora. Nunca se vira um sorriso nos lábios dela e o que mais odiava era homens pervertidos. Era também a chefe que estava no poder à menos tempo, tendo sucedido ao marido após a sua morte numa luta contra Bernard. Depois disso passara a odiá-lo e a sua sede de vingança ainda espera o momento certo para dar o golpe final.

***

Kenji conduzia, quase à força, o Ferrari. Era a primeira vez que uma pessoa além de Raven conduzia aquele carro.

A serial killer sabia que seria indiferente protestar pois não obteria qualquer resposta, como tal limitava-se a observar com toda a atenção todos os passos de Kenji.

Antes de chegar ao destino pararam para tomar o pequeno-almoço e depois seguiram.

Por aquilo que Raven percebera iria ao médico da cidade. Devia ser mais um que tinha negócios com a Informadora.

Param. O edifício encontrava-se numa rua bastante movimentada e parecia ser bastante concorrido.

Raven tira a pistola do porta-luvas. Kenji impede-a.

– Não vais precisar.

Ela sai do carro. Ao ver que o barman não vem volta para trás.

– Não vens?

– Espero aqui.

Raven segue caminho para dentro do edifício. Lá dentro era um vai e vem de enfermeiros de um lado para o outro. Parecia haver uma quantidade imensa de feridos e os enfermeiros pareciam bastante cansados. Ela vai até à receção.

– Bom dia. Eu queria falar com o Dr. ...

– Incubo. - Adianta-se a rececionista.

– Como sabe?

– Não há mais nenhum médico aqui. Qual é o ferimento?

– Um tiro numa perna e um corte no abdómen.

– A bala ainda está lá?

– Não, foi retirada. E o corte cosido.

– Então?

– Tenho um recado da Informadora.

A rececionista pega no telefone. Passado alguns minutos de conversa:

– Pode subir. É no 3º andar.

A serial killer entra no elevador. Ao chegar ao 3º andar depara-se com uma sala de espera repleta de mulheres de todas as idades. Não seria estranho se a maioria delas não estivesse totalmente produzida.

Segundos após a sua entrada na sala ouve-se um grito vindo do consultório e não era um grito de dor.

O desconforto aumenta.

Momentos depois uma jovem sai do consultório. Trazia a roupa amarrotada, estava despenteada e a maquilhagem borratada.

Um homem de bata e apenas em boxers aparece à porta.

– Ouvi dizer que uma flor veio aqui de propósito para me ver.

Raven encara aquela cena estupefacta.

Dr. Incubo ou, como era conhecido entre as mulheres, Dr. Sexy fora um médico que perdera o seu direito a exercer devido ao seu problema psicológico, o vicio em sexo. O chefe supremo conseguiu tirá-lo de uma instituição e metê-lo no hospital da cidade. Os pagamentos eram feitos não em dinheiro mas com favores sexuais.

A serial killer começara a perceber agora o porquê do nome.

– Entra querida, temos muito que examinar.

"Devia mesmo ter trazido a arma", pensa enquanto entra no consultório.

– Não faças essa cara, vamos divertir-nos muito.

*Rosa